S´RIMAD BHAGAVAD GITA
S´RIMAD BHAGAVAD GITA de BHAGAVAN SRI KRISHNA
OBRA COMPLETA TRADUZIDA DO TEXTO ORIGINAL COM 26...
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S´RIMAD BHAGAVAD GITA
S´RIMAD BHAGAVAD GITA de BHAGAVAN SRI KRISHNA
OBRA COMPLETA TRADUZIDA DO TEXTO ORIGINAL COM 26 CAPÍTULOS E 745 SLOKAS Tradução, Resumo do Mahabhárata, Glossário e Artigos Complementares por Haydée Touriño Wilmer
PARTICIPARAM DA REALIZAÇÃO DESTA OBRA: Haydée Touriño Wilmer
Membro do Śuddha Dharma Mandalam (Ordem Externa) – Madras, Índia, desde 1965. Presidente do Ashram do Śuddha Dharma do Rio de Janeiro (atualmente extinto) por mais de dez anos. Tradutora autorizada e responsável pela preparação e publicação desta Obra.
Prof. Alberto Rojas Lavín
Professor Fundador e Catedrático da Universidade de Santiago, em Santiago do Chile. Membro Iniciado do Śuddha Dharma Mandalam (Ordem Externa) – Madras, Índia, desde 1934. Principal colaborador e assistente na tradução e revisões do texto da Bhagavad Gita e dos artigos publicados em inglês nas edições anteriores, na Índia.
Prof. Arthur Ronald de Vallauris Buchsbaum
Doutor em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina. Compositor gráfico e assistente de publicação.
Prof. José Joaquim Francisco Sommer
Engenheiro de Minas e Civil. Professor da Escola de Engenharia Kennedy e da Universidade Federal de Minas Gerais. Presidente do Ashram do Śuddha Dharma de Belo Horizonte. Primeiro tradutor da ―Introdução ao Estudo da Gita‖.
Fernando de Castro Lopes
Artista gráfico. Membro do Ashram do Śuddha Dharma do Rio de Janeiro (atualmente extinto). Compositor e desenhista da capa.
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DEDICADO COM TODA HUMILDADE E REVERÊNCIA A BHAGAVAN SRI NARÁYANA E SRI YOGA DEVI E AOS MAIORES DO ŚUDDHA DHARMA MANDALAM
ॐ -vi-
SRI YOGA-DEVI
A Suprema Deusa YOGA-DEVI – Rainha do Śuddha Dharma Mandalam, a Divina Hierarquia que governa sutilmente o Planeta Terra, dirigindo seu processo evolutivo.
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ALGUMAS P ALAVRAS SOBRE A DEUSA YOGA-DEVI SRI YOGA-DEVI é a Suprema Deusa Planetária, de infinito Poder em Sua atuação nos processos da Natureza, na evolução dos seres e dos mundos (físicos e sutis). Manifestando-Se, investida com o Poder da Brahma-Shakti (a Energia de Brahman), Ela atua na Criação, Preservação e Desintegração (em todos os processos deste Planeta), como Shakti tanto de Brahma, como de Vishnu e Shiva, assumindo o Aspecto de Saraswati, Lakshmi e Durga (ou Pârvati), respectivamente. Porém todos os seus nomes e vários outros pelos quais Ela é conhecida são somente descritivos de Seus Poderes de acordo com Sua atuação, sendo ELA MESMA sempre, em Seus vários Aspectos de manifestação. – Como Deusa, o Aspecto Feminino de Deus, Ela é a Divina Mãe. A Deusa a Quem Arjuna invoca antes da batalha, aconselhado por Sri Krishna, é a mesma YOGA-DEVI em Seu Aspecto de Durga, a Deusa das guerras justas. – Veja o Cap. I, vs. 14 a 26.
* A estampa, que representa a Deusa sobre um imenso Lótus, foi inspirada na descrição d‘Ela feita pelos Mestres do Mandalam, a qual consta nos livros da Doutrina Śuddha. – Ela Se apresenta assim, em forma humana (em certas ocasiões importantes), como uma jovem de rara beleza, resplandecente de luz, Àqueles que A adoram e A podem ver com Visão Transcendental. – Veja, no Glossário, ―YOGA-DEVI‖, onde Sua Divina Natureza está detalhadamente explicada em Seus vários Aspectos.
* Esta tela foi pintada no Rio de Janeiro em 1965, sob a orientação de Sri Janárdanam, por Sri Vajra (Sr. Benjamín Guzmán Valenzuela), então Presidente da Sede Continental da Śuddha Dharma Mandalam Association, em Santiago do Chile. Ele foi, durante muitos anos, professor de pintura e Diretor da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Santiago.
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OS GRANDES ŚUDDHA-MAHAVAKYAS AFORISMOS BÁSICOS DA DOUTRINA ŚUDDHA 1. “SARVAM TAT KHALVIDAM BRAHM” Tudo isto é verdadeiramente Brahm. 2. “SARVAM BRAHM SWABHAVAJAM” Tudo é da natureza de Brahm. 3. “SARVAM AVASYAKAM” Tudo é necessário.
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“A BHAGAVAD GITA” OU “O BHAGAVAD GITA”? Há uma dúvida entre a maioria das pessoas que conhecem a Bhagavad Gita quanto ao uso do artigo ―a‖ ou ―o‖ antes de seu título, isto é, se este é masculino ou feminino. Segundo o Padre e Professor Raymundo Pannikar, Teólogo e Ex-Diretor do Departamento de Religiões da Universidade Santa Bárbara (Califórnia), o certo é ―A Bhagavad Gita‖ ou ―A Gita‖, ou seja, ―Gita‖ é um substantivo feminino. Estando assim desfeita qualquer dúvida sobre o assunto, usamos a expressão correta ―A Bhagavad Gita‖, ou simplesmente ―A Gita‖, como é também chamada esta Escritura Sagrada.
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SUMÁRIO 1a PARTE Dedicatória ........................................................................................................... vi Imagem Representativa da Deusa Yoga-Devi ....................................................... vii Algumas Palavras sobre a Deusa Yoga-Devi ........................................................ viii Os Grandes Śuddha-Mahavakyas ......................................................................... ix ―A Bhagavad Gita‖ ou ―O Bhagavad Gita‖? ......................................................... x Prólogo Haydée Touriño Wilmer ....................................................................... 1 Aos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam ............................................ 5 Homenagens Póstumas H. T. W. ....................................................................... 7 A Sri Janárdanam.................................................................................... 7 Ao Prof. Alberto Rojas Lavín ................................................................. 8 A Sri Vajra Yogue Dasa (Don Benjamín Guzmán Valenzuela) ............... 9 Apresentação Prof. José Hermógenes de Andrade Filho .................................... 11 Prefácio da Edição em Português Prof. Alberto Rojas Lavín .............................. 17 Nota de Publicação da Edição em Inglês Sri T. M. Janárdanam ......................... 21 Prefácio da Edição em Inglês R. Vasudeva Row ................................................ 23 Esclarecimentos sobre a Procedência dos Manuscritos Originais da Śrimad Bhagavad Gita H. T. W. .......................... 27 A Procedência dos Manuscritos .............................................................. 34 Introdução ao Estudo da Gita Dr. Sir S. Subrahmanya Iyer ................................ 37 As 8 Qualidades Átmicas ..................................................................................... 73 As 26 Qualidades Dáivicas ................................................................................... 75 O Mahabhárata H. T. W. ................................................................................... 77 Resumo da História................................................................................. 77 Comentário ............................................................................................. 89 Algumas Palavras sobre o Mahabhárata .................................................. 90 Simbolismo H. T. W. ........................................................................................ 93 O Mahabhárata e a Gita H. T. W. ...................................................................... 97 Que é o Mahabhárata? ............................................................................ 97 Quem foi Vyasa ...................................................................................... 100 A Batalha – lenda ou realidade? .............................................................. 103 As condições – o lugar e o tempo ............................................................ 103 O Diálogo ............................................................................................... 105 O Tempo ................................................................................................ 105 O drama e os Personagens reais da Gita .................................................. 106 Quem simbolizam Krishna e Arjuna?...................................................... 110 Conclusão ............................................................................................... 111 O Glossário como Fonte de Conhecimento H. T. W. ......................................... 115 Alma, Ego e Espírito ............................................................................... 119 Noções sobre a Pronúncia de Algumas Letras das Palavras Sânscritas H. T. W. 121
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2a PARTE ŚRIMAD BHAGAVAD GITA Capítulo I A Gênese da Gita ............................................................................. 127 SANKHYA-KANDAM GÑANA-SHATKAM Capítulo II Nara-Naráyana Dharma Gita ........................................................... 137 Capítulo III Avatara Dharma Gita ..................................................................... 141 Capítulo IV Adhikara Dharma Gita ................................................................... 147 Capítulo V Siksha Dharma Gita ........................................................................ 153 Capítulo VI Kârana Dharma Gita ...................................................................... 157 Capítulo VII Kaivalya Dharma Gita .................................................................. 163 BHAKTI-SHATKAM Capítulo VIII Swarupa Dharma Gita ................................................................. 169 Capítulo IX Sadhanatraya Dharma Gita ............................................................ 173 Capítulo X Maya Dharma Gita ......................................................................... 177 Capítulo XI Moksha Dharma Gita..................................................................... 181 Capítulo XII Brahma-Swarupa Dharma Gita ..................................................... 185 Capítulo XIII Brahma-Vibhuti Dharma Gita ..................................................... 193 KARMA-SHATKAM Capítulo XIV Pranayama Dharma Gita ............................................................. 197 Capítulo XV Paramatma Dharma Gita .............................................................. 203 Capítulo XVI Akshara Dharma Gita ................................................................. 209 Capítulo XVII Raja-Vidya Dharma Gita ........................................................... 215 Capítulo XVIII Paramahamsa Dharma Gita ...................................................... 219 Capítulo XIX Sannyasa Dharma Gita ................................................................ 223 YOGA-KANDAM YOGA-SHATKAM Capítulo XX Atma Dharma Gita ....................................................................... 227 Capítulo XXI Prakriti Dharma Gita................................................................... 231 Capítulo XXII Karma Dharma Gita .................................................................. 237 Capítulo XXIII Bhakti Dharma Gita ................................................................. 241 Capítulo XXIV Gñana Dharma Gita ................................................................. 245 Capítulo XXV Yoga Dharma Gita .................................................................... 249 Capítulo XXVI Brahma-Stuti............................................................................ 255
3a PARTE Glossário H. T. W. ............................................................................................ 267 Esclarecimento ....................................................................................... 268 Glossário ................................................................................................ 269 Autorização para tradução e publicação desta Gita em português ......................... 351 Bibliografia.......................................................................................................... 353
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PRÓLOGO Ao aceitar e empreender a difícil tarefa de traduzir e publicar em português a versão desta ŚRIMAD1 BHAGAVAD GITA, editada e publicada na Índia pela primeira vez (somente em sânscrito) em 1917, pelos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam, minha única intenção foi levar ao conhecimento do público brasileiro, não só dos espiritualistas estudiosos da Literatura Sagrada Oriental, mas de todos os buscadores da Verdade e amantes do que é Divino (membros de qualquer religião), esta Escritura Sagrada, inestimável tesouro da Sabedoria Universal. Apesar de bastante conhecida entre os Orientalistas, a grande maioria dos brasileiros e dos ocidentais em geral nunca ouviu falar nada sobre ela. Daqueles que a conhecem, poucos a estudaram em profundidade e têm conhecimento real do que ela consiste, do manancial de Conhecimentos Espirituais que ela representa. A Bhagavad Gita (A Canção do Senhor) é uma das mais veneradas e antigas Escrituras Sagradas da Índia, um patrimônio da humanidade, tão importante para os Hindus como a Bíblia Sagrada o é para os Cristãos. A Bhagavad Gita tradicional de 18 capítulos é mundialmente conhecida, havendo traduções dela em muitos idiomas, tanto no Oriente como no Ocidente, comentadas por orientalistas e estudiosos do mundo inteiro, inclusive brasileiros. Portanto não haveria necessidade de uma nova Gita, se esta que é apresentada agora fosse igual às outras já existentes. Esta Gita (com 26 capítulos e 745 Slokas ou versos) é realmente nova, pois está completa e tem sua estrutura igual à da Obra original, isto é, à do ―Bhárata‖ de 24.000 Slokas, o Poema Épico seu predecessor. Foram incorporados a ela muitos versículos que estavam perdidos em outros contextos do Mahabhárata, fora de ordem. Tais versículos não são, portanto, de invenção moderna, pois podem ser encontrados na mencionada Obra. – O leitor encontrará explicações detalhadas sobre a estrutura e divisão desta Gita em 26 capítulos, seu porquê, e o que é a 1
ŚRIMAD significa Gloriosa – que possui riqueza. ―Śrimad Bhagavad Gita‖ pode ser traduzido como ―A Gloriosa Canção do Senhor‖.
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GÁYATRI, Símbolo Cósmico no qual sua estrutura original foi fundamentada, além de muitas outras explicações que provam sua autenticidade, e ainda outros Ensinamentos profundos da maior importância, explanados detalhadamente na ―Introdução ao Estudo da Gita‖, artigo agora republicado pela primeira vez nesta edição brasileira, desde a primeira edição desta Gita, em sânscrito, na Índia. Àqueles que não têm ainda conhecimento do que é a Bhagavad Gita, é necessário dizer pelo menos algumas palavras sobre ela, tendo em vista tratar-se de um tesouro que pertence à humanidade, estando acima de qualquer religião ou credo. Ela é a expressão do ―Yoga-BrahmaVidya‖, ou a ―Ciência Sintética do Absoluto‖, síntese do mais alto Conhecimento Espiritual, legado ao homem pelo próprio Senhor, BHAGAVAN NARÁYANA (manifestado em Sri Krishna), sobre BRAHMAN, a Divindade, sobre Sua manifestação em toda a Criação, tanto no Macro como no Microcosmo (no Universo e no homem), tanto em Sua Imanência como em Sua Transcendência, pois Ele está presente em tudo, como Espírito, Energia e Matéria, compenetrando e vivificando todo este Infinito Cosmo. – Portanto a Gita não é uma obra comum, não é um livro para ser lido ou estudado superficialmente; é uma Escritura Sagrada, considerada na Índia como o ―Livro dos Livros‖, cujo conteúdo deve ser lido, meditado, e relido sempre, como um ―livro de cabeceira‖ ou um Evangelho, pois, cada vez que o relemos, cada versículo nos ensina algo novo, nos traz conhecimentos novos, coisas que haviam escapado antes à nossa percepção. Assim, lendo-a e relendo-a persistentemente, vamos assimilando, pouco a pouco, um pouco mais da SABEDORIA ETERNA que esta Escritura encerra, a qual nos vai sendo revelada passo a passo, iluminando nossa mente e elevando nosso Espírito. A tarefa de traduzir e publicar esta Gita me foi confiada em 1979, em Santiago do Chile, por Sri Vajra Yogue Dasa (Sr. Benjamín Guzmán Valenzuela), fundador e Presidente Vitalício da Seção Chilena do Śuddha Dharma Mandalam no Chile (o primeiro Ashram do Śuddha Dharma na América Latina), fundador e Instrutor também de vários Ashrams no Brasil e em vários países da América do Sul. A autorização que me foi dada para a tradução e publicação desta Gita no Brasil, bem como de outra importante Obra da Doutrina Śuddha,
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intitulada ―Śuddha-Raja-Yoga‖, foi registrada oficialmente em Cartório na presença do Prof. Alberto Rojas Lavín, em Santiago, no dia 20 de setembro de 19792. Tratando-se da publicação de uma Obra de tão grande importância no mundo inteiro, era necessária uma prova de que a decisão de realizar esse trabalho, isto é, de traduzir e publicar esta Bhagavad Gita, não foi tomada por mim somente, sem autorização de ninguém. Eu não me atreveria, por conta própria, a assumir tão grande responsabilidade. Estou consciente de que, sem o consentimento e ajuda dos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam (Guardiões desta Sagrada Escritura), ter-me-ia sido impossível a realização desta tarefa. Eles sempre estiveram a meu lado nas horas necessárias, e pacientemente me ajudaram a aperfeiçoar e burilar meu trabalho, até o momento em que Eles mesmos julgaram o tempo propício, e consideraram a Obra pronta para sua apresentação ao público. Além do glossário, no qual procurei dar o máximo possível de conhecimentos (em se tratando de um glossário), tanto sobre a Ciência Esotérica, como sobre assuntos espirituais em geral, foram acrescentados a esta Obra vários outros artigos, todos contendo algo que foi julgado necessário ou conveniente, tanto para ajudar o estudante principiante, como para complementar seu estudo ou esclarecer a origem e autenticidade desta Gita. Entre ditos artigos, o principal, que esclarece muito sobre vários e importantes temas tratados nela, além de esclarecer e explicar sua procedência, estrutura e divisão originais, é a ―Introdução ao Estudo da Gita‖ (citado anteriormente), trabalho magistral escrito pelo primeiro Mestre e Iniciador do Śuddha Dharma Mandalam (Ordem Externa), o qual deve ser lido, estudado e entendido em seus Ensinamentos mais profundos, pois eles dão uma visão maravilhosa sobre a DEUSA DURGA (invocada por Arjuna antes da batalha), sobre a GÁYATRI e o Pranava AUM (OM), além de outros assuntos de grande importância espiritual. Foi também incorporado a esta edição um resumo bem sintético do Mahabhárata, a história das duas famílias reais às quais pertenciam os protagonistas da batalha que originou tanto o Mahabhárata como o Sagrado Diálogo da Gita; muito poucas pessoas (relativamente) 2
A autorização em fac-símile encontra-se na pg. 351.
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conhecem sua história. Através dela o leitor entenderá o porquê da batalha e do Diálogo entre Sri Krishna (o Mestre) e Arjuna (Seu Discípulo). – A invocação à Deusa Durga (que é a mesma Yoga-Devi com outro nome) feita por Arjuna, uma oração de rara beleza e poder, não consta de nenhuma das edições da Gita, pois nunca havia sido dada a conhecer publicamente pelos Mestres que custodiam esta Sagrada Escritura. O trabalho de tradução do texto desta Gita para o português foi feito da versão em língua inglesa, que por sua vez é a tradução fiel do original em sânscrito. – Na edição que possuímos, da qual foi feita esta tradução, estão inseridos, em cada capítulo, todos os versículos originais desta Gita em sânscrito, seguidos de sua versão para o idioma inglês, o que pode ser comprovado caso seja necessário. Deixamos de publicar o texto em sânscrito para não aumentar demasiadamente o volume deste livro, e pelo fato de que muito poucas pessoas conhecem este idioma. O inglês do texto do qual foi traduzida esta Gita é antigo, e o modo de expressão das Escrituras Sagradas da Índia, neste idioma, não é muito fácil de entender para nós ocidentais. Esta foi uma das maiores dificuldades que encontramos, e um dos motivos da demora desta publicação. Porém a confecção do glossário foi o trabalho mais difícil e demorado, Devido à concatenação necessária dos significados de vários termos (às vezes muito parecidos, mas não iguais), os quais se completam mutuamente. Quisemos dar uma idéia aproximada da profundidade dos assuntos transcendentais tratados nele, embora os mesmos tenham sido explicados resumidamente, por tratar-se de um glossário, portanto com espaço limitado. Espero ter cumprido a tarefa que me foi confiada, realizando assim o desejo dos MAIORES DO MANDALAM, isto é, dar divulgação a esta Sacratíssima Escritura, a ŚRIMAD BHAGAVAD GITA, em sua integridade original, o que faço agora em língua portuguesa. Para preservar a fidelidade ao pensamento original do Mestre, muitas vezes foi necessário sacrificar a perfeição idiomática em benefício da exatidão do sentido da idéia a ser exposta, traduzindo o texto da Gita quase ao pé da letra, inclusive para conservar o estilo próprio das
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Escrituras Sagradas Hindus. Espero que o leitor saiba relevar as falhas que encontrar na expressão do idioma e compreender suas razões. * Oxalá esta Bhagavad Gita seja divulgada também em outros países, traduzida para outros idiomas, como é o desejo dos Maiores do Mandalam, desejo ao qual se refere o Swami Subrahmanyananda no final de seu artigo ―Introdução ao Estudo da Gita‖. Se alguém se propuser a traduzir e divulgar esta Obra em outras línguas, que o faça com seriedade, devoção e consciência do que ela é e representa, com a mesma fidelidade e o mesmo propósito de levar seus Sagrados Ensinamentos a outros irmãos que também buscam alcançar a Grande Meta.
AOS MESTRES DO ŚUDDHA DHARMA MANDALAM Com amor, reverência e humildade, e com profunda gratidão, deposito meu trabalho, agora concluído, nas mãos dos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam, d‘Aqueles que são os Guardiões desta Sagrada Escritura, os Quais me assistiram ao longo de todos estes anos, guiando minha mente em todos os momentos de dúvida e dificuldade, iluminando minha intuição e inspirando-me, bem como àqueles que comigo colaboraram. Sem Sua assistência e inspiração, eu jamais poderia ter realizado este trabalho, mesmo contando com a ajuda daqueles que, de uma forma ou de outra, participaram de meu labor, pois foi a fé e a confiança n‘Eles que me deram a coragem e a necessária tenacidade para seguir até o fim e chegar à conclusão e publicação desta Sagrada Obra. Haydée Touriño Wilmer
HOMENAGENS PÓSTUMAS A Sri Janárdanam Ter conhecido Sri Janárdanam foi para mim um grande privilégio, uma grande felicidade. Apesar do tempo relativamente curto que convivi com ele, pude reconhecer nele o Mestre que sempre esperei encontrar. O amor e reverência que senti por ele no momento em que o vi pela primeira vez são tão vivos em mim hoje como naqueles longínquos dias de 1965, e sua presença está e estará sempre viva em meu pensamento, em minha memória. Infelizmente seu desenlace ocorreu 10 meses depois de sua estada no Brasil, em 18 de setembro de 1966, deixando em nós um grande vazio e uma grande saudade, pois, apesar do tempo relativamente curto em que o tivemos conosco, aprendemos a amá-lo como nosso Mestre e pai espiritual. Sua permanência no Rio foi de quase um mês, o que nos deu a oportunidade ímpar de uma convivência mais longa e mais íntima, na qual pudemos usufruir de sua sabedoria as bases da Doutrina Śuddha, aprendendo práticas de Meditação, Mantras, e tudo o que ele nos ensinou sobre a Hierarquia do Śuddha Dharma Mandalam. Na ―Apresentação‖ deste livro Hermógenes descreve em poucas palavras quem era Sri Janárdanam, e a personalidade realmente extraordinária deste homem que, sendo um Mestre e verdadeiro Iniciador, sabia ser simples e alegre, e era amoroso, sábio, franco e autêntico. Era um homem extremamente carismático, cujo olhar impressionava pela sua firmeza e poder, e que inspirava ao mesmo tempo confiança e reverência, respeito e amor, pois a todos tratava com o carinho de um pai e a sabedoria e autoridade de um Mestre. A Sri Janárdanam a mais carinhosa homenagem, a mais sincera e eterna gratidão por tudo que dele recebemos, por todos os Ensinamentos, por tudo que ele nos deixou como preciosa herança espiritual, e por todos os Conhecimentos sobre a Doutrina Śuddha que ele, com tanto amor e sabedoria, nos transmitiu. A ti, amado Mestre, minha eterna gratidão e infinita saudade!
ŌM NAMŌ NĀRĀYANĀYA! *
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Ao Prof. Alberto Rojas Lavín Quero, com gratidão e carinho, deixar reconhecida aqui a inestimável ajuda e o estímulo que me foram dados, durante os longos anos de meu trabalho na tradução, revisões e preparação desta Obra pelo Prof. Alberto Rojas Lavín, um dos mais antigos membros Iniciados da ―Śuddha Dharma Mandalam Association‖ (Madras, Índia) residentes na América. Discípulo de Sri Janárdanam (Iniciador Externo da Ordem) desde 1934, e por ele iniciado na ―Ordem de Vamadeva‖, foi ele um sincero devoto e profundo conhecedor da Doutrina Śuddha, tendo sido, desde a juventude, um meditador e um grande estudioso das Doutrinas Esotéricas, do Yoga e da Literatura Oriental. – Meu Instrutor particular, amigo e conselheiro, com ele muito aprendi sobre a Doutrina Śuddha, sobre o Caminho Espiritual, e sobre a Meditação e práticas ensinadas pelos Mestres Śuddhas; devo-lhe muito de minha preparação para a realização deste trabalho. Infelizmente ele não chegou a ver publicada esta Obra em português (sonho acalentado por nós durante anos), o que lamento profundamente. Seu falecimento ocorreu no dia 14 de janeiro de 1994, em Santiago. Alberto colaborou comigo ativamente, não só na tradução e em várias revisões da Gita, como também na tradução e revisões da ―Introdução ao Estudo da Gita‖ e dos prólogos da edição inglesa publicados nesta edição, bem como na supervisão de todo o meu trabalho. O glossário e os outros artigos por mim escritos passaram por sua análise e foram por ele aprovados, o que me deu segurança e a confiança de não ter estado só diante da imensa responsabilidade de realizar esta sagrada tarefa. Sem sua ajuda e estímulo, eu não poderia ter realizado este trabalho. A Alberto, companheiro de jornada, Instrutor e amigo, minha eterna gratidão, carinhosa lembrança, e grande saudade! *
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A Sri Vajra Yogue Dasa (Don Benjamín Guzmán Valenzuela) Ao dar por terminado este trabalho, quero deixar aqui manifestada minha eterna gratidão a Sri Vajra por tudo quanto dele recebi como meu primeiro Instrutor na Doutrina Śuddha (depois da partida de Sri Janárdanam), e como um grande amigo, pois foi ele meu incentivador neste Caminho em meus primeiros passos. Depois do desenlace de nosso amado Mestre Sri Janárdanam (dez meses depois de seu regresso à Índia), foi Sri Vajra quem sustentou a Chama por ele deixada no Brasil, quando todos éramos ainda principiantes na Doutrina e pouco conhecíamos dos Ensinamentos Śuddhas. Ele era, na América, um dos mais antigos Membros Iniciados da Ordem Externa do ―Śuddha Dharma Mandalam‖, tendo recebido a Iniciação dos Mestres (à distância) antes de 1930, e sendo reconhecido pelos Dirigentes da Ordem Externa como Representante do Śuddha Dharma em toda a América do Sul. Foi ele o fundador e mantenedor espiritual do 1o Ashram do Śuddha Dharma na América (em Santiago do Chile), e depois da visita de Sri Janárdanam ao Brasil, em várias ocasiões em que aqui esteve, fundou diversos Ashrams em outras cidades brasileiras, como também em outros países da América do Sul. Sua vida foi um grande exemplo de fé, devoção e adoração à Divina Mãe, e de amor e reverência aos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam. Com ele aprendi a adorar essa Divina e amorosa Mãe – a Suprema Deusa Yoga-Devi, Rainha da Divina Hierarquia – e, graças a ele, Ela Se tornou para mim a maior e mais sagrada Manifestação da Divindade em Seu Aspecto Mãe – o lado maternal de Deus. – Este foi, realmente, o maior legado que dele recebi, o mais belo e precioso tesouro. A ele devo muito, como Instrutor e como amigo. A Sri Vajra, de quem guardo a mais carinhosa lembrança, que foi e sempre será meu grande amigo, minha infinita gratidão e saudade. Haydée Touriño Wilmer
APRESENTAÇÃO ―A Gita é um dos mais claros e compreensíveis resumos da Filosofia Perene, dos que já foram feitos. Seu valor não é somente para hindus, mas para toda a humanidade…‖ Aldous Huxley *** ―Quando o desapontamento me olha na face e não vejo um raio de luz sequer, volto à Bhagavad Gita. Encontro um versículo aqui, outro ali, e imediatamente começo a sorrir em meio a tragédias insuperáveis – e minha vida tem sido cheia de tragédias externas – e se elas não têm transparecido, e nenhuma marca indelével me deixaram, devo-o à Bhagavad Gita. Nunca houve um homem que a adorasse em espírito e ficasse desapontado. Sua porta é largamente aberta para aquele que nela bate.‖ Mahatma Gandhi *** ―A Gita é um buquê composto das mais belas flores das verdades espirituais coletadas dos Upanishads.‖ Swami Vivekananda *** ―Acredito que, em todos os idiomas vivos do mundo, não há um livro tão pleno de verdadeiro conhecimento, e também tão consultado, como a Bhagavad Gita… Ela traz aos homens o mais alto conhecimento, o amor mais puro e a ação mais luminosa...‖ Madan Moham Malaviya
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Com facilidade poderia encher centenas de páginas com citações semelhantes a estas, nas quais grandes homens de sabedoria e santidade expressaram sua devoção à ―Canção do Senhor‖. Em minha pequena biblioteca disponho de trinta e dois comentários desta jóia de sabedoria divina, a qual, juntamente com o ―Sermão da Montanha‖, inspirou e dinamizou a ação de Gandhi, e engrandeceu e iluminou gerações e gerações de verdadeiros buscadores da Verdade em todo o mundo. A Bhagavad Gita tem sido e continuará cada vez mais a ser um garimpo inexaurível. Diariamente estudo esta mensagem de Sri Krishna, e a ela muito devo pelo quanto aprofundou e esclareceu o ensino de Jesus, o Cristo – meu Guru. Através dos milênios grandes luminares da humanidade têm produzido comentários elucidativos sobre o divino diálogo. Os mais antigos e autorizados são Madhva, Ramanuja e Śankara. Devendo-se ainda citar Hanumat, Keshava e Vallabha. Devo muito aos clarividentes e modernos textos de Chinmayananda, Sivananda, Prabhupada, Vireswarananda, Gandhi, Aurobindo, Rudolph Steiner, Radhakrishna, Zaehener e outros. Sendo o texto sempre o mesmo, diferentes comentaristas conseguiram ver e expressar significados diferentes. São tantos e tão valiosos, e, no entanto, aparentemente discrepantes os comentários, que levaram T. G. Mainkar (MA, PhD, D. Litt.) a produzir um excelente ―Comparative Study of the Commentaries on the Bhagavad Gita‖ (Motilal Banarsidass – Delhi). Concordância completa sobre o significado das palavras de Krishna ainda não foi possível; isto é fato aceito. Não obstante, a Bhagavad Gita tem sido considerada a mais preciosa fonte de verdade, beleza e paz. Agora, inesperadamente, uma revelação que surpreende a todos, uma revelação mesmo contundente: a publicação de um outro texto, mais amplo, e que seria o completo, o qual, até 1917, teria permanecido oculto. Nem os comentaristas clássicos, nem os modernos, teriam tido acesso a este texto da Gita. Teria estado todos esses milênios, mantido em sagrada custódia, em misteriosas e abscônditas bibliotecas nos vales gelados dos Himalayas.
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Quem assumiu a tão grave responsabilidade de fazer a revelação? Foi uma respeitável figura humana, de alta nobreza espiritual, que ocupava (em 1917) o cargo de Vice-Presidente da Sociedade Teosófica, sendo também o dirigente da Escola Esotérica da mesma Sociedade, além de exercer com dignidade e eficácia o cargo de Juiz da Alta Corte de Justiça de Madras – Dr. Sir S. Subrahmanya Iyer. Ele não somente fez a publicação do texto inédito da Bhagavad Gita, mas, em 1915, igualmente descrevera para o mundo toda uma misteriosa e até então desconhecida Hierarquia de Seres, a qual dirige os destinos da humanidade, sob o nome de Śuddha Dharma Mandalam: Śuddha (puro); Dharma (lei, retidão) e Mandalam (círculo). Um círculo (formado de Mestres) que preserva a Lei Pura (ou Transcendente). Do lado invisível do mundo esta Hierarquia ou Círculo é presidida pelo próprio Deus, isto é, Vishnu ou Naráyana. Numa das poucas estátuas do belo parque da sede mundial da Sociedade Teosófica, em Adyar (Madras), na Índia, pude constatar o quanto os líderes teosóficos veneram o nobre magistrado Subrahmanya, ao qual os Hierarcas (Mestres) teriam confiado a difícil missão de revelar o que até então se mantivera fora do acesso mesmo dos Grandes Iniciados. A mim, pessoalmente, quem fez a revelação surpreendente foi o Dr. Sri Janárdanam, médico homeopata e advogado de Madras, o qual, em 1965, quando dirigente mundial externo do Mandalam, esteve no Rio durante vinte e poucos dias. Maria (minha esposa), Prof. Carlos Torres Pastorino, Gen. Antonio Joaquim de Figueiredo, Haydée Touriño Wilmer (tradutora deste trabalho) e seu esposo Bruno Sylvestre Wilmer1, eu e outros companheiros, aproveitamos a convivência daquela admirável e amável personalidade, que impressionava pela sabedoria, pureza, energia e bondade, conjugando a ternura de um pai com a veemência de um líder em ação. Ficamos todos amando aquele homem de setenta e três anos, que se movia com a energia e a elegância de um jovem. De todas as propostas do Śuddha Dharma, a única que suscitou em mim uma enérgica resistência foi a de um novo texto da Gita. Consegui um exemplar em espanhol. Comecei a ler e, mentalmente predisposto a rechaçar, não o penetrei; depois de algum 1
Falecido em 10 de dezembro de 1975.
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esforço, devolvi o volume à estante. E, com maior empenho, voltei-me novamente ao texto clássico. Um dia, o Prof. Alberto Rojas Lavín, da Universidade de Santiago (Chile), que também fora um discípulo devotado de Sri Janárdanam, instou para que eu estudasse a Gita do Śuddha Dharma. Expus-lhe minhas dúvidas e resistências. Tentou explicar-me as coisas, mas não me convenceu. Apareceu depois Haydée, amiga muito querida, e pediu-me ajuda para publicar a edição brasileira, que pretendia editar. Não me senti à vontade de dissuadi-la, mas pedi que refletisse mais e não esquecesse de que a versão clássica não podia ser passada para trás. Sem se impressionar com minhas advertências, embora sempre lutando com dificuldades financeiras e de saúde, prosseguiu em seu esforço, em sua tentativa, com uma obstinação que somente o amor explica. Reapareceu com os originais pedindo-me que os analisasse e lhes escrevesse uma ―Introdução‖. Depois de analisá-los, aceitei a tarefa. A edição brasileira é mais ampla e informativa do que as publicadas em inglês e em espanhol. Traz como complemento um aprofundado estudo assinado pelo Dr. Subrahmanya (Swami Subrahmanyananda), que se impõe à admiração por suas luzes. Segundo o importante comentário de Hamsa-Yogue, conhecido como ―Kanda Rahasya‖, esta Gita é um instrumento fiel. Baseando-se no Kanda Rahasya, em citações precisas e informações abundantes, o Dr. Subrahmanya procura demonstrar porque, diferente do texto até agora conhecido (que tem dezoito capítulos), este novo (que seria antiqüíssimo) tem vinte e seis capítulos. Além deste comentário introdutório, ainda contém uma apresentação do editor em inglês – Sri Janárdanam, o prefácio da edição indicada (com informações importantes), assinado por R. Vasudeva Row2, um prólogo pelo Prof. Alberto Rojas Lavín, e outros artigos com valiosos ensinamentos. Vem a seguir um resumo do grande épico Mahabhárata, do qual a Gita é um dos capítulos, bastante útil ao estudioso. Depois do texto integral da Gita, que se segue, o leitor pode
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R. Vasudeva Row era, então (1939), Presidente da Organização Śuddha Dharma Mandalam Association, um sábio e profundo conhecedor do idioma Sânscrito, e o tradutor desta Bhagavad Gita para o inglês, assistido por Sri Janárdanam, que foi seu Editor.
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dispor de um glossário dos termos sânscritos contidos nela, bastante completo. No primeiro capítulo, o Hino a Durga, que vale como uma invocação de Arjuna (prestes a travar a batalha) à Deusa Durga, é um exemplo de oração-poesia, de grande beleza e significação, no característico estilo das Escrituras Sagradas da Índia. O estudioso não vai encontrar discrepâncias marcantes ou contradições quando comparar este novo texto com o clássico que os sábios conhecem. Todos os buscadores sinceros da Verdade terão de aceitar a tarefa de estudar o presente texto; mas que o façam com espírito puro, isto é, sem preconceitos, sem desejo de acatar com entusiasmo superficial e ingênuo, e sem o propósito de rechaçá-lo sem reflexão e aprofundamento. Já tendo redigido há vários anos esta ―Apresentação‖, a pedido de Haydée levei a Satya Sai Baba os Originais desta Gita. Ela desejava saber se ele aprovaria ou não a Obra. Durante uma entrevista apresentei-lhe o volume, e ele imediatamente colocou sua mão, presumivelmente abençoando-o.3 Parabéns a Haydée, a editora desta obra, na qual colocou todo o seu esforço e amor. Que os Mestres do Śuddha Dharma a recompensem plenamente. ŌM NAMŌ NĀRĀYANĀYA! Hermógenes Prof. José Hermógenes de Andrade Filho Instrutor de Yoga e Escritor 3
Esta ―Apresentação‖ foi escrita pelo Prof. Hermógenes em 1985. – Este parágrafo foi acrescentado por ele posteriormente, pois os Originais desta Gita só foram levados a Satya Sai Baba vários anos depois. – O reconhecimento da autenticidade destes Originais por Sai Baba demonstra o valor e a importância desta Escritura Sagrada para a humanidade, por ser completa e fiel ao Texto primitivo. – Sendo Satya Sai Baba uma encarnação divina, não os tocaria se fossem falsos, pois todos que o conhecem sabem que ele não toca em nada que não seja autêntico e verdadeiro. (H. T. W.).
PREFÁCIO DA EDIÇÃO EM PORTUGUÊS Dentre as mais famosas Escrituras Sagradas que têm iluminado o caminho dos homens em direção ao Espírito se acha o Mahabhárata, poema épico que, na opinião de inúmeros e esclarecidos Filósofos, tanto orientais como ocidentais, alimenta a lâmpada da Sabedoria que permite saber e comprovar que dentro do homem material, aparente e externo, existe o Ser Real e interno. A Bhagavad Gita (a Canção do Senhor, como também é chamada) é uma das partes em que se acha dividido o Mahabhárata; na Índia é a Escritura mais venerada, e seus Ensinamentos são o Pão Espiritual de milhões e milhões de pessoas. Gita significa cântico (ou canção) e Bhagavad é um dos títulos dados a Krishna; parafraseando o título deste Sagrado Poema indiano, equivaleria a dizer: ―O sagrado cântico do mesmo Deus que, no começo da Kali-Yuga (ou Idade Negra), desceu à Terra para ajudar e instruir os homens.‖ Esta edição da Bhagavad Gita é, em um sentido real, absolutamente nova. Sua originalidade e valor residem principalmente na divisão da Escritura em vinte e seis capítulos, sobre a qual são dadas amplas explicações na valiosa ―Introdução ao Estudo da Gita‖ (incluída somente na presente publicação) de autoria do Dr. Sir S. Subrahmanya Iyer, Iniciador e Oficial Externo do Śuddha Dharma Mandalam, bem como no Prefácio da edição em inglês, escrito por R. Vasudeva Row. Este valioso livro ao qual nos referimos, foi mantido fora do alcance do público durante milênios, à espera da ocasião propícia para que a evolução dos homens permitisse um melhor aproveitamento de seus Ensinamentos, na antiqüíssima Ordem chamada ŚUDDHA DHARMA MANDALAM, a qual possui em suas Bibliotecas privadas, ocultas nos Himalayas, na região de Kashmir, um verdadeiro tesouro de valiosas obras, bem como interpretações das chaves secretas contidas nos mais importantes livros arianos, tais como parte dos Vedas, alguns dos Upanishads, o Ramayana, alguns dos Puranas, e muitos mais.
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Digna de menção especial é uma das chaves que deve ser aplicada para o estudo e prática dos Ensinamentos contidos na Bhagavad Gita, a qual consta do Capítulo XVII, versículo 15: ―Repousa tua Mente somente em Mim; estabelece tua Inteligência em Mim, e então morarás unicamente em Mim; assim, todas as tuas dúvidas se dissiparão.‖ Neste versículo se faz alusão ao Átman pelo termo ―Mim‖. Assim as expressões ―Mim‖, ―Eu Sou‖, ―Me‖, e outros termos similares usados na Bhagavad Gita, se referem ao ―Eu‖ ou Cristo, ao Ser que mora no coração de cada homem, de cada ser, e em tudo quanto existe. Esse Ser é mencionado no ―Śuddha-Raja-Yoga‖ (outra Obra importantíssima da Escola Esotérica Śuddha Dharma Mandalam) como o ―resplandecente Átman incorporado no eu individual‖ (pg. 42 – versículos 38 a 40). Na mesma Bhagavad Gita se faz especial menção a uma Grande Hierarquia que tem a seu cargo o Governo Espiritual da Terra (em seu mais amplo sentido), como também a evolução dos seres humanos que nela evoluem. Esta Divina Hierarquia Central está presidida por Bhagavan Sri Naráyana, que dirige e orienta, em um sentido material e espiritual, a progressiva evolução do planeta e dos seres que o habitam. Sob as ordens deste Governo Central trabalham hostes de Mahatmas, Siddhas, Rishis, Mestres, Adeptos e elevados Discípulos de ambos os sexos. (Veja Capítulo IV, Resumo e vs. 6 e 7, no texto da Gita, onde se refere a esta Hierarquia). Ao ler e estudar a presente edição da Bhagavad Gita traduzida para o idioma português, é factível comprovar que há discípulos que não desfalecem em seu labor ante a atitude contrária daqueles que não aceitam idéias que não estejam de acordo com as suas próprias. Afortunadamente há homens e mulheres de fé o bastante poderosa para movê-los a prolongados esforços, apesar dos numerosos obstáculos de toda índole que se opõem a eles, os quais vencem denodadamente. Às vezes, as provas e dificuldades são muito duras; contudo experimentam muito evidentes provas de que estão constantemente auxiliados pelos Maiores. Tal é nossa certeza.
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Por isso mesmo não duvidamos de que a presente tradução do texto original em inglês publicado por T. M. Janárdanam, e agora traduzido para o português por Haydée Touriño Wilmer, é a melhor que se poderia obter, dada sua competência e preparação especial na matéria. Haydée ingressou na Escola ―Śuddha Dharma Mandalam Association‖ (Índia) no ano de 1965, aceita por Sri T. M. Janárdanam, Autoridade Externa e Iniciador da Ordem, o qual visitou o Brasil nessa época, deixando neste país a semente de sua elevada hierarquia espiritual e de seus ensinamentos, levando consigo o carinho daqueles que o acolheram e que ele também sentiu por esta grande nação. Seu desenlace ocorreu no dia 18 de setembro de 1966, em Madras, Índia. Haydée pôs na tradução e preparação desta Obra toda a devoção, carinho e conhecimento de que é capaz; seu trabalho foi revisado prolixamente, frase por frase e palavra por palavra. Pode-se assegurar que a presente tradução é a expressão fiel do pensamento original. Provavelmente serão encontradas no texto algumas pequenas imperfeições idiomáticas, porém é de se esperar que o leitor saiba compreender e perdoar, ante o mérito da honesta intenção de sacrificar tudo à mais exata reprodução dos Ensinamentos originais. Nesta edição é publicado o texto original, agora íntegro e fiel, da Bhagavad Gita, fato este facilmente comprovável pelos originais em inglês e sânscrito, dos quais temos exemplares em nosso poder. Que os Membros da Augusta Hierarquia Espiritual da Terra outorguem ao Brasil suas bênçãos de Paz e Prosperidade. Alberto Rojas Lavín1 Iniciado na Ordem Śuddha Dharma Mandalam Association, Índia. Professor Fundador e Catedrático da Universidade de Santiago, em Santiago do Chile.
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O Prof. Alberto Rojas Lavín faleceu no dia 14 de Janeiro de 1994, em Santiago do Chile.
NOTA DE PUBLICAÇÃO DA EDIÇÃO EM INGLÊS (1939) Esta é a tradução ao inglês da ŚRIMAD BHAGAVAD GITA, edição do ŚUDDHA DHARMA MANDALAM, a qual satisfaz agora uma necessidade há longo tempo sentida. Não se pode negar, de modo algum, que o significado de cada um e de todos os versos metrificados – ou Slokas – será uma grande revelação para todos. Não obstante as numerosas traduções que têm sido feitas da Gita, a necessidade desta publicação é notória. Que as palavras usadas na Gita possuem um profundo significado e não são do tipo corrente, é também evidente, tendo em conta a elevada condição do Guru e do Discípulo, neste Diálogo Sagrado. É uma grande felicidade que esses significados tão profundos nos sejam revelados por meio dos comentários dos ŚUDDHACHARYAS, dos quais SRI HAMSA-YOGUE foi o último. A tradução inglesa revela esses vitais significados referentes a conceitos de fundamental valor. A dinâmica filosófica do ŚUDDHA DHARMA, tema desta Grande Mensagem, nos dá a direção inteligente e necessária para o desempenho da Ação. Os métodos egoístas com que a ação é efetuada nos tempos atuais têm trazido indescritíveis misérias ao mundo. Podemos não somente livrar-nos a nós mesmos das malhas de tão perniciosa maneira de atuar, como também concentrar nossa atenção na Grande Meta que é BRAHM, pois Ele é a essência desses excelsos Ensinamentos. Neste grande meio (das misérias do mundo) – com respeito ao pensamento, palavra, ação e espírito – o Yoga encerra o segredo da Salvação. Tiremos proveito de seu estudo e ponhamo-lo sempre em prática. Ao completar esta grande tarefa, Sri R. Vasudeva Row cumpriu a promessa feita pelo Swami Subrahmanyananda anos atrás, e o Editor se considera afortunado ao ter o privilégio de levar este trabalho a seu termo. Algumas pessoas podem desejar traduzir este livro a outros idiomas, tanto neste país (Índia), como também no exterior. Aqueles que desejarem fazê-lo podem se comunicar com o Diretor. Os direitos de tradução para o idioma espanhol foram concedidos ao Irmão Vajra Yogue Dasa (Benjamín Guzmán Valenzuela), em Santiago do Chile.
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Este é o quarto volume da série dos livros publicados pela ASSOCIAÇÃO ŚUDDHA DHARMA MANDALAM (Índia), a qual espera imprimir, de tempos em tempos, mais publicações relacionadas com a Filosofia e Ensinamentos do Śuddha Dharma. É fervoroso desejo deste modesto Editor que este livro possa ser publicado em todo o mundo e gere benéficos pensamentos em todos e em cada um, como também que cumpra sua missão como Resplandecente Chama de Conhecimento, tanto para os conhecidos como para os desconhecidos aspirantes à Grande Senda, capacitando-os a acercar-se internamente à Divindade. Sri T. M. Janárdanam1 Diretor da ―Śuddha Dharma Mandalam Association‖. Editor da revista ―The Śuddha Dharma‖, em Madras, Índia. Foi assistente e colaborador de Sri R. Vasudeva Row na tradução desta Bhagavad Gita do sânscrito para o inglês, e seu Editor neste idioma. Médico Homeopata e Advogado.
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Falecido em 18 de setembro de 1966, em Madras, Índia.
PREFÁCIO DA EDIÇÃO EM INGLÊS A primeira edição da Śrimad Bhagavad Gita do Śuddha Dharma Mandalam foi apresentada ao público durante os últimos vinte anos, portanto esta não necessita de nova introdução1. Foi publicada primeiro pelo Dr. Sir S. Subrahmanya Iyer e Pandit K. T. Srinivasa Chariar (já falecidos). Dita publicação lhes foi permitida por alguns dos MAIORES do ŚUDDHA DHARMA MANDALAM, que bondosamente lhes cederam os manuscritos de seu texto, como também os de outros trabalhos filosóficos guardados nos arquivos do Śuddha-Kosha, na Maha-Guha (Grande Gruta), no Norte da Índia, conhecidos por poucos entre nós. Alguns dos livros, que seguiram sua primeira publicação (desta Gita), lançaram abundante luz sobre a Filosofia do Śuddha Dharma; destes livros, segundo afirmam os MAIORES DO MANDALAM, a Gita é o melhor, contendo a mais completa exposição existente sobre o assunto. Sua Filosofia e Ensinamentos apresentam uma clara orientação e exercem uma influência subjugadora. Para o leitor ansioso de Conhecimento, este livro abre um rico campo de investigação. Para aqueles que, maravilhados pela grandeza de seus Ensinamentos se disponham a seguir sua lúcida direção, não só lhes apresentará uma razoável hipótese da vida, como também, além disso, proporcionará positiva guia, revelando determinado treinamento para se alcançar uma progressiva elevação e adiantamento espiritual. A antiguidade deste Texto é evidente pelo fato de que mais de trinta comentaristas basearam nele seus estudos eruditos; destes trabalhos Hamsa-Yogue (século V a.C., isto é, anterior aos três Acharyas da Escola Vedanta) faz detalhadas citações em seu próprio e monumental comentário conhecido como Upodhghata, do qual foram publicados os dois primeiros capítulos; os seguintes serão publicados quando os meios o permitirem. Além disso, um grande número de livros, tais como o Pranava-Vada, Sanátana-Dharma-Dípika, Khanda-Rahasya, YogaRahasya, Adhyatma-Ratnarnava, Swrodaya-Rahasya e muitos outros, 1
A ―Introdução ao Estudo da Gita‖ do Dr. Sir S. Subrahmanya Iyer, a qual consta somente desta edição em português, foi publicada como Prefácio da 1 a edição desta Gita, somente em Sânscrito, em 1917.
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tomaram extratos da Gita, citando capítulos e versos, tais como se encontram no referido Texto. Também a autoridade do sistema de Filosofia Śuddha é amplamente confirmada, não só pela unânime aprovação de todos esses livros, como também pela excelência intrínseca de sua completa universalidade e total ausência de sectarismo e preconceito de classes, ou de qualquer outra natureza. É necessário dizer que um estudo honesto deste Livro estimulará o leitor a uma intensa investigação e o conduzirá, finalmente, à prática de seus Ensinamentos. Pode-se notar que, geralmente, os ásperos comentários, apressados julgamentos e conclusões que esta Gita provoca são somente o conseqüente resultado de uma investigação mal feita e de atitude fanática, que podem brotar ainda de uma irresponsável, estreita ou distorcida mentalidade. O aparecimento de tal fenômeno é, afortunadamente, raro hoje em dia, porém ainda existente. Todavia, estas opiniões não podem influir seriamente em nenhum leitor cuidadoso; pelo contrário, elas podem causar enérgica reação, induzindo o leitor, como é freqüente nesse caso, a uma mais profunda admiração, interesse e fé naquilo que é tão irracionalmente atacado. Seja como for, contentemo-nos em ler para conhecer, e depois de conhecer, atuar. Os Maiores do Śuddha Dharma Mandalam calculam que mais de cento e trinta séculos transcorreram depois da memorável Guerra do Mahabhárata, em cujo primeiro dia de combate o Grande Ensinamento (contido na Gita) foi dado a Arjuna pelo Senhor, no campo de Kurukshetra. – A idade da Gita deve, portanto, ser sincronizada com este acontecimento. Ao traduzir o Texto ao inglês, o significado original das palavras e expressões contidas nos versos, como geralmente é indicado no Mahabhárata, e em particular no ―Anugita‖, foi seguido cuidadosamente, assim como foi feito praticamente em todos os comentários, com o mais rigoroso cuidado que foi possível, para preservar o espírito do Diálogo Original. O Texto contém vinte e seis capítulos, com setecentos e quarenta e cinco Slokas (ou versos) em seu conjunto; por esse motivo esta Literatura é conhecida como ―Samagra Gita‖, e os vinte e quatro
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capítulos, desde o segundo ao vigésimo quinto (incluindo ambos), formam propriamente a Gita. O primeiro e o último (vigésimo sexto capítulo) se referem ao aspecto analítico (Vyasthi) e sintético (Samasthi) do Pranava, respectivamente, baseando-se todo o conjunto no plano sagrado chamado Gáyatri, um procedimento seguido na composição do Mahabhárata, do Ramayana e em outras obras de importância. Na Gita propriamente dita foi colocado um asterisco (*) ao começar um determinado versículo de cada um dos vinte e quatro capítulos; afirma-se que o versículo assim marcado constitui a essência desse capítulo em particular; tal verso é chamado Samikarana-Sloka, nos comentários. Quando a grande família humana se reunir, como nunca aconteceu em épocas anteriores da história do mundo, é esperança dos Membros do Śuddha Dharma Mandalam (o qual conta com grandes grupos de médios e adiantados discípulos) que, pelo advento de Bhagavan Mitra Deva, um avatar de Bhagavan Naráyana, um novo impulso será dado ao mundo, dando à humanidade, como um todo, uma elevação espiritual de considerável importância. A Filosofia e Ensinamentos do Śuddha Dharma Mandalam foram promulgados como antecipação deste sagrado Advento, a fim de que a humanidade, para cujo benefício virá o Grande Avatar, possa responder em consonância com Sua Missão, a qual está prevista para nos proporcionar bem-estar e felicidade neste mundo e no outro. Sri R. Vasudeva Row Presidente da ―Śuddha Dharma Mandalam Association‖. Sábio Erudito e tradutor desta Bhagavad Gita do sânscrito para o inglês.
ESCLARECIMENTOS SOBRE A PROCEDÊNCIA DOS MANUSCRITOS ORIGINAIS DA ŚRIMAD BHAGAVAD GITA No princípio do século os Altos dirigentes da Sagrada e Esotérica Ordem ŚUDDHA DHARMA MANDALAM1 julgaram já ser oportuno revelar ao público, difundindo mais amplamente, a existência dessa Hierarquia Divina, bem como os Ensinamentos da Doutrina do Śuddha Dharma, os quais seriam destinados aos Egos já com evolução e entendimento suficientes para assimilá-los, tanto no Oriente como no Ocidente. Para desempenhar a importante missão de Representante Externo desta Augusta Ordem, como Iniciador e Instrutor do Yoga-Brahma-Vidya, a Ciência Sintética do Absoluto (a qual está contida na Śrimad Bhagavad Gita), entre várias pessoas julgadas por Eles como possuidoras das mais altas qualidades morais e espirituais, foi escolhido o Dr. Sir S. Subrahmanya Iyer, então Juiz da Suprema Corte de Justiça de Madras (Índia). Este venerável Magistrado era considerado um santo e amado pelo povo, tanto por nunca haver condenado um inocente, como por sua justiça, magnanimidade e humanidade com que exercia a difícil função de Juiz. Este homem sábio, generoso, reto, nobre e justo, já ancião, foi Vice-Presidente da Sociedade Teosófica em Adyar (Índia) e Diretor da Escola Esotérica desta mesma Sociedade, amigo e contemporâneo de Annie Besant. No parque da Sede Mundial da Sociedade Teosófica, em Adyar, há uma estátua erigida a esse grande sábio (entre as poucas que lá existem), o que atesta o grande respeito e veneração que os Membros desta Sociedade tinham por ele. A propósito do que foi dito acima, buscando mostrar a conexão que existe entre a antiqüíssima Ordem Esotérica Śuddha Dharma 1
Śuddha Dharma Mandalam é o nome de uma antiqüíssima e verdadeiramente esotérica Ordem composta de Grandes Seres que exercem ocultamente o Governo Espiritual da Terra, a qual é também referida como a Divina Hierarquia. Até 1915 era conhecida na Índia por poucos Iniciados. Atualmente é quase desconhecida (muito poucas pessoas, relativamente, têm notícias dela), pois seus Membros Externos operam ocultamente, não se dando a conhecer publicamente. Esta Hierarquia de Grandes Seres (divinos e semidivinos) é composta de Mahatmas, Maharishis, Rishis, Mahasiddhas, Siddhas, Mahayogues e Yogues, Adeptos e Mestres, dentre Eles os grandes Hierarcas de nossa Raça.
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Mandalam e a Sociedade Teosófica, julgamos oportuno transcrever aqui um trecho traduzido do livro ―Simbologia Arcaica‖ – Série C – Tomo III, das ―Obras Completas‖ de Mário Roso de Luna, editado em espanhol, em Madri, em 1921. – Nesta obra, Roso de Luna se refere ao Śuddha Dharma Mandalam como a ―primitiva Religião-Sabedoria‖, dando várias informações adicionais que relacionam o Mandalam com a Fraternidade Branca do Tibete, com a Sociedade Teosófica, e com sua fundadora, Helena Petrovna Blavatsky. – O trecho traduzido é como segue: ―Estes Seres Superiores, frutos excelsos de evoluções passadas, são chamados também Mestres de Compaixão, Mahatmas ou Grandes Almas, porque desde idades sem conta vêm praticando, abnegados, aquele preceito do ‗Livro de Ouro‘, que diz: — ‗Queres fazer tua a imensa dor da humanidade? – Queres renunciar a todo dano causado às criaturas viventes, consagrando-te inteiramente ao Bem Universal? – Estás disposto a trabalhar no mundo pela doutrina salvadora do Śuddha Dharma Mandalam, ou seja, a primitiva Religião-Sabedoria, conservada por Eles?‘ ―Tão logo se soube que uma das acusações mais néscias contra Helena P. Blavatsky, por parte da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres, era a de que os Mahatmas não existiam, senão que eram mera impostura sua para enganar os incrédulos (disse o ‗Boston Courrier‘ de julho de 1886), chegaram às suas mãos centenas de cartas de todas as regiões da Índia, subscritas por pessoas que asseguravam ter tido conhecimento disto antes de ter ouvido alguma coisa sobre a Teosofia. Finalmente veio uma carta de Negapatam, a morada dos Pandits (Doutores), assinada por setenta e sete de seus Sábios, afirmando enfaticamente a existência desses Seres Superiores, demasiado bem conhecidos das raças árias para que seus descendentes pudessem duvidar de Sua existência. ―Desde o dia em que o Quartel General da Sociedade Teosófica se transladou para Bombaim, ou seja, quando H. P. Blavatsky e o Cel. Olcott se estabeleceram na Índia (1880–1882), aumentaram as dúvidas e até as acusações de falsidade com respeito à existência da Fraternidade Branca do Tibete, de seus Mahatmas ou Iniciados, vários deles protetores augustos da Sociedade Teosófica. Disse Subrahmanya Iyer, em
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seu trabalho ‗Uma Organização Esotérica na Índia‘, que esta antiqüíssima instituição da Aryavartha (Índia), que ensina um dos métodos de Yoga mais antigos, é bastante parecida, no fundo, à chamada Seção Esotérica ou Interna da Sociedade Teosófica. O trabalho alude à Grande Fraternidade Branca ou Loja Central dos Iniciados do Tibete, e à maneira como seus ensinamentos ocultistas, ao que parece, foram organizados. ―Essa Organização antiqüíssima tem duas fases: a mais elementar se denomina Uttara-Mukta, e a superior Dakshina-Mukta, o poder taumatúrgico sobre os elementais, isto é, sobre as inteligências de todos os graus, que presidem e impulsionam as forças da natureza (gnomos, ondinas, silfos, salamandras, etc., dos cabalistas). ―A aquisição da Uttara ou Yoga, segundo os mais antigos métodos, supõe o remontar dos cinco graus sucessivos: – Asa, Dasa, Thirta, Brahma e Ananda, ou sejam, respectivamente, os graus primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto; algo assim como os graus de Aprendiz, Companheiro, Mestre, Mestre Secreto e Mestre Perfeito, de quase todas as clássicas Instituições Iniciáticas do Ocidente. ―O termo ‗Asa‘, por outra parte, parece aludir, em seu significado de ‗saúde‘, aos antigos Terapeutas Essênios do Líbano, com os quais está tão ligado o avoengo ocultista de Jesus, como ensina ‗Ísis Sem Véu‘, de Helena Blavatsky. O mesmo detalhe, de que os mesmos usam um nome simbólico, completa tal analogia. Dir-se-ia, enfim, que, para remontar os ditos cinco graus, se conta com essa vida post-mortem que nós temos denominado ‗vida no mundo dos Jivas‘, ou de ‗além túmulo‘, porquanto nos diz Subrahmanya que cada um daqueles graus supõe um período de 24 anos, o que nos daria, para o conjunto, um total de 120 anos, cifra que era, por certo, a da duração da vida humana que, de acordo com a higiene integral, assinala o Gênese, era a do homem pós-diluviano ou pós-atlante. ―A disciplina em questão é puramente mental ou meditativa e de estudo, sem mistura alguma de Hatha-Yoga ou práticas físicas, já em parte conhecidas no Ocidente pelas obras com este título, e que preconizam certas regras prévias, como, por exemplo, as da respiração chamada Yoga, as quais, como de puro naturismo físico, poderão, em
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suma, e a custo talvez de lamentáveis transtornos, dar-nos um mais forte corpo físico, que é como não nos dar quase nada, porquanto a arma de uma robustez e uma saúde física perfeita, pode tanto servir para nossa salvação, como para nossa ruína, segundo a empreguemos em um sentido ou em outro. A partir do segundo período (ou segundo grau) ou antes, parece ser necessária a abstinência perfeita do sexo, o que a faz praticamente inaplicável a 90% dos homens de nosso tempo. Diz-se que, atualmente, na Índia, não há mais que um milhar de discípulos. ―Pelos indícios, H. P. Blavatsky foi uma Discípula dessa disciplina, porquanto os que merecem a honra de entrar não tardam em receber, como ela recebeu, os mais ocultos poderes, dos quais, por desgraça, ela fez excessivo uso para tratar de convencer, em vão, o cego mundo ocidental. A obra de grande merecimento de Olcott, ‗Old Diary Leaves‘, está cheia de referências feitas a esses ditos poderes, tais como: ver nos corpos sutis dos homens (dupla visão) e na história de suas vidas passadas, obter respostas dos Chefes ou Mestres escrevendo as perguntas sobre folhas de papel fechadas onde logo apareciam as respostas, etc., coisas que foram a causa das caluniosas informações emanadas da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres contra a incompreendida e excelsa personalidade da fundadora da Sociedade Teosófica. ―Os rituais que correspondem aos ditos graus guardam perfeita identidade com os dos Druidas ou Sacerdotes Celtas, tais como oferendas do fogo e da água lustral, e as solenes festas de Vaishak ou da Primavera, em cujo plenilúnio (abril – maio) parece que a Fraternidade Branca, como a mais elevada e genuína das instituições da Religião da Natureza ou Sabedoria das Idades, vem repartindo, desde o princípio da história, suas mais benfeitoras e restauradoras influências sobre o mundo, mediante um célebre Mantra ou fórmula mágica, que pode ser visto no Anushthana Chandrika. ―O nome mesmo de Vai-shak ou Bai-shak parece envolver a idéia do Raja-Yoga ou Yoga Real (tanto no sentido de ‗régio‘ como no de ‗real e efetivo‘ ou shak), e, talvez por isso, Raddha-bai foi um dos pseudônimos favoritos de H. P. Blavatsky nas cartas ocultistas. A Escola, por outra parte, se denomina Jina-Jana ou ‗do caminho estreito‘.
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―A Organização, assim como a da Sociedade Teosófica (a qual não é senão uma sombra da mesma no mundo), não está limitada por diferenças de raça, sexo, credo, casta, povo ou cor. Seu único e exclusivo objetivo tem sido sempre o de manter um corpo de Yogues dedicados ao bem, não só da humanidade, senão da criação inteira, e parece ser que, ora pelo progresso dos tempos, ora por uma expansão do bom karma coletivo, Eles vêm derramando luz sobre o mundo com seu heroísmo. As duríssimas regras anteriores se têm suavizado um pouco a partir de 1917, ao terminar o ciclo chamado ‗Nala‘, coisa que veio coincidir com a grande revolução mundial em benefício das classes até aqui deserdadas e menosprezadas, começada na Rússia.‖2 Voltando a falar do Dr. Subrahmanya (que também é citado no trecho transcrito acima), o qual tomou parte tão ativa na Sociedade Teosófica e na fundação do Brahmavidyashrama, junto com Annie Besant, cremos ser necessário dar mais detalhadas informações sobre ele, como foi sua admissão como Mestre e Iniciador da Ordem Externa do Mandalam, e como foi sua preparação para tão elevada missão, a qual será explicada a seguir. O Dr. Subrahmanya foi iniciado como Membro do Śuddha Dharma Mandalam e investido com a insígnia de Iniciador Externo da Ordem, no dia 7 de maio de 1915 e, no dia 28, isto é, 21 dias após esta Iniciação, recebeu outra Iniciação especial, dada pelo Swami Brahmananda, um alto Membro do Mandalam. Quando foi escolhido pelos MAIORES DO MANDALAM para ser Seu Representante Externo, com a responsabilidade de dar a conhecer publicamente a existência da Divina Hierarquia, bem como os Ensinamentos Śuddhas, ele recebeu nova Iniciação, dada por um Siddha (por exigência sua, Devido à grande responsabilidade que iria assumir desempenhando tão importante cargo). Pelo Poder que lhe foi transmitido pelo Siddha (como uma forte descarga elétrica), seu corpo físico, já frágil pela idade, não suportou, e ele perdeu os sentidos. Quando voltou a si (no subterrâneo das ruínas de um templo fora da cidade onde recebeu a Iniciação) ele havia adquirido total conhecimento da Doutrina Śuddha, através da penetração nos Grandes Mistérios Cósmicos, nos Altos Planos aos quais teve acesso durante o 2
Os grifos são nossos.
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tempo em que seu Espírito esteve fora do corpo físico, depois da Iniciação. Depois desse acontecimento, ele escreveu vários artigos sobre a Doutrina Śuddha e sobre a Divina Hierarquia (a qual é também chamada ―Brahma Dharma Mandalam‖), sua constituição e seus propósitos. Estes artigos foram publicados na revista oficial da Sociedade Teosófica ―The Theosophist‖, no ano de 1915. No ―Maha-Yagna‖ realizado no período da Lua Cheia de Maio, no dia 30 de abril de 1923, o Swami Subrahmanya foi admitido na Ordem dos Anandas3, recebendo nesta ocasião o nome iniciático de 3
Ananda é o grau mais elevado dos Membros da Ordem Externa do Śuddha Dharma Mandalam, os quais são mencionados nos livros da Literatura Śuddha que possuímos, e são: Dasa, Tirtha, Brahma e Ananda; o grau de Asa não é mencionado, talvez tenha feito parte da disciplina em épocas passadas. Também estão citadas nos livros da Doutrina Śuddha as Promessas aludidas por Roso de Luna. Citamos esses fatos para ressaltar a semelhança que existe entre o Śuddha Dharma Mandalam e a Fraternidade Branca, mostrando que ambas estão intimamente ligadas, ou são a mesma com nomes diferentes. – Quando o Dr. Subrahmanya publicou na Índia, na revista oficial da Sociedade Teosófica, uma série de artigos dando a conhecer pública e mais amplamente a existência da Hierarquia, isto é, do Śuddha Dharma Mandalam, sua constituição e seus propósitos, alguns membros da Sociedade Teosófica de Santiago do Chile tomaram conhecimento desta revelação e se filiaram como membros da Ordem, a qual havia aberto, por decisão dos Maiores do Mandalam, ―uma Porta para o mundo externo‖, permitindo a admissão de membros de qualquer parte do mundo. Uma das pessoas que se inscreveram, naquela época, foi Don Benjamín Guzmán Valenzuela, que foi aceito e iniciado, recebendo o nome iniciático de ―Vajra Yogue Dasa‖ (Dasa significa Servidor). Ele manteve contato com Srinivasa Chariar (Mestre e Iniciador, que substituiu Subrahmanyananda depois de seu falecimento) até 1928, época em que este também faleceu. – Sri Vajra fundou em Santiago o primeiro Ashram das Américas. Foi ele quem, junto com outros membros do Ashram, providenciou e patrocinou a vinda de Sri Janárdanam ao Chile (onde ele permaneceu por vários meses), depois a Buenos Aires, Montevidéu, e Rio de Janeiro. – Depois do falecimento de Sri Janárdanam (dez meses depois de seu regresso à Índia), Sri Vajra veio ao Brasil muitas vezes, fundando Ashrams em várias cidades do país, os quais ficaram ligados ao Ashram do Chile, sob sua orientação, até seu falecimento, no princípio da década de oitenta. – As atividades externas da Ordem, na Índia, como Organização pública, pelo que sabemos, estão encerradas desde o falecimento de Sri Janárdanam, tendo sido ele o último Mestre e Iniciador reconhecido pelos Mestres da Ordem como Representante Externo do Śuddha Dharma Mandalam. – Na realidade, o contato dos membros do Śuddha Dharma (filiados a qualquer Ashram, em qualquer parte do mundo) com os Mestres do
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Subrahmanyananda. A Yoga-Danda (Bastão de Iniciador), o Japamala feito de sementes de tulasi, e a túnica alaranjada que usava, os quais correspondiam ao alto cargo de Iniciador, lhe foram enviados pelos Hierarcas. Seu desenlace se deu em ―Guindy House‖, Madras, às 8:40 horas do dia 5 de dezembro de 1924. Ele foi um santo, e o primeiro Mestre Iniciador da Ordem Externa do Śuddha Dharma Mandalam. Subrahmanyananda teve como grande e precioso colaborador no desempenho de sua missão o Pandit K. T. Srinivasa Chariar, um Sábio Erudito, um dos mais altos Membros da Ordem Externa do Śuddha Dharma Mandalam, o qual foi o Editor da primeira publicação da Śrimad Bhagavad Gita, tendo sido um dos principais assistentes de Subrahmanyananda, tanto na comparação do Texto Original com outras cópias, como nas inúmeras revisões e preparação final da Obra. Foi ele seu sucessor como Autoridade Iniciática e em todas as suas funções. Srinivasa Chariar faleceu em 1928, deixando muitos escritos sobre a Doutrina Śuddha, além de todas as disciplinas referentes às várias Iniciações dadas pela Ordem Śuddha Dharma Mandalam (todas muito privadas). Ele foi um grande Sábio e Mestre. Até aqui falamos sobre aqueles a quem foram entregues os manuscritos desta Gita, dando a conhecer suas elevadas qualidades humanas e espirituais, as quais os tornaram dignos da confiança dos MAIORES DO MANDALAM. Falemos agora da Śrimad Bhagavad Gita, isto é, desta Gita de 26 capítulos e 745 slokas (ou versículos), apresentada ao público da Índia, pela primeira vez, em sua integridade e estrutura originais (em sânscrito), em 1917. Certo é que a Bhagavad Gita (a Mensagem ou Canto do Senhor) é uma Obra Sagrada que pertence à humanidade. Nenhuma Religião, Ordem ou Seita tem sobre ela direitos exclusivos de propriedade, e uma prova disso são as inúmeras edições existentes, apresentadas e comentadas por Mestres, Sábios e estudiosos, tanto orientais como ocidentais, em muitos idiomas. Porém, todas as edições da Gita, este tesouro inestimável do saber humano, mundialmente conhecida e Mandalam é estabelecido sutilmente, através da meditação e da devoção, e de acordo com a sintonia vibratória e evolução de cada um.
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venerada como sagrada há milênios, tanto na Índia como em outros países do Oriente (e mais recentemente também no Ocidente), sempre tiveram em sua estrutura só 18 capítulos, tendo sido considerada como a única existente até o ano de 1917, data em que foi publicada na Índia esta Śrimad Bhagavad Gita, dada a conhecer pelos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam, como foi dito acima. Naquela época sua publicação causou grande reação da parte dos tradicionalistas e fanáticos, inclusive através da imprensa, a qual chegou até a Assembléia do Senado, segundo relata Subrahmanyananda em sua ―Introdução‖ (anexa a esta edição), fato que comprova a grande importância que foi dada a esta nova Gita, desconhecida até então na própria Índia. Nesta Introdução ele explica detalhadamente por que esta Gita tem 26 e não 18 capítulos, o plano ao qual obedece a sua estrutura, e em que se fundamenta esta divisão. Vale a pena ler com atenção estas explicações, como também estudar todos os Ensinamentos contidos nesta ―Introdução‖ (tanto esclarecedores quanto iluminadores) antes de ler ou estudar o próprio Texto da Gita, pois eles abrem muito os horizontes de nossa mente.
A PROCEDÊNCIA DOS MANUSCRITOS Havendo sido escolhido para Representante Externo do Śuddha Dharma Mandalam o Dr. Subrahmanya Iyer, e como seu colaborador o Pandit K. T. Srinivasa Chariar, foram enviados a eles, por vontade dos Maiores do Mandalam, cópias dos manuscritos originais, não só da Śrimad Bhagavad Gita, mas também de vários outros importantes livros da Literatura Śuddha, os quais permaneceram, por milênios, nas Bibliotecas Ocultas do Mandalam, na Maha Guha (ou Grande Gruta), situada nas montanhas geladas da parte setentrional dos Himalayas, sob a custódia dos Guardiões do Tesouro da Sabedoria Universal. Destas Bibliotecas vieram os originais desta Gita, inéditos na própria Índia até 1917. Com o desenlace do Swami Subrahmanyananda em 1924, já muito idoso, e do Pandit Srinivasa Chariar em 1928, as edições que foram feitas somente em sânscrito se esgotaram e depois disso não houve reedição. O desejo dos MAIORES DO MANDALAM, de que esta Gita fosse publicada em inglês, somente pôde ser realizado em 1939, pelo então Presidente da Śuddha Dharma Mandalam Association, o sábio erudito Sri R. Vasudeva
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Row (que havia sido colaborador de Srinivasa Chariar), e por Sri T. M. Janárdanam, Diretor da Associação e Iniciador da Ordem, ambos profundos conhecedores da Doutrina Śuddha e do idioma sânscrito. A tradução da Śrimad Bhagavad Gita, do sânscrito para o inglês, foi feita por Sri R. Vasudeva Row com a colaboração e assessoria de Sri Janárdanam, que a editou, realizando assim o antigo desejo dos MAIORES DO MANDALAM, o qual não havia ainda sido cumprido. A última edição em inglês foi totalmente esgotada e não houve reedição, motivo pelo qual esta Gita é quase desconhecida na própria Índia. Alguns exemplares foram enviados a membros do Śuddha Dharma do Chile, e um deles foi cedido pelo Prof. Alberto Rojas Lavín para sua tradução ao português. Sei que a publicação desta Gita causará polêmica entre os estudiosos da Literatura Sagrada da Índia, principalmente entre os exegetas e estudantes da Gita tradicional de 18 capítulos. Porém, esta Obra não é minha (a não ser alguns artigos e o glossário, incluídos nela como complemento para seu estudo), e os responsáveis por ela são AQUELES que a custodiam e dirigem. Temos em nosso poder o original do qual ela foi traduzida (em sânscrito e inglês), e que estará à disposição daqueles que desejarem examiná-lo. H. T. W.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GITA Por Swami Subrahmanyananda (Dr. Sir S. Subrahmanya Iyer) (Prefácio da 1a Edição em Sânscrito, publicada na Índia em 1917)
Esta edição da Gita é nova, num sentido muito geral e substancial. Os versos setenta e ímpares, que deveriam integrar a Escritura, mas que não estão incluídos em nenhuma das edições existentes, foram assinalados e devidamente incorporados a esta. A pergunta ―se a Gita é completa‖, feita recentemente nas colunas dos jornais, não mais causará discussão. Qualquer pessoa que possa ter pensado que aqueles que levantaram esta questão (referente ao caráter incompleto da Gita), ultimamente tiveram a idéia de alterar o texto desse venerável LIVRO, não deve mais permitir que tal suspeita permaneça em sua mente. É desnecessário dizer que nenhum dos versículos em questão são de invenção moderna, pois todos eles podem ser encontrados na Obra original, o MAHABHÁRATA, porém em partes e contextos onde eles não deveriam estar, isto é, fora de seu Devido lugar. Tudo o que se fez foi simplesmente recolocá-los em seu lugar e ordem nesta Gita, assim como era no Bhárata de 24 mil Slokas, o predecessor do Poema Épico que agora temos em mãos. Os detalhes incorporados aos versos, como foi declarado acima, são tratados no prefácio do Editor (K. T. Srinivasa Chariar)2 e é, portanto, desnecessário acrescentar qualquer coisa em relação aos mesmos. O acréscimo assim feito não afeta de modo algum o 1
Este artigo está repleto de Ensinamentos maravilhosos, cuja profundidade e importância poderiam passar despercebidas. Como esta é uma Obra que deve ser estudada e não somente lida, usamos itálico e/ou negrito para assinalar palavras e frases importantes, para as quais julgamos necessário chamar a atenção. Este artigo deve ser lido e depois relido com calma, para que seus Ensinamentos sejam assimilados. (H. T. W.). 2 Este prefácio foi publicado somente na referida edição (1917), e não consta desta por ser muito extenso e demasiado técnico para o estudante ocidental. (H. T. W.).
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Ensinamento do Senhor, de acordo com todas as edições existentes, e não pode haver dúvida de que uma manifesta simetria e totalidade foram asseguradas à Escritura pela incorporação dos versos aludidos no princípio deste comentário. A alteração acima referida, entretanto, não é o principal motivo de que esta edição seja nova. Sua novidade e valor residem principalmente na divisão da Escritura em vinte e seis capítulos, adotada de acordo com o Comentário de Hamsa-Yogue, conhecido como Khanda-Rahasya. Este comentário, até então pouco conhecido fora da antiga Organização chamada ŚUDDHA DHARMA MANDALAM, é uma verdadeira fonte de inapreciáveis interpretações de Ensinamentos Secretos contidos em alguns dos mais importantes livros sagrados arianos, tais como em partes dos Vedas, em alguns dos Upanishads, no Mahabhárata, no Ramayana, e em alguns dos Puranas. Deve ser mostrado, de uma vez por todas, que o nome ―HamsaYogue‖ não é o nome de um autor específico individual, mas o de um Adhikara-Purusha, o qual é um Membro da Hierarquia Oculta, engajado no Governo Espiritual de nosso globo, e que é encarregado de fornecer ao mundo, de tempos em tempos, como um dever, explicações esotéricas dos Ensinamentos das Escrituras. No prefácio do referido Comentário, na medida em que este se relaciona com a Gita, o Autor mostra que a divisão original foi de vinte e quatro capítulos, sem incluir o primeiro, chamado ―Gitavatara‖ ou ―A Gênese da Gita‖ (que é de caráter simplesmente introdutório), e o último, denominado ―Brahma-Stuti‖, dedicado ao louvor a Brahma. Aqueles que por tanto tempo estavam acostumados à divisão deste livro em dezoito capítulos, vão naturalmente pedir uma explicação para a atual divisão em vinte e quatro, tornada pública pela primeira vez. A resposta é que a divisão tem seu fundamento na GÁYATRI. Porém, poderse-ia perguntar agora por que tal fundamento foi considerado necessário pelo Autor. Alguma elucidação disto também pode ser tentada. Isto se baseia na influência desvinculada que foi exercida sobre os colonos arianos, no sul dos Himalayas, por dois dos maiores Símbolos conhecidos pelo homem civilizado. Estes são: o PRANAVA (ou a Sílaba ―OM‖), constituído de três letras ―A‖, ―U‖ e ―M‖, e de uma quarta letra, o ―I‖,
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que, de acordo com as regras de fonética da gramática antiga do idioma Sânscrito, está latente nele (no PRANAVA); e a GÁYATRI, que é constituída pelas vinte e quatro sílabas: ―Tat-sa-vi-tur-va-rê-ni-yam-bhar-gô-dê-vasya-dhi-ma-hi-dhi-yô-yô-nah-pra-chô-da-yât‖. – Destes dois Símbolos, o primeiro é, se assim se pode dizer, de origem primeva. De qualquer forma este é pré-ariano, como é evidente no Mantra ―OM-mani-padmêhum‖, ainda em uso naqueles países onde o sangue na massa da população é atlante. Das quatro letras do PRANAVA, a primeira, o ―A‖, representa o ―Atma‖ ou o Aspecto ―Ser‖ de Brahman; a letra ―U‖, a Prakriti (Matéria), ou o Aspecto ―Não-Ser‖; o ―M‖ é a relação patente entre os dois; e o ―I‖ é o Aspecto Uno Latente. Ambas juntas (M e I) representam a Shakti, ou Aspecto Força. Estes quatro últimos conceitos formam a base para uma Filosofia Sintética que abrange estritamente tudo no Cosmo Manifestado. Além disso, o Monossílabo OM, em si mesmo, é mais que um mero símbolo, e quando pronunciado por um verdadeiro Mago Branco, é capaz de produzir os mais maravilhosos resultados. Esta Sílaba deve ser pronunciada no início e no fim de cada Sacrifício, de todo ritual religioso, do estudo das Escrituras e nas recitações de Mantras, por aqueles que meditam com a ajuda dos mesmos. Com relação à Gáyatri, tanto sob o ponto de vista do poder espiritual, como de seu valor simbólico, ela está em segundo lugar somente em relação ao Pranava (OM), o qual, em certo sentido, a expande e exemplifica, e conseqüentemente é denominada ―Veda-Mata‖, a Mãe do Conhecimento, Ciências e Artes. Daí o antigo costume, estabelecido pelos Autores das Escrituras (como o Mahabhárata), de modelarem suas composições com analogia à estrutura da Gáyatri, com o duplo propósito de invocar as bênçãos divinas para tais composições e de fazer delas meios para transmitir lições de grande significado para aqueles que as estudam. Sendo assim, o próprio assunto a considerar, além da grande variedade de objetos e idéias compreendidos e simbolizados pela Gáyatri, é: ―que coisas ou idéias o Autor da Gita teve especialmente em sua mente ao escrever vinte e quatro capítulos‖. Elas são, por razões claras, os vinte e quatro grandes fatores que entram na constituição do Cosmo manifestado, incluindo, naturalmente, a evolução de nossa própria humanidade. Esses fatores, na linguagem técnica dos
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Livros, são os vinte e quatro Tatwas3 emanados do Aspecto Material de Brahman (referido como ―Mula-Tatwa‖, no Yoga-Dípika) pelo Aspecto Força de Brahman, chamado ―Bahu-Bhávana-Mahashakti‖, de acordo com a ideação do Aspecto ―Ser‖ de Brahman, isto é, o Paramatma. – Os Tatwas em questão consistem, como é bem conhecido, de cinco Mahabhutas, ou substâncias elementares que são chamados: terra, água, fogo, ar e éter; os cinco Tanmatras, ou as cinco escalas vibratórias que regulam e governam a ―Guna‖, ou qualidade peculiar de cada um dos referidos cinco elementos; os cinco Karmendriyas ou órgãos motores; os cinco Gñanendriyas, ou órgãos dos Sentidos; Manas, ou órgão do raciocínio e intelecto4; Buddhi, ou órgão da Intuição; Ahamkara, veículo de manifestação do Eu; e o Avyakta (Akasha), o mais sutil (indiferenciado), veículo do Atma ou Mônada. Para seguir o assunto, em palavras muito instrutivas, vejamos o que diz o ―Dharma Dípika‖ I – II – 2 – 18: ―Os vinte e quatro Tatwas são chamados ‗Puru‘, e seu aspecto coletivo apresenta o mesmo nome. ―Isto nada mais é que a divina ‗cidade de nove portas‘ (o corpo humano). O ‗Eu‘ repousa aí e, em conseqüência disso, dá origem ao nome Purusha, em todos os planos. ―Todos os homens são, portanto, chamados ‗Purusha‘, e da mesma forma os Devas. ―Os Purushartas nada mais são que os poderes de Purusha, os quais asseguram a Ele os resultados desejados. Ouve-me enquanto explico sua natureza e características: ―Dharma, Artha, Kâma e Moksha são reconhecidos como os Purushartas, mas existe um quinto conhecido como Prâpti. ―A cada homem (a certa altura de sua evolução) advém o sentimento: ‗Eu quero chegar a ser protetor de tudo‘. Daí esta proteção se torna prioritária e o primeiro objetivo de sua existência. Assim, Dharma, o primeiro dos Purushartas, é declarado pelo Sábio não ser outra coisa que esta proteção.
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Elementos básicos da matéria. (H. T. W.). Veja a definição dos termos Manas e Buddhi no glossário, no final do livro.
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―Todo homem (buscador da Verdade) decide dentro de si mesmo: ‗Eu quero chegar a ser conhecedor daquilo que forma a conotação de todos os Sons‘. Por isso Artha constitui o segundo dos Purushartas; assim dizem os conhecedores da Verdade. ―Todo homem diz para si mesmo: ‗Eu serei feliz‘. Assim, Kâma (ou desejo) constitui o terceiro dos Purushartas, o qual se manifesta como esta felicidade. ―Todo homem (que alcançou a Liberação) diz para si mesmo no fim de todos os seus labores: ‗Estou livre!‘. Por isso Moksha (ou Liberação), é declarada ser o quarto dos Purushartas. ―Toda pessoa (que alcançou a Realização) diz para si mesma: ‗Eu finalmente atingi a Meta!‘. Por isso Prâpti (ou Realização), benéfica em sua natureza, é declarada pelos Conhecedores de Brahman ser também um Purusharta.‖ Assim se torna óbvio que o objetivo do Autor em fazer corresponder o número de capítulos ao número de sílabas da Gáyatri foi gravar indelevelmente, na mente do estudante, que todos devem saber a íntima e inseparável conexão que existe entre os vinte e quatro fatores, os quais estão subjacentes na mais profunda raiz da evolução de homens e Devas, de um lado, e do outro a esplêndida fruição dessa evolução – os Purushartas – tão bem descritos na passagem referida acima. Não está fora de propósito acrescentar que o ―Ramayana‖, de Valmiki, fornece outro exemplo admirável da adoção de um esquema semelhante. Tal esquema é a introdução das vinte e quatro sílabas (que são o fundamento da Gáyatri) em igual número de versos (respectivamente), cada um dos quais encabeçando um grupo de ―mil versos‖, em todos os ―vinte e quatro mil‖ que constituem a totalidade do citado Poema Épico. Além do mais, esta Obra imortal do Maharishi (ao qual Kâlidasâ, o grande poeta, com a Devida reverência, se refere como ―o Vidente da Senda‖ – Margadarshi Maharishi) contém, em si mesma, uma Gita de vinte e seis capítulos com o nome de Arsha-Gita, a qual, com as bênçãos do Senhor Naráyana, se espera que virá à luz, numa data não distante. Passando ao segundo notável aspecto desta divisão, a classificação dos vinte e quatro capítulos em quatro grupos de seis capítulos cada um, vemos notadamente que é a Gáyatri que fornece a
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base, pelo fato de que os grupos correspondem àquilo que é denominado ―os quatro pés da Gáyatri‖. Para tornar inteligível esta declaração aparentemente enigmática, torna-se necessária alguma explicação. O fato de que Samsara, ou a existência condicionada, não é outra coisa senão Brahman em Seu Aspecto manifestado é indiscutível. E em toda existência condicionada três fatores se apresentam prioritariamente. Estes são: ―Gñana‖ ou Conhecimento, ―Ichchha‖ ou Desejo (ou Vontade), e ―Kriya‖ ou Atividade. Sua consumação é aquilo que conhecemos e chamamos de Consciência e Vida. Esta Vida, expressando-Se, apresenta quatro estágios ou estados distintos. No mais baixo deles (mais baixo apenas sob nosso ponto de vista) predomina a Atividade; no seguinte, mais alto, predomina o Desejo; e naquele que está acima, o Conhecimento. No quarto e último estágio ou estado, está a Síntese, ou a soma dos três mais baixos. A sublime experiência alcançada no mais alto estado (Síntese) é tão única, profunda, e tão cheia de felicidade, que permite numerosos nomes altissonantes, tais como: Samadhi, ŚuddhaDharma, Yoga, Amrita, Nirvana, Sukha, Eka, Namaskara, Sharana, Brahma-Samsthiti, Paramapada e Turiya. E é neste último estado onde o Ser resplandece, e se compreende como referente a Ele a descrição feita na célebre passagem do Mandukya-Upanishad, I-7: ―Chaturtham manyantê sa Atma sa vijneyah = Eles pensam disto como o Quarto (estado). AQUILO é o Ser. E AQUILO deve ser conhecido.‖ Estes quatro estados têm sido considerados, em conjunto, como unidos por um fio, em obediência à Vontade Divina, e isto é declarado ser Bhagavad-SankalpaSutra. Para estarmos seguros, deve ser mostrado que o que foi indicado acima, a grosso modo, para aqueles que se devotam ao estudo da Ciência Sagrada que a Gita expõe, é que a divisão em quatro grupos foi feita com os mesmos fundamentos com os quais foi elaborada a estrutura total. A última feição do arranjo dos capítulos que requer uma observação, é que cada um dos quatro grupos consiste de seis capítulos, nem mais nem menos. A razão disso é que esse número também tem sido usado como sinal técnico para certas idéias e fatos que merecem ser conhecidos e relembrados. As idéias relevantes na atual conexão são aquelas relacionadas com os deveres dos quais se incumbe um membro
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da sociedade ariana, de acordo com os Livros Sagrados. Estes deveres são: 1) Adhyâyana = estudo; 2) Adhyâpana = ensino; 3) Yagna = sacrifício; 4) Yâgna = conduzir um sacrifício para outrem; 5) Dana = dar; 6) Pratigraha = receber. – Estes deveres, em relação à pessoa que é um aspirante à Liberação, são explicados no Dharma Dípika I-II, 36-40, como segue: ―1) – O Sujeito do estudo é Brahman à luz de Seu Símbolo, o Pranava (OM); ―2) – O trabalho de ensinar é instilar nos outros a excelência de ver tudo com atitude equânime; ―3) – Sacrifício é a atitude que permite ao aspirante ficar face a face com seu próprio Eu Superior, como também com o Supremo Ser; ―4) – A condução de um sacrifício para outrem é a visão de Si Mesmo em toda parte; ―5) – Dar é a entrega do Eu a Brahman através da Meditação no Absoluto (Śuddha-Yoga); ―6) – Receber nada mais é que preservar o corpo, com o propósito de observar o Dharma.‖ Manifestamente, o objetivo da divisão da Gita em grupos de seis capítulos é lembrar aos aspirantes à Liberação que, entre outras coisas, estes são os deveres peculiares dos quais eles são incumbidos. Nenhuma referência foi feita, até agora, sobre a razão da introdução, pelo Autor, do primeiro e vigésimo sexto capítulos e sua ligação com o corpo de vinte e quatro capítulos ligados entre si e dispostos em quatro grupos. A explicação óbvia é que a Gáyatri nunca pode permanecer por si mesma, mas somente em relação com o Pranava, que é sua única base e suporte. Na prática real, o Mantra de vinte e quatro sílabas (a Gáyatri) é formado com um ―OM‖ no início, isto é, antes da sílaba ―TAT‖, e outro no final, após a sílaba ―YAT‖. Os dois ―OM‖ representam Brahman, o substrato dos vinte e quatro fatores primários (Tatwas), aos quais os vinte e quatro capítulos correspondem. O ―OM‖, no início e no fim, significa que Brahman é a Fonte da qual os fatores emergem e à Qual retornam, sintetizados neste real Brahman. Tudo isto se torna inteiramente claro pelos respectivos conteúdos dos dois capítulos citados (primeiro e vigésimo sexto).
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No primeiro capítulo, sem dúvida, é dada preeminência somente ao Aspecto Shakti de Brahman, porque Ela é a ―Maha-Chaitanyam‖, a única Vida no inteiro Cosmo, levando a cabo o infinito processo evolucionário do mesmo. Outra razão para esta preeminência é que é a ―Maha-Chaitanyam‖ que todos devem invocar, no sentido de que o sucesso coroe seus empreendimentos. O mesmo foi mostrado por Krishna aconselhando Arjuna a oferecer adoração a DURGA5 para obter 5
O incidente provocado pelo Prof. Moulton (como pode ser descrito, com o objetivo de abreviar), o qual ocupou a atenção pública recentemente (na época da primeira publicação desta Gita, em 1917), ocorre à nossa mente em forma natural nesta conexão. Está na hora de que a ignorância demonstrada na afirmação contida na frase ―Ela é demônio‖ (refere-se à Deusa Durga) feita pelo professor aludido, seja esclarecida por alguém reconhecidamente competente para cumprir tal tarefa. Ninguém poderia fazer isso melhor que um acadêmico instruído que, sob o nome de Arthur Avalon, colocou a literatura mundial em uma profunda dívida de gratidão por suas hábeis traduções de algumas partes do grande corpo da literatura que está no ―Shakti-Dharma‖, e que ele, de maneira feliz, intitulou ―Uma literatura aguardando um adequado estudo e exposição‖. Nesse meio tempo não se deve permitir que esta oportunidade passe sem se registrar um enfático protesto contra um insulto, feito pelo autor da frase em questão, aos devotos da Deusa, da Qual ele parece ter noções tão grotescas que inevitavelmente implicam uma completa ausência de conhecimento do assunto do qual ele pretendeu tratar. Certamente ninguém que tenha prestado ainda que a mais ligeira atenção à abundante informação, acessível nos Livros Sagrados desses devotos, com relação ao Aspecto de Brahman considerado como Shakti (a Deusa), poderia deixar de compreender Sua real e Suprema Natureza, e cair no flagrante erro do qual o professor é acusado. Mesmo um menino, ao qual tenha sido ensinada a Gáyatri por meio da qual ele deve invocar diariamente a Shakti, saberia que, para todo aquele que A adora, Ela é Mãe, Mestra, Protetora e Salvadora, com qualquer de Seus bem conhecidos nomes de ―Savitri‖, ―Saraswati‖, ―Gáyatri‖, etc., os quais ele usa durante a adoração, respectivamente conotados. É verdade que Ela tem outros nomes descritos em muitas partes das Escrituras, inclusive aquele (Durga) que levou o professor a tal demonstração de fanatismo. Estes nomes são todos plenamente explicados como, por exemplo, no Comentário de Bhâskara sobre ―Lalitâ-sahasra-nâma‖, traduzido para o inglês por R. Ananta-Krishna Shastri (funcionário da Biblioteca Oficial de Baroda), com a assistência do falecido Mr. Cooper Oakley, que foi arquivista da mesma Universidade, na qual o referido professor se instruiu. Aqueles nomes, sob os quais Ela é conhecida, nada mais fazem do que indicar Suas infinitas atividades, as quais se resumem nos três aspectos de Criação, Preservação e Desintegração. Quem não sabe que em si próprio, assim como em qualquer coisa em torno dele, estes processos funcionam sem cessar? Ninguém, senão homens de suposta erudição como o professor, poderia pensar em atribuir somente
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Criação e Preservação à Divindade, e colocar a Desintegração naquilo que Ela não é (demônio). (Veja o Maha-Siddha-Mantra, no 1o capítulo desta Gita). O homem materialista está tão condicionado e dominado pelo mero senso de prazer, que não pode compreender que a dor e o sofrimento, o infortúnio e a catástrofe, são os instrumentos reais pelos quais a natureza inferior do homem é purificada de forma que sua natureza mais elevada possa crescer desimpedida. O Poder Divino, corrigindo os erros pela guerra, é incompreensível para ele. Tanto o Aspecto inspirador de terror, no qual a Divindade Se revela em cataclismos que afundam continentes no mar num só golpe (como já aconteceu), como o Aspecto d‘Ela inspirador de amor e bem-estar, revelandoSe em paisagens de grandeza e beleza encantando a alma, inspiram igualmente veneração e adoração. Isto parece estar além das mentes constituídas como a daquele professor. Somente mentes como a dele podem encarar a Desintegração como um mal, esquecendo de que este processo é tão necessário como os outros dois para a sã existência de qualquer coisa. Esta simples verdade nunca foi perdida de vista pelos arianos, e conseqüentemente a Deusa que o professor evoca é tão aceitável para eles (os arianos) como Agente Desintegrador Universal, como em Sua capacidade de Criação e Preservação. Ela é, para eles, uma Deusa e nunca um ―demônio‖. Assim os nomes de Seus Aspectos Kali, Chamundi, Bhairavi, etc. descritivos de Seus atributos retribuidores e disciplinadores não apelam menos para a natureza deles (arianos) que Seus outros nomes descritivos de Suas qualidades benignas.* O falecido Sr. Subba Row, um dos mais brilhantes graduados da Universidade local, e um profundo estudioso de religiões comparadas, o qual lecionou mais de trinta anos, penetra plenamente na Natureza e características do Terceiro Aspecto da Trindade, do ponto de vista ariano. Algumas de suas iluminadas observações serão relacionadas a seguir, apesar de que o pequeno livro que contém suas conferências não seja amplamente conhecido como deveria ser, pelo seu alto mérito; são como segue: ** ―Assim como o Sol visível irradia calor e luz, o Parabrahman irradia do Logos, manifestando-Se como Luz e Energia do Logos. Vemos agora que a primeira manifestação de Brahman é a Trindade, a mais alta Trindade que somos capazes de entender. Esta consiste de: Mula-Prakriti (Matéria Raiz), Ishwara ou Logos, e Energia Consciente do Logos, a qual é Seu Poder e Luz. ―Esta Luz do Logos que é chamada Daivi-Prakriti na Gita, é a ―Sofia Gnóstica‖ e o ―Espírito Santo‖ dos Cristãos. ―Para esclarecer mais, posso mostrar que esta Luz é simbolizada pela Gáyatri. Sabese que Gáyatri não é Prakriti (Matéria). Ela é considerada como a Luz do Logos e, para trazer à nossa mente uma imagem definida, é representada como a Luz do Sol. Mas o Sol do qual é parte não é o sol físico que vemos, mas sim o Sol Central da Luz da Sabedoria. Esta Luz é chamada também a Maha-Chaitanyam de todo o Cosmo. Ela é a Vida de toda a Natureza. Pode ser observado que o que se manifesta como luz, como Consciência e como força, é apenas uma e a mesma Energia (Shakti). Todas as várias espécies de força que conhecemos, todos os vários estados de consciência com os quais
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sucesso, quando Bhishma, o generalíssimo dos Kurus (ou Kauravas), soprou sua concha como real declaração de guerra. O conteúdo do capítulo vinte e seis (Brahma-Stuti, ou Louvor a Brahma) é mais claro sobre o assunto. Neste, Arjuna oferece mais uma vez adoração a BRAHMAN (manifestado em Krishna), após a conclusão do Discurso de Krishna (a Gita), porém, desta vez, sem especial referência a algum Aspecto limitado d‘Ele. (Cap. XXVI, vs. 32 a 48). Com referência ao nome sugestivo, ―Gitavatara Adhyaya‖ (A Gênese da Gita), com o qual o primeiro capítulo é denominado, interessará aos leitores observar as várias circunstâncias cruciais nas quais esta Escritura (a Gita) teve seu aparecimento. Foram elas as seguintes: Era o dever de Naráyana, como Supremo Diretor da Hierarquia Oculta de nosso Globo, dispor para que a Kali-Yuga tivesse o menor grau possível de comoção e perturbação que o período de transição permitisse. Nesse sentido, o Senhor enviou um Raio de Si Mesmo através da Personalidade de Krishna, para fazer o que fosse necessário e imediato. De maneira semelhante, Nara, o Primeiro Ministro do Senhor, foi orientado para enviar (e Ele enviou) um Raio Seu para atuar na Personalidade de Arjuna. Esses dois Avataras cumpriram completamente a Missão que lhes fora designada. Por fim chegou o momento certo para o desempenho de Sua mais alta finalidade, a de dar a Mensagem final à humanidade que deveria evoluir na Nova Era. Esta mensagem foi revelada no mais importante encontro, durante a última reunião do Parlamento de Nações (se assim pode ser descrito), no qual seriam decididas questões de grande importância naquela época, questões que afetavam a própria segurança do mundo e a felicidade da humanidade. Entre elas estavam questões como as que seguem: estamos familiarizados, e a vida manifestada em todo tipo de organismo, não são senão a manifestação de um só e mesmo Poder que parte do Logos Original. ―Esta Luz do Logos é o ‗elo‘, por assim dizer, entre a Matéria Objetiva e o Pensamento Subjetivo do Ishwara, e é chamada, em vários livros budistas, de Fohat. Este é o único Instrumento com o qual o Logos trabalha.‖ (Philosophy of the Bhagavad Gita, de T. Subba Row, 1912, pgs. 15 a 18). * Os grifos em negrito são nossos. Estes assuntos são tão importantes que merecem especial atenção. (H. T. W.). ** O estudo que se segue (entre aspas) é especialmente importante. (H. T. W.).
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– Estariam os Panchalas deixados ao sabor das forças dominantes do então Super-Homem Duryodhana? Seria a futura civilização completamente materialista, e forças brutas governariam o homem? Ou a Justiça e a Espiritualidade iriam ter uma chance de reinar na terra? Numa palavra, haveria paz ou guerra? Tal era a conjuntura crítica quando a Mensagem final (a Gita) foi dada. A situação foi controlada com maravilhoso tato e discernimento; os argumentos dos pacifistas foram afastados: o dever de combater em nome de uma causa justa foi declarado válido e, a fim de que a vontade do Supremo fosse feita e a futura evolução da humanidade pudesse seguir seu curso tranqüilamente rumo ao objetivo determinado, o caminho a ser trilhado por ela, na Era vindoura, estava marcado com a Sabedoria infalível d‘Ele, o Qual veio em obediência à Lei que governa o mundo. (Veja o resumo da história do Mahabhárata nesta primeira parte do livro.) A Gita é o registro desta gloriosa Mensagem que foi, desde então, considerada como a verdadeira ―Alma Vital‖ dos arianos, para os quais foi especialmente destinada, e que foi preservada durante muitíssimos séculos pelo ramo hindu-ariano, para benefício do mundo inteiro. Para resumir em poucas palavras o esquema do Autor, descrito anteriormente com detalhe, poderia ser usada uma simples fórmula numérica para transmitir certos grandes fatos ligados à evolução humana, desde o momento em que o Divino Fragmento (a Divina Centelha ou Mônada – ―Mamaivamśa‖, na linguagem de Sri Krishna) desce à Matéria, iniciando Sua jornada pelo arco descendente, ou PravrittiMarga, até que alcança o arco ascendente, ou Nivritti-Marga, a outra extremidade da viagem, tornando-Se livre de novo. A fórmula é: ―0 – 4 – 6 – 24 – 0‖6. O algarismo ―4‖ representa os quatro estados da matéria, diferindo em densidade, através dos quais o Ego evolucionante faz sua viagem, sendo seus nomes: ―Sthula‖, o grosseiro; ―Sukshma‖, o sutil; ―Kârana‖, o causal; e ―Turiya‖, o quarto (o mais elevado). – O algarismo ―4‖ indica também as diferentes fases ou estados de consciência do Ego nos acima mencionados planos da Matéria, sendo os nomes destes estados: ―Jagrat‖, ―Swapna‖, ―Sushupti‖ e ―Turiya‖; porém, os termos 6
Esta é uma fórmula numérica, não uma multiplicação, e cada número tem um significado diferente, o qual está bem explicado no texto. (H. T. W.).
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equivalentes ingleses não expressam seu significado real. O algarismo ―6‖ representa certas atividades mais essenciais e importantes, ou trabalhos do Ego durante sua evolução, e são: 1 – Educação de si mesmo; 2 – Educação de outros; 3 – Como resultado dos dois anteriores, segue o sacrifício de centrar-se em Si Mesmo; 4 – Substituição da força motivadora do serviço em benefício do mundo pelo Centro assim sacrificado; 5 – Rendição do Ego Individual à sua Fonte, Brahman, o Qual o conduz à Liberação; 6 – Aceitação voluntária da limitação na forma de um corpo humano, ou das vestimentas mais sutis de Nirmana-kaya, Sambhogakaya, Dharma-kaya e semelhantes, pelo Espírito liberado, no intuito de ajudar Egos menos desenvolvidos, em direção à sua Liberação. O número 24 representa o resultado total do processo evolutivo completo – os 24 Tatwas. Os zeros em cada extremidade da fórmula representam Brahman, que só pode ser conhecido pelo processo de eliminação de ―Neti-Neti‖ = Isto não, isto não. Isto é equivalente a dizer que BRAHMAN é ―isto não, isto não‖, para nós. Assim, zero é o melhor símbolo matemático para o predicado ―Eu, isto não sou‖, o qual, contudo, não pode ser considerado como Plenitude. De qualquer forma tal predicado é, ―ex-hypothesis‖, incapaz de ser afetado por qualquer coisa que nele evolua. Assim temos a palavra da Escritura: ―Purnam adah, purnam idam, purnat purnam udachyatê, purnasya purnam adaya purnam êva avaśishyatê‖, isto é, ―AQUILO é pleno e isto é pleno; d‘Aquela Plenitude se origina esta plenitude; tirando esta plenitude d‘Aquela Plenitude, o que resta é ainda pleno‖. Daí o uso de zeros em ambas as extremidades da fórmula, que é como deve ser. Tendo-se assim discutido o principal aspecto da divisão e organização em questão (da Gita), é desnecessário acrescentar que tudo o que foi dito aqui se ocupa com apenas pequena parte do princípio expressado pelo Autor, abrangido por seu esquema. O que o falecido Sr. T. Subba Row observa, em relação à tábua dos Doze Signos do Zodíaco, é muito provável que seja verdadeiro
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também neste esquema. A chave tem que ser girada sete vezes para revelar o que ele contém, mas isto deve ser deixado para mãos competentes. Observando o conteúdo da Escritura podemos dizer, sem exagero, que a Gita, tal qual foi apresentada nas edições correntes, tem sido até agora, em mais de um sentido, um ―quebra-cabeça‖ e um enigma. É fascinante, mas elude solução real. Além disso, isto coloca, como tem acontecido, formidáveis paladinos um contra o outro, como, por exemplo, no caso mais recente do moderno, forte e bondoso Tilak contra Shankara, o ancião venerável e hábil, de fama mayávica. Entretanto, de acordo com a disposição seguida por Hamsa-Yogue7 e reproduzida aqui, acredita-se que a Escritura será considerada como sendo realmente uma revolução para os estudantes sérios, pois a seqüência notável de pensamentos que se encadeiam através dos capítulos, e a coerência lógica que caracteriza a relação entre cada capítulo precedente com o subseqüente, darão a luz necessária para uma firme compreensão das grandes idéias diretrizes a serem levadas ao estudante. Com esta compreensão, alcançada através da visão real do sentido de cada capítulo, um estudo dos mesmos, com o auxílio dos comentários e explanações inestimáveis de Hamsa-Yogue, não poderá ser senão do maior proveito para todos aqueles que forem capazes de superar o possível preconceito Devido ao fato de que a disposição e comentários em questão não tivessem sido conhecidos até agora ampla e publicamente. Como se pode notar, Hamsa-Yogue se baseia, em muitos pontos, em interpretações de outros comentários. Porém não é possível entrar aqui em quaisquer considerações sobre tais fontes de referência. Entretanto, para ilustrar este assunto, prestamos atenção ao sentido dado por Hamsa-Yogue a dois termos significativos que são usados freqüentemente na Gita, a saber: AHAM e MAM8. Em mais de um versículo ambos os termos são entendidos por Ele (Hamsa-Yogue) como 7
Não devemos perder de vista que Hamsa-Yogue é um altíssimo Membro da Divina Hierarquia que governa o planeta, e é o Expositor das Leis, encarregado de dar ao mundo explicações esotéricas dos Ensinamentos das Sagradas Escrituras. (H. T. W.). 8 Refere-se à Gita publicada em sânscrito. Estes termos estão traduzidos na edição inglesa. (H. T. W.).
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inaplicáveis, na verdade, a Sri Krishna. O Primeiro termo (AHAM) deve ser interpretado como o Átman, o Ser, que é imanente em tudo, e o segundo (MAM), como a Shakti de Brahman. A correção e racionalidade absoluta de ligar tais significados aos dois importantes termos citados estão bem claros no famoso versículo que é a conclusão do Diálogo (a Gita), e que tem sido fonte de muita controvérsia entre os seguidores de vários credos. Vejamos a seguir, numa paráfrase livre, com uma ou duas palavras explicativas adicionadas à interpretação do versículo de HamsaYogue: ―Abandone todas as idéias e ações engendradas pela grande Ilusão, a heresia da Separatividade; busque a Graça da Shakti de Brahman9 e, através d‘Ela, ligue-se e mantenha-se no Uno, a Suprema Síntese de tudo. E então o ‗Eu‘ o salvará da miséria e do sofrimento causados pelas ilusões, os quais são os frutos desta heresia.‖ É inquestionável que esta interpretação é a única mais condizente com as grandes verdades subjacentes em todos os Ensinamentos dos Upanishads, dos quais a Gita tem sido corretamente considerada como a ―fina-flor‖, pois, para o intelecto que busca honestamente a causa de toda a existência condicionada nenhum descanso é possível, a menos que seja compreendido que todos os fenômenos cambiantes e intermináveis não são senão manifestações da imutável e eterna ―Causa sem causa‖ – o ―Movedor imóvel‖ (de Leibnitz), o Absoluto. E, conseqüentemente, somente quando a Alma se centra em si mesma, sem reservas, como se fosse naquele Absoluto, está no caminho certo. Este é o preceito para alcançar o Uno, o Absoluto, no Qual tudo é sintetizado. Quanto à busca da Graça da Shakti (a Energia Divina, como Divina Mãe), a razão é que Ela é o caminho para atingir a Meta, de acordo com os princípios do Śuddha Dharma Mandalam, o que reflete um antigo Ensinamento, como foi tentado mostrar no Prefácio ao ―Yoga Dípika‖, páginas 23 e 24 (do livro original). Como confirmação do que estamos insistindo, seria bastante oportuno destacar a oração que todo ariano tem obrigação de dirigir a esta SHAKTI ao nascer e ao pôr do sol, quando ele começa a meditar em Sua adorável e divina Luz, que a princípio queima toda impureza, todo mal, e depois o ilumina: ―Vareniyam bhargô devasya‖. Veja os termos desta invocação 9
Veja no glossário os termos Yoga-Devi, Shakti e Brahma-Shakti.
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começando com ―Ayatu Varada Devi‖, e pondere se eles não trazem o mais forte apoio à posição tomada pelo comentarista neste assunto: — ―Vem Tu, ó Deusa que aceita nossas orações! Tu és a Imperecível, a igual de Brahman. Ó Gáyatri!, Mãe das Métricas, aceita este cântico védico e nossa invocação. Tu és o Elemento Vital, o poder de persistência, coragem e força em nós; Tu és Radiância; Tu és a Morada dos Iluminados e sua adorada; Tu és tudo e a vida de tudo; Tu és todas as coisas, e a vida de todas as coisas; Tu és a Vencedora e a Subjugadora! — OM.‖ – Os vários nomes, pelos quais a Deusa é invocada, mostram a relação oni-abarcante na qual Ela Se encontra no Universo como um todo, e para cada um de Seus devotos. – Ela é Savitri, a Geradora e a Mãe. Ela é Saraswati, a Instrutora e Outorgadora do Conhecimento e da Sabedoria; Ela é Gáyatri, Aquela que possibilita ao adorador que canta orações védicas para Ela, atravessar o limiar da escravidão para alcançar a Liberação. – Como pode alguém questionar a exatidão da interpretação do termo MAM que o comentarista (HamsaYogue) adotou? Finalmente, quanto à explicação do comentarista para o termo AHAM, tomando este como sinônimo do Eu Universal, do ponto de vista meramente gramatical, Hamsa-Yogue tem a autoridade decisiva da própria Gita, como, por exemplo, no versículo seguinte: ―AHAM, ó Gudakesha!, é o Ser eternamente presente no coração de todos os seres. Aham é o começo, o meio, e também o fim de todos os seres.‖ Novamente, afirmando que este Eu é a única fonte de salvação para todos, o comentarista toma a única posição admissível, pois ninguém pode negar que a salvação só pode vir de dentro, do Ser no coração, e de nenhuma outra fonte. Em nenhum lugar isto está mais explicitamente colocado que no versículo a seguir: ―Têsham êva anukampârtham aham gñânajam tamah nâśayâmy âtmabhâvasthô gñâna dipêna bhâsvatâ. = Portanto, por compaixão, Eu, o Ser (AHAM), destruo a escuridão e as ilusões nascidas da ignorância, por meio da Luz da Lâmpada da Sabedoria que existe em teu próprio Ser.‖ – Este fato é tão importante – o de que a salvação vem de dentro – que é muito difícil de compreender. No ―Kathôpanishad‖ IV.1, temos: ―Kaścit dhirah pratyagátmanam aikshat, âvrtta chakshur amrtatvamichchan‖, isto é:
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– ―É verdadeiramente raro o Sábio que, buscando a imortalidade, e com os olhos voltados para dentro (isto é, a atenção), anela com fervor o Pratyagátman.‖ E é por isso que os Instrutores do Mundo se esforçaram, em todos os tempos, para inculcar na humanidade a idéia de que a salvação de cada homem está em suas próprias mãos. Em um relato maravilhoso (escrito em forma de novela), um grande Ser sofreu a tragédia que toda alma deve suportar, mais cedo ou mais tarde, para alcançar a Iluminação. Esta traz consigo a Paz que ultrapassa o entendimento, e é o ponto vital que, de uma forma ou de outra se expressa em palavras, e estas, uma vez lidas ou ouvidas, não podem jamais ser esquecidas. Após sua Iniciação e admissão na Grande Fraternidade Branca, a qual está sempre voltada para o serviço do mundo, o Sacerdote que atuou na ocasião como Hierofante se dirigiu ao herói da história com estas palavras: — ―Escuta-me, irmão meu, há três verdades absolutas que não podem ser perdidas, mas que podem permanecer ignoradas por falta de expressão: ―A Alma do homem é imortal, e seu porvir é o de algo cujo desenvolvimento e esplendor não têm limite. ―O Princípio doador de Vida Espiritual está em nós e fora de nós; é imortal e eternamente benéfico; está além dos sentidos físicos, porém só é percebido pelo homem que deseja a percepção. ―Cada homem é seu próprio e absoluto legislador e o dispensador de glória ou de obscuridade para si mesmo, aquele que decide sobre sua própria vida, sua recompensa e seu castigo. ―Estas verdades, que são tão grandes como a própria Vida, são tão simples como a mais simples das mentes humanas. Alimenta com elas os famintos. Adeus!‖ (The Idyll of the White Lotus, pp. 183-184, 3a edição) (―O Idílio do Lótus Branco‖). Sendo assim, Hamsa-Yogue não pôde senão ter explicado o termo ―AHAM‖ como o fez, porque seu comentário está destinado aos estudantes plenamente capazes de seguir os Ensinamentos Ocultos das Escrituras. As linhas que concluem o último parágrafo mostram que não houve intenção de sugerir que os comentaristas, que tomaram as duas
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palavras ―AHAM‖ e ―MAM‖ como referentes a Sri Krishna, o fizeram sem autoridade, pois tais termos admitem tal interpretação. Também não é difícil entender o motivo pelo qual aparecem palavras capazes de tal dupla interpretação, tanto nesta como em outras Escrituras similares. A simples razão é que todos podem se beneficiar com os Ensinamentos na medida em que o desenvolvimento de cada um o permita. Neste caso, por exemplo, embora a interpretação de Hamsa-Yogue se destine somente aos estudantes avançados, para aqueles que ainda não podem elevar-se à concepção da DIVINDADE como impessoal esta interpretação pode ser feita de outro modo. Outra justificativa para o emprego do termo ―AHAM‖, o qual compreende aquele que fala, e que é o Avatara (Krishna) de um lado, e o Eu Universal do outro, é que o Primeiro se exprime, através do Discurso, somente em nome do Último, o Supremo Instrutor. Na interpretação do comentarista comum isto não pode resultar em nenhuma concepção errônea, se a Personalidade representativa do Avatara, ao qual acabamos de nos referir, for mantida firme na mente. Entretanto tal não é o caso, Devido à concepção equivocada que prevalece amplamente a respeito de Quem foi, em verdade, Sri Krishna. É bem estranho que Ele seja considerado como Avatara direto do próprio Paramátman. Ninguém que reflita por um momento que nosso globo não é mais que uma partícula infinitesimal de um minúsculo sistema do Universo entre os incontáveis milhões de sistemas solares no espaço infinito, deixaria de rejeitar como absurda a idéia de que, para propagar neste minúsculo ponto (o Planeta Terra) os Ensinamentos da Gita (no princípio do ciclo chamado Kali-Yuga), não haveria aqui ninguém capaz de manifestar a Divindade, que está imanente em toda a Natureza, tendo Ela própria que descer e fazer o simples trabalho que é dever do Chefe da Hierarquia Oculta de nosso Globo. Esta idéia revela a colossal ignorância sobre a Natureza dessa inefável Presença Universal. Seja lá como for, ultrapassa nossa compreensão de como tal noção errônea continua a ser sustentada por muitos, apesar das repetidas e bem diretas declarações, em muitas partes do Mahabhárata, de que Arjuna e Krishna foram somente Avataras de Nara e Naráyana. – Prosseguindo nesta visão da real natureza dos dois Avataras, Hamsa-Yogue (em seu Comentário) tomou o cuidado de esclarecer a confusão que igualmente poderia surgir
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com relação a Arjuna na mente de estudantes superficiais. A relutância de Arjuna em lutar (apesar de seu dever de fazê-lo), e a confusão mental e esquecimento de seus deveres, dos quais ele padecia naquele momento, fato que foi demonstrado por ele mesmo durante o Diálogo (a Gita), parecem ser totalmente contrários à Sabedoria e Conhecimento que não poderiam senão pertencer a ele como Avatara de Nara, o Maharishi, sempre empenhado em Tapas (Austeridades), companheiro fiel do próprio Naráyana. Esta aparente contradição é esclarecida por HamsaYogue, mostrando que Nara era o Representante da Humanidade e seu Porta-Voz, e que, conseqüentemente, tudo em Sua própria e gloriosa natureza pessoal deve ser entendido (neste drama) como reflexo daquilo que é verdadeiro apenas para a alma não Iniciada, defrontada com a ignorância e com julgamentos inevitáveis em um período crítico como o de transição entre o fim de um grande ciclo e o começo de outro. Nesse sentido, entretanto, poderia ser perguntado: – Por que o Autor fez o Poderoso Maharishi (Nara) Assistente de Naráyana aparecer no aspecto aparentemente anômalo em que ele foi apresentado no Divino Colóquio? A resposta é que isto foi parte do mui feliz plano do Autor 10, adotado para levar a efeito seu objetivo de dar ao povo, para o qual ele escreveu, uma mensagem familiar – um objetivo que poderia não ser atingido se a Gita fosse uma mera complicação árida de metafísica oculta. Então, o que foi que mais contribuiu para que o objetivo do Autor fosse alcançado, do que a maneira em que ele colocou os caracteres dos dois Personagens principais? Arjuna, sendo bravo guerreiro e príncipe, recusa-se ignobilmente a lutar no momento mais crítico, e cai num estado de profundo desespero (que só poderia causar piedade a todos), e Krishna, seu parente e amigo de longa data, e também seu Mestre, o traz a Si gradualmente, por amor e compaixão, por meio de infinita paciência do princípio ao fim, reanimando seu espírito através de constantes e elevadas alusões às suas principais qualidades e características reais, compreendidas nos bem escolhidos títulos que lhe dá durante todo o tempo em que ele está imerso em mistérios metafísicos. Seguramente tal retrato dramatizado destes dois Personagens é que empresta ao Livro dos Livros o perene interesse humano que o fez motivo de orgulho da 10
Vyasa – Autor do Mahabhárata e da Bhagavad Gita. (H. T. W.).
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humanidade por milênios, sendo isto a maior contribuição para que o objetivo do Autor fosse alcançado. Para observar tão notável aspecto de tal composição, seria lastimável esquecer seu lado artístico (como drama), e certamente o mérito é de Hamsa-Yogue por ter chamado a atenção para este aspecto, ainda que indiretamente, mostrando que não poderia haver nenhum motivo para falsa interpretação (na mente do estudante) por causa do comportamento de Arjuna durante o Diálogo, levando-se em conta que tal comportamento foi apenas no caráter de ―jana-pravâdaka‖, isto é, de porta-voz e advogado do povo, papel que Arjuna deveria assumir no drama. Voltando desta pequena digressão, deve ser observado que esta visão dos dois Avataras, confirmada pelo Mahabhárata, é, como já foi dito, a única aceita por Hamsa-Yogue. Seu comentário pode ser apreciado melhor por estudantes que concordem com ele, do que por aqueles que divergem dele neste ponto; conseqüentemente, os primeiros perceberão muito mais aquilo que é original, iluminante e sempre em consonância com a razão nas pesquisas do comentarista. Os leitores desta edição (1917) verão que o Karika (ou comentário) de Gobhila, anexo ao texto, contém uma notavelmente clara e sucinta explanação da substância de cada um e de todos os capítulos, de acordo com a disposição adotada nesta Gita. Além disso, este Karika se tornou digno de confiança Devido ao comentário de Hamsa-Yogue, e constitui uma valiosa introdução ao estudo do próprio comentário. Nos cinqüenta e dois versículos, começando a partir do 180o até o final do Karika, Gobhila esclarece certas circunstâncias que de outra forma não seriam notadas. De acordo com seu ponto de vista, o primeiro grupo de seis capítulos constitui o ―Gñana‖, ou grupo Conhecimento; o segundo, o ―Ichchha‖ ou Sankalpa, ou grupo Desejo (ou Vontade); o terceiro, o ―Karma‖ (ou Kriya), ou grupo Atividades; e o quarto e último, o ―Yoga‖ ou Samahara, ou grupo Síntese. Além disso, ele mostra que o vigésimo quinto capítulo (o penúltimo), resume o conteúdo dos vinte e quatro capítulos precedentes em ordem regular, isto é: o primeiro versículo deste penúltimo capítulo trata do primeiro dos vinte e quatro
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capítulos11, ou seja, do ―Nara-Naráyana Dharma Gita‖; o segundo versículo trata do ―Avatara Dharma Gita‖; o terceiro, do ―Adhikara Dharma Gita‖, e assim por diante, até o vigésimo quarto versículo, que trata do ―Yoga Dharma Gita‖. Finalmente Gobhila mostra que o vigésimo sexto e último capítulo é a própria essência do Ensinamento de toda a Obra. As circunstâncias intrínsecas trazidas à luz por Gobhila não podem senão provar que este livro ariano de Revelação veio das mãos sobrehumanas que o escreveram, exatamente como Gobhila esclareceu, e como ele é levado ao conhecimento do público pela primeira vez, nesta edição. Entre as declarações de Gobhila, em seu excelente compêndio, os quatro pontos básicos mais interessantes são particularmente marcantes. Antes de tudo as afirmações relacionadas com o polêmico assunto de ―Maya‖12 merecem referência. De acordo com as opiniões de pensadores de grande categoria, entre os quais Gobhila ocupa uma alta posição, não há irrealidade 11
O primeiro capítulo desta Gita, isto é, ―A Gênese da Gita‖, não é considerado, nesta seqüência, como o primeiro, sendo reconhecido como tal o ―Nara-Naráyana Dharma Gita‖. (H. T. W.). 12 A derivação do termo ―Maya‖, de acordo com as Autoridades do Śuddha Dharma Mandalam, é como segue: A primeira letra, o ―M‖, representa Brahman como um ―Todo‖ (Samasthi). A segunda, o ―A‖, significa o Aspecto manifestado de Brahman como Paramatma, Atma e Jiva, cosmicamente. A terceira e última letra, ―Ya‖, é o feminino de ―Yar‖, a qual conota ―Bahu-Bhávana-Mahashakti‖ ou a Infinita Potência Transformadora de Brahman no trabalho em toda a existência condicionada do Samsara (processo evolutivo do Jiva). O conhecimento das diversas coisas vistas na existência, sem relacioná-las com sua causa, a Potência Brâhmica, é Avidya, ou ignorância ilusória, enquanto que a compreensão de sua causa é Vidya, ou conhecimento amadurecido. Como Avidya é o resultado primeiro e imediato do Ser ao limitar-se em sua encarnação material pela Potência de Brahman, o caráter de tal resultado (Avidya) tornou-se a denominação da própria causa. Deste ponto de vista, ―Maya‖ invertido é ―Ya-ma‖ (aquilo que não é), de acordo com a ―vyutipatti‖ ou etimologia tântrica. Com referência à declaração feita acima, de que ―M‖ representa Brahman, deve ser lembrado que esta letra é a terceira e última no PRANAVA (AUM), e constitui o elo de ligação entre o ―A‖ ou ―SER‖, e o ―NÃO-SER‖*. Esta relação é declarada ser ―Nishedha-Sambandha‖, primeiro afirmando e a seguir negando, isto é, identificação seguida por negação, Pravritti sucedida por Nivritti, escravidão por Liberação. Assim a Shakti de Brahman (Brahma-Shakti) tem dois Aspectos, a saber: o lado material e o lado espiritual, isto é, o Upadhi (Veículo Material) e a Vida; o primeiro é apresentado na Gita como ―Ashta‖ ou a Prakriti óctupla, e o último, a Daivi-Prakriti, isto é, o Princípio Vivificante. *A Matéria, representada no Pranava pela letra ―U‖. (H. T. W.).
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naquilo que é denominado ―Maya‖. Este é um Poder de Brahman, tão real como Seus outros Poderes. É este Poder que vincula o não-nascido, imperecível e imutável Ser aos sempre cambiantes veículos materiais, onde este Ser passa por experiências de dupla natureza, tais como as opostas de prazer e dor, e outras dualidades. Este Poder se manifesta de três maneiras diferentes chamadas Daivi-Maya, Esha-Maya e GunamayiMaya. A primeira, Daivi, é aquela que se relaciona com o Paramátman, e é o Aspecto com o qual Seu trabalho no Cosmo é executado, do ponto de vista material. É neste Aspecto do Poder que Mahatmas, que alcançaram a Liberação, habitam e adoram a Suprema Causa de Tudo. – A segunda, Esha, é o instrumento que serve especialmente aos grandes propósitos dos Hierarcas e de Seres ainda mais elevados que, tendo atingido a proximidade a Brahman, Se manifestam como Avatara-Purushas, para proteção da Retidão e o restabelecimento do Dharma, etc., nos mundos. Hamsa-Yogue explica, no decurso de Seus comentários, que foi na forma de Esha-Maya do Senhor que Arjuna viu a cena de Viśvarupa (a Visão Cósmica), tão maravilhosa e admirável, tão terrível e inspiradora de respeitoso temor, que o levou a desistir de continuar a testemunhá-la (com a visão divina a ele concedida por um momento) e implorar, com temor, ao Avatara (Krishna) para suspender a cena e voltar à Sua encantadora e bela forma humana. – A terceira, Gunamayi, se relaciona com todos aqueles cuja evolução humana está ainda em desenvolvimento e virão a se colocar em uma ou outra das quatro divisões: Gñani, Bhakta, Karmatha e Yogue. É esta Gunamayi-Maya que dá origem a quatro classes de Shraddhas ou tendências e disposições. Aquela que é gerada pelo elemento Sátwico, é chamada ―Satwa‖ ou ―Atma-Para-Shraddha‖. Esta envolve devoção ao Eu Superior, que é o Raio Átmico em cada um. – ―Rajas‖ ou ―Samsara-Para-Shraddha‖, manifesta um forte desejo de viver a vida material externa. – ―Tamas‖ ou ―Svapara-Shraddha‖ induz à completa identificação com a natureza inferior, acompanhada de completo não reconhecimento do Ser. – Por último, ―Turiya‖ ou ―MahaShraddha‖ é a sintetizante, a base das outras três e a mais alta. A transcendência da influência da Gunamayi-Maya é o atingimento de Prâpti (Liberação), o quinto e o mais alto dos Purushartas (ou finalidades humanas). Embora o Poder em questão (Maya, como
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Gunamayi) seja, em primeiro lugar, a causa da ignorância e das ações dela resultantes, mais tarde Ele (o Poder) finalmente leva ao verdadeiro conhecimento o homem que estuda Sua atuação nele mesmo e no mundo em torno dele, isto é, no Samsara (processo evolutivo do Jiva), o qual pode ser considerado como o maior instrutor. E é somente através de tal estudo (do Samsara) e do resultante conhecimento dos atributos do Ser, que a influência da Gunamayi-Maya pode ser dominada. Em relação com tal domínio, umas poucas observações a mais parecem ser necessárias, mesmo que possam ser consideradas triviais. Este fato se refere à capacidade do homem de atrair ou repelir, por escolha, os elementos atômicos dos quais Gunamayi-Maya é formada. Por exemplo, no momento em que se permite que um pensamento de natureza viciosa entre na mente, precipitam-se nela átomos e moléculas tamásicas ou rajásicas que conduzem à gratificação e satisfação desse pensamento. Mas se a atenção for afastada dele e dirigida ao bem, que é o oposto de tal pensamento, esses átomos e moléculas necessariamente caem, e átomos e moléculas sátwicos tomam seu lugar. Disso se conclui que o mais efetivo caminho para subjugar Gunamayi-Maya é cultivar o hábito de exercitar a vontade, constante e firmemente, dia após dia, mês após mês, ano após ano, evitando permanentemente pensamentos e emoções pertencentes à nossa natureza inferior e permanecer sempre no alto, no puro e no belo. Por mais difícil que possa parecer o cultivo de tal hábito, a prática revelará seu supremo valor. Com o desenvolvimento de tal prática, a Mente se torna cada vez mais firme, e quando ela se aquieta, durante a meditação, a luz do Ser brilha e a conduz àquela calma imperturbável, fonte de eterna fortaleza. O homem afortunado que dirige e regula sua vida, é gradualmente capaz de realizar a dourada verdade tão admirável e impressionantemente expressa no Mundaka-Upanishad, II, v. 8: – ―O nó do coração é rompido, todas as dúvidas são destruídas, e os efeitos de ações passadas são extintos quando é contemplado este Purusha, acima do Qual não há ninguém mais alto.‖ – O aspirante que chegar a realizar esta verdade é sempre amado pelo Aspecto do Poder de Brahman descrito como Gáyatri, a Salvadora, que nunca falha em eleválo. O Senhor (Krishna) fala sobre este Aspecto (a Brahma-Shakti) na Gita, como Daivi-Prakriti ou ―o Para‖. Ela tem muitos outros nomes,
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sendo que Gobhila recorre a alguns deles nos versículos 97 e 98: MA, Maheshwari, Saraswati, Maha-Lakshmi, Durga, Kali, Dakshina, ShriVidya e Yoga-Vidya. Ele acrescenta que o Yogue, sempre adorando este Brâhmico Esplendor (isto é, a Divina Mãe Cósmica), atinge a paz e a serenidade. Ela é a Outorgadora de todo poder espiritual em todos os universos. Aqueles que têm na mente as respectivas funções dos dois Aspectos do Poder Brâhmico (o Veículo Material e a Vida), tão bem analisados por Gobhila, acharão certamente o problema da vida menos obscuro. A seguir, a descrição de Gobhila do termo ―Sannyasa‖ (renúncia) merece verdadeira atenção. De acordo com ele, o verdadeiro Sannyasin é aquele que, sendo devoto do Ser Supremo, faz tudo persistentemente em relação com o girar da roda da Vida, com a convicção inabalável de que toda ação feita por ele é, deixando de lado todos os motivos pessoais, tão indispensável e correta como a necessária conseqüência do fato inexorável de que não há qualquer acaso no Cosmo, e que todas as coisas que existem nele têm sua origem na própria natureza do Absoluto. Ao contrário, aquele que, apesar de sujeitar-se a privações corporais e penitências, atua impulsionado pelo desejo de gozar os frutos de ações capazes de produzir prazer e dor, é considerado inferior; e aquele que negligencia seus deveres relativos à roda da Vida (processo evolutivo mundanal ou Samsara), é considerado mais inferior ainda. Seria bom que as sábias opiniões referidas acima fossem mais compartilhadas neste país (Índia) e que a noção de que trajar um ―manto amarelo‖ e levar uma vida de relativa indolência são caminhos de emancipação tivesse um fim. Continuando, as explicações relativas aos termos Sarupya, Sayujya, Salokya e Samipya-Mukti fornecem abundantes bases para reflexão por parte dos estudantes que estejam realmente ansiosos por obter idéias precisas relacionadas com os significados destes termos. Gargyayana, no ―Pranava-Vada‖, toma estes termos em relação ao Cosmo de maneira abstrata e explica-os deste ponto de vista absolutamente amplo. Gobhila, entretanto, se restringe ao nosso próprio sistema mundial (Samsara) e baseia sua explicação nas relações fundamentais existentes entre os três fatores universais de Kriya (Atividade), Ichchha (Desejo), e Gñana (Conhecimento). Ele mostra que
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―Sarupya-Mukti‖ é assegurada para aquele que possui o verdadeiro conhecimento de Brahman por meio do Śuddha-Karma, ou ação feita pela via do serviço para o mundo inteiro, a qual o torna apto para a função de Adhikara-Purusha (ou um Membro da Hierarquia) ligado ao mundo. Afirma-se que ―Sayujya-Mukti‖ é alcançada por meio da união com a Divina Presença, no sistema samsárico mundanal em que o Mukta está se desenvolvendo, como resultado do Śuddha-Bhakti (ou devoção ao Ishwara), acompanhada de constante oração para o bem-estar de todos, de acordo com o tempo e lugar. ―Salokya-Mukti‖ é o resultado do Śuddha-Gñana ou Sabedoria Pura, a qual capacita o Mukta para atuar em seu Gñana-Deha (corpo de conhecimento), sobre o qual há referência no prefácio do Yoga-Dípika, pg. 39 (original). O Gñana-Deha é um átomo do Plano Akáshico que é capaz de ilimitada expansão e contração dentro do Sistema Solar, e assim capacita o Mukta a percorrer todo o Sistema à vontade. O nome Salokya é aparentemente inspirado na analogia perceptível entre este grau de Mukta e o ISHWARA do Sistema em que, com referência ao Último, o Universo é apenas um átomo pulsante com apenas uma parte de Sua gloriosa Vida, como é mostrado nesta passagem das Escrituras: ―Todos os seres só constituem a quarta parte d‘Ele; as três outras partes de Sua Natureza Imortal permanecem nos Céus.‖ Finalmente ―Samipya-Mukti‖ é alcançada pelo Mukta por meio do poder de Śuddha-Yoga, transcendendo por completo o quíntuplo sistema samsárico mundanal, no qual ele atuou até então, entrando no Mahat, ou Plano Anupadaka (chamado também Go-Loka), chegando ao Plano Adi, o mais elevado de nosso Sistema Solar. Por tal passagem por estes Planos é alcançada a proximidade ao Ishwara, o Representante de Brahman no Sistema, e isto é o ―Paramapada‖, o Estado Supremo, de acordo com as Escrituras. Por último, os versículos 174, 175 e 176 do Karika tratam de um assunto sobre o qual há bem pouco entendimento, Devido à escassez de informações existentes até mesmo em livros considerados atualmente de alta reputação por aqueles que se supõe terem elevado conhecimento das Escrituras. A tradução desses versículos é a que segue:
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―174 – Buscadores, após a Liberação, passam ao degrau imediatamente mais elevado com a Semente, e nunca sem ela. Os puros elementos óctuplos (Tatwas) brilham em tal Semente (Bija). ―175 – O progresso do Aspirante, que já galgou um estado mais elevado que aquele em que ele estava anteriormente, se torna possível somente através da maior pureza da Semente. ―176 – Os Aspirantes devem, portanto, empenhar-se constantemente em purificar a Semente.‖ A substância desses versículos, em uma palavra, é que o aspirante, que se esforça para passar de um estágio de seu crescimento espiritual ao estágio seguinte, mais elevado que aquele em que estava antes, deve levar consigo a Bija (ou a Semente) purificada. – O que é esta Bija? A resposta a esta pergunta envolve a consideração de certos fatos vitais relacionados com a evolução do Ego humano. Este Ego ou Raio do Atma se apropria, no mesmo começo de sua passagem pela Matéria, de um átomo de cada um dos cinco Planos, e continua a manter estes átomos imutáveis até o final desta passagem 13. Estes átomos são, por assim dizer, átomos permanentes do Ego, em contraposição às inúmeras partículas materiais colhidas durante cada vida e descartadas no seu término. Tais átomos servem como centro em torno do qual novos átomos e moléculas se vão agregando; assim o Ego constrói seus diferentes veículos para seu uso durante repetidas encarnações, isto é, em cada encarnação. Além disso, a essência das experiências de cada período de vida como um todo ou, em outras palavras, o resultado essencial dessas experiências, impresso nos átomos 13
*A distinção entre o Ego e a personalidade não deve ser perdida de vista. O primeiro é o reflexo do Atma no corpo Nirvânico, isto é, no Anandamaya-Kosha e VigñanamayaKosha, enquanto que a última (a personalidade) é a sombra projetada pelo Ego nas três lentes opacas de Manomaya-Kosha, Pranamaya-Kosha e Annamaya-Kosha. Esta sombra subsiste somente durante os três estágios de uma só encarnação, entre o BhuLoka e o Svar-Loka (mundo físico e o Swarga, ou Céu Mental). O Ego tem uma vida relativamente permanente e deixa de existir somente quando o Atma assimila, n‘Ele mesmo, a essência das atividades do Ego, no decorrer de sua longa peregrinação evolutiva (uma essência que pode ser corretamente considerada como a florescência de Idades, de Eons sobre Eons). * Todo este rodapé é muito importante. (H. T. W.).
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permanentes, possibilita a eles comunicar, aos diferentes corpos que virão a existir durante a encarnação seguinte, a capacidade vibratória de responder adequadamente aos anseios e tendências que serão manifestados, provavelmente, pela nossa personalidade durante aquela encarnação. Naturalmente o acúmulo de experiências nos átomos permanentes, na grande maioria dos casos, é comumente de caráter mesclado, em parte boas e em parte de outras índoles. Como é a preponderância das primeiras (das boas) que ajudará o Ego a ascender ao degrau superior na escala evolucionária, seu esforço deverá ser dirigido para o constante crescimento dessa preponderância, e assim diminuir a influência das tendências inferiores. É este processo de limpeza e purificação que é tratado nos três versículos que foram citados acima. Os aspectos principais sob a direção dos quais a purificação deve ser feita, de acordo com um comentarista deste Karika, são cinco: Akshara, Kârana, Atma, Paramatma e Parabrahman. O significado desta declaração algo obscura parece ser o seguinte: – o primeiro é que as Sílabas Místicas (ou Bijáksharas) são usadas como instrumentos especiais em conexão com a meditação e outras práticas semelhantes. A razão para a necessidade do uso de tais Sílabas, é que as Sílabas apropriadas são os melhores meios de acesso ao Eu no coração de cada homem. O SOM, que é a qualidade do Elemento Akasha, o plano mais alto e sutil no qual o Ego existe, levará o homem, em forma natural, ao contato direto e atual com o Ser manifestado nele. O aspecto seguinte, ―Kârana‖, é definido na Gita como Adishthana, Kartá, Kârana, Karma e Daivam. O primeiro constitui, evidentemente, os vários veículos que formam a base ou campo de toda ação; o segundo é a personalidade usando estes corpos durante uma determinada encarnação; o terceiro consiste, presumivelmente, dos órgãos conhecidos como Karmendriyas e Gñanendriyas; o quarto é a própria vida vivida; e o último é a forma particular de Gunamayi-Maya, ou, em outras palavras, o particular Shraddha (tendência) de um dos quatro Shraddhas, a saber: o TamasShraddha, o Rajas-Shraddha, o Satwa-Shraddha e o Turiya-Shraddha, já explicados aqui em uma passagem anterior. Em relação ao Atma, Paramatma e Parabrahman, o conhecimento e compreensão d‘Eles pelo
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Ego tem que ser ampliado em cada etapa pelo uso constante do processo eliminatório de ―Neti-Neti‖ (Isto não, isto não), pois ninguém, por mais sábio que seja, pode dizer que conhece tudo sobre o Absoluto. As passagens do ―Dharma-Dípika‖ (II, ii, 291-298), dadas no prefácio do Yoga-Dípika original (pg. 31), são dignas de ser lembradas nesta conexão, e elas afirmam, com efeito, que até os Videntes cujas descrições de Brahman são aceitas como os Vedas, descrevem-n‘O somente como cada um deles O vê e nada mais. – Este é o resultado dos esforços purificadores do Ego com referência aos cinco aspectos, isto é, Akshara, Kârana, Atma, Paramatma e Parabrahman, que deve ser impresso nos ―átomos permanentes‖ no sentido de torná-los Sementes Puras para a próxima colheita, de modo que a mesma possa ser frutífera. A exatidão literal da descrição contida no versículo 174, de que ―os puros Tatwas óctuplos brilham na Semente‖, é confirmada pelo testemunho dos Clarividentes que afirmam que os ―átomos permanentes‖ de Almas Liberadas apresentam a mais brilhante aparência. Em nenhum lugar este assunto foi mais inteligentemente explicado que nas passagens do Karika citado acima, e a explicação ajuda a compreensão de certas afirmações feitas em relação à classe dos Espíritos Liberados, considerados na literatura Budista como Nirmana-kaya, Sambhoga-kaya e Dharma-kaya. Deve ser observado que o primeiro perde seu átomo físico permanente. Depois disso o Espírito vive em um corpo feito de matéria mais sutil e desempenha, em esferas invisíveis, seu trabalho no aperfeiçoamento e evolução dos seres, no globo. O Sambhoga-kaya perde todos os átomos permanentes com exceção do Akáshico, e daí por diante atua somente no plano Nirvânico. O Dharma-kaya perde também o átomo Akáshico14, deixa o ―Quíntuplo Universo‖ e encontra sua vocação mais elevada nos dois Planos mais elevados, onde as Forças do Ishwara estão atuando mais direta e plenamente que nos planos inferiores. A natureza dessa vocação sublime é sintetizada no 99o versículo do Karika, assim: ―Ele, tendo adquirido os poderes Brâhmicos, por sua verdadeira natureza, entra na forma de Luz Pura para o cumprimento dos 14
Isto é o motivo pelo qual um Dharma-kaya é declarado como um ―Nirvani‖ sem vestígios, enquanto que um Nirmana-kaya é considerado como um ―Nirvani‖ com vestígios.
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deveres de Protetor do Universo.‖ Não é de admirar então que o Hierofante, no ―Idílio do Lótus Branco‖, observa: ―A Alma do homem é imortal, e seu porvir é o de algo cujo desenvolvimento e esplendor não têm limites.‖ Seria desejável que cada um de nós elevasse sua visão e contemplasse a gloriosa imagem a nós revelada, e rogasse diariamente que a Divina Mãe nos admita em Sua Presença, que nos abençoe e nos torne capazes de outorgar bênçãos aos sistemas mundiais. Da explicação acima, de alguns dos pontos notáveis tratados no Karika, torna-se claro que estes merecem um profundo estudo, e ficará demonstrado que o estudo deste Livro (a Gita) é do máximo proveito para todos aqueles que o tratarem não como algo para ser meramente provado ou engolido, mas sim para ser mastigado e digerido15. 15
O pequeno Karika (comentário) incluído nesta edição (1917) não é, naturalmente, o singular escrito de Gobhila que possuímos. Seria uma bênção para todos os amantes de nossos Livros Sagrados a publicação de sua obra-prima, similar a este Karika, sobre o Mahabhárata. Os versos do referido Karika citados a seguir* lançam a muito necessária luz sobre a divisão em dezoito capítulos seguida no Épico (Gita) assim como ele é conhecido correntemente, como também as razões que foram levadas em conta para a divisão dele em vinte e quatro capítulos (sem contar o primeiro e o último – Introdução e Epílogo), sendo este o mais aceitável como o único completo. É suficiente para os propósitos dos leitores da Gita em idioma inglês (e agora em português) constatar a substância dos versículos. Esta substância será expressa a seguir. Em síntese, somente dois assuntos são tratados no Mahabhárata. São eles: Brahman e o Adhikari ou aspirante. Em relação a isto, o Primeiro deve ser visto sob três aspectos: (1) como o Objeto da busca do aspirante; (2) como os Meios para alcançar este Objeto; (3) como a Fruição. Tomando os Meios em primeiro lugar, temos o Samsara – existência cíclica ou condicionada. As três Gunas (qualidades ou atributos da Matéria) atuando no Samsara são: Satwa, Rajas e Tamas – ritmo, movimento e estabilidade, respectivamente. Com referência aos dois caminhos de Pravritti ou exteriorização, e Nivritti ou interiorização, estas qualidades se tornam seis, ficando sob a regência de Adho-Drishti e Urdhva-Drishti, isto é, as criações ou evoluções ascendentes ou descendentes. A seguir, do próprio Objeto da busca, que é duplo, isto é, Paramatma e Atma (o Qual toma o nome de Jiva), procedem: ―Tatwikam‖ – inclinação ativa; ―Rasikam‖ – inclinação ao desejo; ―Chaitanyam‖ – inclinação cognoscitiva. Estes, por sua vez, se bifurcam em relação aos caminhos já mencionados. Por último, em relação à Fruição, a qual não é senão a obtenção do conhecimento de Brahman, surgem à existência: ―Śuddha‖, ou elemento primário Satwa (Śuddha-Satwa); ―Śuddha‖, ou elemento primário Rajas (Śuddha-Rajas); e ―Śuddha‖, ou elemento primário Tamas (Śuddha-Tamas). Estes se tornam duplos pela mesma razão. Os dezoito elementos
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Antes de concluir é necessária uma palavra em relação às fontes usadas para preparar a presente edição para ser impressa. O manuscrito que o Editor tem em suas mãos é uma cópia, feita há muitos anos atrás, do manuscrito de Swami Yogananda16, o qual tem evidenciado muito interesse na publicação desta e de outras Obras conhecidas até agora somente pelos Membros do Śuddha Dharma Mandalam, ao qual ele pertence. A referida cópia do Editor foi cuidadosamente comparada com duas outras emprestadas pelos Swamis Shankarananda e Bhavananda, ambos também altos Membros da referida Ordem. Além disto, todos os manuscritos foram conferidos com o conteúdo de um manual feito de folhas de palmeira, contendo as primeiras palavras de todos os versículos da Gita, na ordem em que eles estão na presente edição. O manuscrito (Karika) de Gobhila, usado pelo Editor, foi gentilmente emprestado por um dos Swamis (referidos acima), os quais ocupam uma posição muito alta na Ordem. Torna-se assim claro que foi tomado bastante cuidado em fazer a presente edição17 exata e confiável. Esperamos que ela tenha uma ampla circulação. M. R. Ry. S. Rm. Ct. Pethachi Chêttiâr Avl., o Zemindar de Andippaty, como seria de esperar, deu o mais pródigo apoio a este empreendimento e manifestou o desejo de ter à sua disposição nada resultantes têm relação com os dezoito parvas ou seções do Mahabhárata. Estes dezoito elementos, entretanto, não constituem senão os ―três pés‖ da Gáyatri, a Qual, originando-Se do Pranava, Se torna, por sua vez, no ―Mantra-Mata‖ ou a Mãe de todo Conhecimento, Ciências e Artes. Porém Brahman, o Uno (em Seu Samasthi ou Aspecto não dividido), possuindo, como o Sol, o glorioso Poder de Criação, Preservação e Desintegração, constitui o ―quarto pé‖. Conseqüentemente, o Mahabhárata de 24.000 Slokas (os quais estão divididos em quatro grupos), sendo o único composto originalmente, é o preferível, e é esta parte do trabalho de Vyasa que é considerada como a própria essência do Quinto Veda. Como foi demonstrado, este título qualitativo foi dado ao Mahabhárata Devido ao fato de que este mostra o caminho para o quinto e maior dos Purusharthas, isto é, Prâpti, que trata do supremo estado de BrahmaSamipyam ou proximidade a Brahman. * Estes versos não puderam ser traduzidos por estarem em sânscrito, sem tradução para o idioma inglês. (H. T. W.). 16 Swami Yogananda, referido aqui, era alto Membro do Śuddha Dharma Mandalam. Não confundir com Swami Yogananda da Self Realization. (H. T. W.). 17 Refere-se à edição em sânscrito publicada em 1917. (H. T. W.).
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menos que 2.000 exemplares desta Gita para distribuição gratuita entre estudantes sinceros. M. R. Ry. Rao Sahib Calavala Kannan Chêttiâr Avl., de Messrs. King e Co., de Madras, tem sido, além de sua conhecida generosidade e amor pela sabedoria ariana, suficientemente bom, pedindo 1.500 exemplares para serem colocados à sua disposição para um propósito semelhante. M. R. Ry. P. L. S. Shanmukham Chêttiâr Avl., de Murayoor, Distrito de Râmnad, com a intenção de divulgar o conhecimento do conteúdo da presente edição, adquiriu 500 exemplares. Não temos palavras que possam expressar a gratidão que sentimos para com os referidos cavalheiros por seu generoso patrocínio que assim ampliou a realização do objetivo que os Maiores do Mandalam têm em vista, dando como resultado a publicação desta Gita e de outros Livros Sagrados similares, nas formas que até agora não foram acessíveis ao público em geral. O encorajamento que recebemos no início deste novo empreendimento mostra que logo realizaremos nosso propósito de publicar nova edição. É desnecessário dizer que é nossa intenção colocar a Gita, de acordo com sua disposição verdadeira e original, mesmo ao alcance da pessoa mais pobre. Isto se pode ver pelo preço nominal de quatro ―annas‖ por exemplar, um preço que, mesmo com referência ao simples custo da edição, deixa um déficit que estamos em posição de cobrir com a doação de 500 rúpias feita por M. R. Ry. Rao Sahib Kannan Chêttiâr Avl. no último ano, e que aqui temos a oportunidade de agradecer. Devemos acrescentar que o desejo d‘Aqueles18, por cujo pedido foi publicada a presente edição, será realizado plenamente, de acordo com Sua vontade, somente quando a Gita, como está disposta aqui, for traduzida para o inglês (de acordo com a aprovação de Hamsa-Yogue) e colocado ao alcance de todos, por meio do moderno idioma; estamos dando os passos necessários para cumprir Seu desejo. A versão inglesa, que é a aspiração d‘Aqueles que estão vinculados a esta obra meritória, isto é, a de colocá-la ao alcance dos leitores o mais cedo possível, conterá as traduções do esplêndido prefácio de Hamsa-Yogue e do Karika de 18
Os Maiores do Mandalam. (H. T. W.).
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Gobhila19, ambos merecedores de um estudo cuidadoso, como Ensinamentos do próprio Senhor. Naturalmente é difícil, porém necessário, dizer que o Editor compreende plenamente que a presente edição do texto sânscrito (desta Gita) está sujeita a encontrar muita oposição por parte daqueles que consideram qualquer mudança como necessariamente má. Contudo, tal oposição deve ser combatida, e todo esforço deve ser feito no sentido de restabelecer a Verdade, e o caminho correto, em casos como este, é proceder com a firme convicção de que esta Verdade prevalecerá, a menos que a ocasião escolhida para este restabelecimento não tenha sido oportuna. Os Guardiões da Literatura que se pretende publicar agora julgam que é chegada a hora de principiar o trabalho cuja incumbência foi dada por Eles ao Editor. A satisfação que deriva de executar o desejo d‘Eles é considerada pelo Editor como ampla recompensa pelo seu labor de amor, apesar da impopularidade à qual este trabalho provavelmente o exporá em certos meios. Isso, porém, não o impedirá de desempenhar a tarefa auto-imposta com o melhor de sua capacidade e dedicação, pois ele se recorda da censura que foi feita, embora delicadamente, há três séculos, pelo Santo Autor do ―Upadesa-Ratna-Mala‖ a seus hostis críticos, nas linhas que seguem: ―Os sábios se regozijarão, e aqueles que estão ávidos de aprender dirão com alegria: ‗Aqui nós encontraremos aquilo que buscamos‘, e estudarão e ponderarão sobre isto. – Ó meu coração!, que importa que alguns falem com tanta malícia? Não será, em realidade, da própria natureza deles falar assim?‖ A fim de que a necessidade das observações feitas não seja questionada, seria bom dizer que a justificação para elas se relaciona com a tentativa de desacreditar o trabalho do Editor, feita persistentemente por alguns, os quais convém conhecer, para se proceder melhor – uma tentativa que, entretanto, em vez de prejudicar, apenas trouxe o patrocínio e apoio daqueles amigos iluminados que foram capazes de perceber o valor que tem esta Obra no interesse da Ciência Sagrada. Para informar esses amigos deve ser dito que o Editor deseja publicar, 19
Infelizmente estas traduções não foram publicadas na edição em inglês, pois esta só foi realizada muitos anos depois (em 1939). (H. T. W.).
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assim que as circunstâncias o permitirem, quatro outras Gitas modeladas de acordo com a Gáyatri, consistindo cada uma de vinte e seis capítulos, todas de profundo interesse: 1) ―Śruti-Gita‖, contida no Taittiriya-Aranyaka; 2) ―Brahma-Gita‖, contida nos quarenta e nove Upanishads enumerados no prefácio do Editor; 3) ―Arsha-Gita‖, contida no Ramayana, sobre a qual foi feita referência anteriormente; 4) ―Śuddha-Gita‖, contida no ―Devi-Bhagavata‖, a qual não é o livro conhecido correntemente com esse nome, mas sim um livro que encerra o relato de um diálogo entre Sri Yoga-Devi e o Senhor Naráyana20. Este humilde esforço, feito no sentido de abrir os olhos e chamar a atenção dos estudantes para a forma em que nossa Sublime Escritura é apresentada aqui, falharia em seu propósito se o cuidado com que esta foi feita não fosse mostrado direta e enfaticamente. Este cuidado consiste no caráter totalmente não sectário da Escritura, sob qualquer ponto de vista. Sua Doutrina, como o próprio Hamsa-Yogue observa, não é nenhum dos numerosos cultos que exerceram, de tempos em tempos, influência sobre as mentalidades das diversas comunidades. Sua finalidade não é, segundo Hamsa-Yogue, apoiar Vaishnavam, Shaktam, Shambhavam, Buddham, Kanadam, Sankhyam, Yogikam, Tantram, Vedantam, ou qualquer outro culto em especial. Pelo contrário, esta é a mais perfeita exposição do mais elevado sistema de Filosofia, Ética, Religião e Moral, isto é: – Śuddha Dharma. Seu tema é Parabrahman (o Absoluto), nos aspectos de Transcendência e Imanência. Na exposição deste tema, com o uso do Símbolo Supremo (o Pranava), o monossílabo ―OM‖ representa o aspecto Samasthi (não dividido) ou a ―Visão Coletiva‖, e as três letras que compõem esta Sílaba (o Pranava AUM) representam as três Fontes máximas de cada coisa em todo o Cosmo. Conforme foi observado em um parágrafo anterior, o ―A‖, a primeira destas letras, representa o Supremo Ser imanente em tudo, e do Qual todos os outros seres são apenas reflexos; a segunda letra, o ―U‖, 20
Infelizmente, estes preciosos livros, tesouros da Sabedoria Oculta, não chegaram a ser publicados. (H. T. W.).
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representa a Mula-Prakriti ou Matéria-Raiz, da qual se forma a matéria dos veículos de todas as entidades manifestadas e de todas as coisas; a terceira e última letra, o ―M‖, representa o ―nexo‖ entre o Ser ou Sujeito por uma parte, e o veículo material ou objeto, por outra. Este nexo possui a característica singular de ser uma relação por negação (Nishedha-Sambandha), da qual a melhor expressão está contida no aforismo ―AHAM-ETAT-NA‖ = ―Eu, isto não‖ (isto é, ―Eu não sou isto‖, referindo-se à Matéria). Na investigação prática e compreensão do Sujeito em si – Brahman – os instrumentos usados pelo buscador são as três faculdades possuídas por todos, a saber: o poder de cognição (Gñana); o poder de Vontade ou Desejo (Ichchha); e o poder de Atividade (Kriya), das quais resulta finalmente a dádiva da expressão concreta final, Devido ao estímulo do segundo poder (Ichchha), com a assistência do primeiro (Gñana). Os méritos deste Śuddha Dharma foram sintetizados pelo próprio Senhor nas importantes e abrangentes palavras que seguem: Raja-Vidya, ou Ciência Real; Raja-Guhyam, ou Mistérios Reais; Pavitram-Idam-Uttaman, ou Supremo Purificador; Pratyakshavagamam, ou o Instrutor que ensina os meios de realização direta da Felicidade; Dharmyam – consoante à Lei da Retidão; SusukamKartum – agradável e fácil de seguir; e Avyayam – produtivo de resultados não perecíveis. Pode-se ver assim que este Śuddha Dharma não é, de modo algum, um sistema artificial, porquanto tem seu fundamento na própria natureza do homem e do Universo. Portanto não pode senão interessar a todos os temperamentos: ao do Gñani – o Filósofo; ao do Bhakta – o Místico; ao do Karmatha – o Filantropo (que deseja servir ativamente a seus semelhantes, não excluindo seus irmãos mudos do reino animal); e por último ao temperamento do Raja-Yogue – o verdadeiro Homem de Ciência, o qual, além de investigar a natureza externa, tanto em seu lado visível como no oculto, penetra as profundezas de sua própria natureza espiritual interna, vê face a face a Divindade no coração (Shamyak – Darshanam), e se torna Imortal, banhando-se na Luz desta Eterna Maha-Chaitanyam, a qual (a Luz), emanando d‘Ela, anima toda existência. Seguramente este é o sistema de pensamento e de vida que pode conduzir à prática do Amor Universal e à
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realização do sonho de todas as Grandes Almas, isto é, a fraternidade universal. Como estas últimas palavras não perderam sua atualidade, vêemme à mente alguns pensamentos de um jovem e querido amigo, Mr. V. Sundaram, fornecendo uma prova agradável do oportuno esforço de difundir e popularizar a Sabedoria estimulando o estudo desse sistema universal de Filosofia e Religião, pois estes pensamentos, que mostram a indagação à qual esta Filosofia responderá, e a sede que esta Religião saciará, estão impressionando as mentes que estão em germinação, capazes de verdadeira floração espiritual. Assim, este prefácio não poderia ser melhor concluído do que com os belos pensamentos referidos, os quais respiram doce devoção ao Deus que eles (os versos) invocam, e terminando, como eles o fazem, com a nobre oração que deve estar nos lábios de todos os humildes buscadores d‘Aquele que é o Manancial do Infinito Amor e Sabedoria: ―Ó Deus, que pareces ter vida e ainda não tê-la, Pois não moras também nas coisas sem vida? Quão maravilhoso parece ser que Tu não és! E ainda Tu és, tanto o que pareces ser, como o que és! O que é muito pequeno para Ti, e o que é muito grande? Não obstante, o grande e o pequeno não são senão Tua própria Criação. Podes Tu ser conhecido no todo, ou na parte somente? Conhecer Tua parte não é conhecer Teu todo Presente em diversas partes onde Teu todo está manifestado? Tu sentes ou não sentes Tua própria existência? Ou Tu não conheces a Ti próprio, para não conheceres a Ti mesmo Conscientemente, inconsciente de Tua própria grandeza? Ainda que sintas todas as coisas em Ti, sentes-Te a Ti próprio em tudo? Tu maravilhas em estranha contradição Onde se encontram mesclados extremos e estranhos contrastes Em perfeita harmonia e em paz admiráveis. Tu és o grande mestre do Trabalho, severo e implacável Juiz, Como também nosso mais carinhoso amigo e mais amoroso apoio. Tu, emblema de doce misericórdia e amor, És Tu um mito, por seres estranhamente verdadeiro? Ou a Verdade se confunde a si própria para ser contemplada? Uma ociosa criação da mente? Uma coisa aparente sem nenhuma verdade por dentro?
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O que pode ser verdadeiro, mais seguramente real, Do que aquilo que mais inspira, mais eleva? O próprio pensamento em Ti eleva nossas mentes E nos enche de desconhecida reverência. Nós não sabemos por que razão, mas sabemos que emanamos de Ti. Então, quanto mais Tu mesmo nos poderias elevar! Tu és a Única Realidade, a Eterna Verdade Que nunca nasceu, nem nunca morrerá. Aceita minha prece, minha oração humildemente balbuciada. Esta bênção eu Te peço, esta única bênção eu Te suplico: ‗Ó, ensina-me a conhecer-Te e amar-Te mais!‘ Isto é tudo que eu desejo, e tudo que eu necessito desejar.‖
OM TAT SAT
AS 8 QUALIDADES ÁTMICAS Estas são as Qualidades Átmicas que devem ser desenvolvidas pelos aspirantes e por aqueles que buscam alcançar a Realização. Estas Qualidades, complementadas pelas 26 Qualidades Dáivicas, levarão o aspirante a desenvolver em si mesmo a mais elevada natureza humana (Daiva-Bhava), e o tornarão apto a alcançar, através do Yoga (Meditação Yóguica), o mais alto estado de consciência alcançável pelo ser humano: – PRÂPTI, a mais alta finalidade humana. Estas Qualidades são citadas no ―Siksha Dharma Gita‖, Capítulo V, vs. 9 a 13. – São elas: Amplitude de visão e discernimento; Ausência de orgulho; Inofensividade (não causar dano a qualquer ser vivente); Tolerância; Retidão; Pureza (de corpo, mente e coração); Firmeza (de caráter); Ausência de egoísmo. Além destas 8 Qualidades, são citadas ainda as que seguem, as quais são também necessárias ao desenvolvimento do aspirante: Disciplina Mental; Desapego; Equilíbrio mental diante dos acontecimentos, tanto agradáveis como desagradáveis; Reconhecimento dos males provenientes do nascimento, das enfermidades, da velhice e da morte, como necessários à evolução humana.
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Praticando assiduamente o Yoga (Meditação), com devoção somente ao Supremo Ser (Atma), o aspirante deve buscar paragens solitárias, afastando-se das multidões.1
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Difícil é, para a maioria das pessoas, na época em que vivemos, um recolhimento como é prescrito aqui. Porém, devemos buscar, de acordo com nossas possibilidades e condições de vida, um lugar tranqüilo e o mais silencioso possível (se possível a portas fechadas, para facilitar nossa concentração mental), para recolher-nos em nosso Mundo Interno, e aí, com toda devoção e entrega de nosso ser, adorar a Deus no Templo de nosso coração. – Isso deve ser feito à maneira de cada um, no horário que puder, porém, que isso seja feito todos os dias, para estabelecer e conservar a sintonia com os Planos Superiores e com os Seres que neles habitam. (H. T. W.).
AS 26 QUALIDADES DÁIVICAS As 26 Qualidades Dáivicas estão contidas no Swarupa Dharma Gita, Capítulo VIII, vs. 2 a 4. Estas Qualidades, complementares das Qualidades Átmicas, devem ser cultivadas pelo aspirante desejoso de alcançar o Daiva-Bhava, ou a mais elevada natureza, a qual o conduzirá da escravidão das Gunas à Liberação, isto é, à transcendência do Espírito sobre a Matéria, levando-o pouco a pouco à Realização, que é a Meta de todos os seres. Elas devem fazer parte da conduta de todos os seres humanos que desejam evoluir espiritualmente. – Estas qualidades são: Ausência de medo ou temor; Natureza pura; Firme convicção na síntese de todo conhecimento (Yoga); Doação e ajuda desinteressada – Caridade (Dana); Domínio dos Sentidos; Oferenda com invocação - Sacrifício (Yagna); Estudo espiritual; Austeridade (Tapas); Retidão (em todos os sentidos); Impossibilidade de ferir (não causar dano a ser algum – Ahimsa); Veracidade; Ausência de desejos de vingança; Dedicação; Calma, Paz (ser sempre sereno e pacífico – Shanti); Não se imiscuir em insignificâncias (em atos baixos e em mesquinharias); Compaixão por todos os seres; Ausência de cobiça; Afabilidade; Humildade; Constância; Magnanimidade; Perdão;
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Atitude unificadora (conciliadora); Pureza integral (física, mental e de coração); Incapacidade de enganar (não enganar ninguém, em nenhum sentido); Superação da vaidade e da presunção. Estas Qualidades são a herança dos Virtuosos.
O MAHABHÁRATA RESUMO DA HISTÓRIA Em tempos remotos reinava na cidade de Hastinapura, no país de Aryavartha (hoje Índia), o Rei Vichitravirya (descendente do grande rei Bhárata, da Dinastia Lunar da Índia), casado com duas irmãs, Ambikâ e Ambâlikâ, o qual faleceu sem deixar descendentes. Vichitravirya tinha dois irmãos, um só por parte de pai, Bhishma, e outro só por parte de mãe, Krishna Dwaipâyana 1, um grande Rishi denominado ―o Vyasa‖, o qual assumiu o trono. Por insistência de Bhishma, Krishna Dwaipâyana tomou as duas viúvas por esposas (segundo o costume da época) e delas teve dois filhos: Dhritarashtra, o primogênito (cego de nascença), e Pându, cujos descendentes foram os Kauravas (ou Kurus) e os Pândavas, respectivamente, protagonistas da epopéia do Mahabhárata. – Os Kauravas e os Pândavas eram descendentes dos Kurus. De acordo com as leis da Índia, todo príncipe cego, aleijado, mudo, gago, surdo ou de compleição franzina ou enfermiça que o impedisse de exercer o poder, ficava excluído da sucessão à coroa, sendo beneficiado seu irmão mais novo, embora conservasse o direito a um amparo vitalício, de acordo com sua origem real. Por esse motivo, com a morte do pai, ocupou o trono de Hastinapura o príncipe Pându, ao qual, por direito, ficou pertencendo o trono. Dhritarashtra, mesmo cego, contraiu matrimônio, casando-se com Gandhari; consta na história que teve cem filhos, noventa e nove dos quais eram varões, sendo Duryodhana o primogênito. – Pându se casou com Kunti (ou Pritha), da qual teve três filhos: Yudishthira (o primogênito), Bhima e Arjuna. De sua segunda esposa, Mâdri, teve mais dois filhos: Nakula e Sahadeva; seus filhos são os cinco príncipes Pândavas, heróis desta história. Pându morreu em plena maturidade, e Dhritarashtra, mesmo cego, por falta de outro herdeiro direto, ocupou o trono dos Kurus e educou seus sobrinhos (filhos de Pându) junto com seus cem filhos. Quando os 1
Não confundir com Sri Krishna, o Avatar, protagonista da BHAGAVAD GITA.
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príncipes Pândavas atingiram certa idade, o rei os entregou aos cuidados de um Sacerdote guerreiro chamado Drona, o qual os educou na arte militar e em todas as ciências necessárias aos descendentes reais. Terminada a educação, o rei Dhritarashtra colocou no trono Yudishthira, filho de Pându, que já atingira a maioridade, e era o herdeiro legítimo da coroa. As austeras virtudes de Yudishthira e a integridade, o valor e a devoção, tanto dele como de seus quatro irmãos, despertaram o despeito e a inveja nos filhos de Dhritarashtra. Estes, liderados por Duryodhana, o mais velho, tramaram um plano criminoso para se livrarem de seus virtuosos primos. Numa cidade próxima chamada Varanavata, ia ser celebrado um festival religioso. Duryodhana e seus irmãos convenceram os primos e sua mãe a irem ao festival, pois sabiam que eram muito devotos. Duryodhana, já com propósito de livrar-se dos primos, havia mandado construir naquela cidade um palácio feito de madeira, cânhamo, resina e laca, materiais inflamáveis. Nele acomodou toda a família, com o intuito de atear fogo ao palácio enquanto todos estivessem dormindo. Porém, o bondoso Vidura, cunhado de Duryodhana e de seus irmãos, avisou os Pândavas, e estes fugiram sem que ninguém notasse. Quando os Kauravas viram o palácio em cinzas, julgaram que estavam para sempre livres de seus primos e apoderaram-se do trono, pondo Duryodhana a coroa em sua cabeça e proclamando-se rei. Os Pândavas sabiam que, se Duryodhana soubesse que eles haviam escapado, não descansaria enquanto não os eliminasse; por isso se refugiaram no bosque levando consigo sua mãe. Aí se disfarçaram de estudantes brâhmanes, vivendo das esmolas que lhes davam nos arredores. Embora sofressem inúmeros dissabores e humilhações, sua força mental, seu ânimo e coragem venceram todas as dificuldades e perigos. Um dia tiveram notícia de que num país vizinho seria escolhido um noivo para uma linda princesa, o qual deveria vencer uma difícil prova. A princesa, que deveria casar-se com o vencedor, era Draupadi, filha de Drupada, o poderoso rei dos Panchalas. Era uma jovem de peregrina beleza e relevantes dotes.
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Como era de costume em tais casos, grande era o número de príncipes e nobres que acorreram a disputar a mão da bela princesa. A prova era dificílima, e nenhum dos concorrentes conseguiu vencê-la. Então o filho do rei Drupada levantou-se e exclamou: — A classe dos Kshatriyas (guerreiros reais) fracassou na prova, portanto serão admitidos a ela os pretendentes das demais castas, e mesmo que seja um sudra (serviçal) o vencedor, este se casará com Draupadi. Entre os brâhmanes estavam os príncipes Pândavas disfarçados, e Arjuna, como era habilíssimo no manejo do arco, se levantou para tomar parte na prova, vencendo-a na primeira tentativa, conquistando assim a mão da princesa. Os brâhmanes são pessoas pacíficas e tímidas e, segundo a lei, não devem tocar em nenhuma arma de guerra, nem brandir uma espada, e jamais cometer qualquer violência, pois sua vida deve ser uma vida de contemplação, estudo e domínio de sua natureza interna. Por isso, quando Arjuna se levantou, os brâhmanes presentes temeram que a ira dos Kshatriyas se voltasse contra eles. Porém Arjuna não desistiu, pois, como sabemos, ele não era um brâhmane e sim um autêntico Kshatriya, de casta real. Os príncipes e nobres vencidos se revoltaram ao ver que um pobre brâhmane se casaria com a princesa, prevalecendo contra a assembléia de reis e príncipes. Resolveram então lutar com Arjuna para arrebatar-lhe, à força, sua noiva. Porém os cinco irmãos lutaram juntos, e, depois de vencê-los em combates singulares, levaram triunfalmente a princesa. Chegando à cabana onde viviam no bosque, exclamaram alegremente antes de entrar: — Mãe, hoje trouxemos uma esmola verdadeiramente valiosa. Como era costume dos cinco irmãos (bons e obedientes filhos que eram) sempre entregar à mãe o fruto de suas andanças, isto é, as esmolas que recebiam, para que ela as distribuísse irmãmente, Kunti (sua mãe), sem perguntar nem olhar qual era a esmola, respondeu de dentro da casa:
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— Como bons irmãos que sois, deveis reparti-la entre vós igualmente. Porém, ao sair e ver Draupadi, exclamou assombrada: — Oh! Que disse eu? É uma jovem! Porém já não havia nada a fazer, porque uma mãe, naquele tempo, não tinha duas palavras, e aquilo que dissesse uma vez teria que ser cumprido. Assim, Draupadi foi a esposa comum dos cinco príncipes Pândavas2. O irmão de Draupadi, preocupado pelo destino de sua irmã, sem saber que tipo de gente a havia levado, seguiu-os de longe e descobriu (ouvindo junto à cabana, protegido pela escuridão da noite, o que conversavam) que eram Kshatriyas, de casta real. O rei Drupada ficou felicíssimo, porém, por via das dúvidas, quis saber se era correto que sua filha fosse esposa comum dos cinco príncipes. Consultou um Sábio Vyasa sobre o caso, perguntando-lhe se era lícito uma mulher contrair matrimônio com cinco irmãos3. O Sábio respondeu que, tratando-se daqueles príncipes, não havia inconveniente. Os Pândavas viveram em paz e prosperidade, tornando-se, a cada dia, mais poderosos, em parte devido aos muitos amigos que, por sua alta qualidade humana, valor, coragem e bondade, foram conquistando, nos reinos e países vizinhos. Duryodhana e seus irmãos acabaram descobrindo que seus primos haviam escapado de sua armadilha, e continuaram tramando perversas maquinações para se livrarem deles; porém, todas fracassavam. Os Anciãos do Reino aconselharam então Dhritarashtra a firmar um tratado de paz com os Pândavas. Aceitando o sábio conselho, Dhritarashtra convidou os príncipes a voltarem à corte, prometendo dar-lhes metade do reino. O povo se alegrou com o restabelecimento da paz. Os príncipes concordaram com a oferta do rei seu tio, e edificaram uma formosa 2
Todos os povos passam por distintos graus de civilização, e o Autor, talvez intencionalmente, apresenta nesta passagem da história cinco irmãos tendo por esposa a mesma mulher, embora a ordem sagrada da mãe fosse uma desculpa. Seu intento deve ter sido, talvez, mostrar esse antiqüíssimo estado social em que a poliandria era legítima, até mesmo entre irmãos. 3 A Alma ligada aos cinco sentidos (simbolicamente).
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cidade para sua residência, à qual deram o nome de Indra-prastha, estendendo seus domínios por toda a comarca. Sentindo-se poderoso, Yudishthira, que fora destronado por seu primo Duryodhana, quis erigir-se Imperador de todos os reis da antiga Índia. Com esse fim decidiu celebrar um ―Yagna Rajasuya‖ (Sacrifício Imperial) com toda pompa. Sri Krishna (o Avatar, protagonista da Bhagavad Gita), que era parente e amigo dos Pândavas, aprovou a idéia. Acontece que outro rei vizinho, chamado Jarasandha, projetava fazer o mesmo. Sri Krishna aconselhou-os a resolver a disputa em singular combate4, o que foi aceito por ambos os pretendentes. Depois de quatorze dias de luta contínua, Jarasandha foi vencido por Bhima, um dos príncipes Pândavas. Tendo saído vitoriosos os Pândavas, foi celebrado o Sacrifício com grande pompa, e em seguida a coroação de Yudishthira como Imperador e senhor supremo. Estiveram presentes às comemorações, como convidados de honra, o rei Dhritarashtra e seus filhos, os quais participaram das duas cerimônias, mal disfarçando seu despeito. Duryodhana, vendo seu detestado primo no trono, querido e homenageado por todos, encheu-se de inveja e tornou-se seu declarado inimigo, não podendo suportar seu esplendor e poderio. Sabia que era impossível derrotá-lo pela força. Como sabia que Yudishthira era apaixonado pelos jogos de azar, encontrou na fraqueza de seu primo a maneira de perdê-lo. Combinou com seu tio Sakuni, habilíssimo no jogo de dados, um plano para arruinar Yudishthira, usando dados falsos. Sakuni deveria reter Yudishthira por longo tempo no jogo, até que ele perdesse tudo que possuía. Na antiga Índia, diz a lenda, se um Kshatriya fosse desafiado ao combate, era seu dever aceitar o desafio e combater a todo custo, sob pena de ver menosprezada sua honra. Da mesma forma não podia recusar um desafio para jogar dados. Dessa maneira Yudishthira não pôde esquivar-se à armadilha, e embora ele fosse a encarnação de todas as virtudes como Kshatriya e como rei, não pôde deixar de aceitar o desafio de Sakuni. Dessa forma foi perdendo partidas e mais partidas e, na ânsia 4
O combate entre Kshatriyas era o meio usual e legal, naquela época, para resolver qualquer disputa.
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de recuperar o que já havia perdido, e na esperança de uma desforra, foi apostando e perdendo tudo que possuía, inclusive o reino, seus irmãos, e até a formosa Draupadi. Assim os Pândavas caíram nas mãos dos Kauravas, sendo humilhados ao extremo, e a delicada e bela Draupadi tratada como escrava e submetida a terríveis humilhações. Finalmente o rei Dhritarashtra interveio e lhes permitiu tomar posse novamente de seu reino, devolvendo-lhes a liberdade. Porém o astuto Duryodhana, vendo o perigo, antes que fosse cumprido esse decreto, forçou o pai a confiar a decisão a uma última partida de dados entre Pândavas e Kauravas. O grupo que perdesse seria desterrado por doze anos, no fim dos quais ainda teria que viver um ano incógnito, em outra cidade. Se o desterro fosse quebrado, sofreria o castigo por mais doze anos, e somente então recuperaria o trono. Como os dados usados por Sakuni eram falsos, era de se esperar que Yudishthira perdesse, e assim sucedeu. Os Pândavas tiveram que abandonar o reino e foram viver nos bosques e montanhas onde, por doze anos, viveram uma vida austera, realizando ações de virtude e valor, empreendendo muitas vezes peregrinações a lugares sagrados, aperfeiçoando sua vida interior e cultivando os dotes da alma. Muitos Yogues os visitavam em seu desterro e lhes enriqueciam o espírito com seus conselhos, ensinamentos, narrações e histórias construtivas. – Muitas dessas histórias e Ensinamentos fazem parte do Mahabhárata. Porém o ódio de Duryodhana os acompanhou mesmo no desterro, muitas armadilhas lhes foram preparadas, e muitas ciladas para tirar-lhes a vida foram tramadas contra eles. Porém, todos estes intentos de más ações dos Kauravas sempre fracassavam. Quando se aproximava o décimo terceiro ano de exílio imposto aos Pândavas, um Yaksha5, para testar Yudishthira, fez cair como mortos, um a um, seus quatro irmãos que se aproximaram de um regato para apanhar água. Vendo que seus irmãos não voltavam, foi ele ver o que 5
Yakshas são uma espécie de gênios ou semideuses servidores de Kubera, o deus das riquezas, e guardiães de seus tesouros. São geralmente considerados inofensivos e por isso são chamados Punyajanas (boa gente). É um elemental com certos poderes. Porém, o Yaksha em questão era um disfarce de um Ser superior. São referidos também, às vezes, como demônios ou seres de má influência.
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havia acontecido. O Yaksha lhe disse que, se ele não respondesse satisfatoriamente suas perguntas, seria o quinto cadáver; porém, se as respondesse, poderia levar a água que quisesse e seus irmãos seriam salvos. O Yaksha lhe fez então perguntas de difícil resposta, de fundo profundamente filosófico, às quais Yudishthira respondeu com grande sabedoria, deixando satisfeito o Yaksha, que lhe disse: — Eu sou o Dharma, o Deus da Justiça, e vim para pôr-te à prova. Teus irmãos não morreram; tudo foi obra de minha magia. Posto que consideras a abstenção de toda injúria superior ao prazer e ao luxo, teus irmãos viverão, ó vencedor de teus inimigos e fortaleza dos Bháratas! Em suas respostas Yudishthira havia demonstrado ser mais que um filósofo, que um Yogue e que um rei. Ele era um grande Sábio. O Yaksha então lhes recomendou que se refugiassem, durante esse último ano de desterro, no reino de Virat, e que ali vivessem disfarçados para não serem reconhecidos pelos sequazes de Duryodhana, os quais os procuravam por toda parte. Obedientes ao conselho do Yaksha, buscaram o reino de Virat e entraram para o serviço doméstico do palácio real. Yudishthira foi o Brâhmane (Sacerdote) da corte; Bhima, cozinheiro; Arjuna, disfarçado de eunuco, foi nomeado mestre de música e dança da princesa Uttara, ficando alojado nas habitações particulares do rei; Nakula foi admitido como escudeiro; Sahadeva, como boieiro; Draupadi e Kunti, como camareiras, foram admitidas ao serviço pessoal da rainha. Assim a família permaneceu unida e conseguiu cumprir os treze anos de desterro, permanecendo incógnita e livrando-se das perseguições de Duryodhana, que tudo havia feito para descobri-los, sem resultado. Ao completar o décimo terceiro ano de desterro, havendo os príncipes cumprido estritamente as regras do que foi estipulado, Yudishthira enviou um emissário ao rei Dhritarashtra intimando-o o cumprir sua palavra, devolvendo-lhe a metade do reino que novamente lhe pertencia, de acordo com o que havia sido combinado. Duryodhana odiava seus primos e se negou, em nome de seu pai, a devolver o trono e o reino que, por direito, lhes pertencia. Em vista dessa negativa, os Pândavas enviaram novo emissário pedindo ao rei que
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pelo menos lhes devolvesse a soberania sobre cinco cidades do reino, o que também foi negado por Duryodhana, o qual respondeu que, a não ser pela força das armas, não cederia nem sequer a terra que desse para sustentar a ponta de uma agulha. Dhritarashtra sempre se bateu pelo restabelecimento da paz, porém, em vão. Sri Krishna também interveio, bem como os Anciãos do Reino, no sentido de preservar a paz e evitar uma guerra fratricida iminente, com a morte certa de guerreiros, amigos e parentes do mesmo sangue. Porém todos os argumentos foram em vão, e as negociações no sentido de uma justa e pacífica partilha do reino fracassaram. (Veja referência a este episódio da história e sua explicação na ―Introdução ao Estudo da Gita‖, nesta primeira parte do livro.) Na impossibilidade de fazer a paz, Devido à obstinação de Duryodhana, ambos os grupos se prepararam para a guerra. De acordo com os antigos costumes dos Kshatriyas, todos os reinos belicosos tomaram parte no conflito. Yudishthira enviou mensagens aos reis vizinhos solicitando sua aliança, com a certeza de que seria atendido. Nenhum deles deixaria de atender a um pedido desse chefe honrado, íntegro, justo e sábio, principalmente sendo um pedido de auxílio no sentido de reconquistar o reino que lhe pertencia. Duryodhana também lançou mão desse recurso, sendo atendidos ambos de acordo com a precedência do pedido, como era a norma dos costumes da época. Assim, alguns se aliaram aos Pândavas, e outros aos Kauravas, disso resultando que cada exército tinha parentes, amigos, mestres, discípulos, pais, irmãos ou filhos no exército oposto. Ambos os exércitos buscaram obter a aliança de Krishna, mas Este não tomou parte ativa na contenda, porém, Se ofereceu para conduzir o carro de guerra de Arjuna (Seu discípulo) e atuar como conselheiro dos Pândavas; como compensação, cedeu aos Kauravas todos os guerreiros que estavam sob Suas ordens. Yudishthira e Duryodhana chefiavam seus respectivos exércitos. Como comandantes diretos estavam, do lado dos Pândavas, o valoroso e experto Bhima, filho de Pându e irmão de Arjuna; e do lado dos
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Kauravas, o grande Bhishma, o ancião, tio-avô tanto dos Kauravas quanto dos Pândavas6. Os dois exércitos, pondo-se em marcha, encontraram-se frente a frente no campo de Kurukshetra, a sagrada planície de Kuru (o Campo do Dever). A qualquer momento iria começar a batalha, pois em ambos os exércitos os combatentes, cheios de impaciência, formados em ordem de batalha, já tinham armados seus arcos, esperando somente a ordem para começar o combate. Em tão críticos momentos, Arjuna pede a Sri Krishna para postar Seu carro entre os dois exércitos, a fim de que ele possa avaliar o poderio de ambos, e principalmente daqueles contra os quais deveria lutar. Ao contemplar os dois exércitos de perto, prontos para a batalha, ele se acovarda e, cheio de dor e sofrimento, horrorizado ao ver seus parentes e amigos como antagonistas integrando ambas as hostes, deixa cair seu arco e declara a Krishna que se deixará matar sem resistência, antes de levantar sua arma contra aqueles em cujas veias corria o mesmo sangue que o seu. Krishna (o Homem-Deus, que guiava seu carro de guerra) faz Arjuna ver seu lamentável erro ao adotar semelhante resolução, expondolhe então os sublimes Ensinamentos da Bhagavad Gita (o Canto Celestial). Aconselhado por Sri Krishna, Arjuna desce de seu carro e entoa o Hino de adoração à Deusa Durga7 (um dos Aspectos da Suprema Deusa Yoga-Devi) e, fortalecido pela Graça da Iniciação conferida pela Deusa, se sobrepõe ao anterior estado de debilidade emocional em que se
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Como o rei Vichitravirya morreu sem deixar herdeiros, seu meio irmão (por parte de mãe) Krishna Dwaipâyana tomou por esposas suas viúvas, e seus dois filhos Dhritarashtra e Pându passaram por filhos de Vichitravirya. Por isso Bhishma, irmão deste somente por parte de pai, era considerado o ―ancião tio-avô‖ dos Kurus, isto é, dos Pândavas e Kauravas, pois todos tinham os mesmos ascendentes, de acordo com o exposto, pertencendo ambos ao mesmo ramo, isto é, aos Kurus. O ramo descendente de Dhritarashtra conservou seu sobrenome patronímico, porém os Pândavas adotaram este sobrenome, que significa ―Filhos de Pându‖. 7 O Maha-Siddha-Mantra contido no Capítulo I desta Bhagavad Gita.
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encontrava, toma parte ativíssima na batalha, e os valorosos príncipes Pândavas vencem a guerra8. Pereceram no combate Drona, Karna, Duryodhana com todos os seus irmãos, e milhares de guerreiros de ambas as partes. A guerra durou dezoito dias, terminando com a morte de Duryodhana e a vitória dos Pândavas. Com a vitória obtida no campo de Kurukshetra, Yudishthira recuperou o reino e o trono de Hastinapura. Bhishma, o sábio e venerando guerreiro (o ancião tio-avô dos Pândavas e dos Kauravas, e que educou os príncipes Pândavas), que foi gravemente ferido no décimo dia da batalha, deu a Yudishthira (em seu leito de morte), instruções a respeito dos deveres de um rei, das quatro castas, das quatro etapas da vida humana, das leis do matrimônio, da concessão de favores, etc., baseado nos Ensinamentos dos antigos Sábios, preparando-o para ser um rei justo, bom e sábio. Explicou-lhe também as filosofias Sankhya e Yoga, falando-lhe sobre as numerosas tradições referentes aos Deuses e aos reis. Esses ensinamentos formam a quarta parte do Mahabhárata, e são um grande conjunto de leis, costumes e códigos de moral da antiga Índia. Yudishthira foi coroado rei pouco tempo depois, porém em seu coração pesava o sentimento de culpa por tanto sangue derramado, pela morte de tantos parentes, mestres e amigos. Celebrou, por isso, aconselhado por um Vyasa, um grande Yagna (ritual de sacrifício) e muitas austeridades. Dhritarashtra viveu mais quinze anos no palácio, honrado e obedecido pelos príncipes seus sobrinhos. Sentindo-se velho e enfermo, retirou-se para o deserto em companhia de sua abnegada esposa e de Kunti, a mãe dos Pândavas, para terminar seus dias como asceta. Depois de trinta e seis anos de reinado, Yudishthira soube que Krishna, seu Divino e Sábio amigo e parente, havia deixado o plano físico. Havendo sido comprovada Sua partida, ele e seus irmãos ficaram 8
O Diálogo (considerado sagrado) travado ali mesmo no campo de batalha, naquele grave momento, entre Sri Krishna (o Homem-Deus) e Arjuna (Seu discípulo), e apresentado na Bhagavad Gita, é o mais importante dos episódios que compõem o Mahabhárata.
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muito consternados, e declararam que também eles se retirariam, pois havia chegado a hora de empreender sua caminhada final, em busca de seu amado Divino Amigo. De acordo com os costumes da Índia antiga, quando um homem chegava à decrepitude, Devia renunciar às coisas do mundo e retirar-se para o ascetismo, ou empreender viagem, a pé, até os Himalayas, em completo jejum, com o pensamento firme em Deus, até morrer de inanição. Era crença de que para se chegar ao Céu (de acordo com a Mitologia Hindu), era necessário atravessar os altos picos dos Himalayas, além dos quais se acha o Sagrado Monte Meru, em cujo cume está o Céu, a Morada dos Deuses. Os cinco príncipes e Draupadi, tendo à frente Yudishthira, empreenderam a sagrada viagem com a roupa do corpo, sem levar nenhum alimento, já que deveriam todos guardar estrito jejum. Durante a caminhada notaram que um cão os acompanhava. Seguiram caminhando, chegaram aos Himalayas, e já avistavam o Monte Meru quando a rainha Draupadi caiu morta. Bhima avisou Yudishthira; ele chorou, e respondeu sem olhar para trás: — Vamos ao encontro de Krishna e não há tempo de olhar para trás; sigamos em frente. O mesmo foi sucedendo com seus irmãos, os quais foram morrendo um a um, e Yudishthira chorava e seguia em frente, sem olhar para trás. Por fim, só o acompanhava o fiel cão, que não o abandonou um só momento. Os dois caminhavam sem se deter, subindo encostas, de cume em cume, através do gelo e da neve, até chegar às faldas do Monte Meru, onde o rei ouviu celestiais harmonias e recebeu copiosa chuva de flores que os Deuses derramaram sobre ele. Neste momento desceu do Céu o Deus Indra na carruagem dos Deuses e lhe disse: — Sobe nesta carruagem, ó tu, o mais excelso dos mortais! Somente a ti é concedido entrar no Céu em corpo e alma. Ele respondeu que não queria entrar no Céu sem seus irmãos e Draupadi; Indra lhe respondeu que eles já estavam lá.
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Então Yudishthira fez sinal ao cão para que subisse na carruagem com ele. Indra, assombrado, lhe disse que afastasse o cão, pois que a um cão não era permitido entrar no Céu, e lhe perguntou: — Que vais fazer, ó grande rei, tu que és o mais virtuoso da raça humana, e a quem foi permitido o excepcional privilégio de entrar no Céu em corpo e alma? No Céu não é permitido entrar homens acompanhados de cães; deves abandoná-lo sem receio de cometer uma injustiça. Yudishthira lhe respondeu: — Sem o cão não irei para o Céu; nunca abandonarei aquele que me acompanhou fielmente, que se aliou a mim e não me abandonou quando a rainha e meus irmãos morreram. Comigo ele estará enquanto eu viver. Jamais me afastarei da retidão, nem pelas delícias do Céu, nem pelas insinuações de um Deus! Disse-lhe então Indra: — Somente com uma condição ele entrará no Céu. Tens sido o mais virtuoso dos mortais, e o cão um devorador da carne de outros animais. Ele está cheio de pecados por haver destruído outras vidas. Renuncia tu ao Céu e o cão entrará em teu lugar. Yudishthira disse: — Aceito. Que o cão vá para o Céu em meu lugar! Ao pronunciar Yudishthira estas palavras, o cão se transformou no Deus Yama, o Senhor do Dharma, da Justiça e da Morte, o qual se havia disfarçado em cão para provar Yudishthira. Disse Yama: — Ó Rei, jamais houve homem tão abnegado como tu, pois quiseste renunciar ao Céu e anular tuas virtudes em benefício de um cão, condenando-te ao inferno ao assumir seus pecados. És nobilíssimo, ó Rei dos reis! Tens compaixão de toda criatura, ó digno representante dos Bháratas! Desde já são tuas as regiões da Felicidade Permanente. Tu as conquistaste, e o Céu é teu! Yudishthira, Indra, Yama e outros Deuses presentes se dirigiram para o Céu na divina carruagem. Lá Yudishthira passa pelas Provas Iniciáticas, banha-se no Ganges do Swarga, e adquire um corpo celestial.
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Encontra-se com Draupadi, com sua mãe e com seus irmãos, e todos vão ao encontro de seu amado Senhor – Krishna – e gozam de eterna felicidade. Assim termina o Mahabhárata. ***
COMENTÁRIO É claro que Bhagavan Sri Krishna e Arjuna, apresentados na Gita como Mestre e Discípulo, os quais foram Avataras de Naráyana e Nara, não vieram à Terra somente para trazer aos homens a Mensagem contida no Sagrado Diálogo da Bhagavad Gita, cujos transcendentais Ensinamentos são a expressão do Yoga-Brahma-Vidya (ou Ciência Sintética do Absoluto). Porém, se o legado de tal tesouro fosse Sua única missão já seria, por si só, uma grande bênção para a humanidade. Sendo Sri Krishna um Mahavatara do Senhor Naráyana (segundo os Śuddhas), e Arjuna Avatara de Nara, o Representante e Porta-voz da humanidade perante o Ishwara terrestre, Suas presenças no mundo foram uma gloriosa bênção para os homens. Eles vieram à Terra no limiar da Kali-Yuga para restabelecer o Dharma (a Lei), num dos períodos mais críticos que atravessava a humanidade, em que imperava no mundo o Adharma, levando a civilização daquela longínqua época, a passos largos, em direção à decadência e degradação total. A Missão e atuação de Sri Krishna anterior à Gita, isto é, à batalha relatada no Mahabhárata, tem sido pouco divulgada no Ocidente, pois o conhecimento da literatura que existe sobre as maravilhas de Seu nascimento (as circunstâncias em que se deu), e de Sua vida e atuação como Avatara (desde a infância à juventude) no desempenho de Sua grande Missão, bem como sobre a impressionante semelhança de Seu nascimento e de muitas passagens de Sua vida com a história da vida de Jesus, é privilégio de relativamente poucos, apesar do grande interesse atual pela Literatura Oriental. A Missão dos dois Avataras, cujos ecos chegam até nós, foi sublime, culminada pelo Sagrado Diálogo da Gita, o qual sintetiza toda a essência dos Ensinamentos, códigos de moral, e todo o roteiro que devem
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seguir aqueles que buscam a Realização Espiritual e a conseqüente Liberação (Moksha), não somente para os Egos evolucionantes no planeta naquela época longínqua, como também para a civilização atual e vindouras. Seus Ensinamentos são a expressão do Sanátana-Dharma, isto é, da Eterna Lei (ou Śuddha Dharma), a Lei Pura, benéfica para todos os seres, em todos os tempos e lugares. Apesar de Sri Krishna ser referido no Mahabhárata como um Homem-Deus, um Ser de altíssima evolução espiritual, as referências a Ele neste resumo são muito pobres em detalhes e dizem relativamente pouco sobre Sua gloriosa vida, sobre Sua grandeza e atuação como Avatara dos mais elevados que já desceram à Terra. Do grande legado desses dois transcendentes Seres que desempenharam os papéis de Sri Krishna e de Arjuna, a Bhagavad Gita é o mais precioso tesouro, a jóia mais valiosa. A sublime Missão que desempenharam no mundo (da qual o tempo não pôde apagar a história), jamais será esquecida pela humanidade, pois sua memória será sempre alimentada pela maravilhosa Mensagem da Gita, a qual tem sido zelosamente cuidada pelos Mestres da Divina Hierarquia, através dos milênios, para que chegasse aos nossos dias em toda a sua integridade e pureza originais. Não temos dúvidas de que Eles continuarão cuidando para que ela chegue também às civilizações vindouras, tão íntegra e fiel como a recebemos agora de Suas amorosas mãos.
ALGUMAS PALAVRAS SOBRE O MAHABHÁRATA A história do Mahabhárata, e o porquê da batalha realizada entre parentes descendentes do mesmo ramo de uma família real para disputar um trono, parece não ter sido considerada muito importante pelos inúmeros tradutores e comentaristas da Bhagavad Gita tradicionalmente conhecida entre nós. Como é uma Obra monumental (o Mahabhárata), porém relativamente pouco conhecida do grande público ocidental e talvez do mundo inteiro (a não ser de nome, pois poucos a possuem), achamos que seria interessante, para o leitor que não a conhece, saber algo sobre ela, ainda que superficialmente, super resumida como a apresentamos aqui. Assim o leitor entenderá melhor a Mensagem da Gita,
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conhecendo algo de cada personagem, e entendendo a trama dessa história mesclada de lenda e misticismo, cujo final é tão belo e tão poético que consegue enternecer e comover a alma, pelos exemplos contidos nela, de nobreza, de fé e confiança absoluta n‘Aquele Divino Amigo, o Homem-Deus, Bhagavan Sri Krishna, o Qual foi, na antigüidade, e ainda hoje é, na Índia e no Oriente, o mesmo que Jesus é para nós ocidentais na atualidade, bem como para todos os Cristãos no mundo inteiro – veja no glossário o termo Avatara. H. T. W.
SIMBOLISMO Para maior compreensão da Mensagem contida na Bhagavad Gita, é interessante uma explicação do simbolismo e significado de algumas palavras e nomes de alguns dos personagens citados nesta Obra, pois vale a pena saber para melhor entendê-la. Bhagavad Gita – Literalmente ―O Canto do Senhor‖. ―Bhagavad Gita‖ pode ser traduzido livremente como ―O Canto do Senhor‖, ―Canto Celeste‖, ―A Sublime Canção‖, ―A Mensagem do Mestre‖, etc. – ―Gita‖ significa canto, canção, poema; pronuncia-se ―Guita‖. Bhagavad – É uma variação de ―Bhagavant‖ ou ―Bhagavat‖ (conforme o caso). ―Bhagavan‖ significa literalmente Senhor. Como substantivo significa Bem-aventurado, glorioso, santo, sagrado, excelso, etc. Krishna – Representa o Homem-Deus, a Mônada, a Centelha Divina ou o Cristo, manifestado no coração etérico do ser humano, isto é, o Eu Superior ou Individualidade, que realmente dirige sua evolução. Arjuna – Representa ―o homem‖ em seu processo evolutivo (o Jiva ou a Alma Individual em evolução) ainda sujeito ao Samsara, isto é, ao processo samsárico mundanal, preso à roda dos nascimentos e mortes e às contingências do plano material. ―Eu‖, ―Me‖, ―Mim‖, etc. – Referem-se ao Atma, isto é, à Divindade ou Cristo que habita no coração de cada um de nós, seres humanos, como o ―eterno e sempre presente Morador Interno‖; é o Eu Sou, o Ser Real. Pându – é o representante do Elemento Espiritual Superior no homem, é o Intelecto ou Buddhi, a Inteligência Pura. Pândavas – São as Forças Superiores do Espírito, decididas a lutar contra o mal, as quais formam um poderoso exército, pronto a lutar por uma causa justa, porém sem ódio, mas com determinação de alcançar a vitória, vencendo as forças do mal. São as forças da Individualidade. Kauravas – Representam as forças inferiores da alma humana, os baixos instintos, paixões, emoções pervertidas, vícios, etc., formando
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também um belicoso exército, pronto a defender os domínios de seu rei, o ―usurpador do trono‖, isto é, a personalidade humana. Bhima – Literalmente significa ―terrível‖; a Vontade Espiritual. Bhima era famoso por sua força e bravura. Era o 2o dos príncipes Pândavas. Atuava como Comandante do exército Pândava, sob as ordens do soberano Yudishthira, seu irmão mais velho e herdeiro legal do trono dos Kurus. Bhishma – Também significa, literalmente, ―terrível‖ (o mesmo que Bhima), porém, na acepção de terror e egoísmo. Bhishma era o comandante do exército Kaurava, isto é, das forças inferiores. Estas forças são, nesta história, dirigidas pelo Egoísmo (Bhishma), obedecendo às ordens da Obstinação (Duryodhana), enquanto o exército dos Pândavas, que representam as Forças Espirituais Superiores, obedecem à Vontade Divina, pois seus comandantes atuam sob a orientação de Krishna (o Homem-Deus), que é o Conselheiro e o Mestre, tanto de Arjuna como também dos outros príncipes Pândavas. Dhritarashtra – Representa a vida material; instinto; forças cegas (não necessariamente más), que atuam de acordo com as circunstâncias e influências, podendo ser dirigidas pelo bem ou pelo mal. Duryodhana – Obstinação. Literalmente ―difícil de vencer‖. O ―mau combatente‖, isto é, que luta desonesta e traiçoeiramente, por uma causa má ou injusta. Sanjaya – Era o fiel Secretário e cocheiro do rei Dhritarashtra, ao qual foi concedido o divino privilégio de ouvir o Sagrado Diálogo entre Sri Krishna e Arjuna, através da audição sutil que lhe foi outorgada por divina graça. Por ser cego seu rei, portanto incapaz de acompanhar os acontecimentos, Sanjaya lhe foi narrando, passo por passo, toda a batalha, bem como o Diálogo que teve o merecimento de ouvir. Hastinapura – Literalmente, ―Cidade dos Elefantes‖. Era a capital do reino dos Kurus, pela posse da qual foi travada a batalha que deu origem ao Mahabhárata. Estava situada a pouca distância da moderna Delhi.
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Os outros heróis e personagens citados como contendores de ambos os lados, representam forças intelectuais, artes, ciências, faculdades e qualidades (tanto positivas como negativas), paixões, vícios, maus hábitos e tudo a que o homem está apegado Devido à sua ignorância e falta de discernimento átmico, e que o prende ao plano material como grilhões, atrasando sua evolução. Os carros e cavalgaduras representam os corpos físicos através dos quais aquelas forças se manifestam no ser humano. As forças negativas (simbolizadas pelo exército inimigo), vistas pelo prisma da evolução, atuam (inconscientemente) como nossos amigos e mestres, pois é através delas que adquirimos as experiências necessárias à nossa evolução, por serem elas os agentes que nos levam à dor e ao sofrimento (pela lei do Karma – causa e efeito), os quais atuam como buril no aperfeiçoamento da alma humana. H. T. W.
O MAHABHÁRATA E A GITA QUE É O MAHABHÁRATA? O Mahabhárata, um dos mais famosos e antigos Poemas Épicos da Índia, é a história de duas famílias reais inimigas, ambas descendentes do grande Rei Bhárata, da Dinastia Lunar da Índia1, as quais disputavam entre si o trono. Essa disputa originou a famosa batalha que deu nome a esta Obra monumental. Literalmente, Mahabhárata significa ―a Grande Guerra dos Bháratas‖. – Maha significa ―grande‖, e Bhárata equivale a ―descendentes de Bhárata‖. Mahabhárata pode também ser traduzido como ―História dos Grandes Descendentes de Bhárata‖ (em uma tradução livre). Este grande Poema, que inclui como um de seus principais episódios a Bhagavad Gita, bem como um esboço do também famoso Poema Épico ―O Ramayana‖, é provavelmente o mais extenso do mundo, pois, com o tempo, foram sendo acrescentados à composição original numerosos versos contendo lendas, narrações, trechos históricos e ensinamentos filosóficos que se envolvem e se relacionam com o trecho principal, formando assim uma volumosa obra, a qual contém 220.000 versos divididos em 18 livros ou ―parvas‖. A Bhagavad Gita, o mais importante dos livros que integram esta grande Obra, é um dos maiores tesouros da humanidade, fonte divina do saber humano, cujos Ensinamentos, em seu conjunto, são referidos pelos Mestres Śuddhas como o ―Yoga-Brahma-Vidya‖ ou a ―Ciência Sintética do Absoluto‖, a qual é a base fundamental da Doutrina Filosófica dada a conhecer pelos Mestres do ŚUDDHA DHARMA MANDALAM, freqüentemente citada em toda a Literatura Śuddha. A Gita, como é comumente chamada, é também considerada como a base de outras religiões filosóficas orientais, sendo uma das maiores, mais respeitadas e veneradas Obras
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Na Índia existiram duas dinastias: a Lunar ou Somavanza, e a Solar ou Suryavanza, as quais correspondiam às Dinastias do Egito e da Caldeia: a humana e a Divina.
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filosófico-religiosas, tão importante para os orientais como a Bíblia Sagrada o é para os cristãos. Não há concordância, entre os orientalistas, sobre a época em que foram compostos a Gita e o Mahabhárata, porém não há a menor dúvida de que são sumamente antigos. Os MAIORES do Śuddha Dharma Mandalam afirmam que essa memorável batalha foi realizada realmente em plano físico há muitos milênios, não sendo portanto somente uma lenda, como pode parecer, e a idade da Gita deve ser sincronizada com a época em que aconteceu a referida batalha no Campo de Kurukshetra; porém, como foi dito acima, não se pode provar quando ela aconteceu. O Mahabhárata é uma Obra na qual a realidade permanece semiencoberta pelo véu da alegoria e da lenda, tanto mesclada de simbolismo e beleza, como repleta de ensinamentos preciosos, na qual a luta do Bem contra o mal é uma constante, luta das grandes forças asúricas (demoníacas) contra as Forças Divinas, as quais se entrechocam, até que as Forças Divinas saem vitoriosas, no final da história. Quanto à realidade que está por trás de tudo isso, muitas perguntas surgem na mente do estudante, não só do principiante no caminho espiritual, mas também na de muitos que já têm mais conhecimentos e estão mais avançados na Senda, para os quais muitos fatos ligados a esta história continuam a ser um enigma. Talvez a falta de informação, pelo fato de relativamente poucas pessoas disporem de um exemplar do Mahabhárata, e das edições conhecidas da Bhagavad Gita não trazerem um resumo sequer desta história (fato que impede o leitor de conhecer a trama, o conteúdo místico, os personagens e o papel desempenhado por cada um), tenha contribuído para que o estudante se ocupe somente do estudo da Gita, sem dar importância à história que originou esse Sagrado Diálogo. Isso é lamentável, pois ela esclarece sobre a razão da luta e o porquê dos Ensinamentos dados por Sri Krishna a Arjuna, bem como o motivo do súbito desânimo e aparente covardia de Arjuna diante da batalha iminente, debilidade que seria inexplicável, tratando-se ele de um Kshatriya, um guerreiro de casta real. É portanto de grande utilidade conhecer o desenrolar da história para entender plenamente o sentido, a finalidade e a importância desse Diálogo, o qual é um tratado completo
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de Sabedoria Transcendental, a qual norteia a evolução do aspirante em direção à mais elevada Meta do ser humano, a realização de seu próprio Ser. Desde que me interessei pela Bhagavad Gita, há mais de quarenta anos, sobretudo durante os longos anos de meu trabalho, tenho observado, tanto entre aqueles que a conhecem, como entre os que a estudam com mais consciência do que ela é ou representa, um grande interesse em saber algo mais sobre seus Personagens, sobre seu Autor (quem era ele, e quando escreveu a história e a Gita), sobre a causa da guerra entre Pândavas e Kauravas, o porquê da inimizade entre as duas famílias reais, etc. A grande maioria das pessoas a quem perguntei sobre este assunto não tinha nenhuma informação além da que é dada no primeiro capítulo da Gita, isto é, apenas uma vaga noção com a qual não se pode formar uma idéia nítida dos acontecimentos que deram origem à batalha, nem ao Diálogo. Falei a várias pessoas de diversos níveis de conhecimento (principiantes e estudantes mais avançados) sobre minha intenção de publicar um resumo do Mahabhárata junto com o texto da Gita, bem como um artigo à parte buscando esclarecer algo sobre os assuntos referidos antes, e perguntei o que pensavam. Sem exceção, todos me incentivaram a levar a cabo este intento, julgando que seria uma grande ajuda e um incentivo para aqueles que não conseguem penetrar a Gita, e por isso não se interessam mais profundamente por ela, como também para muitos que a estudam, mas que se limitam somente ao texto propriamente dito, pois os assuntos propostos (referidos antes) são realmente nebulosos e permanecem, para a grande maioria dos estudantes, somente como lenda. Este artigo foi escrito, portanto, no intuito de ajudar aqueles que não dispõem de nenhuma ou quase nenhuma fonte de informação (e pouco sabem sobre o assunto) a compreender a importância desse conhecimento e, compreendendo, interessar-se mais por esta maravilhosa Obra e pelo estudo perseverante, mais consciente e aprofundado da Gita. Este artigo é dedicado ao estudante buscador, principiante ou não no caminho espiritual, cuja mente indagadora está sempre cheia de perguntas, buscando, procurando entender as coisas, e formulando
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hipóteses plausíveis para aquilo que para ele não está bem claro. Com estudo ordenado e detalhado de alguns dados e fatos, será possível compreender, com mais base, as explicações contidas no artigo ―Introdução ao Estudo da Gita‖ dadas pelo Dr. Subrahmanya Iyer (uma autoridade digna de fé) sobre seus Personagens e sua composição como drama, bem como refletir sobre as hipóteses apresentadas aqui sobre Vyasa, o Autor da Gita e do Mahabhárata, etc. Creio que muito do que estiver nebuloso ou inexplicável na mente do estudante será esclarecido, e que muitas perguntas talvez sejam respondidas, senão plenamente, pelo menos em parte, pois fatos acontecidos há milênios, quando a humanidade vivia sob outras Leis, em uma época em que os Seres Divinos conviviam com os homens e os orientavam mais de perto, na qual eram outros os costumes, como também a civilização, não podem ter outra explicação que nos satisfaça plenamente, pois estão, tanto a história como os personagens, envoltos em mistério e lenda, entre a realidade e o mito. Cada um chegará, por si, à conclusão que mais o satisfaça, tendo dados e hipóteses que sirvam de ponto de partida para suas reflexões. Porém, não devemos nos esquecer de que a Bhagavad Gita, apresentada como um Diálogo entre Sri Krishna e Arjuna, é uma composição dramatizada por Vyasa, no intuito de firmar na mente do povo ariano, para o qual ele a escreveu, os Transcendentes Ensinamentos dados a Arjuna, o que não seria conseguido ―se a Gita fosse uma mera complicação árida de Metafísica Oculta‖, como diz o Dr. Subrahmanya na ―Introdução ao Estudo da Gita‖.
QUEM FOI VYASA Segundo sérios pesquisadores, o Autor da Gita e do Mahabhárata foi um grande Rishi de nome Krishna Dwaipâyana, chamado ―o Vyasa‖2.
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Vyasa significa literalmente ―aquele que desenvolve um tema, que o amplia e interpreta‖; é um Revelador, porque o que ele explana, interpreta e amplia é um mistério para o profano. Este termo foi aplicado na Índia, desde a antigüidade, aos mais elevados Gurus. Houve numerosos Vyasas na Índia desde eras remotas; Krishna Dwaipâyana é o
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Porém, este não pode ter sido o mesmo Krishna Dwaipâyana, também denominado ―o Vyasa‖, o qual foi o verdadeiro pai de Dhritarashtra e de Pându, pois este, que vem a ser avô tanto dos Pândavas como dos Kauravas (segundo diz o próprio Mahabhárata, e como afirma o Swami Vivekananda em ―Epopéias da Índia Antiga‖), faleceu quando seus dois filhos eram ainda menores de idade. Daí se depreende que o Autor do Mahabhárata, e conseqüentemente da Gita, é outro Vyasa que teve o mesmo nome e que viveu em uma época posterior, porém muito menos recente do que se diz. Sabendo que os personagens são verdadeiros, que existiram; que a batalha aconteceu de verdade no plano físico; que o Diálogo, embora apresentado como drama, realmente aconteceu, pois os Ensinamentos contidos nele atestam isso pela sua transcendência; que a história é verdadeira e não uma lenda somente (apesar de estar mesclada de simbolismo e misticismo); enfim, se tudo isso aconteceu realmente, e há tantos milênios, como pode ser que a história tenha sido escrita tão mais tarde (fala-se de uns 5.000 anos somente, mas, segundo os Śuddhas, é muitíssimo mais antiga), com tanta riqueza de detalhes? A sabedoria, profundidade e transcendência dos Conhecimentos transmitidos na Gita, de que maneira foram preservados? Como foram registrados para não serem alterados nem corrompidos durante tantos milênios? Quem poderia, e de que maneira, haver captado com tanta fidelidade, tão minuciosamente detalhada, a longa e complicada história que envolveu Pândavas e Kauravas (o resumo publicado neste livro é apenas uma super-resumida síntese), e principalmente o Diálogo entre Krishna, o Homem-Deus, e Arjuna, Seu Discípulo? Quem seria realmente esse ―Vyasa‖ que legou à humanidade tão preciosa jóia, esse manancial de Conhecimentos Divinos e Ensinamentos Superiores que tem vertido e continua vertendo Luz, iluminando o caminho dos homens? Estas são perguntas que normalmente surgem na mente do estudante, principalmente do principiante no caminho espiritual e no estudo das Escrituras Sagradas da Índia, quando ele não tem ainda idéia do que seja um Rishi, um Siddha, ou um Vyasa. Na realidade é muito mais renomado Vyasa dos que se tem notícia, pelas obras que escreveu e compilou, como o Mahabhárata, a Vedanta e diversos Puranas.
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difícil para um ocidental (de mente tão analítica) conceber a estatura espiritual de um Ser já realizado como esses (que já estão muito além do ser humano comum, por mais elevado que ele seja), cuja sabedoria, poder e iluminação fogem ao alcance da mente dos seres humanos encarnados presentemente na Terra, com exceção de muito poucos. Na antigüidade esses grandes Seres, que eram muito mais que seres humanos, que eram considerados como Semideuses por sua sabedoria e santidade, encarnavam entre os homens e conviviam com a humanidade para ajudá-la e guiá-la em sua evolução. Eles sempre estiveram presentes entre os homens, e ainda estão, porém cada vez mais ocultos, atuando de forma velada e sutil, só poucas vezes abertamente. Porém, a maioria quase absoluta dos homens atualmente encarnados na Terra não tem capacidade de reconhecê-Los. Poucos são os que se dão conta de Sua presença no mundo como seres encarnados; não obstante Eles continuam presentes, embora pareça o contrário, pois Sua atuação é oculta e silenciosa. Voltando a Vyasa, o Autor da Gita, uma hipótese provável, a qual deve ser levada em consideração e meditada pelo estudante, é a de que Vyasa, possuindo Visão e Audição transcendentais (como Devia possuir) deve ter captado no Plano Akáshico (numa Visão Transcendental) as idéias, imagens e os Ensinamentos e Conhecimentos contidos na Gita e no Mahabhárata, compondo-os depois na forma do drama e do Diálogo. Impressos nas telas do Akasha, isto é, no Éter Cósmico, estão registrados todos os acontecimentos passados e presentes, tudo o que aconteceu e acontece no mundo e no Universo, como eterno presente. Segundo a Ciência Esotérica, no Akasha estão gravados todos os acontecimentos, os quais podem ser captados por Seres elevados que têm acesso a esses registros, mesmo milênios após o fato haver acontecido, pois o Akasha pode ser considerado como ―a memória do Universo‖. Esta talvez seja a mais plausível das hipóteses a considerar neste caso, talvez a mais aceitável e também a mais lógica. Não podemos afirmar ser esta a verdade, porém a intuição nos diz que é bem provável que seja. Cada estudante deve meditar e tirar suas próprias conclusões. Porém, há uma verdade que devemos levar em consideração, e é a de que o que realmente importa e tem valor não é quem foi o Autor da
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Obra, nem de onde ela veio, e sim os Ensinamentos e Conhecimentos que ela contém, seja qual for sua origem.
A BATALHA – LENDA OU REALIDADE? Com certeza a batalha narrada no Mahabhárata não é um mito, apesar de estar mesclada de simbolismo e alegoria. Segundo os Maiores do Mandalam, ela aconteceu realmente no plano físico, tendo sido iniciada antes das 10 horas da manhã de um domingo, no princípio da Era chamada Kali Yuga, sob a influência da constelação das Pléyades (Sravana), no mês de Karttika (que corresponde a outubro-novembro), no sétimo dia da quinzena luminosa, o qual corresponde ao dia da Lua no Quarto Crescente. Estes dados estão no original desta Śrimad Bhagavad Gita. Os Mestres atestam isso, portanto a batalha não é uma lenda somente, foi real. Eles não o afirmariam se não tivessem certeza de sua veracidade.
AS CONDIÇÕES – O LUGAR E O TEMPO Os Ensinamentos e Conhecimentos contidos na Gita foram realmente transmitidos a Arjuna no campo de batalha, antes de começar a luta, como Satya Sai Baba o confirma. Segundo Vyasa, este Diálogo Sagrado se deu no espaço entre os dois exércitos já prontos para lutar, à espera somente do sinal de seus Comandantes para começar a batalha. Porém, raciocinando com a razão comum da personalidade humana, esta é uma situação anormal, muito difícil de ser compreendida e aceita como verdade, mesmo levando em consideração a elevação espiritual de seus Personagens, a época em que se deram esses acontecimentos, a diferença de costumes e mentalidade dos povos daquela civilização, e em particular as regras que regiam os combates e disputas nos reinos da Índia antiga. Mais adiante falaremos sobre este assunto. Porém, na realidade, o maior mistério que envolve esse Diálogo não é com respeito aos temas altamente filosóficos e espirituais (de Transcendente Sabedoria) tratados nele, mas sim quanto às condições em que ele foi realizado, quanto ao lugar (pelo ambiente perturbador e
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barulhento que deveria reinar ali naqueles momentos precedentes à batalha), e principalmente quanto ao tempo que seria necessário para que ele acontecesse. Como conceber que um longuíssimo diálogo como esse pudesse ter sido realizado naquele lugar, em tão pouco tempo e em tais condições? E ainda mais, entre duas pessoas que não eram alheias aos acontecimentos, mas que tomariam parte ativa na batalha? Como se explica tal absurdo? Realmente tudo isso é inconcebível para a mente do estudante que não tem ainda um conhecimento mais profundo no caminho espiritual esotérico, bem como das possibilidades infinitas do Ser realizado, ainda que encarnado e sujeito às leis do plano material que ele habita. Na ―Introdução ao Estudo da Gita‖ (publicado na primeira parte deste livro), o Swami Subrahmanyananda lança muitas luzes sobre todos estes assuntos. Pode ser que o estudante não se tenha dado conta da importância desses esclarecimentos Devido ao fato de estarem eles entrelaçados com vários outros temas, tão importantes quanto transcendentes. Num artigo tão longo, no qual são tratados tantos assuntos, muita coisa escapa à mente daqueles que ainda não têm as ―antenas bem ligadas‖ e a atenção bem desperta3; por isso é necessária muita atenção no sentido de não deixar passar nada despercebido quanto ao sentido de cada expressão, de cada palavra e de cada nota, para captar seu significado mais profundo. Com essa acuidade mental deve ser feito o estudo de quem está realmente interessado em aprender, em evoluir e em alcançar o verdadeiro Conhecimento. Na citada ―Introdução‖, encontrei muitas respostas às minhas antigas indagações, e espero que o estudante também as encontre, se estudá-la com atenção. Continuemos porém com nosso estudo.
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Por esse motivo usamos abundantemente o negrito para chamar atenção sobre todos os assuntos mais importantes, tanto no referido artigo, como também em outros, quando julgamos conveniente.
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O DIÁLOGO Do ponto de vista do Diálogo em si, pode-se entender que o verdadeiro devoto (já realizado no Caminho Espiritual), já havendo alcançado o perfeito controle da Mente e dos Sentidos, centrado em Si Mesmo, isto é, no Eu Superior, e atento à instrução de seu Mestre (ou Guru) ou à orientação do Cristo Interno, não se distrai nem mesmo no meio da maior confusão, nem mesmo rodeado da atividade e alarido de um campo de batalha (isso foi dito por Sathya Sai Baba, em outras palavras), e esse era o ambiente que cercava Arjuna e Krishna quando Este transmitiu a Arjuna os Transcendentes Conhecimentos que compõem a Bhagavad Gita. Sendo os Personagens desse Diálogo Sagrado Quem eram (isto explicaremos mais adiante), puderam Se abstrair, sem nenhuma dificuldade, do ambiente que os cercava, pois, mente imperturbável e poderosa concentração mental são características comuns aos Seres já realizados, àqueles que já alcançaram a Liberação (Moksha). A concentração de Arjuna naqueles momentos deve ter sido tão profunda, que deve ter ultrapassado a capacidade da mente humana (do ego), e alcançado o Plano da Intelecção Pura, da Intuição Superior (Buddhi), onde não há tempo, nem espaço, pois somente aí vibra a Mente Superior, onde a Alma pode intuir, sem nenhum obstáculo, sem nenhum impedimento nem interferência, livre da influência do ego humano (da personalidade), pois é ele que bloqueia a Intuição mais alta. É o ego (o eu inferior) que analisa, que discute, que vê tudo através da lente opaca da lógica humana, lógica que não tem nada a ver com as Leis que regem os Planos Espirituais Superiores. Somente através da Mente Intuitiva Arjuna poderia ter captado e assimilado integralmente as maravilhas do Conhecimento, contidas nos Ensinamentos que Sri Krishna transmitiu a ele com tanto amor.
O TEMPO Quanto à extensão do Diálogo e ao tempo necessário para que ele acontecesse, seria impossível à mente humana comum aceitar que tivesse sido realizado em tão exíguo espaço de tempo, pouco antes de começar a
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batalha (segundo a Gita, o Diálogo ocorreu no espaço entre os dois exércitos já prontos e impacientes para começar a peleja). O tempo disponível seria insuficiente para qualquer diálogo longo, e muito menos seria para um diálogo tão transcendente, que implicava instrução e aprendizado sobre temas tão sérios e tão profundos, os quais exigiriam longo tempo e uma concentração perfeita para serem entendidos, e muito mais tempo ainda para serem assimilados. A Gita é um perfeito e completo tratado da mais alta Filosofia, a qual abrange todos os ramos da Sabedoria Oculta, tanto no que se refere à evolução humana, como à constituição do Universo, a qual inclui Atma, Shakti e Prakriti, isto é, Espírito, Energia e Matéria (respectivamente), e vai mais além, até a Mula-Prakriti (Matéria Primordial Indiferenciada), a Brahman (a Suprema Divindade) e mais além ainda, ao Parabrahman (o Absoluto Imanifestado, que antecede a todo o Manifestado). Tais são os temas tratados na Gita, e muito mais. A par de tão importantes Conhecimentos, da mais alta Sabedoria considerada Oculta, estão contidos na Gita todos os Ensinamentos e códigos da mais perfeita moral (necessários à evolução humana), e todas as diretrizes que indicam o Caminho a ser trilhado pelo Jiva (a Alma Individual em evolução) em sua ascese espiritual em direção à mais alta Meta do ser humano, a Realização da Divindade – do Deus que ele é. De acordo com essas considerações, cabe-nos deduzir que Ensinamentos de tão alta magnitude e Conhecimentos tão transcendentais, certamente não poderiam ter sido dados, ainda que ao mais avançado discípulo, em tão curto espaço de tempo, se analisarmos a questão ao nível da personalidade humana, levando em conta o tempo na dimensão do plano físico denso em que vivemos. Resta-nos pensar, portanto, que Krishna teria instruído Arjuna ao nível de Buddhi (o Mental Superior) em forma sintética, ao nível da Individualidade, e não analítica, no plano da personalidade humana comum.
O DRAMA E OS PERSONAGENS REAIS DA GITA Vejamos agora a história e o Diálogo entre dois de seus Personagens, os quais, apesar de serem os mais importantes de toda a
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Obra (o Mahabhárata), não são os principais personagens da história, pois sua participação mais notória é o Diálogo da Gita, que é o que realmente faz desta Obra uma das mais importantes Escrituras Sagradas da humanidade. Vimos que o Vyasa4 Krishna Dwaipâyana, através de seus Transcendentais Poderes, poderia ter se inteirado dos acontecimentos tanto da história como da batalha, como também do conteúdo do Diálogo entre Sri Krishna e Arjuna, através dos Registros do Plano Akáshico, compondo a Obra toda bem mais tarde, talvez milênios depois de tudo ter acontecido. Vyasa teria captado o Diálogo e toda a história no Plano Akáshico (no plano da Individualidade), e para transmitir à humanidade os Ensinamentos e Conhecimentos contidos na Gita, engendrou um drama em forma de diálogo, onde ele apresenta Arjuna (deliberadamente como veremos mais adiante) na personalidade de um discípulo sequioso de Conhecimento, e ao mesmo tempo em um momento de fraqueza e debilidade emocional diante de um ato que ele deveria praticar. Esta é realmente a mais lógica hipótese a considerar (de acordo com o que diz o Swami Subrahmanyananda em sua ―Introdução‖), pois não era de se esperar que Arjuna (analisando o fato no plano da personalidade), bravo guerreiro e príncipe, e sendo ele um Kshatriya (guerreiro de casta militar real), tomado subitamente de profundo desalento e indecisão, quisesse desistir da luta em um momento tão crítico, quando as duas hostes inimigas (Pândavas e Kauravas) já estavam ali, frente a frente, prestes a se lançarem uma contra a outra. Qual seria a explicação para essa contradição tão desconcertante? Teria Arjuna se tornado de repente um covarde, um fraco? É natural que também estas perguntas venham à mente do estudante, uma vez que na própria Gita não há nenhuma indicação esclarecedora para tal situação. Porém, no Mahabhárata há uma afirmação que lança bastante luz sobre o assunto. O Swami Subrahmanyananda, em sua ―Introdução ao Estudo da Gita‖, diz que, em bem diretas declarações, no Mahabhárata, é 4
Não nos esqueçamos de que ―Vyasa‖ não é o nome de uma pessoa, e sim de um cargo ou função. – Veja a nota de rodapé no 2 deste artigo.
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afirmado que Arjuna e Krishna são somente Avataras de Nara e Naráyana (respectivamente), sendo Este o Supremo Governante e Chefe da Hierarquia Oculta de nosso globo, e Nara, o Poderoso Maharishi, Assistente Direto de Naráyana e o Porta-Voz da Humanidade perante a Hierarquia que governa o Planeta Terra. Realmente não se poderia admitir Arjuna (sendo Quem era) fazendo o papel de um covarde diante de tão graves circunstâncias, de cujo desfecho dependia o restabelecimento da justiça e da paz no reino cujo trono, por direito, pertencia à sua família, e o qual fora usurpado por um tirano que por tantos anos havia submetido os Pândavas (incluindo sua mãe e esposa) a tão terríveis humilhações e sofrimentos. Essa debilidade emocional, essa fraqueza e covardia são incompatíveis com Sua alta hierarquia tanto humana (pois ele era um príncipe e um guerreiro), como espiritual (sendo ele um Maharishi e um Avatar). Outra pergunta que pode surgir na mente do estudante, sem conhecimento ainda das Leis do Dharma, é a seguinte: – Como aceitar que Seres de tão alta evolução Se empenhassem em uma guerra fratricida, e ainda mais para a conquista de um reino e do poder (coisas tão materiais e humanas), se a Lei Divina, ensinada por todos os Instrutores da Humanidade, condena a violência, ensina a não matar e não causar dano (seja físico, moral ou espiritual) a nenhum ser vivente? Como aceitar e entender tamanha contradição? Como estamos tentando facilitar o entendimento do estudante abrindo caminhos à sua mente, tecemos aqui considerações sobre alguns temas que devem estar presentes como ponto de apoio para este estudo, deixando no entanto sua mente livre para meditar e buscar entender, de acordo com sua própria capacidade de percepção espiritual. Num caso como esse e em situações análogas, nota-se claramente que essa era uma luta das forças do bem (positivas, evolutivas) contra as forças cegas do mal (negativas, involutivas), e que essa guerra era justa e a ação necessária, pois estavam em jogo não só um reino e o poder que haviam sido usurpados com maldade, astúcia e desonestidade, como também o destino de seres humanos que continuariam escravizados pela tirania de um rei perverso, injusto e prepotente. Diante de tal conjuntura, de uma situação que clamava por uma intervenção divina, um Ser
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realmente liberto (um Mukta) não cruza os braços, não foge à luta, não se deixa influenciar pela emoção (própria dos seres humanos), não vacila, não depõe as armas. Muito ao contrário, ergue-se, levanta-se firme, centrado em Si Mesmo (em seu Eu Superior), e empreende a batalha! Aquele que pratica a ação justa e necessária (por ser necessária), sem visar os frutos da ação, sem se importar se serão seus frutos doces ou amargos, sem apego a esses frutos, entregando-se a si mesmo, bem como o fruto de suas ações à Divindade, perfeitamente consciente de que não é ele realmente o autor da ação, e sim a Divindade que nele habita (o Atma ou Cristo, ao Qual ele se entrega) expressando-Se através de sua personalidade humana, não fica atado nem à ação, nem ao fruto de sua ação. Este é um Karma-Yogue, um verdadeiro Tyague, um Ser realmente liberto! Portanto Arjuna só poderia atuar dessa maneira, e não como um homem comum, dominado pela Mente Emocional (Manas) própria do ego, da personalidade humana que ainda tem seu ponto de apoio no corpo emocional. É Manas que obscurece a Razão Superior debilitando a vontade do Jiva (a Alma ou Espírito Individual), e neste drama, numa hora de decisão extrema, em uma situação tão séria como o era aquela enfrentada por Arjuna, ele aparentemente estava sob a ação de Manas; porém, este era o papel que ele deveria representar como personalidade humana (embora fosse ―Nara‖ Sua Individualidade real) no drama engendrado por Vyasa. Tecendo a trama dessa história, cuja base são fatos reais, Vyasa alcançou plena e realmente seu objetivo, isto é, despertar o interesse pela história e principalmente pelo Diálogo, tornando seu estudo interessante (não cansativo), facilitando assim a compreensão e assimilação dos Conhecimentos e Ensinamentos dados por Sri Krishna a Arjuna, os quais são expostos em dissertações de altíssimo valor espiritual, tão sábias e elevadas, trazendo-o a Si pouco a pouco, com infinito amor, reanimando seu espírito com freqüentes alusões às suas altas qualidades de guerreiro, bem como às suas características reais de nobreza e elevação espiritual, como ser humano. Ao apresentar o retrato dramatizado dos dois Personagens deste Drama nos papéis de Mestre e Discípulo, Vyasa conseguiu transmitir não só ao povo ariano, mas a toda a humanidade, desde a época em que o
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escreveu até nossos dias, e quiçá por todos os tempos vindouros, Ensinamentos e Conhecimentos sobre a Eterna Lei (Sanátana Dharma), fonte perene de Luz Espiritual para a humanidade inteira, desde o passado, no presente, e pelos tempos futuros. Seja no Oriente ou no Ocidente, em qualquer parte do mundo, eles serão sempre um Farol Divino a orientar a humanidade em direção à mais alta Meta do ser humano, a Realização do Ser Divino que ele é, à consciência real de que ele e Deus são, verdadeiramente, Um só, pois não há separatividade real; esta só existe na forma. Todos fazemos parte do Espírito Universal que é Deus.
QUEM SIMBOLIZAM KRISHNA E ARJUNA? Do ponto de vista esotérico, Arjuna simboliza, nesse Diálogo Sagrado, o ser humano em evolução, isto é, o Jiva ou Alma Individual, que encarna e desencarna (o homem, cada um de nós), ainda preso à roda dos nascimentos e mortes (Samsara) e às contingências do plano material, sentindo-se impotente e incapaz de lutar contra o ―exército‖ das paixões humanas, de defeitos e falhas, de sentimentos, emoções e desejos inferiores que seu ego cultiva, de hábitos nocivos e prejudiciais tanto a seu corpo quanto a seu Espírito, porque agridem e destróem seu corpo físico, maculam sua alma, e mantêm impura sua mente, atrasando sua evolução e degradando o Espírito Divino que nele habita. São hábitos que para ele são agradáveis porque lhe dão prazer, os quais ele reluta em combater, porque, na verdade, mesmo tendo consciência do dano que causam ao seu corpo e à sua alma, ele não quer realmente ficar livre deles, ou não tem ânimo nem força de vontade para empreender esta batalha. Sri Krishna, simbolizando a Divindade (o Cristo Interno, o Eu Superior), como um amoroso Mestre o instrui, aponta-lhe o dever, o caminho a seguir, infunde-lhe ânimo e coragem para lutar, reanima seu espírito dando-lhe a visão da Realidade que está por trás das aparências e enganos do mundo fenomenal, mostrando-lhe o Real Sentido da Vida, o qual transcende a pequenez das ilusórias coisas do mundo e desse ―corpo mortal, transitório e cheio de aflições‖ (Gita). – Krishna, com infinito
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amor e paciência, pouco a pouco o traz a Si, o faz entender que seu dever é lutar e não depor as armas vencido e degradado, e o aconselha a invocar e pedir ajuda à Deusa Durga, a Deusa das guerras justas (um dos Aspectos da Divina Mãe), para vencer a batalha. Esta é uma batalha contra sua própria natureza inferior, cuja vitória o levará à realização da mais alta Meta do ser humano, que é esculpir em seu Espírito o Modelo Divino (seu Arquétipo), pois cada ser tem que realizar o Modelo que foi idealizado para ele por AQUELE que o criou. A entrega real, total e irrestrita à DIVINDADE, à Divina Presença EU SOU (o Deus Interno, que habita em cada um de nós), é realmente o mais seguro caminho para alcançar a Vitória nessa batalha, o difícil caminho da ascensão humana, o único Caminho para Deus!
CONCLUSÃO Relativamente poucas pessoas conhecem a Gita em profundidade. A grande maioria a conhece só de nome, por ter ouvido falar dela. Algumas a leram uma única vez (como se lê qualquer livro), outras a receberam de presente, folhearam e leram alguns versículos guardando-a para ―ler depois‖, e a maioria nunca sequer ouviu falar dela. A grande maioria da minoria que a conhece nunca se interessou realmente em saber o que ela é, nem o que ela contém. Poucos, relativamente, têm se aprofundado em seu estudo e descoberto o tesouro que ela representa para o ser humano em Conhecimentos transcendentais e sublimes Ensinamentos. A grande maioria dos que a conhecem ignora que a Gita é considerada na Índia como o Livro dos Livros, e uma das mais importantes Obras da Literatura Sagrada da Índia, venerada e respeitada por todos os Mestres e Sábios do passado e do presente, a qual revela a mais profunda e elevada Sabedoria, chamada pelos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam ―Yoga-Brahma-Vidya‖, ou a Ciência Sintética do Absoluto. É um livro para estudo constante, de aprofundamento, para ser lido, relido, meditado em cada versículo, pois cada vez que é relido, seu sentido mais alto, e sempre mais alto ainda, pouco a pouco vai se revelando ao buscador da Verdade, àquele que, com perseverança e
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desejo real de aprender, de alcançar um Conhecimento Superior, se empenha realmente em desvendar seus Mistérios, guardados sob o véu da letra. Pelo estudo e meditação perseverantes, e pelo desejo sincero de penetrar no âmago desses Ensinamentos, vão sendo despertados na alma do aspirante, naturalmente, a devoção e a aspiração pelas coisas mais altas do Espírito, e sua mente se torna cada vez mais lúcida, mais capaz de perceber e entender o sentido mais profundo que está muitas vezes velado pelas palavras, o qual, de mil e uma maneiras, nos mostra o Caminho a seguir (que é para dentro e não para fora) em busca desse Deus Interno, do Ser Supremo que é nosso Verdadeiro Ser, pois que todos somos ―uma partícula de Deus, eternamente unida a Ele‖. A Gita é um livro para se manter sempre à mão, deve ser um ―livro de cabeceira‖ que nunca deve ser esquecido ou guardado na estante, que deve ser lido e relido sempre (versículo por versículo), meditando em seu significado, pois seus Ensinamentos devem ser entendidos e assimilados. Praticando-os, eles nos levam a ser cada vez melhores, mais humanos, mais humildes, mais sábios e portanto mais conscientemente cumpridores das Leis Divinas, o que nos vai transformando, pouco a pouco, de seres humanos comuns voltados quase só para a vida puramente material da personalidade, em seres humanos espirituais, conscientes de sua Origem Divina, voltados para os verdadeiros valores da Vida e do Espírito, da Individualidade mais alta, buscando uma vida melhor, mais pura, mais digna de ser vivida, que permita nosso crescimento espiritual e nossa ascese para Deus! Todo o Diálogo da Gita é uma fonte de Conhecimentos Divinos que revelam a constituição do Universo, a relação entre Espírito, Energia e Matéria, isto é, desde o Macrocosmo à constituição do ser humano, este Microcosmo que ele é (também constituído dos mesmos elementos), sua trajetória evolutiva, e os meios para alcançar sua gloriosa Meta, a realização de seu próprio Ser. Revelando esses Conhecimentos ao Discípulo (Arjuna), o Mestre (Krishna) o vai guiando em direção a seu Mundo Interno, em busca da união com o Cristo (Atma), ensinando a ele o único caminho a seguir, isto é, o aperfeiçoamento humano, o qual inclui todas as qualidades mais
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altas do espírito5, as quais ele deve se esforçar por cultivar em si, custe o que custar. Ainda que o Caminho seja longo e difícil, o importante é caminhar, é dar o primeiro passo e não parar; é não ficar estagnado, escravo da ilusão do mundo material, vivendo uma vida linear que nada de real nos oferece, que a nada nos leva senão à dor e ao sofrimento (próprios do plano físico denso em que vivemos), intercalados apenas por momentos fugazes de felicidade e alegria, os quais ajudam a amenizar um pouco nossa vida, cujo destino inexorável é a velhice e a morte. Krishna, representando a Divindade, ensina a Arjuna, ensinando também a cada um de nós, todos os passos, o caminho que temos de seguir para aperfeiçoar nossa personalidade humana, para diminuir nosso ego, o principal inimigo que temos de vencer, esse ―eu pequeno‖ ao qual damos tanta importância, que é tão egoísta, que deixamos crescer tanto, o qual é o principal responsável pela desgraça do gênero humano, pois é a personalidade (efêmera e transitória), o eu inferior em cada um de nós, a causa particular e coletiva de todo sofrimento, degradação e miséria a que chegou a humanidade. Na Gita encontramos um código perfeito de ética moral e espiritual, um tesouro de Conhecimentos Superiores, um guia seguro para o perfeito desenvolvimento de nossas potencialidades humanas e divinas. É portanto necessário que o estudante se conscientize de que a Bhagavad Gita não é só um Livro Sagrado, ela é realmente uma Mensagem Divina, trazida aos homens pelo próprio Deus manifestado na Personalidade de Sri Krishna, uma Dádiva de Luz para toda a humanidade, para todo o sempre! H. T. W.
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Veja ―As Oito Qualidades Átmicas‖ e ―As Vinte e Seis Qualidades Dáivicas‖ na primeira parte deste livro.
O GLOSSÁRIO COMO FONTE DE CONHECIMENTO Este glossário foi composto exclusivamente para facilitar o estudo desta Gita. O mesmo resume ou amplia o significado das palavras-chave, de acordo com a importância de cada termo, concatenando os significados dos vocábulos que se completam (referentes ao mesmo assunto), comparando-os entre si, e às vezes com o sentido dado por outras Religiões ou Escolas Filosóficas. Todos os termos sânscritos contidos nele estão detalhadamente explicados (embora de forma simples, para serem mais facilmente entendidos) de acordo com os Ensinamentos Śuddhas, comparados com os de outras Escolas Filosóficas. Sua finalidade é ampliar e explicar seus significados, possibilitando ao estudante um entendimento mais profundo dos Ensinamentos Transcendentais contidos nesta Escritura Sagrada, os quais muitas vezes estão ocultos sob o véu da letra, encerrados, às vezes, em termos desconhecidos totalmente ou pouco conhecidos, cujo significado é dado de forma muito sintética nos ―pés de página‖ contidos no texto, e assim pouco entendidos. Além dos livros da Doutrina Śuddha, o Glossário Teosófico foi a principal fonte de informação que usamos para realizar este trabalho, pois ele é a mais completa obra no gênero que conhecemos, além de ser riquíssima em detalhes sobre Conhecimentos Esotéricos, não somente teosóficos, mas de várias Religiões orientais e ocidentais, sobre as Escrituras Sagradas da Índia e sobre a Simbologia e Mitologia hindus, além de tratar de muitos outros assuntos sobre a Ciência Oculta em geral. Naturalmente, a Doutrina Śuddha foi a base principal e a ―linha mestra‖ seguida em todo este trabalho; porém, os Ensinamentos Teosóficos, por serem muito semelhantes, nos ajudaram muito como fonte de consulta e comparação, pois guardam uma grande afinidade com os Ensinamentos dos Mestres do Śuddha Dharma, apenas com algumas diferenças na explicação e na terminologia, o que não afeta seu sentido mais profundo. Quando havia diferenças, estas eram comparadas e explicadas, e em vários termos demos os sentidos separadamente. Consultamos vários outros livros sobre assuntos relativos aos temas desta Obra, cuja relação está na Bibliografia, no fim deste livro.
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Julgamos conveniente chamar a atenção do estudante para alguns dos termos-chave cujo entendimento é muito importante neste estudo, pois estas palavras são compostas. Por exemplo, nos termos PARAMATMA, ATMA, JIVATMA e AKSHARATMA, está incluída, como terminação, a palavra ATMA. Todas estas palavras exprimem manifestações da DIVINDADE, isto é, Aspectos do Supremo Brahman em distintos estados de Consciência, sendo Ele sempre o mesmo Princípio de Vida, a Alma-Fio ou Sutratma, que Se manifesta em todos os estágios de evolução, tanto no homem como em todos os seres, em tudo que tem vida animada, como também inanimada. É a mesma Divindade que tudo compenetra e vivifica em todo o Infinito Cosmo. – Em muitos outros termos a palavra Atma está incluída, portanto o estudante deve estar atento para saber quando um termo se refere ao Atma. Esta explicação, embora resumida, dada em destaque fora do glossário, ajudará o estudante a gravar em sua mente, com maior clareza, os estágios de manifestação da Divindade, desde BRAHMAN (Origem de tudo) ao ser humano encarnado, em sua trajetória evolutiva. – Estes mesmos termos (cujo significado é dado detalhadamente no glossário), estudados em associação com esta explicação preliminar, darão uma mais ampla compreensão e maior claridade mental para entender os Ensinamentos expostos na Gita. Como foi explicado antes, a grafia de todos os termos sânscritos deste glossário obedece à que está nesta Gita (exceto a acentuação, como será explicado mais adiante); quando havia alguma diferença da que estava no Glossário Teosófico seguimos a da Gita, para não causar dificuldade na consulta ao glossário. Ao compor o glossário que acompanha esta Obra, nossa intenção foi facilitar o entendimento correto do significado das palavras sânscritas, pois às vezes a mesma palavra, além de vários e contraditórios sentidos, tem significado até oposto, dependendo do contexto onde está empregada. Os ―pés de página‖ são muito sintéticos e sempre restritos ao assunto que está sendo tratado; assim o estudante pode ficar confuso ao encontrar a mesma palavra, empregada em outra frase, com significado diferente. É, portanto, necessário que se tenha conhecimento dos vários
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significados de cada palavra para discernir qual é seu sentido, de acordo com o assunto do texto em estudo. Neste glossário, usamos propositadamente letras maiúsculas, no início das palavras que indicam algo superior ou elevado, ou que merecem destaque, com o intuito de chamar a atenção para seu sentido mais alto, mais espiritual ou sagrado, para o melhor entendimento do verdadeiro sentido dado ao termo em questão. Como foi dito anteriormente, além dos livros da Doutrina Śuddha que possuímos, a principal fonte de informação usada para confeccionar este glossário foi o Glossário Teosófico. Devemos dizer que alguns dos significados de vários termos foram traduzidos (porque a obra que temos está em espanhol), às vezes literalmente (para não alterar seu sentido), às vezes em parte, outras selecionando as principais definições, em alguns casos interpretando com outras palavras os sentidos mais complicados (para torná-los mais claros e inteligíveis), e em alguns outros resumindo e coordenando as idéias principais e mais coerentes com o sentido dado nesta Gita. Porém, todos os significados foram comparados e correspondem tanto aos Ensinamentos da Doutrina Śuddha como ao sentido dado na Mensagem da Gita. Deixamos muita coisa de lado, pois a finalidade deste glossário, como já dissemos, é somente facilitar o estudo desta Obra. Nossa intenção não era penetrar no campo da Mitologia Hindu, porém não nos foi possível fugir deste aspecto, pois toda a Literatura Sagrada da Índia está impregnada dessa belíssima e devocional Mitologia, cheia de símbolos, alegorias e lendas, próprias do espírito oriental. Porém essa Mitologia tem sempre um sentido oculto, espiritual e esotérico, velado por estes símbolos e lendas, os quais encerram, em seu sentido mais profundo, sábios Ensinamentos que revelam seu aspecto sagrado. Portanto devemos procurar desvendar e entender o que está por trás de sua simbologia e de suas lendas, e assimilar sua mensagem. A fim de dar ao estudante da Ciência Sagrada maiores conhecimentos para o entendimento da Gita, estendemo-nos mais na explanação sobre os termos mais importantes e mais difíceis de entender sem uma explicação mais simples e mais clara, tanto por aqueles que não a conhecem ainda, como por aqueles que já têm conhecimento dela (mas
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só a entendem superficialmente). Buscamos explicar, em expressões mais fáceis de compreender, os termos principais e de maior importância para o estudo, os quais necessitam ser bem entendidos e assimilados, tanto pelos aspirantes, como pelos estudantes em geral. Estes Ensinamentos não são muito fáceis de entender para aqueles que ainda não têm nenhum conhecimento esotérico, e que não estão familiarizados com a Literatura Sagrada da Índia, nem com o misticismo oriental. Porém, o estudante não deve desanimar ante qualquer dificuldade, pois aqueles que já adquiriram estes Conhecimentos também começaram sem saber quase nada, e só avançaram neste Caminho através do esforço, do estudo e do interesse pelas coisas espirituais, e principalmente pela persistente vontade de aprender e de evoluir espiritualmente. Atualmente está aumentando o interesse dos brasileiros por tudo que se refere à Cultura Oriental, à Literatura Sagrada da Índia e sua Mitologia, e pela Ciência Oculta em geral. O modo de pensar ocidental (baseado normalmente na lógica) está, de certo tempo para cá (e cada vez mais), influenciado por essa Cultura, e muitos Egos encarnados no Brasil já estão buscando na SABEDORIA ETERNA ensinada pelos Mestres da Índia (cujos Ensinamentos estão hoje disseminados por todo o mundo) um caminho de evolução espiritual, principalmente no Yoga, salvação para muitos. Visando tornar esta Escritura Sagrada (a Gita) mais conhecida, mais ao alcance daqueles que ainda não têm muitos conhecimentos, desdobrei-me ao máximo para simplificar o mais possível (sem alterar seu sentido, naturalmente) a explicação dos termos mais importantes, para tornar mais claros e mais inteligíveis assuntos às vezes muito profundos e difíceis de explicar, Devido à pobreza de sentido das palavras. Tive que escrevê-los e reescrevê-los várias vezes, tentando sintetizá-los e torná-los mais fáceis de entender para aqueles que não estão acostumados a assuntos dessa natureza. É claro que o estudo superficial de qualquer obra filosófico-religiosa é útil e predispõe o espírito para coisas mais altas; porém, estamos tentando mostrar que um estudo mais profundo e persistente das Verdades Espirituais, com sede de Conhecimento Superior e real desejo de evoluir, nos pode levar a alcançar mais altos estados de consciência, e a uma mais efetiva e mais rápida ascensão espiritual, e
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conseqüentemente a uma Felicidade e Paz que não dependem das circunstâncias da vida que vivemos neste mundo, sempre cheia de sofrimentos e desilusões. – Esta Felicidade e Paz, às quais estou me referindo, nada no mundo nos pode dar, pois está muito além deste plano material, no Mundo Interno de cada um, onde Deus habita.
ALMA, EGO E ESPÍRITO Neste glossário usamos os termos Alma, Ego e Espírito (com letra maiúscula) e alma, ego e espírito (com letra minúscula) para que o estudante possa distinguir qual o sentido dado a estes termos, de acordo com o assunto ou aspecto do Ser ao qual o texto se refere. O sentido dado a estas palavras varia muito de acordo com cada Religião ou Escola de Pensamento, por isso decidimos adotar um sentido bem definido e específico para cada um deles, a fim de evitar dúvidas ou equívocos. Por isso os explicamos em destaque fora do glossário, para serem mais bem memorizados. Nesta Obra estes termos têm somente o sentido dado aqui, e devem ser considerados de acordo com o significado adotado. Alma, Ego ou Espírito – se referem sempre à Mônada, à Individualidade Imortal, em contraposição à Personalidade humana, transitória e mortal, nova e diferente em cada encarnação. É o Eu Superior, a Alma Individual Divina e Eterna, aquela parte do ser humano que permanece sempre a mesma em todas as vidas, que encarna e desencarna, evoluindo através das personalidades que assume em cada vida, incorporando a Si as experiências do ego humano (seu instrumento), adquiridas em cada encarnação. alma, ego ou espírito – se referem sempre ao eu inferior, à ―alma humana‖ ou ―ego humano‖. É a Personalidade transitória em contraposição à Individualidade Eterna. É a alma ou espírito humano que, ao deixar o corpo físico, através do fenômeno chamado ―morte‖, continua vivendo em outra dimensão, em outro estado de consciência e em corpo mais sutil, no Plano Astral (plano imediatamente superior a este em ordem de sutileza) ou em outros planos mais sutis, de acordo com sua evolução. A alma humana, no estágio evolutivo em que a humanidade se encontra (com raras exceções), conserva a
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mesma personalidade, aparência e nome depois de desencarnar, até novamente reencarnar no plano físico, depois de passar por várias fases de um processo mais ou menos longo, o qual varia de acordo com a evolução de cada ser, assumindo outro corpo e outra personalidade, para novas experiências e aprendizado. Àqueles que desejarem um aprofundamento maior em seus conhecimentos e uma compreensão maior dos Ensinamentos da Gita, aconselhamos estudo e meditação mais concentrados sobre os seguintes termos, cujos sentidos se completam e devem ser bem entendidos. São: – o Pranava AUM (OM1) – Parabrahman – Brahm – Brahman – Purusha – Paramatma – Atma – Jivatma e Jiva – Aksharatma – Brahma-Shakti – Shakti – Yoga-Devi – Yoga-Naráyana – Nara-Naráyana – Trimurti – Brahma, Vishnu e Shiva – Mula-Prakriti e Prakriti – Trigunas – Satwa, Rajas e Tamas – Pravritti e Nivritti – Tatwas – Koshas – Buddhi – Ahamkara e Manas – Yoga – Dhyana (ou Meditação) – Pranayama – Linga-Sharira – Śuddha Dharma Mandalam. – A partir destes termos, no final dos quais foram indicados outros que completam seu sentido, o estudante irá colhendo novas informações e adquirindo novos conhecimentos. Todos estes Ensinamentos, ampliados e acrescidos por comparações e conhecimentos paralelos, colhidos tanto na Literatura Śuddha, como na Teosófica e Hindu em geral, certamente ampliarão os horizontes mentais e espirituais do aspirante buscador da Verdade, tanto em relação ao homem, quanto ao Universo, isto é, ao TODO do qual ele é parte integrante. Vislumbrando um pouco que seja da grandeza da Criação, do Macro e do Microcosmo, da Glória Infinita de Deus, e da Presença D‘Ele em nós mesmos e em tudo que existe, chegaremos a compreender que o verdadeiro Caminho é para dentro e para o Alto, e não somente para fora em direção à Matéria, às coisas do mundo, na horizontalidade de uma vida material, transitória, cheia de sofrimento e aflição. H. T. W.
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Veja na ―Introdução ao Estudo da Gita‖ uma importante explicação sobre o Pranava e a Gáyatri.
NOÇÕES SOBRE A PRONÚNCIA DE ALGUMAS LETRAS DAS P ALAVRAS SÂNSCRITAS Como o Texto desta Gita foi traduzido do idioma inglês (para o qual foi vertido diretamente do sânscrito), nenhuma das palavras sânscritas contidas nele estava acentuada. Levando em consideração o fato de que os tradutores desta Obra para o inglês, sendo profundos conhecedores desta língua, não julgaram necessária a acentuação, e como há freqüentes diferenças na grafia das palavras deste idioma, variando de acordo com os autores que fazem uso delas, deduzimos que o mais importante realmente não é a pronúncia, e sim que se saiba seu significado correto. Porém, há palavras de grafia igual cujo sentido é totalmente modificado pelo acento tônico, o qual, modificando a pronúncia modifica também o sentido que é, às vezes, totalmente diferente, sendo somente o acento que as diferencia. Nestes casos a acentuação é imprescindível, por razões óbvias. Como a acentuação correta das palavras sânscritas torna sua pronúncia difícil, e às vezes até impossível para nós ocidentais (a não ser para aqueles que estudam este idioma), resolvemos acentuar somente as sílabas tônicas dos nomes próprios e das palavras de grafia igual e sentido diferente, levando em conta a literatura consultada e as regras de acentuação da língua portuguesa. Isto evitará equívocos em todos os casos em que a pronúncia correta é importante. A indicação da pronúncia ou grafia corretas para todas as palavras sânscritas está além do objetivo do presente trabalho, e tornaria a transliteração para a língua portuguesa demasiadamente complexa e exaustiva, por isso pedimos perdão pelas falhas. Porém, deve ficar claro que, neste estudo, o principal é o significado da palavra, não sua pronúncia ou grafia. Para que os leitores possam pronunciar, pelo menos mais ou menos, as palavras sânscritas contidas na Gita, damos aqui uma ligeira noção do som das principais letras e grupos consonantais que causam maior problema de pronúncia para nós ocidentais. Porém, deixamos bem
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claro que damos aqui somente uma idéia da pronúncia, pois a correta é, às vezes, muito difícil. G – A letra ―g‖ tem som gutural, como se tivesse a letra ―u‖ em seguida. Exemplo: ―Gita‖ pronuncia-se ―Guita‖. H – O ―h‖ tem som aspirado como no idioma inglês, isto é, como ―rr‖ em português. Exemplo: ―Maha‖ pronuncia-se ―Marra‖; ―Aham‖ pronunciase ―Arram‖, etc. SH – Tem som sempre chiado como no inglês ou como no ―ch‖ do português. Exemplo: ―Rishi‖ pronuncia-se ―Richi‖; ―Shambhala‖ pronuncia-se ―Chambala‖, etc. CH – O ―ch‖ tem o som de ―tch‖ rápido como em ―noche‖ e ―leche‖ do espanhol. Exemplo: ―Chandra‖ pronuncia-se ―Tchandra‖; ―samachitta‖ pronuncia-se ―samatchita‖; etc. GÑ – Tem o som do ―nh‖ do idioma português. Exemplo: ―Gñana‖ pronuncia-se ―Nhana‖; ―Gñanendriyas‖ pronuncia-se ―Nhanendriyas‖; etc. J – O ―j‖ tem o som de ―dj‖. Exemplo: ―Raja‖ pronuncia-se ―Radja‖. M – A letra ―m‖, no final das Sílabas de Poder, é sempre pronunciada terminando com os lábios fechados e som anasalado. Nas Sílabas Místicas terminadas em ―m‖, nos Mantras, o som que sai pelo nariz deve ser mais longo e harmonioso. Exemplo: OM – HAM – AIM, etc. Ś – Quando a letra ―S‖ tem em cima um acento agudo – Ś – seu som é pronunciado como se fosse o ―sh‖ do idioma inglês ou o ―ch‖ do português. Exemplo: ―Śuddha‖ pronuncia-se ―Shuddha‖; ―Śankaracharya‖ pronuncia-se ―Shankaracharya‖; etc. Normalmente, nos livros traduzidos do inglês para o português, as palavras sânscritas não trazem nenhuma acentuação (como no inglês também não trazem), e esse acento agudo sobre a letra ―S‖ = ―Ś‖ – o qual modifica totalmente sua pronúncia e também seu significado – é também igualmente suprimido. A falta desse acento e da acentuação em geral pode induzir o estudante a equívocos quanto ao significado das palavras, principalmente das que têm grafia igual e sentidos diferentes, somente
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diferenciadas pela acentuação, o que pode prejudicar o entendimento do tema em estudo, a não ser que a palavra seja acompanhada da tradução. Damos aqui o exemplo de um termo que deve ser considerado de suma importância, e cuja pronúncia correta deve ser observada rigorosamente, pois é uma das palavras que compõem o nome da Sacratíssima Ordem Esotérica Śuddha Dharma Mandalam. Esta palavra – Śuddha – é uma das que foram dadas acima como exemplo. Śuddha significa puro, imaculado, sem mescla, transcendente. A palavra ―Suddha‖ (sem acento) tem sentido totalmente diferente. A pronúncia correta desta palavra – ―Śuddha‖ – foi dada por Sri Janárdanam. Sua pronúncia incorreta desvirtua totalmente o significado do nome da referida Ordem. Em muitos casos, quando não há palavras de grafia igual com sentidos diferentes, não há maior problema que o da pronúncia incorreta. Porém, quando o acento tônico ou o acento agudo sobre o ―S‖ modifica o sentido da palavra, o acento é imprescindível. H. T. W.
S´RIMAD BHAGAVAD GITA de
BHAGAVAN SRI KRISHNA
Tradutores do Original Sânscrito para o Inglês: Sri R. Vasudeva Row
Sábio Erudito e Presidente da Śuddha Dharma Mandalam Association.
Sri T. M. Janárdanam
Diretor da Śuddha Dharma Mandalam Association. Editor da 1a publicação desta Gita em inglês. Mestre Iniciador da Ordem Externa do Śuddha Dharma Mandalam. Médico Homeopata e Advogado.
ŚUDDHA DHARMA MANDALAM ASSOCIATION Mylapore – Madras – Índia 1939
S´RIMAD BHAGAVAD GITA CAPÍTULO I
A GÊNESE DA GITA
Perguntou Dhritarashtra: 1. No Dhármico campo de batalha, na planície de Kuru, aliados e decididos a lutar, que fizeram, ó Sanjaya!, meus parentes, como também os Pândavas? (Sumário do tema da Bhagavad Gita, isto é, a transcendência do Śuddha Dharma sobre Daiva (Atmya) e Asura (Prakrita) Bhavas. Daiva-Bhava conduz a tal transcendência).
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
[2 a 5. A característica de um discípulo desvirtuado, por exemplo, Duryodhana, o discípulo, dando ordens a Drona, o Guru.]
Respondeu Sanjaya: 2. Observando o exército dos Pândavas ali alinhados para a batalha, o Rei Duryodhana chamou Drona1 e lhe disse o seguinte: 3. ―Contempla, ó Mestre!, este poderoso exército dos filhos de Pându, colocado em ordem de batalha pelo filho de Drupada, teu talentoso discípulo; 4. ―Nosso exército, comandado por Bhishma, parece incapaz, enquanto que o exército deles parece poderoso, comandado por Bhima; 5. ―Portanto, todos vós, firmemente postados em vossos respectivos lugares, defendei Bhishma a todo custo.‖ [6 a 9. A característica dos aspirantes que alcançaram o nível de Mahatma, o qual consiste no reconhecimento do advento de Avataras, como o fez Bhishma.]
6. Ouvindo isto, Shantanava (Bhishma), o Yogue, com regozijo no coração, e em alta voz, falou assim: ―Sri Krishna (o Senhor) está profundamente ligado aos virtuosos Pândavas. 7. ―Por isso eu temo, ó grande Rei! Fazei a paz com os Pândavas, e com perfeito controle de si mesmo2, compartilhai a soberania da terra com vossos poderosos primos. 8. ―Se ignorardes, ó Rei! (Duryodhana), os divinos Nara e Naráyana (Arjuna e Krishna), podereis fracassar.‖ Assim falou o grande Bhishma, filho de Shantanu. 9. O ancião tio-avô dos Kurus, de grandes façanhas, levantou a concha de guerra fazendo-a rugir como leão, encorajando assim Duryodhana. [10. Indisciplina no exército dos Kauravas, pela ausência de harmonia (seqüência) ao soprar os chifres.]
10. Então, do lado dos Kauravas, se ouviram retumbar simultaneamente conchas marinhas e timbales, tambores e chifres de boi, produzindo um som tumultuoso.
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Acharya. Controle interior. (H. T. W.).
CAPÍTULO PRIMEIRO
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[11 e 12. A característica dos Mahacharyas, a qual consiste em conferir, por sua própria decisão, Iniciações aos aspirantes, sem esperar que estes venham até eles. Aqui o Senhor Krishna vai até Arjuna.]
11. Sri Krishna, o Senhor, contemplando o exército de Duryodhana pronto para a batalha, e desejoso da felicidade de Arjuna, assim lhe falou: Disse o Bem-aventurado Senhor: 12. ―Ó tu, de potentes braços! Postado na frente de batalha, entoa o Hino à Durga, com pureza de intenção, para derrotar as hostes inimigas.‖ [13 a 26. Invocação à Brahma-Shakti (Energia Brâhmica) e Iniciação necessária para toda atuação.]
Disse Sanjaya: 13. Assim aconselhado pelo Divino Conhecedor Vasudeva, Arjuna desceu de seu carro e, com as mãos juntas em atitude de prece, entoou este cântico ali mesmo no campo de batalha. Arjuna entoou o Hino assim: 14. ―Glória a Ti, ó Tu!, Excelsa Autoridade da Hierarquia dos Adeptos; Reveladora da Sintética Sabedoria; Ó Tu, que presides o Mandara3, Imaculada Vencedora dos obscuros desejos. Tu, Sagrada Energia da ação, poderosa Força convergente de todo funcionamento objetivo; ó Tu, Deidade Doadora de toda benéfica felicidade; Tu és Aquela a quem todos os malvados temem e os justos adoram. 15. Ante Ti me rendo, ó Tu!, Doadora da Suprema Sabedoria e prosperidade. Minhas saudações a Ti, que fazes girar a roda da eternidade. Ó Tu, Deidade de benéfica indignação, e Excelsa Despojadora de adversas emoções; eu me prostro ante Ti, grande Libertadora, que livras de todos os perigos aqueles que buscam a Verdade; Tu, que eternamente manténs o voto solene para a exaltação do mundo. 16. Tu, a Quem toda adoração é Devida; ó Tu, Energia da ação que conduz a Paramatmabhava; Tu, que inspiras toda ação para superar as oposições à espiritualidade; Tu, Conquistadora, que concedes maestria na batalha, e Culminadora dos esforços realizados pelos aspirantes; ó Tu, 3
O plexo entre as sobrancelhas – o Ajna Chakra, o Chakra Frontal.
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Deusa dos mistérios ocultos do mundo; Tu, que és sempre seguida pelos buscadores da Sabedoria, da Devoção e da Justa Ação. 17. Ó Tu, que manejas poderosamente invencíveis armas, e possuis hábeis braços para executar sagradas proezas; Tu, também, és parte integrante do Onisciente Poder, e a Outorgadora do bem-estar do mundo; ó Tu, eterno terror dos desígnios iníquos; Tu és a Moradora Interna do coração dos Yogues, palpitando com divino êxtase. 18. Tu eternamente Te revelas na destruição das paixões egocêntricas. Quando Tua chama se manifesta no éter do coração, reduz a cinzas os impedimentos da separatividade; ó Tu, Outorgadora do sagrado discernimento; Tu conferes júbilo à mente dos devotos; Eu me prostro diante de Ti, ó Tu, que capacitas todo aspirante para executar a ação harmônica; Tu, amante da espiritual batalha; 19. Ó Tu, Espírito de toda austeridade; Sustentadora da animação da vida. Ó Tu, grande Radiância; Diretora dos processos evolucionários. Divina Dominadora dos propósitos perversos; ó Tu, cujo olhar, qual chama, ilumina a desinteressada ideação. Ó Tu, que outorgas o sintético Conhecimento a Teus devotos; ó Tu, cujo olhar fulmina os motivos da má ação. Eu Te saúdo! 20. Ó Tu!, Deusa de Onipresente Sabedoria e Reveladora do sublime Dharma; Inspiradora de toda ação que proporciona alegria; ó Tu, Onipotente Poder; Tu conferes o fogo vivificante de toda prosperidade; ó Tu, Moradora da tríplice região da consciência (Mahat, Manas e Indriya). 21. Ó Tu! Suprema entre todas as Ciências; Tu, de Quem emana o êxtase consciente nos veículos corporais dos aspirantes que meditam; ó Tu, que engendras a Luz da Iniciação e o culto da Ciência Sintética do Absoluto (Yoga-Brahma-Vidya); Tu, a grande Dissipadora dos obstáculos que se opõem à Realização; ó Tu, Energia imanente na enredada teia do micro e do macrocosmo. 22. Tu, Deusa que infunde união nas Hostes Brilhantes, como também na Assembléia dos Manes; ó Tu, Deidade dos Sons Místicos; Tu és a Sintetizante Energia que conduz ao Supremo Purusha. Tu, Deusa do saber e da criação; ó Tu, Suprema YOGA-DEVI4, inspiradora de Divina Sabedoria e Mãe dos Vedas; Tu és também denominada Deidade da Liberação; 4
A Deusa Durga. (H. T. W.).
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23. Ó Tu!, Deusa que reside dentro e fora de tudo, presidindo os processos evolutivos internos e externos; Tu, que moras eternamente no Plexo Básico (Kundali); Tu realmente vences os inimigos infernais. 24. Ó Tu! Deusa que conduz à aniquilação de todo orgulho; Tu, que guias das trevas à Luz; Tu és a Energia que dirige o cumprimento das atividades espirituais5 e temporais6. Ó Tu, que inspiras os aspirantes com o conhecimento do período auspicioso para o logro de suas respectivas aspirações; Tu és radiante com benéfica efulgência; ó Tu, Esplendor do Senhor que reside no coração do Sol Cósmico, e Outorgadora de vida aos mundos; 25. Ó Tu, que através da Divina Sabedoria evocas no coração do aspirante o gozo da Suprema Paz; Tu, que enches sua mente com amorosa devoção; Tu, quando Te revelas, capacitas o aspirante para a plenitude nas ações; Tu és a iluminação de seu yóguico êxtase; Tu, qual chispa, penetras através das potentes correntes de energia de Ida e Pingala7 do Iniciado e alimentas sua luz; Tu és a imagem (corporificação) de todas as realizações espirituais8; Tu és invocada por toda a Hierarquia de Adeptos para a efetiva plenitude de Suas obras. 26. Ó Suprema Deusa!, com o coração purificado por meio da graça da Iniciação, eu Te invoco! – Permite que eu obtenha sempre a Vitória, por Tua Graça, no campo de batalha!‖ * [27 a 29. A característica de um Maha-Siddha-Mantra. Por meio da meditação nele o aspirante alcança seu propósito sem necessidade de outros rituais tais como Japa, Homa, Tárpana, etc.]
Disse Sanjaya: 27. Em seguida a Deusa, sempre com amor à humanidade, conhecendo a devoção de Partha (Arjuna), do céu lhe falou assim, na presença mesma do Senhor: 5
HRIM – Bhuvaneshwari. SHRIM – Lakshmi. 7 Suryanadi e Chandranadi. 8 Ashta Siddhis. 6
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28. ―Ó Pândava!, vencerás teus adversários em breve tempo, porque tu és o invencível Nara, sempre auxiliado por Naráyana; 29. ―Tu és, por natureza, inconquistável pelos inimigos na batalha; nem mesmo por Indra, que empunha a grande arma chamada Vajra.‖ Havendo falado assim, a Deusa – Doadora de graças – imediatamente desapareceu. * [30. 31. O grau de um Mahatma, caracterizado por Sanjaya.]
30. Teus filhos, de perversas intenções, como também o resto dos Kauravas, submetidos à influência de Duryodhana, por causa de sua ignorância, não reconhecem os Sábios e Divinos Gêmeos Nara e Naráyana (Arjuna e Krishna); 31. Onde quer que impere o Dharma, aí Se manifesta radiante a Glória da Shakti, como também a imanente Yoga-Shakti, a Tríplice Energia Protetora e sua ciência; igualmente o Gñana-Shakti e sua ciência. – Onde está o Dharma, aí está Krishna; onde está Krishna, aí está a Vitória! * [32 a 37. A disciplina no exército dos Pândavas.]
32. Então, a postos no grande carro de guerra tirado por brancos corcéis, Madhava (Krishna) como também Pândava (Arjuna) fizeram ressoar suas divinas conchas marinhas; 33. Hrishikesha (o Senhor) fez soar a concha Panchajanya; Dhananjaya (Arjuna), a grande concha Devadatta; Vrikodara (Bhima), de heróicas façanhas, fez soar a concha Poundra; 34. O soberano Yudishthira, filho de Kunti, fez soar a concha Anantavijaya; e Nakula e Sahadeva sopraram, respectivamente, suas conchas denominadas Sughosha e Manipushpaka; 35. O Rei de Kasi (Benares), o grande arqueiro guerreiro; Sikhandi, o poderoso herói; Dhrishtadyumna e Virata, e também o invicto Satyaki;
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36. Drupada e os filhos de Draupadi, como também o filho de Subhadra9, poderosamente armados – todos eles, um após outro, fizeram soar suas respectivas conchas, ó Rei! 37. Este ressoar de conchas aterrorizou o coração dos filhos de Dhritarashtra, repercutindo poderosamente em todos os espaços da Terra e dos Céus. [38 a 52. Charcha, ou a investigação dos vários aspectos em que se desenvolve a ação.]
38. Então o Pândava (Arjuna), que na bandeira de seu carro ostentava a insígnia do Macaco (Hanuman), ao ver os filhos de Dhritarashtra alinhados em ordem de batalha diante dele, próximos ao primeiro choque de armas, erguendo corajosamente seu arco, 38 1/2. Assim falou a Hrishikesha10. Disse Arjuna: 39. Ó Tu, Senhor Infalível11!, coloca meu carro entre os dois exércitos 40. A fim de que eu possa avaliar o poder destas hostes alinhadas e decididas a lutar, e com as quais devo combater neste campo de batalha; 41. Devo ver aqueles que estão reunidos aqui para combater, ansiosos por servir à vontade do transviado filho de Dhritarashtra na batalha. Disse Sanjaya: 42. Ó Bhárata! (Dhritarashtra), o Senhor Hrishikesha 12, assim solicitado por Arjuna, que estava protegido por um elmo e poderosamente armado, detendo o divino carro entre os dois exércitos, 43. Na imediata presença de Bhishma, Drona e toda a realeza, assim lhe ordenou: ―Ó Partha! (Arjuna), contempla esses Kauravas reunidos para o combate.‖
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Abhimanyu. Krishna. 11 Achyuta. 12 Krishna. 10
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44. Então Partha distinguiu lá até parentes próximos, como pais, avós, preceptores, tios maternos e paternos, irmãos, filhos, netos, como também amigos13; 45. Também estavam sogros e benfeitores entre ambas as hostes. Então, contemplando todos aqueles parentes prontos para o combate, Arjuna14, 45 1/2. Invadido por transitória compaixão, e ao mesmo tempo entristecido, assim falou: Disse Arjuna: 46. Ó Krishna!, ao contemplar meus parentes reunidos, desejosos de combater, 47. Meus membros desfalecem, torna-se lívida minha face, e sobrevém uma agitação em meu corpo, como também uma sensação de estremecimento. 48. O grande arco Gandiva se afrouxa em minhas mãos, minha pele escalda, já não sou capaz de manter-me firme, e minha mente parece vacilar. 49. Ó Keshava! (o Senhor), julgo que as poderosas razões que eu tinha para combater me parecem agora como se fossem o contrário; tampouco creio que nossa prosperidade aumentaria à custa da morte de meus parentes na batalha. 50. Ai!, que perdurável iniqüidade estamos empenhados em perpetrar, ao esforçar-nos, por mera gananciosa satisfação, para nos apropriar da soberania da Terra, sacrificando nossos parentes! 51. Certamente é mais meritório viver de esmolas que matar estes Preceptores de elevado espírito. Além disso, como poderia eu alguma vez, sacrificando estes mestres de nobre aspiração, gozar aqui de festins manchados de sangue? 52. Não sabemos ainda qual das duas atitudes antes mencionadas nos conduziria à prosperidade; e também ignoramos se alcançaremos a vitória ou se seremos derrotados; ainda mais, matando todos estes filhos de Dhritarashtra, resolutamente alinhados diante de nós, talvez, daqui por diante não desejaríamos viver! 13
Refere-se não só a parentes e amigos de Arjuna, mas também a parentes e amigos entre si. (H. T. W.). 14 Filho de Kunti.
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[53. A característica de um verdadeiro discípulo, incluindo a absoluta rendição ao Guru, e o refúgio que aquele busca neste.]
53. Meu entendimento se desvia pelo corruptor apego pessoal ao fruto da ação, causado pela ignorância do Supremo Dharma 15. Aspiro aprendê-lo de Ti; instrui-me nesta Ciência divinamente revelada. – Eu sou Teu discípulo, salva-me, ó Senhor! Eu Te suplico! [54. Renunciante dedicação precede ao Prâpti ou Realização, a qual é alcançada por meio da rendição.]
Disse Sanjaya: 54. Assim falou humildemente Arjuna no campo de batalha, e, abandonando o arco com a aljava, encaminhou-se para a frente do carro onde estava sentado o Divino Auriga16, permanecendo ali com a mente perturbada por dolorosa angústia, diante da ação que deveria decidir a praticar. *** Assim é o Primeiro Capítulo, intitulado ―A Gênese da Gita‖ ou ―Gitavatara‖, que significa o manifestado Pranava da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto
15 16
Śuddha Dharma. Cocheiro.
SANKHYA-K ANDAM GÑANA-SHATKAM CAPÍTULO II – NARA-N ARÁYANA DHARMA GITA [1. O Senhor como o Revelador da Verdade e como Recordador do Atma-Shakti no discípulo.]
Disse Sanjaya: 1. Ó Bhárata!1, Hrishikesha (o Senhor), sorridente, disse estas palavras a Arjuna, que se mostrava perturbado e confuso entre os dois exércitos. [2 a 4. O Senhor dissipa a disposição à inação no ânimo de Arjuna – Resumo da Bhagavad Gita como Yoga-Brahma-Vidya ou Ciência Sintética do Absoluto.]
Disse o Senhor a Arjuna: 2. Tu te afliges por aqueles que não o merecem; não obstante pronuncias palavras de sabedoria; os homens sábios não se lamentam pelos ignorantes, nem pelos doutos se regozijam. 3. Ó Arjuna!, estás dominado pela confusão nascida da falta de equanimidade. Esta confusão é contrária ao que é espiritual, frustrando a elevada finalidade e tendendo a obstaculizar a Beatitude. 4. Ó Partha!2, não cedas à inação; isto não é digno de ti, ó tu, Conquistador! Rechaça essa opressiva covardia mental e empreende a elevada ação! [5. O Senhor em Sua quádrupla manifestação Brâhmica no processo samsárico mundanal, e como Propagador da Verdadeira Revelação.]
5. Assumindo quádrupla natureza espiritual Eu atuo para o bemestar dos mundos; e Eu mesmo (ou através dos Hierarcas que Me representam), de tempos em tempos, promulgo a Ciência para a manutenção dos mundos, de acordo com suas necessidades.
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Dhritarashtra. Arjuna.
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
[6. A Imanência do Senhor.]
6. AQUILO que os Videntes reconhecem como o Princípio Átmico (espiritual), associado com a Prakriti (Matéria) manifestando-Se em termos de causa e efeito, sou Eu, o Morador Interno, sem princípio, nem meio, nem fim. [7. A natureza oculta do Senhor.]
7. Este Supremo Mistério, que é compreendido pelos Videntes como existindo além do tempo e do espaço, e de sutil manifestação, sou Eu, o Eterno e Incognoscível (para os não Videntes). [8. O Senhor como o Outorgador de prosperidade e graça espiritual.]
8. Ó tu Arjuna, o primeiro entre os homens! Meu Supremo Mistério é AQUILO3 que os mundos compenetra; sustentando este processo samsárico mundanal e dirigindo-os, Eu confiro a eles Graça Espiritual. [9 a 12. O Senhor como a Grande Causa, e Consumador dos mundos manifestados.]
9. Ó tu, o melhor entre os homens!, se anelas conhecer-Me, escuta com atenção como e Quem Eu sou, de onde Eu sou, e qual o motivo de Minha manifestação. 10. Um de Meus Aspectos (Fase) é por si mesmo compenetrante, estando estabelecido no Supremo Yoga; outro Aspecto cria o universo orgânico e inorgânico; 11. Outro Aspecto ainda faz convergir este universo criado, móvel e imóvel; e esta Fase, por meio de Sua própria natureza e energia, impele este universo em seu girar evolucionário. 12. Em quarto lugar, Meu Aspecto manifestado se ocupa na progressiva manutenção dos mundos, e por Sua própria natureza lhes dá proteção. Assim Eu existo como o Etérico-Morador no centro do coração do mundo. [13. Sua completa Soberania, por meio de Sua Onipresença.]
*13. Por Mim estes quatro Aspectos formam um Todo; em Mim todos Eles permanecem; Eu sou a Semente de todo o Universo; Sou o Onisciente!
3
A Divindade, o Absoluto que tudo compenetra. (H. T. W.).
CAPÍTULO SEGUNDO
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[14 a 17. A íntima relação entre o adorador e o Adorado.]
14. Todos aqueles que possuem discernimento espiritual e são devotados ao Tríplice Fogo 4, estando sempre absorvidos na adoração a esse Fogo através da entoação de Sons Místicos, e superando as influências contrárias à plenitude espiritual, 15. Devidamente disciplinados, absortos em contemplação subjetiva, adoram somente a Mim com sincera devoção, rendendo o Tríplice Fogo ao Princípio Sintetizante. 16. Eu sou sua Luz de Iniciação, perceptível através da salutar ação e devoção5. Eles moram sempre em Mim, e Eu moro neles com infinita compaixão. 17. Aqui e sempre, Eu sou alcançável através da ação desinteressada, executada com verdadeiro discernimento, e com o coração cheio de devoção a Mim. [18 a 23. Sua quádrupla atuação nos níveis Átmico e Prakrítico, respectivamente.]
18. Conhece-Me como a Ciência da manifestação física, e como a Causa Primordial do Cosmo; sabe também que os mundos de DaivaBhava e Asura-Bhava (com suas qualidades divinas e demoníacas) se originam igualmente de Mim. 19. Por Mim, no mundo animado, o Princípio de Vida está estabelecido internamente em quatro Aspectos: como Vasudeva, residindo no Avyakta (Plano Yóguico); como Aniruddhiha, no plano Mahat (Buddhi ou Intelecto); 20. Como Samkarshana, no Ahamkara (Ego), e Indriya (Sentidos); e como Pradyumna em Manas (Mente-Emoção). Por outra parte, também estás apto para conhecer Minha quádrupla manifestação externa. 21. Deve-se saber que nesse Lótus, que sempre existiu, nasceu Brahma; depois de Brahma, se originou Shiva; 22. Depois de Shiva, surgiu Skanda. Esta é a quádrupla criação. Quando o Sanátana Dharma está em perigo pela influência dos Daityas, Rakshasas e Dânavas,
4 5
Akshara (a Divindade). Sannyasa e Tyaga.
ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
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23. Então, ó imaculado Arjuna!, para a regeneração do Dharma, Eu mesmo encarno. Os Yogues Me conhecem por meio do Yoga, e não de outra maneira. [24. A excelência Śuddhacharyas.]
do
Śuddha
Dharma
e
da
companhia
dos
24. Por meio da pureza do pensamento e da ação, e ardente meditação, os Yogues, sendo Meus devotos, e enriquecidos espiritualmente pela associação com os Śuddhas (puros de conduta) obtêm o mais elevado Conhecimento. [25. Dissipação da tristeza temporal por meio de Śuddha-Gñana ou Conhecimento Transcendental.]
25. Portanto, através do entendimento espiritual transcendental, qualquer pessoa de elevado conhecimento e profunda devoção, e empenhada em ações impessoais, alcança a Realização, entrando naquele Estado no qual já não se aflige nem tampouco se regozija. *** Assim é o Segundo Capítulo, intitulado ―Nara-Naráyana Dharma Gita‖, no Gñana-Shatka do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
CAPÍTULO III – AVATARA DHARMA GITA [1. Arjuna pergunta sobre a natureza dos Avataras ou Encarnações Divinas como seres humanos e outras manifestações.]
Perguntou Arjuna: 1. Ó Senhor do Yoga!, como, por constante meditação, posso conhecer Teu Supremo (Paramátmico) Aspecto? Ó Bem-aventurado Senhor!, ainda mais, como deverias Tu ser concebido em meu pensamento, em Teus Aspectos manifestado1 e imanifestado2? [2 a 6. Paravasudeva como a Única Origem de todas as outras Encarnações.]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: 2. Escuta, ó tu de sagradas façanhas!, a ti, que és amado por Mim, vou revelar Minha suprema palavra, em benefício de tua felicidade espiritual. 3. Sendo Eu de perpétua transcendência (além do tempo e do espaço), de Infinita Inteligência3 e Diretor da criação animada e inanimada, manifesto-Me a Mim mesmo através de Minha Shakti4, encarnando com ―Kalyani-Prakriti‖ (Matéria Gloriosa). *4. Eu existo transcendentalmente em todas as Minhas manifestações, das quais nenhuma prefiro ou rechaço. Os aspirantes que devotamente Me reconhecem como tal, cooperando com Meu plano, levo-os à culminação de seus esforços evolutivos. 5. Ó Arjuna! Eu conheço em sua integridade o passado, o presente e o futuro do processo evolutivo do mundo; porém ninguém, a não ser aqueles que são cientes de Minha transcendência em todas as manifestações, Me conhecem como tal.
1
Swarupa. Swabhava. 3 Atma = Inteligência. 4 Esha-Shakti. 2
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6. Portanto Eu sou o Representante de Brahm 5, da Eterna Inteligência6, da Suprema Lei 7, como também da completa Bem-aventurança8; [7. 8. O Senhor, manifestado como Avatara, Brahma-Diksha-Acharyas ou Hierarcas Iniciadores.]
adorado
pelos
7. Eu sou Vishnu, adorado por aqueles Hierarcas que concedem as Iniciações Solares9, como o radiante Sol da Luz da Iniciação; Eu sou Marishi, adorado por aqueles que conferem as Iniciações Marut (Ar ou Vayu); Eu sou a Lua, adorada por aqueles que outorgam as Iniciações Nakshatra (Sukra ou Estrela). 8. Eu sou o Receptor de todo Yagna (atividades e aspirações), como também seu Dispensador; não obstante, os homens não Me conhecem como tal, manifestado nos Tatwas (essências básicas da Matéria); por isso eles se retardam na Senda. [9. O Senhor em Seu Avatara, com Divya e Arsha (Rishi) características do Dharma.]
9. Nem a Assembléia dos Devas, nem a Hierarquia dos Grandes Rishis conhecem a grandeza de Minha manifestação, posto que Eu sou a Origem de todos os Devas e Rishis. [10. A Encarnação do Senhor como Morador Interno, associado com Yoga-Shakti.]
10. Estando eternamente associado com Yoga-Shakti, como o Morador Interno no Santuário do Coração, não Sou cognoscível por todos. Os seres, privados de conhecimento átmico, não Me reconhecem como Transcendente e Eterno. [11. O Avatara como Doador de Graça, mesmo aos buscadores de fins pessoais (Rakshasas e Asuras).]
11. Os egoístas, motivados por desejos pessoais, empenhados em ações que visam benefício próprio, sendo de idéias separatistas, buscam 5
Śuddha (ou Transcendência). Gñana. 7 Atuações do Sanátana Dharma. 8 Ananda. 9 Aditya. 6
CAPÍTULO TERCEIRO
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Minhas manifestações nas Asúricas, Rakshásicas ou sedutoras formas materiais, que só proporcionam prazeres efêmeros. [12. O Avatara em forma humana como Objeto de adoração da generalidade dos homens.]
12. As pessoas, carentes de discernimento átmico, Me consideram somente como ser humano enquanto Me manifesto como homem entre elas, não reconhecendo Meu supremo estado como Maheshwara, ou o Transcendente10. [13. O Avatara, como um Siddha, na função de Mahacharya, para a propagação do Dharma.]
13. Sempre que, ó Bhárata! (Arjuna), decai a retidão11 e sobrevém a preponderância da injustiça12, Eu Me manifesto a Mim mesmo como um Siddha, para ensinar o verdadeiro Conhecimento do Sanátana Dharma. [14. Os Avataras, para proteger o Dharma das Épocas e transformar o Adharma em Dharma, manifestam-Se com Poder e forma perfeita, principalmente no aspecto humano.]
14. Para a proteção dos justos, para a transmutação da injustiça (Adharma) em justiça (Dharma), e para o estabelecimento do Sanátana Dharma, manifesto-Me a Mim Mesmo em perfeitas e saudáveis Encarnações, para ajustar o Dharma de acordo com a necessidade dos tempos. [15 a 17. O trabalho dos Avatara-Purushas para a exaltação espiritual, de acordo com a natureza de tais Manifestações.]
15. Ó Partha!, nos três mundos samsáricos, isto é, nos planos do Conhecimento (Gñana), do Desejo (Iccha) e da Ação (Kriya), nada há que Eu busque, nem nada Me falta por obter; no entanto Eu, como Avatara, estou sempre empenhado no trabalho da manifestação. 16. Todavia, se Eu não estivesse continuamente empenhado no trabalho da manifestação para proteger o Dharma, todos os homens, ó Partha!, da mesma maneira, cessariam de esforçar-se para obter seu cumprimento (Dharma). 10
Paramatma. Sanátana Dharma. 12 Adharma. 11
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
17. Estes mundos (planos de Mahat, Manas e Indriya) se tornariam adhármicos se Eu deixasse de manifestar-Me como Avatara; com isso Eu poderia causar a confusão do Dharma e arruinar este Samsara, ou processo evolutivo dos Jivas13. [18. A encarnação do Senhor como Nara-Naráyana.]
18. Ó Arjuna! Muitos têm sido os Avataras manifestados por Mim, como também por ti; Eu Me recordo de todos eles; não te recordas dos teus, ó aspirante ao Divino Mistério?! [19 a 21. A natureza dos devotos dos Avatara-Purushas e sua recompensa com Buddhi-Yoga ou Conhecimento Sintético.]
19. Carentes de apego, medo e cólera, sempre absortos em Mim, dedicando-se a Mim, purificados através de austera sabedoria, muitos aspirantes se têm aproximado de Meu Ser. 20. Dirigindo a Mim seus pensamentos, consagrando a Mim toda ação, mutuamente versados sobre Mim, proclamando-Me como Eterno, experimentam Bem-aventurança e êxtase. 21. Àqueles que são sempre devotados a Mim, e Me buscam com amorosa adoração, Eu lhes outorgo esta unificante Sabedoria 14, mediante a qual se aproximam de Mim. [22 a 24. A natureza de Śuddha-Bhakti em relação aos Avatara-Purushas e sua recompensa15.]
22. Em verdade, ó Partha!, os Mahatmas16, estabelecendo contato com o plano da Daivi-Prakriti (a forma mais sutil da Matéria manifestada), Me adoram17 com todo o coração, conhecendo-Me como Eterno e a Origem de todo o Cosmo. 23. Sempre Me glorificando, esforçando-se com firmeza mental, rendendo-se devotadamente, e estando espiritualmente dedicados, eles Me adoram com discernimento átmico.
13
Almas Individuais. (H. T. W.). Buddhi-Yoga. 15 Yoga e Kshema. 16 Aspirantes da mais elevada ordem. 17 Paramatma. 14
CAPÍTULO TERCEIRO
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24. Aos aspirantes que Me adoram assim, com todo o coração, estando sempre em harmonia Comigo, outorgo o bem-estar temporal e espiritual. [25. O fruto, resultante de um conhecimento correto do mistério dos Avataras, conduz desde o não nascimento a Prâpti, o quinto Purushartha.]
25. Ó Arjuna!, aquele que assim conhece Minha divina manifestação e atuação nos Tatwas, dedicando tudo a Mim, não está mais sujeito ao renascimento, e chega a Mim. *** Assim é o Terceiro Capítulo, intitulado ―Avatara Dharma Gita‖, no Gñana-Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
CAPÍTULO IV – ADHIKARA DHARMA GITA [1. 2. Arjuna pergunta acerca das relativas situações e méritos daqueles que são devotados às manifestações do Senhor com forma (Deus personificado) e ao Seu Aspecto sem forma (Brâhmico).]
Perguntou Arjuna: 1. Dos devotos que, sempre dedicados a Ti, Te adoram em manifestada forma, e aqueles que Te adoram em Teu imperecível e imanifestado Aspecto, qual dentre eles realiza melhor o Yoga? 2. Ó Krishna!, esta é minha dúvida; Tu és bem versado para esclarecê-la integralmente. Senhor, ninguém, salvo Tu, é capaz de esclarecer esta questão. [3 a 5. O Senhor como Presidente do Swara-Rekha (Raio do Som); os Hierarcas que atuam sob Sua direção, conhecidos como Buddhas, e Seu trabalho.]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: *3. Eu sou o Autor de todas as Ciências; todo o processo do mundo1 emana de Mim; os Hierarcas2, sabendo-o assim, de acordo com Minha Ideação, são devotados a Mim. 4. As Ciências3 tratam do discernimento, do conhecimento átmico, da consciência do processo samsárico mundanal, do perdão, da verdade, da disciplina dos Sentidos, da calma, do prazer e da dor, da concretização (Pravritti) e da abstração (Nivritti), como também de seus perigos e dos meios para superá-los. 5. A inofensividade, o discernimento transcendente, o êxtase espiritual, a austera investigação, a dedicação ou rendição, a boa e a má conduta – que engendram diversas características nos seres – emanam igualmente de Mim.
1
Processo samsárico mundanal. (H. T. W.). Buddhas do Swara-Rekha (Raio do Som). 3 Shastras. 2
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[6. 7. O status dos Cinco Primeiros Lokadhikaris, dos Sete Rishis (Chefes dos Sete Raios), dos Quatro Manus, dos Madbhavas, dos Manasas, dos Jathas e também de outros Hierarcas que constituem a Grande Hierarquia conhecida como ŚUDDHA DHARMA MANDALAM.]
6. Os Sete Antigos Rishis, como também os Quatro Manus, os Madbhavas, os Manasas e os Jathas têm a Seu cargo a supervisão de todos os seres. 7. Por Mim foi instituída a ordem quaternária sobre a base funcional do Conhecimento4, do Desejo5, e da Ação6. Conhece-Me como o divino Originador de tudo isso, e também como seu Sintetizador. [8 a 10. A eminente posição dos Mahatmas devotados aos Adhikaris do Vasudeva-Rekha (Raio ao qual pertence a humanidade).]
8. Quatro classes de aspirantes, sendo de reta natureza, são devotados a Mim: aqueles que praticam atos desinteressadamente; os de discernimento átmico; os de coração totalmente devoto; e os de transcendente ou yóguica Realização. 9. Destes, o Gñana-Yogue é, em verdade, superior, sempre absorto no Atma, e de transcendente devoção. Eu sou supremamente amado por ele, e ele, por sua vez, é muito amado por Mim. 10. Este Yogue, com o transcendente conhecimento de que Vasudeva (Paramatma) é o Todo, Me alcança na culminação do quádruplo esforço; tal Mahatma é muito raro entre os homens. [11 a 18. A natureza dos Iniciados, iniciados com as sete grandes Iniciações: Surya, Chandra, Sukra, Yoga-Devi, Vayu, Agni e Prithivi Dikshas.]
11. O conhecimento daquele, cuja característica ignorância foi dissipada pelo discernimento espiritual, ajudado pela Iniciação Solar 7, revela o Supremo que transcende tudo. 12. O aspirante, com constante discernimento, com disciplinada e desapaixonada Mente8, através da renúncia ao fruto da ação necessária, acerca-se ao supremo logro da Naishkarmya (ação necessária, executada sem apego e dedicada espiritualmente).
4
Gñana. Iccha. 6 Kriya ou Karma. 7 Surya ou Aditya. 8 Manas. 5
CAPÍTULO QUARTO
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13. Aquele cujo esforço é isento de passional propósito, e cujas ataduras das ações são consumidas pelo fogo do Conhecimento, os Videntes declaram ser um ―Pandita‖. 14. Aquele que não se regozija com os estímulos agradáveis, nem se entristece com os que são desagradáveis, com firme discernimento espiritual, sendo um conhecedor de Brahm, habita em Brahm. 15. Aqueles que adoram o Akshara, o Qual é Indefinível, Imanifestado, Imanente, Inconcebível, o Morador Interno, Constante e Eterno, 16. Com os Sentidos disciplinados, reconhecendo Sua transcendência, e desejosos do bem-estar do mundo, chegam a Mim. 17. É mais severo o exercício ou esforço daqueles que se dedicam à adoração ao Imanifestado9, posto que a disciplina que conduz a tal transcendência é difícil de ser realizada pelos aspirantes. 18. Alguns aspirantes10, de resoluto esforço, realizam a adoração através da disciplina dos Sentidos11; outros, da disciplina da MenteEmoção12; e ainda outros, por meio da disciplina sintética ou integral (yóguica); como também alguns, através do estudo disciplinado e da intelecção (Gñana). [19. 20. A natureza daqueles que são devotados ao Khandavatara.]
19. O aspirante que percebe a síntese (Yoga) na triplicidade Samsara13, como também percebe na síntese a tríplice constituição multiplicidade (conhecimento espiritual), verdadeiramente é, entre homens, de discernente entendimento, destro no Yoga, e realizador perfeitas ações.
9
Akshara. Yatis. 11 Dravya. 12 Tapas. 13 Gñana, Iccha e Kriya. (Conhecimento, Desejo e Ação). 10
do da os de
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20. Entre muitas pessoas, somente um aspirante sábio se esforça por alcançar a Liberação14; daqueles que se empenham em alcançá-la, unicamente o Gñani15 Me conhece por meio dos Tatwas. [21. 22. O status e a natureza dos aspirantes conhecidos como Samatmas.]
21. Ó Arjuna!, aquele que reconhece que o prazer e a dor (e todas as dualidades) são da mesma natureza de Brahm 16, representado no Atma, é considerado um excelso Yogue. 22. Aquele que é um Yukta, isento de apegos, cuja consciência está bem estabelecida no conhecimento espiritual, e cujos atos são executados com inteira dedicação, suas ações são inteiramente livres das qualidades que atam. [23. 24. O status e a natureza da classe de aspirantes conhecidos como Brahmatmas.]
23. Mediante este conhecimento um Pandita reconhece a presença Brâhmica, ou a transcendência, em um humilde Brâhmana, em uma vaca, em um elefante, em um cão, e igualmente nos seres de grosseiras tendências. 24. Ó Partha! Seja qual for o modo como os aspirantes Me adorem, Eu os enalteço de acordo com seus esforços. Portanto, todos os homens podem seguir a senda que conduz a Mim. [25. 26. O status e a natureza da classe de aspirantes conhecidos como Yuktatmas.]
25. Aquele que Me conhece como transcendendo o nascimento, sem princípio, e como o Supremo Senhor do Cosmo, esse, entre os homens, sendo firme no conhecimento átmico, é liberado de todo pecado e mérito das ações (as envolventes qualidades das dualidades).
14
Moksha Siddhi. Kaścit. 16 Sama. 15
CAPÍTULO QUARTO
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26. Aquele que é imune aos resultados dos contatos externos, e busca a alegria interior, consagrando-se ao Brahma-Yoga, alcança a eterna Bem-aventurança. *** Assim é o Quarto Capítulo, intitulado ―Adhikara Dharma Gita‖, no Gñana-Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
CAPÍTULO V – SIKSHA DHARMA GITA [1. 2. Arjuna pergunta sobre o princípio básico para efetuar a ação necessária como meio para alcançar Samya-Yoga.]
Perguntou Arjuna: 1. Ó Madhusudana! (Krishna), Devido à minha confusão, não entendo a permanente natureza da disciplina do Samya-Yoga (percepção transcendental) que Tu me revelaste. 2. Ó Keshava! (o Senhor), qual é a característica de um Sthitapragna, de um Samadhista, e como se desempenha um Sthitadhi no processo samsárico mundanal? [3 a 8. Os caminhos e meios que levam ao Samya-Yoga, por constante equilíbrio mental, através de Buddhi associado com Śuddha-Manas.]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: *3. Com a Mente devotada a Mim, ó Partha!, aspirando ao Yoga (disciplina de Síntese), confiando em Mim, escuta como podes conhecerMe total e positivamente. 4. É considerado por Mim, e é afirmação corrente, que o SamyaYoga1 não pode ser alcançado por aqueles de Sentidos e Mente indisciplinados; porém, isto é alcançável pelo esforço disciplinado, por meio de Transcendente Ideação – Śuddha Dharma2. 5. O aspirante, atraído pelo que seus Sentidos objetivos captam, se apega a ditas percepções; do apego nascem as paixões, e as paixões dão origem à ira; 6. Da ira surge a perda do discernimento; daí provém o obscurecimento da memória; por essa razão o intelecto se debilita, e com tal debilitação Samya-Yoga não é alcançado. 7. O aspirante, seguindo o Bhagavad-Shastra3, pelo controle dos Sentidos objetivos de sensação, isento de apego e aversão, sendo espiritualmente controlado, alcança a Bem-aventurança.
1
Vigilância Transcendental. Upaya. 3 Vidhi. 2
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8. Nesse estado bendito cessam todas as aflições, e sem demora se torna introspectiva a inteligência ou conhecimento (do aspirante bemaventurado) levando-o ao Yoga. [9 a 13. A disciplina que tem que ser seguida pelos Iniciados em geral, com relação às Gunas.]
9. Nesse estado o aspirante, com amplitude de visão e discernimento, isento de orgulho, sendo-lhe impossível causar dano, tolerante, reto, dedicado ao Mestre, puro, firme, mentalmente disciplinado; 10. Livre das atrações dos contatos sensoriais; sem egoísmo; reconhecendo os males e aflições provenientes do nascimento, das enfermidades, da velhice e da morte; 11. Desapegado, conduzindo-se impessoalmente com os filhos, com a esposa e o lar; sem perder o equilíbrio da Mente4 nos acontecimentos tanto agradáveis como desagradáveis; 12. Com intenso Yoga (prática assídua) e devoção somente a Mim, ele busca paragens solitárias, afastando-se das multidões. 13. O conhecimento das eternas verdades átmicas, e o entendimento da Ciência dos Tatwas (Princípios Básicos da Prakriti ou Gáyatri), são considerados os constituintes do verdadeiro Conhecimento; portanto, tudo quanto seja oposto às qualidades citadas é ignorância. [14 a 17. A disciplina, em termos de Karma ou Ação, a ser seguida pelos Iniciados.]
14. Aquele que é disciplinado em Samya-Yoga5 Me conhece como residindo em toda a Criação; tal como um Yogue, ainda quando se ocupa no processo samsárico mundanal, permanece devotado a Mim. 15. Aquele que Me vê em todas as coisas e vê todas as coisas em Mim, para ele Eu não sou inalcançável, permanecendo Minha graça sempre com ele. 16. Aquele que, com transcendente discernimento, é bem disciplinado no Yoga, contempla o Átman compenetrando todo o Cosmo, como também a inteira Criação manifestada no Átman. 17. Afasta a distraída e vacilante Mente (Mente-Emoção) de qualquer coisa que a haja atraído e conduze-a novamente ao Átman. 4 5
Manas. Vigilância Transcendental.
CAPÍTULO QUINTO
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[18 a 24. A disciplina relativa aos quatro Yogadhikaris como diferente da dos Sankhyadhikaris, mencionada nos quinze versículos anteriores.]
18. Ó Partha!, é declarado Sthitapragña (Mahatma ou Gñani) aquele que superou todas as paixões da Mente6, e assim permanece extasiado em Átmica Beatitude. 19. Sthitadhi (Samatma ou Muni) é aquele cuja Mente não é angustiada por aflições, mantendo-se desapaixonado, desapegado de atrações prazenteiras, isento de desejos, de medo e cólera; 20. Seu entendimento7 é estabilizado, não se alegra pelos eventos auspiciosos, nem se entristece com os acontecimentos adversos. 21. Seu entendimento8 se estabiliza quando ele retira os Sentidos (Gñanendriyas ou Sentidos cognoscitivos) dos objetos que lhe produzem sensação – assim como a tartaruga recolhe seus membros debaixo de seu casco. 22. Ainda de um aspirante bem versado9, os tumultuosos Sentidos10 arrebatam forçosamente a Mente, seja durante a prática meditativa, como também durante sua atuação no processo samsárico mundanal; 23. Disciplinando os Sentidos e a Mente, todo aspirante deve permanecer devotamente absorto em Mim 11; assim, aquele que tem controlados os Sentidos12, chegará a estabilizar seu entendimento; 24. Aquele que em sua vida, e durante o alinhamento dos veículos13 (ou seja, o processo de elevar a consciência, por meio do Yoga, recolhendo-a) está apto para dominar a força gerada pela paixão e pela ira, é um Yukta14, é um aspirante Bem-aventurado.
6
Mente-Emoção. Pragña. 8 Pragña. 9 Sthitabuddhi ou Artha, ou Brahmatma. 10 Gñanendriyas. 11 Atma. 12 Gñanendriyas. 13 Kosha-Sankramanam. 14 Samadhista ou Jignâsu. 7
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[25. A natureza dos quatro Tatwakutas da Prakriti (ou Matéria) organizados no corpo, e a transcendência do Princípio de Vida sobre eles.]
25. Os Shastras afirmam que os Sentidos são sutis; mais sutil que eles é a Mente15; mais sutil que a Mente é o Intelecto16, e mais sutil que o Intelecto é o Atma (estabelecido no Avyaktam ou Matéria-Raiz). [26. A essência da disciplina que compreende o equilíbrio mental e emocional, como conseqüência da superação dos desejos pessoais.]
26. Conhecendo assim o Princípio de Vida (Átman, no Plano Avyakta) como transcendendo Buddhi, Manas e Indriya 17, disciplinando a Mente por meio de Buddhi (e Dhriti), ó tu, de grandes proezas!, vence o adversário que se apresenta como nociva paixão, difícil de superar. *** Assim é o Quinto Capítulo, intitulado ―Siksha Dharma Gita‖, no Gñana Shatka, do Sankhya Kanda da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
15
Manas. Buddhi. 17 Intelecto, Mente e Sentidos. (H. T. W.). 16
CAPÍTULO VI – KÂRANA DHARMA GITA [1. Arjuna pergunta sobre a causa final de toda ação, seja material ou espiritual.]
Perguntou Arjuna: 1. Ó Varshneya! (Krishna), o que impulsiona irresistivelmente o aspirante tanto a pecar como a praticar atos meritórios, mesmo sem o desejar?1 [2 a 4. Localização (base ou corpo) ou o agente, instrumentos ou meios, e ação, constituem a causa material ou próxima; enquanto Daiva ou Pratyagatma constitui a Causa espiritual, geral ou remota de todo funcionamento.]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: 2. Escuta de Mim, ó tu, de grandes proezas!, as cinco causas (origem de toda ação) expostas na Ciência que estuda o processo samsárico mundanal, são: 3. O corpo2 como base; o aspirante3 como autor; os vários meios ou instrumentos4; as diferentes e variadas formas de atuar5, e, por último, a Quinta Causa ou o Princípio de Vida6. 4. Qualquer ação física, mental ou intelectual7 que uma pessoa execute, seja ou não com discernimento átmico, inclui estas cinco causas. [5 a 7. A insensatez de atribuir ao Átman a exclusiva causa de todos os atos. A sabedoria consiste em reconhecê-Lo (o Atma) como separado disto.]
5. Sendo assim, em verdade, quem, por equivocado entendimento, considera o Princípio de Vida8 como o exclusivo agente de todas as ações, falha no saber, por causa da ausência de conhecimento átmico. 1
Sankhya Siddhanta ou ―Samsara-Vyavasaya‖. Loka. 3 Através de Gñana ou Conhecimento. 4 Indicados nos Shastras. 5 Pravritti, Nivritti e Yoga-Vyavasaya. 6 Atma. 7 Vâk. 8 Atma. 2
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6. Ó tu, de grandes façanhas!, o aspirante que entende, por meio dos Tatwas, a mútua relação entre Sankhya ou multiplicidade, e Yoga ou unidade, não se identifica com o fruto da ação, sabendo que as causas das ações se resolvem inevitavelmente em suas conseqüências. 7. Aquele que possui uma natureza (ou Mente) livre de egoísmo, cujo conhecimento é discernente, ainda que funcionando neste TrípliceSamsara (Mahat, Manas e Indriya) ou processo samsárico mundanal, atuando como se nada fizesse, não fica atado por suas ações9. [8 a 11. Os dois Nishtas (Sankhya e Yoga), como semelhantes em suas operações desde o ponto de vista do Yoga-Brahma-Vidya.]
8. Ó tu, sem pecado!, dois modos tem a disciplina por Mim estabelecida anteriormente, em referência ao processo samsárico mundanal (individual ou coletivo). O primeiro para os Sankhyas – aqueles que buscam a Liberação (ou Mukti) por meio da adoração ao Ser Supremo manifestado, pela via do Conhecimento (Gñana), da Devoção (Bhakti), e da Ação (Karma), culminando em Sannyasa; e o segundo para os Yogues – os buscadores da Brahma-Prâpti ou Realização por meio da adoração ao Aspecto Imanente do Ser Supremo, através do Karma-Yoga (Sannyasa ou renúncia, e Tyaga ou dedicação), do Bhakti-Yoga e do Gñana-Yoga. 9. Os aspirantes que seguem a senda de Kevala-Sankhya (o mero Tríplice-Samsara), mas não aqueles10 que seguem a senda do Śuddha-Sankhya e do Śuddha-Yoga, afirmam que as disciplinas do Sankhya e do Yoga são diferentes entre si (desconectadas), e que não há relação entre uma e outra. Em verdade, aquele que é devotado ao Imanifestado ou Imanente11 alcança a Beatitude, a qual se logra igualmente em ambas as sendas (Śuddha-Sankhya e Śuddha-Yoga). 10. Aquele estado a que chegam os aspirantes Sankhyas é também alcançável pelos Yogues. Vê quem vê a Unidade, como também o tríplice12 e o unitário13 funcionamento. 9
Naishkarmya. Pandita. 11 Ekam. 12 Sankhya-Nishta. 13 Yoga-Nishta. 10
CAPÍTULO SEXTO
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11. De toda esta criação manifestada, Eu sou o Progenitor, a Mãe (a Shakti), o Outorgador do Conhecimento (o Atma), o Ancestral (o Purusha), o Transcendente Absoluto (Śuddha Brahm), e a Causa de tudo14, e constituo as Ciências do Rig15, Sama16 e Yajur17 (Vedas). [12 a 16. O status do Paramatma como a Grande Causa da Criação e Sua imparcialidade em relação às ações prakríticas ou materiais.]
12. Por meio de Minha Prakriti (Daivi-Prakriti), Eu sou a Causa que manifesta, de tempos em tempos, esta aglomerada criação, a qual está sujeita à influência da Triguna-Prakriti. 13. Ó Dhananjaya! (Arjuna), contudo estes atos de criação não Me atam; dirijo-os desligado deles, permanecendo como testemunha imperturbável. 14. Eu sou o Cognoscível, o Sustentador, o Excelso Senhor, a Onipresente Testemunha, a Morada, o Refúgio, o Amistoso Morador Interno, o Evolucionário, a Autoridade, o Mistério e a Imutável Causa. 15. Qualquer criação móvel e imóvel se origina, sabe-o tu, o primeiro dos Bháratas18!, como resultado da interação entre o Princípio de Vida19 e a Matéria20. 16. Ó Arjuna!, Eu acendo o fogo; Eu envio e detenho a chuva; Eu sou a Vida e também sua extinção; Eu sou a Causa e conseqüência do Cosmo. [17 a 19. O unitário e múltiplo ponto de vista, e os Nishtas dos aspirantes que são Atmavit e Anatmavit, isto é, Videntes e não Videntes.]
17. Os Gñana-Yogues Me conhecem como o Uno e o Múltiplo (Imanifestado e Manifestado), adorando-Me de diversas maneiras através do discernimento átmico. 18. Os pervertidos, inativos, desprovidos de discernimento átmico, dominados pelas Trigunas e, em conseqüência disso, caracterizados por 14
Pranava, Samasthi e Vyasthi. Gñana. 16 Bhakti. 17 Karma. 18 Arjuna. 19 Kshetragna (Atma). 20 Kshetra ou Prakriti. 15
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separatistas e egoísticas inclinações, inconscientes de que Eu sou a Causa-de-Tudo, não Me compreendem como tal. 19. Os Yogues, praticando o Yoga, conhecem AQUELE como o Princípio Interno Imanente; porém aqueles que, ainda que sejam Sannyasins, são indisciplinados no Yoga e dominados pela influência das três Gunas, não O reconhecem como tal. [20. 21. O Paramátmico Vyavasaya na Prakriti ou Matéria.]
20. Por Minha Shakti21 compenetrando a Terra e também o corpo, Eu os mantenho em seu funcionamento; como a essência da Lua Cheia, Eu sustento todas as plantas. 21. Como Vaishwanara, habitando no corpo de todos os seres, impulsionando Pravritti e Nivritti, e Yoga, Eu, sendo transcendente, atuo na Matéria (Annam ou corpo, formado pelos Tatwas de Indriya, Manas, Mahat e Avyakta22) em quádrupla função, como Karma, Bhakti, Gñana e Yoga. [22 a 25. Conclusão à qual se chega pelo conhecimento da Prakriti como a causa próxima de toda atuação, e do Paramatma como a Grande Causa Geral disto, transcendendo a Prakriti.]
22. As Gunas da Matéria23 são a causa próxima de toda ação, enquanto que o Princípio de Vida24 promove as alegrias e as tristezas. 23. Ó Bhárata25!, nem todos os seres Me reconhecem como a Causa-de-Tudo, por isso sua atividade, tanto objetiva (Pravritti) como subjetiva (Nivritti), estão obscurecidas pelas dualidades agradáveis e desagradáveis, ó Parantapa26! 24. Aqueles cujos pecados e méritos são transmutados pelo Yoga, atuando desinteressadamente, chegam a conhecer-Me e realizar-Me como a Causa-de-Tudo, posto que não estão obscurecidos pelo vaivém das dualidades, e assim estão firmemente estabelecidos no Yoga.
21
Ojas (Energia). Sentidos, Mente, Buddhi e Plano Yóguico. (H. T. W.). 23 Prakriti. 24 Purusha. 25 Arjuna. 26 Arjuna. 22
CAPÍTULO SEXTO
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*25. Quando o Vidente Me vê como a Causa-de-Tudo, percebe que só as Gunas27 são a causa próxima de toda atuação, e reconhecendo-Me como AQUELE que está mais além das Gunas 28, entende Minha Transcendência29. *** Assim é o Sexto Capítulo, intitulado ―Kârana Dharma Gita‖, no Gñana Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
27
Qualidades da Matéria (Prakriti). Qualidades da Matéria (Prakriti). 29 Kaivalya ou Atma-Bhava. 28
CAPÍTULO VII – KAIVALYA DHARMA GITA [1. Pergunta de Arjuna com referência ao status do aspirante, o qual o capacita a alcançar Brahma-Prâpti, transcendendo a Prakriti.]
Perguntou Arjuna: 1. Qual é o elevado conhecimento, qual é a maneira de atuar, qual é a ciência, e como orientar as ações para capacitar um aspirante a alcançar a Realização Brâhmica1, que transcende o plano material2? [2 a 7. A reverente atitude dos Gñanadhikaris com respeito a Brahm transcendendo a Prakriti. – A essência do ―Nara-Naráyana Dharma‖ (segundo capítulo), e do ―Avatara Dharma‖ (terceiro capítulo).]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: 2. Eu revelarei agora o que deve ser conhecido, o Conhecimento pelo qual o aspirante alcança o supremo entendimento de que Brahm transcende o processo samsárico mundanal3. 3. AQUELE (Brahm) compenetra tudo, e tudo dirige, já que é Onividente, Onisciente, Onipresente, Meta de toda revelação, o Todo que tudo inclui; 4. Dotado com o funcionamento de todos os Sentidos, acha-Se, contudo, livre da escravidão que eles impõem. Desapegado, Protetor de todos os Dharmas, atua sempre sem ser afetado pelas três Gunas 4, residindo na Daivi-Prakriti. 5. AQUELE reside fora (Pravritti) e dentro (Nivritti) de todos os seres; móvel (Tríplice) e imóvel (Unitário); incognoscível, sutil, ilimitado, remoto (para aqueles que não têm discernimento átmico) e próximo (para aqueles que O conhecem); 6. Inseparável em todos os seres (como também em sua atuação), reside dentro deles como se estivesse separado. AQUELE deve ser
1
Brahma-Prâpti. Prakrítico. 3 Pravritti e Nivritti-Samsara. 4 Satwa, Rajas e Tamas. 2
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conhecido como o Sustentador de todos os seres, estimulando o Pravritti e o Nivritti5 do processo samsárico mundanal. 7. AQUELE é a Luz de todas as Iniciações; está mais além, iluminando as trevas da existência temporal (tríplice); é Onisciente, a Busca de todo Conhecimento, alcançável através deste mesmo Conhecimento, e mora na Câmara Etérica do Coração de todos os seres. [8. 9. A transcendente natureza da disciplina dos Gñanadhikaris e sua atuação. A essência do ―Adhikara-Dharma‖ tratada no quarto capítulo.]
8. Quando o aspirante percebe a multiplicidade6 centralizada no Uno , como também a percebe irradiante e emanando daí (do Uno), ele então entende Brahm. 9. O aspirante, sempre consciente de Mim (Atma), e executando todos os atos8 consciente de que são dirigidos por Mim, alcança, por meio de Minha átmica Graça, o eterno estado imutável9. 7
[10 a 23. A natureza da Ciência do processo samsárico mundanal que conduz à Brahma-Prâpti. – Essência do ―Siksha-Dharma‖ – quinto capítulo.]
10. A árvore Aswattha (transmutação do processo samsárico mundanal em Swarupa ou forma), cujas raízes (começo) estão em cima (no Imanifestado) e seus ramos (Vyavasaya-Dharmas ou as leis de funcionamento) se estendem para baixo (na criação manifestada), é declarada eterna10. Suas folhas significam os muitos Gáyatris (Dharmas). O aspirante que assim entende isso (a árvore do processo samsárico mundanal) é sábio nesta Ciência. 11. Esta árvore (o processo samsárico mundanal) estende seus ramos (os Vyavasayas11 de Karma, Bhakti e Gñana) para baixo (Pravritti e Nivritti), e para cima (Yoga); eles (os ramos) se manifestam diferentemente por meio das Gunas 12 (Satwa, Rajas e Tamas), e suas 5
Objetivo e Subjetivo. Tríplice Samsara. 7 Yoga ou Samsara Unitário. 8 Os Dharmas. 9 Kaivalyam. 10 Por meio de Swabhava. 11 Vyavasaya-Dharmas ou Leis do Funcionamento (ou Atuação) no processo samsárico mundanal. (H. T. W.). 12 Qualidades da Matéria. 6
CAPÍTULO SÉTIMO
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gavinhas significam o Princípio Causal (Atma); no mundo dos homens (capazes da mais alta evolução) estas Brâhmicas Manifestações presidem sobre o tríplice Vyavasaya (Gñana, Bhakti e Karma, terminando com Sannyasa) em baixo (em Pravritti e Nivritti), e em cima, no Yoga (por meio de Tyaga). 12. Aqui, sua expressão samsárica (referida acima) não é conhecida como tal, nem em seu princípio13 nem em seu meio14, nem em seu fim15. Só pode conhecer este eterno processo samsárico mundanal o aspirante capaz de profundo entendimento, isento de perspectiva pessoal, mediante completo desapego (Sannyasa e Tyaga). 13. Logo, por meio desse entendimento, a Busca Suprema deve ser intentada; quando se alcança a Meta, eles (os aspirantes) já não erram. Eu, como o Representante de Brahm, sendo o Refúgio Final e o Supremo Senhor, conheço este Purusha Primordial16 como uma parte de Mim Mesmo, de onde o remoto Cosmo foi manifestado. 14. Aqueles aspirantes que diferenciam o Princípio de Vida da Matéria, que superaram a egoística perspectiva, que são versados na Ciência do Princípio de Vida, executando ações sem apego a seus resultados, liberados das dualidades que geram prazer e dor, e, portanto, sendo conhecedores do Atma como a Causa-de-Tudo, alcançam (conhecem) aquela imutável Morada. 15. Aqueles que se rendem a Mim, ainda que sejam de pecaminosa natureza, materialistas17, ou Sudras (aqueles que confiam inteiramente nos nascimentos como base), alcançam a Senda Suprema (Parâyana ou Senda Śuddha). 16. Com maior razão a alcançam aqueles que são conhecedores18 do Atma como a Causa-de-Tudo, e também os devotos e Sannyasis 19. Aspira tu a Mim (o Princípio de Vida), sabendo que o cambiante processo samsárico mundanal é Minha manifestação – de outro modo, tudo isso seria insípido e desagradável. 13
Srishti. Sthiti. 15 Laya. 16 Adi ou Mahat. 17 Vaishyas. 18 Brâhmanas. 19 Rajarshis ou Paramahamsas ou Kshatriyas. 14
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17. Aspirantes como os Gñanis20, Bhaktas21 e Karmathas22, conhecendo o funcionamento tríplice, adorando-Me, buscam elevada realização; eles, alcançando a transcendente Luz da Câmara do Coração23, realizam ali as Beatitudes Divinas. *18. Em verdade Me conhece aquele que reconhece o Paramatma como a Causa-de-Tudo morando no processo samsárico mundanal, sendo Imutável dentro do mutável (Samsara). 19. Manifestando-Se desde o Avyakta-Prakriti, um Fragmento Meu, o Jiva, de eterna natureza, atua no processo samsárico mundanal por meio dos cinco Sentidos e da Mente. 20. Esse Divino Fragmento, no curso de Sua atuação, tanto objetiva (Pravritti) como subjetiva (Nivritti), leva consigo aquelas experiências, assim como o vento leva consigo os aromas. 21. Este Fragmento (o Jiva) através da audição, visão, tato, paladar e olfato, como também da Mente, adquire experiências através do contato com os objetos. 22. Aos aspirantes que sempre meditam em Mim, que atuam24 dedicando a Mim (como Representante de Brahm) todos os frutos de suas ações, e Me adoram por meio do Yoga como o Uno Supremo, 23. Cujas Mentes moram em Mim, ó Partha!, ao longo de seis meses, Eu os salvarei25 do abismo do oceano de ignorância da existência. [24. A natureza do conhecimento dos aspirantes de Śuddhatma e a correspondente dedicação de suas ações. – A essência do ―Kârana Dharma‖, expressada no sexto capítulo.]
24. O aspirante, reconhecendo que as ações não Me atam26, e que Eu não anelo por seus frutos, não fica atado pela execução das ações. [25. O conhecimento de Kaivalya-Sthana como resultado do estudo do ―Gñana-Shatka‖.]
25. O Yogue, depois de haver conhecido este Ensinamento27, transcende a recompensa do mérito atribuído pelos Vedas (de trigúnica 20
Somapa. Putapapas. 22 Yajinaha. 23 Surendra-Loka. 24 Através de Gñana, Bhakti e Karma. 25 Por meio do outorgamento de Buddhi-Yoga. 26 Atma. 21
CAPÍTULO SÉTIMO
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natureza) a Yagna (sacrifício), Tapas (austeridade) e Dana (doação ou caridade), alcançando (conhecendo) assim o elevado estado de MahatKaivalya. *** Assim é o Sétimo Capítulo, intitulado ―Kaivalya Dharma Gita‖, no Gñana Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
27
O Ensinamento contido nos seis capítulos do Gñana-Shatkam.
BHAKTI-SHATKAM CAPÍTULO VIII – SWARUPA DHARMA GITA [1. Arjuna pergunta sobre as características e conduta daquele que transcendeu as três Gunas, as quais são a causa da escravidão.]
Perguntou Arjuna: 1. Ó Senhor!, quais são as características que distinguem o aspirante que transcendeu as três qualidades chamadas Satwa, Rajas e Tamas? Qual é seu método de disciplina, e como se consegue superar o domínio destas três qualidades? [2 a 4. Daiva-Bhava ou a mais elevada natureza, com seus vinte e seis componentes, os quais são complementares das Oito Qualidades Átmicas, como são expostos no modo de conduta indicado no ―Siksha Gita‖.]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: 2. Esse aspirante se caracteriza pela ausência de temor, pela pureza de sua natureza, pela firme convicção na síntese de todo conhecimento, é caritativo1, de Sentidos controlados, efetua oferendas com invocações 2, dedica-se a estudos espirituais, pratica a austeridade3 e a retidão; 3. Não causa dano a ser algum, é verídico, livre de intenções vingativas, é dedicado, sempre sereno (Shanti), não se imiscui em insignificâncias, é compassivo com todos os seres, livre de cobiça, afável, humilde e constante. 4. É magnânimo, perdoa sempre, busca sempre a união, é puro, incapaz de enganar, e está acima da presunçosa vaidade. Estas são as qualidades que constituem a herança dos Virtuosos, ó Bhárata! [5. Asura-Bhava ou a natureza inferior, constituída de seis variantes.]
5. Ó Partha!, o orgulho, a arrogância, a presunção, a cólera, a crueldade, como também a ignorância da existência do Princípio de Vida, caracterizam aquele que nasceu com a herança dos Viciosos (egoístas).
1
Dana. Yagna. 3 Tapas. 2
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[6. Daiva-Bhava ou a mais elevada natureza, leva à Liberação, enquanto que Asura-Bhava ou natureza inferior, conduz à escravidão.]
6. A herança dos Virtuosos leva à liberação4 das três qualidades (Gunas), enquanto que a dos Viciosos conduz à escravidão (pelas Trigunas); não te preocupes, ó Pândava!, nasceste com a herança dos Virtuosos. [7. A existência da natureza superior (Daiva) e da inferior (Asura) no processo samsárico mundanal.]
7. Neste mundo existem dois tipos de criaturas: o Virtuoso (generoso, desprendido) e o Vicioso (egoísta). O tipo Virtuoso foi descrito detalhadamente por Mim, ó Partha! Escuta agora as características do tipo Vicioso: [8 a 19. As várias espécies do gênero de Asura-Bhava.]
8. As pessoas viciosas não sabem como proceder impessoalmente na atuação objetiva, nem tampouco na subjetiva; nelas não há pureza, nem disciplina, nem veracidade. 9. Os Viciosos consideram o mundo (e seu processo evolutivo) como falso (ilusório), sem base, não divino, acreditando que ele se mantém manifestado, não por meio da mútua (e coletiva) interação do Atma (Espírito) e da Prakriti (Matéria), mas meramente por causa de sua natureza passional (necessidade material). 10. Sustentando este ponto de vista, eles, sem discernimento átmico, são de limitado entendimento (separativo), sendo de violenta conduta e de malévola natureza, influenciam para a destruição dos mundos (ou retardam o processo evolutivo). 11. Eles, obcecados por insaciáveis e daninhas paixões, dominados pelo orgulho, pela vaidade e insolência, por egóicas intenções, sem discernimento espiritual, alimentando propósitos iníquos, se ocupam em atos egoístas. 12. Sempre entregues a desordenadas maquinações, e considerando a satisfação própria como o mais elevado propósito, crêem firmemente que esta felicidade temporal é a mais alta finalidade. 13. Sujeitos à influência de muitos e prejudiciais desejos, dominados por daninhas paixões e pela ira, esforçam-se desonestamente
4
Moksha = Liberação das Trigunas.
CAPÍTULO OITAVO
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para assegurar a si mesmos o máximo de bens, a fim de dar satisfação a seus próprios sentidos. 14. Estas pessoas (os Viciosos) pensam assim: ―Isto foi obtido por mim, eu protegerei meus bens. Tenho isto agora, e desta riqueza resultará mais em retorno para mim. 15. ―Este inimigo foi morto por mim; ainda poderei matar outros também. Sou o soberano de tudo e desfruto; sou competente, poderoso e feliz. 16. ―Sou rico e de elevado nascimento, quem mais é igual a mim? Executo rituais, pratico a caridade e me regozijo.‖ Assim permanecem cegos pela ignorância, destituídos do conhecimento de seu próprio Ser5. 17. Enganados por muitas idéias deturpadas, enredados no labirinto do erro6, sempre entregues aos prazeres dos Sentidos, eles descem ao inferno do mais absoluto egocentrismo. 18. Sempre se elogiando a si mesmos, obstinados, orgulhosos de suas possessões, e de escasso entendimento, executam orgulhosamente sacrifícios e rituais, por vaidade, em desacordo com o Dharma-Shastra ou a Divina Lei 7. 19. Dados ao egoísmo, confiados em seu cego poder, inclinados à arrogância, paixão e ira, sempre invejosos, Me envilecem (o Princípio de Vida) neles mesmos e nos demais. [20. As reações divinas em relação aos Asura-Bhavas.]
20. Eu (a Lei Eterna) os julgo inimigos da Lei 8, opressores, atuando muito incorreta e desfavoravelmente no processo samsárico mundanal, sendo, além disso, de nascimento asúrico. [21. A ausência de benditas realizações pelos Asuras.]
21. Caracterizados por natureza asúrica, e carecendo continuamente de discernimento espiritual, em lugar de reconhecer-Me como a Lei, eles trilham o caminho da dor e do sofrimento (ciclo dos nascimentos e mortes).
5
Atma-Gñana. Sem Atma-Gñana ou Conhecimento Espiritual. 7 Bhagavad-Dharma. 8 Lei Divina. (Dharma). (H. T. W.). 6
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[22. 23. O que devem e o que não devem fazer os aspirantes.]
*22. Tríplice é este portal que conduz ao Inferno, obscurecendo o discernimento átmico: – paixão, ira e cobiça – por isso elas devem ser evitadas. 23. Ó Kaunteya!, a pessoa liberta desta tríplice entrada que leva ao infortúnio, esforça-se para chegar à excelência espiritual, e posteriormente alcança a Suprema Bem-aventurança. [24. A necessidade de seguir o Bhagavad-Shastra.]
24. O aspirante que pratica ações motivadas por desejos pessoais, negligenciando os mandamentos do Shastra 9, não alcança a Visão da Beatitude Cósmica10, nem Sukha (Bênção do Conhecimento), nem a aproximação a Brahm. [25. O Bhagavad-Shastra como a autoridade máxima.]
25. Portanto o Bhagavad-Shastra é a autoridade que te indica quais ações deves realizar11 e quais não deves praticar12. Conhecendo a palavra revelada do Shastra, estás apto para empenhar-te no processo samsárico mundanal. *** Assim é o Oitavo Capítulo, intitulado ―Swarupa Dharma Gita‖, no Bhakti Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
9
Bhagavad ou Śuddha-Shastra. Siddhi ou Vibhuti-Yoga. 11 Pravritti. 12 Nivritti. 10
CAPÍTULO IX – SADHANATRAYA DHARMA GITA [1. Arjuna pergunta sobre a natureza ordinária da ação humana – Yagna, Dana e Tapas1 – em relação com as Trigunas2, e o característico fervor (Shraddha) que impele tal ação.]
Perguntou Arjuna: 1. Ó Krishna!, qual é a natureza da conduta daqueles que executam ações sem se guiar pelo Bhagavad-Shastra, mas que possuem um apropriado fervor, seja este Sátwico, Rajásico ou Tamásico? [2 a 4. A tríplice natureza do Shraddha (fervor) como Sátwico, Rajásico e Tamásico, de acordo com a qualidade que o impele, e os ideais de tais Adhikaris ou aspirantes.]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: 2. Sabe tu que, em todas as pessoas que possuem um corpo de estrutura material (prakrítico), o fervor é tríplice, sendo Sátwico, Rajásico ou Tamásico. 3. Ó Bhárata!, o fervor ou ardor de todas as pessoas está em concordância com sua origem tátwica (Satwa, Rajas ou Tamas). Toda pessoa possui ardor, e é mais ela mesma, na medida em que possui tal ardor. 4. Aqueles de natureza Sátwica adoram os Devas; os de natureza Rajásica são dados à veneração asúrica; enquanto que outros, sendo de natureza Tamásica, adoram imagens não consagradas (tais como quadros, etc.) e hostes de elementais. [5. 6. A natureza do Asura-Shraddha ou fervor asúrico.]
5. As pessoas de natureza orgulhosa e egoística, que são impelidas por fortes e passionais gostos e desgostos, bem como quem pratica severas austeridades, contrárias aos mandamentos do Shastra, 6. Destituídas de discernimento espiritual, atormentam a constituição elemental do corpo, como também a Mim3 que moro dentro dele; por isso, considera-as de convicções asúricas. 1
Sacrifício, Caridade ou Doação, e Austeridade. (H. T. W.). As três qualidades da Matéria (Satwa, Rajas e Tamas). (H. T. W.). 3 Atma. 2
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[7 a 10. A natureza dos alimentos Sátwicos, Rajásicos e Tamásicos.]
7. Também o alimento, que a todos agrada, é de tríplice natureza, como também são os sacrifícios oferecidos com invocações4, as austeridades5 e as oferendas6. 8. Aos aspirantes convêm alimentos de natureza Sátwica, os quais aumentam a longevidade, a inteligência, a força física e a saúde; são agradáveis e geram disposição e jovialidade; como também os suculentos, oleaginosos, vitalizantes e de bom sabor. 9. Os alimentos preferidos pelas pessoas de natureza Rajásica são amargos, ácidos, salgados, muito quentes, picantes, cáusticos ou irritantes ao paladar, os quais chegam a produzir dores, mal-estar e enfermidades. 10. O alimento que é apetecido pelas pessoas de natureza Tamásica é velho (não fresco), insípido, decomposto e corrompido, feito de restos, ou não consagrado. [11 a 13. A tríplice natureza do Yagna (Sátwico, Rajásico e Tamásico).]
11. O Yagna (sacrifício) é de natureza Sátwica quando é feito corretamente (de acordo com os ritos sacramentais) por alguém que não deseja fruto algum como recompensa, e considera sua execução como justa e necessária. 12. Ó tu, o melhor dos Bháratas!, saibas tu que é Rajásico o Yagna efetuado com desejo pessoal por seus frutos, ou meramente para enaltecimento próprio. 13. O Yagna considerado Tamásico é o que é realizado em desacordo com os Devidos requisitos (Sacramentos), ou seja, quando a oferenda não é dedicada, nem consagrada, nem acompanhada com doação, como também efetuada sem o necessário fervor 7. [14 a 19. A tríplice natureza de Tapas ou austeridade (Sátwico, Rajásico e Tamásico) com respeito à atividade física, mental e intelectual.]
14. Reverência aos Devas8, aos Iniciados, ao Guru e aos Videntes; a limpeza, a retidão, a castidade, e total inofensividade – tudo isso deve ser entendido como austeridades do Corpo. 4
Yagna. Tapas. 6 Dana. 7 Shraddha. 8 Indra e outros. 5
CAPÍTULO NONO
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15. A austeridade da Palavra deve ser entendida como linguagem inofensiva, a qual deve ser também verídica, doce e benéfica, bem como o estudo contínuo da Ciência Adhyátmica. 16. A austeridade da Mente consiste na serenidade mental, contentamento, calma, vigilância mental e pureza de intenção. 17. O ato de austeridade, o qual deve ser praticado com intenso fervor pelas pessoas, é de tríplice natureza; este Tapas (ou austeridade) praticado por aqueles que estão desapegados de seu resultado, e que são Yuktas, é reconhecido como Sátwico. 18. O ato de austeridade que é praticado ostensivamente, com o propósito de obter reconhecimento, respeito e estima, é declarado Rajásico; o resultado dele obtido é transitório e passageiro. 19. O ato de austeridade efetuado sem motivo espiritual (limitado), por meio de mortificações físicas ou com o propósito de ferir ou magoar a outros, é qualificado Tamásico. [20 a 22. A tríplice natureza de Dana ou doação (Sátwica, Rajásica e Tamásica)].
20. Uma doação (Dana) é reconhecida como Sátwica quando é feita para o próprio bem ou de outrem, sem esperar retribuição, e com o Devido discernimento quanto à oportunidade, o lugar e a conveniência. 21. As doações são reconhecidas como Rajásicas quando são feitas com o propósito de obter retribuição, com o desejo de conseguir benefícios, ou feitas a contragosto. 22. A doação é considerada Tamásica quando é feita sem levar em conta devidamente o lugar, a oportunidade e a conveniência, feita de forma insultante, e sem conhecimento de suas conseqüências. [23. A natureza do Sâdhana9 praticado pelos Śuddhas.]
*23. Portanto, os atos de Yagna (sacrifício), Dana (caridade ou doação), e Tapas (austeridade), realizados por aqueles aspirantes decididos a alcançar a Brahma-Prâpti, devem sempre começar com a entoação do Pranava AUM10 como dedicatória, tal como está indicado no Vidhi11. 9
Atos ou disciplinas por meio dos quais se busca a mais alta Realização ou BrahmaPrâpti. (H. T. W.). 10 Pronuncia-se OM. (H. T. W.). 11 Bhagavad-Shastra.
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[24. 25. A natureza do Shraddha (fervor) Sat e Asat.]
24. O epíteto ―Sat‖12 é aplicável à motivação de natureza Sátwica, como também ao propositado anelo de alcançar Brahma-Prâpti. Do mesmo modo, ó Arjuna!, o epíteto ―Sat‖ é apropriado para ser aplicado também à ação que tem por objetivo alcançar a Realização Átmica. 25. Ó Partha!, os atos de Yagna, Dana ou Tapas efetuados sem o necessário fervor, são denominados ―Asat‖13 e não dão frutos, nem agora, nem nunca. *** Assim é o Nono Capítulo, intitulado ―Sadhanatraya Dharma Gita‖, no Bhakti Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
12 13
Meritório, Digno. Indigno, sem mérito.
CAPÍTULO X – MAYA DHARMA GITA [1. A imperativa necessidade de reconhecer a Brahma-Shakti como Suprema no funcionamento do processo samsárico mundanal, por todos os Adhikaris ou aspirantes.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 1. Os aspirantes, ocupados no processo samsárico mundanal, o qual é dominado pelas três Gunas (Satwa, Rajas e Tamas), não descobrem como Eu as transcendo e permaneço imaculado. [2. Os três aspectos da Brahma-Shakti – como Daivi, Esha e Gunamayi. O conhecimento da Brahma-Shakti conduz ao Para-Prâpti.]
2. Minha Shakti1 – Daivi, Esha e Gunamayi – é difícil de ser sobrepujada. Aqueles que se rendem a Mim 2 transcendem a influência da tríplice Shakti. [3. As três Gunas (Satwa, Rajas e Tamas) causam escravidão ao Atma; tal escravidão é a causa do prazer e da dor.]
3. Ó tu, de grandes proezas!, as qualidades Satwa, Rajas e Tamas, geradas pela Prakriti3, impõem escravidão (pelo seu domínio) ao imortal Princípio de Vida que atua no corpo. [4 a 6. A escravidão através de Satwa, Rajas e Tamas, respectivamente.]
4. Daí, ó Imaculado!, a qualidade Sátwica, em virtude de sua pureza e de sua benéfica e reveladora natureza, une o Princípio de Vida, ligando-O ao samsárico conhecimento e à conseqüente felicidade. 5. Sabe tu, ó Bhárata!, que a qualidade Rajásica é inerente ao desejo nascido dela e associado com contínuos anelos. Ó Kaunteya 4!, esta qualidade impele o Princípio de Vida à execução de atos que engendram apego a seus frutos. 6. Ó Bhárata!, saibas tu que a qualidade Tamásica nasce da ignorância do discernimento átmico e desvia as pessoas, submetendo-as a estados de indiferença (irresponsabilidade), indolência (inércia) e sono excessivo. 1
Maya, governando o processo samsárico mundanal. MA – Brahma-Shakti ou Shakti de Síntese. 3 Matéria (Gunamayi). 4 Arjuna. 2
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[7. A culminação das Trigunas como Felicidade, Ação e Ignorância, respectivamente.]
7. Ó Bhárata!, a qualidade Sátwica associa o Princípio de Vida com o prazer, a qualidade Rajásica com a execução de atos (e seus frutos), enquanto que a qualidade Tamásica obscurece o conhecimento com a indiferença e a negligência. [8. A supremacia de cada Guna (qualidade ou atributo da Matéria) por si mesma e também de cada uma sobre as outras.]
8. Ó Bhárata!, a qualidade Sátwica predomina pela supremacia de Satwa sobre Rajas e Tamas; a qualidade Rajásica pela supremacia de Rajas sobre Satwa e Tamas; enquanto que a qualidade Tamásica predomina quando impera Tamas sobre Satwa e Rajas. [9. A influência das Trigunas no Conhecimento, na Ação e no Kartá ou autor, respectivamente.]
9. Sabe tu que, de acordo com suas diferentes qualidades5, o Conhecimento, a Ação e o Aspirante (o autor), são declarados ser igualmente tríplices, avaliados qualitativamente. [10 a 18. O Gñana6, o Karma7 e o Kartá8, e como cada um é influenciado pelas Trigunas.]
10. Esse conhecimento (ou entendimento), entenda-o como Sátwico quando reconhece a constante Unidade (ou o Uno) em todos os seres, indiviso e afim na multiplicidade dos seres manifestados. 11. Reconheça como Rajásico o conhecimento que vê em todos os seres, meramente, a variante multiplicidade como permanente e desigual; 12. É declarado Tamásico o conhecimento que julga o processo samsárico mundanal sem objetivo algum, sem nenhuma importância, limitado, e como tal, atado a insignificâncias como se estas fossem tudo; 13. É Sátwica a ação que é executada por ser necessária, sem desejo por seu fruto, desapegadamente, sem afeição nem aversão; 14. É Rajásica a ação executada com apego a seus frutos, egoisticamente ou com violência;
5
Satwa, Rajas e Tamas. Conhecimento. 7 Ação. 8 Autor. 6
CAPÍTULO DÉCIMO
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15. É Tamásica a ação começada sem discernimento espiritual, sem levar em conta o esforço necessário para realizá-la, e sem preocupar-se com a natureza de seu resultado, ou seja, causando dano e perda ao mundo. 16. É Sátwico o aspirante (autor) que é livre de apegos, isento de egoísmo, dotado de sintético discernimento, de entusiasmo, e é, além disso, imperturbável diante do êxito ou fracasso de seus empreendimentos. 17. É Rajásico aquele que é apaixonado (ou arrebatado), desejoso do fruto de suas ações, cobiçoso, de natureza cruel, egoísta, e dominado pelas dualidades de alegria e de dor. 18. É considerado Tamásico aquele que não é harmonizado pelo Yoga, que é materialista, obstinado, ganancioso, mentiroso (enganador), indolente, desanimado, e cultivador de prolongadas inimizades. [19. As Trigunas permeiam e atam todos os seres, sejam humanos ou angélicos, durante a evolução.]
19. Não há nada sobre a terra ou entre os Devas no Céu, que esteja livre da influência das Trigunas engendradas pela Matéria9. [20. O efeito atuante das Trigunas.]
20. O conhecimento surge de Satwa; a cobiça, de Rajas; e de Tamas são engendradas a despreocupação, a perversão e a ignorância do discernimento átmico. [21. A Meta dos Adhikaris influenciados pelas Trigunas.]
21. As pessoas de natureza Sátwica avançam até a espiritualidade superior; as de natureza Rajásica vacilam no meio do caminho, enquanto que as de natureza Tamásica, ocupadas em baixas atividades, se atrasam no caminho do processo samsárico mundanal. [22. Censura àqueles que, influenciados pelas Trigunas, se envolvem em prazeres materiais sem o conhecimento da Brahma-Shakti.]
22. As pessoas, cujo discernimento átmico foi obscurecido pelas três qualidades da Matéria10, se apegam ao fruto da ação no processo
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Prakriti. Prakriti.
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samsárico mundanal11. Os Yogues, de perfeito conhecimento, não devem perturbar nem forçar tais pessoas de limitado e embotado entendimento. [23. Censura com respeito aos Vedas que defendem os meros resultados materiais, e valorização daqueles que se ocupam da elevação ou exaltação espiritual.]
23. Os Vedas estão repletos de indagações feitas através do esforço trigúnico, ó Arjuna! Não sejas trigúnico em teus esforços; sê firme no conhecimento átmico; transcende as dualidades; supera os meros interesses espirituais, como também os temporais. [24. A necessidade da devoção à Brahma-Shakti como conducente à transcendência das Trigunas.]
*24. Aquele que é devotado a Mim12 através do imaculado BhaktiYoga, superando a influência das Trigunas, é julgado digno de alcançar a Beatitude Brâhmica. *** Assim é o Décimo Capítulo, intitulado ―Maya Dharma Gita‖, no Bhakti-Shatkam, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
11 12
Gñana (Conhecimento), Iccha (Desejo) e Kriya (Atividade) – Suas Atividades. A Brahma-Shakti.
CAPÍTULO XI – MOKSHA DHARMA GITA [1 a 4. Os caminhos e meios para alcançar Moksha (Liberação) ou o estado de Mumukshu.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 1. Ó Kaunteya!, aprende de Mim, em toda a sua perfeição, a suprema disciplina do conhecimento, com a qual uma pessoa que já transcendeu as Trigunas se converte em Adepto, logrando, conseqüentemente, a Brâhmica Beatitude1. 2. O aspirante que, havendo transcendido as dualidades de gosto e desgosto, com claro e unificado entendimento2, dirigindo a Mente por meio de Dhriti3, evitando as atrações dos Sentidos, tais como o som, etc.; 3. Morando em paragens solitárias, mantendo-se com apropriado regime alimentar, controlando o modo de falar, isto é, a Linguagem4, os Sentidos e a Mente (Emoção), sempre desapaixonado, se dedica à prática meditativa; 4. Sem egotismo, não confiando na mera força física, despojandose da arrogância, da paixão, da ira, sem possessões materiais, generoso e tranqüilo, tal aspirante é digno de alcançar a Beatitude Brâhmica. [5. O reconhecimento do Atma-Shakti, logo após ter alcançado Moksha.]
5. O aspirante5, superando assim as Trigunas geradas no corpo, liberado dos males provenientes do nascimento, da velhice e da morte, alcança a Beatitude Brâhmica. [6 a 12. Buddhi e Dhriti, como modos e meios de alcançar Moksha 6 significando Sankhya (Pravritti e Nivritti), e Yoga, respectivamente, em relação com as Trigunas.]
6. Ó Dhananjaya7! Agora aprende, com perfeição e em detalhe, as tríplices variações de Buddhi e Dhriti em relação com as Trigunas, como são reveladas por Mim; 1
Mukti (ou Moksha). Buddhi. 3 Yoga-Shakti (ou Poder de Síntese). 4 Buddhi. 5 Dehi. 6 Liberação. 7 Arjuna. 2
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7. Esse entendimento, ó Partha!, é Sátwico quando reconhece a necessidade de executar a legítima e justa ação, como também a de não executar as ilegítimas e errôneas, discernindo entre a escravidão engendrada pelo medo, e a liberação obtida por meio da coragem (com relação a tal comissão e omissão, respectivamente); 8. Ó Partha!, é Rajásico o entendimento que não reconhece corretamente o princípio de Dharma e Adharma (a Lei Eterna e sua violação), como também o que se deve e o que não se deve fazer. 9. Ó Partha!, é de entendimento Tamásico aquele que, privado de discernimento átmico, considera obstinadamente o Adharma como Dharma, e todas as aspirações8 como vãs e ineficazes. 10. Ó Partha!, é Sátwico o Dhriti9 que mantém a operação da Mente, do Intelecto e dos Sentidos em integral unificação; 11. Ó Arjuna!, é Rajásico o Dhriti pelo qual o aspirante, desejando intensamente o fruto da ação, anseia alcançar os objetivos de Dharma, Artha e Kâma; 12. Ó Partha!, é Tamásico o Dhriti pelo qual o entendimento está continuamente influenciado pelo sono, medo, tristeza, desalento, e pela tirânica natureza. [13 a 15. O efeito culminante de cada uma das três Gunas.]
13. Quando a qualidade Sátwica é aumentada, chega-se a perceber que a luz do conhecimento espiritual flui para fora de todos os centros receptores (chakras e koshas), no corpo do aspirante. 14. Ó tu, o primeiro dos Bháratas!, quando a qualidade Rajásica predomina, são geradas cobiça, objetividade, mera iniciativa para a ação, impaciência e ansiedade; 15. Ó descendente de Kuru!, quando a qualidade Tamásica prevalece, gera a ignorância do discernimento átmico, preguiça, despreocupação e perversão. [16. 17. As conseqüências do excesso de qualquer das Trigunas no aspirante.]
16. Se o aspirante se associa com o predomínio da qualidade Sátwica em sua trajetória evolutiva 10, chega a conhecer os elevados planos onde moram os Conhecedores de Brahm. 8 9
Dharma, Artha, Kâma, Moksha e Prâpti. Yoga-Shakti ou Poder de Síntese.
CAPÍTULO DÉCIMO PRIMEIRO
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17. Se o aspirante se associa com o predomínio da qualidade Rajásica, ver-se-á inclinado à ação com apego a seu fruto; similarmente, se nele prevalece a qualidade de Tamas, cai na ignorância do discernimento átmico. [18 a 21. As duas sendas do processo samsárico mundanal – Krishnagati e Suklagati. A primeira causa constantes renascimentos sujeitos às Trigunas; e a segunda é útil para a condição yóguica, a qual não está sujeita ao renascimento.]
18. Ó tu, o primeiro dos Bháratas!, explicar-te-ei agora quais são os períodos de tempo (sendas) durante os quais o aspirante, atuando, retorna (a este mundo), ou não mais retorna de lá; 19. Estas sendas (períodos de tempo), denominadas ―clara‖ e ―escura‖, respectivamente, sempre existem no processo samsárico mundanal; seguindo a senda da claridade, o aspirante retorna com maior progresso; porém, se percorre a senda escura, regressa sem avanço efetivo; 20. Retorna o aspirante que percorre o caminho da fumaça, da noite, da quinzena escura, e ainda dos seis meses do percurso do Sol em direção ao Sul11, lá onde brilha a luz da Lua 12; 21. Se ao contrário, ele percorre o caminho do fogo, da luz, do dia, do período da quinzena brilhante, e dos seis meses do caminho do Sol rumo ao Norte13, o aspirante à Brahma-Prâpti progride em direção a ela. [22. A única senda prístina para o Yoga (depois de Mukti) é Parâyana.]
22. Ó Partha!, nenhum aspirante que pratique o Yoga está, conhecendo estas duas sendas 14, exclusivamente atado a elas; portanto, ó Arjuna!, esteja tu, para sempre, estabelecido no Yoga, transcendendo as sendas de Pravritti e Nivritti.
10
Lokayatra ou Sharirayatra. Pravritti (exterior ou objetivo). 12 Mental Sankalpa. 13 Nivritti (interior ou subjetivo). 14 Krishnagati ou Pravritti e Suklagati ou Nivritti. 11
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[23. A condição dos Muktas na Senda Yóguica, e o que eles devem evitar.]
23. Ó Arjuna!, todo o conjunto das ações15 implica no retorno do aspirante (ao plano físico) repetidas vezes, até que ele logre a BrahmaPrâpti16, ó Kaunteya! Porém, se Me alcanças17 através do Yoga, transcendendo os caminhos de Pravritti e Nivritti, nunca mais retornarás! [24. A senda que conduz a Mukti18 e seus frutos; explanação sobre o estado de Mukta.]
*24. Os aspirantes da ordem dos Mahatmas, dotados de elevada sabedoria, alcançando-Me, não voltam a renascer neste corpo mortal, transitório e cheio de aflições. *** Assim é o Décimo Primeiro Capítulo, intitulado ―Moksha Dharma Gita‖, no Bhakti Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
15
Loka-Vyavasaya, isto é, o Pravritti e o Nivritti do aspirante. O mais alto estado de consciência. Realização Brâhmica. (H. T. W.). 17 O Atma. 18 Liberação. 16
CAPÍTULO XII – BRAHMA-SWARUPA DHARMA GITA [1. 2. Súplica de Arjuna para ser capacitado para contemplar a Infinita Manifestação do Ishwara.]
Disse Arjuna: 1. Ó Divino Senhor!, assim como Te revelaste a Ti mesmo, ó Purushottama!, eu anseio contemplar Tua Suprema Manifestação Cósmica. 2. Ó Senhor!, se me julgas digno de contemplá-la, ó Senhor do Yoga!, revela-me Tuas infinitas manifestações. [3 a 5. A vital e substancial forma de Brahm, também conhecida como Tat-Brahm.]
Disse o Bem-aventurado senhor: 3. Revelar-te-ei, em sua integridade, Gñana1 e Vigñana – a natureza da intelecção operando nos Tatwakutas chamados Indriya, Manas e Mahat2, respectivamente; conhecendo tudo isto, aqui (neste mundo ou corpo), não restará nada mais para ser conhecido. 4. A Terra (solidez), a Água (fluidez) o Fogo (calor), o Ar (vapor), o Akasha (Éter), Manas (Mente-Emoção), Buddhi (Intelecto) e o Princípio do Eu (Ahamkara), constituem a óctupla divisão de Minha Prakriti3 (envoltura externa). 5. Esta é Minha manifestação densa. Deves saber, ó tu, de grandes façanhas!, que esta é distinta de Minha manifestação sutil por meio da qual o Cosmo4 é projetado e sustentado. [6. 7. O Sutrátmico ou Imanente aspecto de Brahm como a Causa do Jagat .] 5
6. Sabe tu que esses Princípios (os oito Princípios ou Elementos mencionados antes) constituem, em sua totalidade, os fundamentos
1
Pragña. Sentidos, Mente e Buddhi. (H. T. W.). 3 Matéria. 4 Jagat. 5 Cosmo. 2
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cósmicos. Eu sou (Atma), além disso, a Causa Diretriz e a Culminação de todo esse Cosmo. 7. Ó Dhananjaya6!, não existe absolutamente nada superior a Mim. Por Mim todos estes Princípios estão interligados, assim como as muitas contas o estão pelo fio de um rosário. [8. O Senhor como a Causa-Semente dos mundos, a Personificação do conhecimento e como a Luz da Iniciação.]
8. Ó Partha!, conhece-Me como o eterno Princípio-Semente de todas estas manifestações; Eu sou o Intelecto no Sábio e a Luz no Iniciado; [9. Sua completa supremacia sobre as Trigunas.]
9. Sabe tu também que estes Princípios (e seu funcionamento), sejam Sátwicos, Rajásicos ou Tamásicos, emanam de Mim, e que Eu não estou limitado por eles, porém eles residem em Mim; [10 a 12. A transcendente Akshara-Swarupa7 de Brahm, na qual o AtmaShakti e Prakriti-Shakti9 são engendrados e vivificados.] 8
10. Sou a façanha no poderoso que está livre de paixões e apegos, ó tu, o primeiro dos Bháratas! Em todos os seres Eu sou o desejo que nunca é incompatível com o Dharma; 11. Ó Kaunteya! Eu sou a essência (sabor) em todas as águas que purificam, a radiância no Sol e na Lua; o Pranava 10 em todos os Vedas; no firmamento sua ressonância, e nas pessoas sua energia; 12. Sou o auspicioso aroma da Terra, a ardente virtude do Fogo; Sou o Princípio de Vida em todos os seres, e a austeridade (ativação) em todos os aspirantes. [13 a 15. Breve descrição da Forma Cósmica.]
13. Ó Partha!, contempla agora Minhas manifestações, em centenas e milhares, de variada natureza, divinas, e de múltiplas cores e formas;
6
Arjuna. Divina Forma. (H. T. W.). 8 Energia ou Poder Divino associado ao Atma. (H. T. W.). 9 Energia associada à Matéria. (H. T. W.). 10 AUM (OM). 7
CAPÍTULO DÉCIMO SEGUNDO
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14. Contempla os Sóis, os Vasus, os Rudras, os Gêmeos Aswins e os Maruts. Ó Bhárata!, contempla as numerosas maravilhas invisíveis para ti até agora. 15. Observa aqui, agora, o Cosmo reunido em sua infinita variedade, móvel e imóvel, em Minha Corporificação, ó Gudakesha 11!, e qualquer coisa mais que desejes presenciar. [16. Iniciação Chandra (Chandra-Diksha) conferida a Arjuna Devido à incapacidade de sua visão física para contemplar a Forma Divina.]
16. Porém, como tu não és capaz de contemplar-Me com teus próprios olhos, Eu te outorgo a visão divina, com a qual contemplarás Meu Supremo Yoga. [17 a 22. Descrição da Forma Universal ou Saguna, feita por Sanjaya.]
Disse Sanjaya: 17. Ó Rei12, havendo dito isto, Hari – o Supremo Senhor do Yoga – revelou a Partha Sua suprema e transcendente Forma. 18. De numerosas faces e vendo tudo, maravilhoso, de contemplação infinita, ostentando muitos ornamentos divinos, sustentando variados instrumentos sagrados; 19. Ataviado com celestiais roupagens e grinaldas, ungido com óleos divinos, o Senhor, a Divindade de inumeráveis maravilhas, infinito e conhecedor de tudo, 20. A glória do Supremo Senhor se assemelhava ao fulgor de milhões de sóis, emergindo, de súbito, no firmamento. 21. Então o Pândava contemplou ali, no corpo do Senhor dos Deuses, o conjunto do Cosmo, enfocado centralmente, como também em suas múltiplas expressões. 22. Em seguida Dhananjaya 13, embargado pelo assombro, com o cabelo eriçado, inclinando a cabeça, e com as mãos juntas, adorou o Senhor assim:
11
Arjuna. Dhritarashtra. 13 Arjuna. 12
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[23 a 28. Contemplação de Arjuna da Forma Cósmica por meio da DivyaChakshush (visão divina) outorgada pelo Senhor, e seus efeitos sobre ele.]
Disse Arjuna: 23. Ó Senhor! Contemplo em Teu Corpo (manifestação) a Hierarquia de todos os Devas, como também hostes de outros Seres – Brahma em Seu trono de lótus; o Deus Isa 14, os Sábios15, e todas as divinas manifestações dos Arquétipos dos Sete Raios16, e infinitas outras criações. 24. Eu Te contemplo em Tua infinita manifestação, em toda parte, pleno de poder, envolvente, criador de tudo e de visão universal, ó Senhor do Cosmo! Eu contemplo Tua cósmica revelação, que não tem princípio, nem meio, nem fim; 25. Eu Te contemplo no esplendor de Tua glória, cingido com diadema, mantendo o disco e o cetro, deslumbrante, refulgindo em toda parte; estás mais além de toda contemplação, incomensurável, com radiância que circunda tudo, semelhante à do Fogo e de inúmeros Sóis. 26. Eu me regozijo contemplando o que nunca foi visto antes por mim; porém, minha mente está agitada de espanto. Ó Senhor!, revela-me de novo Tua forma familiar; sê Tu, cheio de graça, Senhor das hostes, Tu, Habitante destes mundos. 27. Igual às numerosas correntes de água dos rios que deslizam em direção ao oceano, assim estas legiões de guerreiros buscam entrar em Tua boca, e, penetrando nela, reluzem resplandecentes. 28. Anelo contemplar-Te como eras antes, com a tiara, com o cetro e o disco em Tuas mãos, ó Tu, possuidor de milhares de braços! Senhor do Universo, assume outra vez Tua forma com quatro braços!
14
Shiva. Rishis. 16 Uragas. 15
CAPÍTULO DÉCIMO SEGUNDO
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[29 a 32. Caracterização da Forma Divina do Senhor; Seu grande Poder ou Shakti; o lugar de Arjuna, no plano divino, apenas como um instrumento, e o estímulo que lhe foi dado pelo Senhor.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 29. Ó Arjuna!, esta suprema manifestação cósmica te foi revelada graciosamente por Mim por meio do Poder de Atma-Yoga. Esta manifestação plena de glória, cósmica, infinita e primigênia, nunca foi contemplada antes por ninguém, exceto por ti. 30. Ó tu!, conquista Drona e Bhishma, Jayadratha e Karna, e também os outros guerreiros que já foram vencidos por Mim. Não te aflijas, combate!, e na batalha vencerás os adversários; 31. Por conseguinte, levanta-te!, e alcança a glória; derrota os inimigos e goza da riqueza e da soberania; eles já foram vencidos por Mim. Sê tu, ó Savyasâchin17, meramente o agente externo de tudo isso. 32. Contemplando Minha sublime revelação, não deixes que a apreensão te domine, nem confunda teu pensamento. Contempla novamente Minha forma normal, conservando tua mente cheia de alegria, livre de temor. [33. Descrição do Senhor, ao reassumir Sua própria forma como Sri Krishna, feita por Sanjaya.]
Disse Sanjaya: 33. Vasudeva, dirigindo-Se assim a Arjuna, assumiu novamente Sua forma encarnada. O Excelso Senhor, reassumindo Sua formosa figura, reanimou Arjuna, que se encontrava abatido pelo temor. [34. Alegria de Arjuna e seu retorno à normal serenidade física ao ver o Senhor reassumir Sua própria forma.]
Disse Arjuna: 34. Ó Janárdana!, contemplando agora Tua graciosa forma humana, sinto restabelecida minha natural equanimidade mental. 17
Aquele que usa ambas as mãos na arte de usar o arco (isto é, que é ambidestro nesta arte).
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[35 a 38. A afirmação, feita pelo Senhor, do exclusivo poder das Iniciações Śuddhas de capacitar o aspirante para visualizar tal forma.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 35. Esta Minha forma cósmica, que acabas de presenciar, é muito raro ser visualizada, e até os Devas anelam contemplá-la. 36. Ó Kurupravira18!, neste mundo de dualidades ninguém pode, exceto tu, contemplar Minha forma cósmica, nem através de intenso estudo dos Vedas, nem por meio dos atos19 de Yagna, Dana e Tapas20. 37. Somente através de completa devoção a Mim (rendição através do Yoga21), posso ser visualizado assim, ó Arjuna! Ainda mais, posso ser conhecido, percebido e aproximado por meio do Tatwa ManomayaKosha22. *38. Além disso, ó Arjuna!, por esta razão, tens necessidade desses detalhados Ensinamentos. – Compenetrando o inteiro Cosmo com um fragmento de Mim Mesmo, Eu permaneço morando nele. [39. 40. A natureza de Śuddha-Gñana como um resultado de ŚuddhaBhakti, sua ação e fruição.]
39. Pela completa devoção o aspirante Me conhece como tal, e percebe Minha permanência através dos Tatwas; e depois, conhecendoMe assim, através deles, alcança aquele Glorioso Contato. 40. Portanto, durante todo o tempo, esteja atento a Mim, e esforçate para isto (luta!); havendo consagrado a Mim teu Manas e Buddhi 23, estando livre de dúvidas, alcançarás a aproximação a Mim.
18
Arjuna, o herói espiritual. Sâdhana. 20 Sacrifício (oferenda com invocações), Caridade (doação ou ajuda) e Austeridade. (H. T. W.). 21 Ananya-Baktya. 22 Corpo Mental. (H. T. W.). 23 Mente e Intelecto. 19
CAPÍTULO DÉCIMO SEGUNDO
*** Assim é o Décimo Segundo Capítulo, intitulado ―Brahma-Swarupa Dharma Gita‖, no Bhakti Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
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CAPÍTULO XIII – BRAHMA-VIBHUTI DHARMA GITA [1. 2. Pergunta de Arjuna relacionada com os Brâhmicos Vibhutis ou excelências divinas.]
Disse Arjuna: 1. Ó Purushottama1! Só Tu Te conheces a Ti mesmo; Tu que és a Origem do Cosmo, o Interno Morador em todos os seres, a Suprema Divindade e o Diretor dos mundos. 2. Tu és o único capaz de revelar todas as Tuas divinas excelências manifestadas, com as quais permaneces eternamente compenetrando todos estes mundos. [3 a 17. Representação ideal do Paramatma, incluindo Anjos, Homens, Animais, Pássaros, Coisas (móveis e imóveis), e Seres animados; Vidyas, Karmas, Gunas, Kalas, Munis, Maharishis e outros.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 3. Ó Tu, o primeiro dos Kurus, abençoado és tu! Revelar-te-ei as eminentes excelências de Minha divina manifestação, onde não há limite para Mim que Sou Infinito. 4. Ó Arjuna! Eu sou o Princípio, o Meio e a Consumação de toda a Criação; entre todas as ciências, Sou a Ciência do Princípio de Vida (Yoga-Brahma-Vidya); Eu sou o Tema Final de toda dissertação ou busca espiritual; 5. Eu sou a Síntese de todo Conhecimento; Vasava (Indra) entre a Divina Hierarquia, e a Mente entre os Sentidos; Eu sou, em todos os seres, a Consciência de Si Mesmo; 6. Sou Shankara entre os (onze) Rudras; Kubera (Senhor do Tesouro) entre os Yakshas e Rakshasas; Eu sou Pâvaka entre os oito Vasus, e Sou Meru entre as elevadas Montanhas; 7. Ó Partha!, conhece-Me como Brihaspati, o Chefe entre os Elevados Sacerdotes de Sabedoria; Eu sou Skanda entre os Generais; o Oceano entre todos os Lagos;
1
Krishna.
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8. Entre todas as Árvores Sou Aswattha2, e Nárada entre os Divinos Sábios; Chitraratha (Rei) entre os Gandharvas, e entre os Siddhas (Adeptos) o Vidente Kapila; 9. Conhece-Me como Uchchaisravas entre todos os Cavalos, e nascido de Amrita3; Airavata entre os grandes Elefantes; e Rei entre os Homens; 10. Entre os Daityas4 Eu sou Prahlada; Sou a Consumação (o tempo) entre todas as Sínteses; o Leão entre todos os animais, e entre os Pássaros Sou Garuda; 11. Entre os Nagas, Eu sou Ananta; Sou Varuna entre os seres que vivem no Oceano; Aryama entre os Manes; e Yama entre os aspirantes que cumprem a disciplina. 12. Eu sou o Jogo de todos os Jogadores; a Luz do Iniciado; Eu sou a Realização5, Sou o Esforço, e Sou a Sabedoria em todo entendimento. 13. De todos os Cânticos, também Sou o primeiro; de todos os Hinos, Eu sou a Gáyatri; Margasirsha, entre os Meses; e o Tempo florescente da Primavera, entre as Estações; 14. Eu sou a Convergência Conclusiva de toda Multiplicidade; a Origem de todo Futuro; a Glória6; Sri (Mãe) entre as Mulheres; Eu sou o Som Primordial, a Memória, a Intuição, a Energia da Síntese e o Perdão; 15. Eu sou o Vento entre aqueles que sopram; Eu sou Râma entre os Manejadores de armas; Sou Makara entre os Peixes; e o Ganges entre todos os Rios; 16. Eu sou Vajra entre todas as Armas; Kamadhenu entre todas as Vacas; Sou Kandarpa, de procreativa Energia; e Vasuki, entre todas as Serpentes; 17. Eu sou Vasudeva entre os Vrishnis, e Dhananjaya (Arjuna) entre os Pândavas; Sou também Vyasa entre os Munis; e, entre todos os Poetas, o bardo Usana7.
2
Fícus Religiosa ou Figueira Sagrada da Índia. (H. T. W.). Go-Rekha. 4 Hierarcas da Linha Escura. 5 Empreendimento realizado, neste caso. (H. T. W.). 6 Yoga-Shakti. 7 Bhargava Vyasa. 3
CAPÍTULO DÉCIMO TERCEIRO
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[18. 19. O Senhor como o Morador da Luz da Iniciação nas Iniciações (Dikshas) chamadas Sol, Lua, Agni, etc., como também entre os Sons de Poder.]
18. Qualquer radiância (Luz de Iniciação) que se revele em todos os mundos, no Sol, na Lua e no Fogo, considera como Minha Luz. 19. De toda a Criação manifestada, qualquer que seja a Semente, esta sou Eu, ó Arjuna! Não há nada em toda a manifestação móvel e imóvel que esteja privado de Mim. [20. A infinitude de Suas Manifestações.].
20. Ó Parantapa8!, não há limitação dentro de Minhas divinas Excelências; assim a elaboração delas foi ocasionalmente revelada a ti por Mim. [21 a 24. A característica dos devotos que transcenderam as Trigunas.]
21. Transcendendo a influência de Satwa 9, Rajas10 e Tamas11, o aspirante, ó Pândava!, não repudia a execução do que lhe corresponde fazer como ato necessário, nem aceita o não cumprimento por ele da ação necessária. 22. Aquele que permanece indiferente, sem ser perturbado pelas tríplices qualidades; que está firmemente convencido de que estas qualidades atuam por si sós, 23. Sabendo que o prazer e a dor12 são da natureza de Brahm, centrado no Átman, reconhecendo na terra, na pedra ou no ouro a Essência Brâhmica Única, vendo-A igualmente no amigo como no inimigo, sendo de iluminado entendimento, compreendendo que a censura ou o elogio não atingem o Átman; 24. Aquele a quem não afeta a estima ou o desprezo, transcendendo as noções temporais de camaradagem e inimizade, dedicando todas as ações a Mim, é considerado haver transcendido a influência das qualidades tríplices13.
8
Arjuna. Prakasha. 10 Pravritti. 11 Moha. 12 De Manas-Tatwakuta. 13 Trigunas ou qualidades da Matéria (Satwa, Rajas e Tamas). (H. T. W.). 9
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[25. O Senhor relata o resultado do conhecimento dos Vibhutis, os quais conduzem à firmeza e ao equilíbrio.]
25. Aquele que compreende, através dos Tatwas, Minhas manifestadas Excelências e coletiva Beatitude, está unido ao imutável Yoga (disciplina de sublimação); nesse estado não tem jamais dúvida alguma. [26. A necessidade de total devoção para realizar o Supremo Purusha através de Abhyasa14.]
*26. Ó Partha!, o aspirante, exercitado em Abhyasa-Yoga15, sem distração mental, e meditando em Mim, alcança o Divino e Supremo Purusha16. *** Assim é o Décimo Terceiro Capítulo, intitulado ―Brahma-Vibhuti Dharma Gita‖, no Bhakti Shatka, no Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
14
Convergência dos Sentidos. Karma-Shatka. 16 Alcança a Mim. 15
KARMA-SHATKAM CAPÍTULO XIV – PRANAYAMA DHARMA GITA [1. 2. Pergunta de Arjuna referente ao remédio contra a inconstância da Mente e também com respeito à situação e futuro daquele que se desviou da senda do Yoga.]
Perguntou Arjuna: 1. Ó Krishna!, em verdade a Mente é inquieta, agitada, poderosa e obstinada; seu domínio me parece tão difícil como sujeitar o vento. 2. Qual é, ó Krishna!, o destino do aspirante que, apesar de seu intenso fervor ainda não é um Adepto1, como resultado de sua distração mental durante a prática do Yoga, e que por isso não tem conseguido maestria no Yoga? [3. 4. A enunciação do Senhor do remédio para superar a distração mental por meio de Sannyasa2 e de Tyaga3; a necessidade de Abhyasa (ou convergência dos Sentidos) para aquele que está na Senda, e a necessidade de Vairagya (ou Shama) para aquele que tem obtido êxito nela.]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: 3. Ó tu, de justo poder!, a Mente é inconstante e, sem dúvida, difícil de controlar; não obstante ela pode ser dominada pela prática do Abhyasa Yoga (convergência), ó Kaunteya!, e através de Vairagya (desapaixonamento nas relações sociais e pessoais, como em todas as ações). 4. Para o Muni na senda do Yoga, é declarado que a prática é seu meio; e para o Yogaruddha já realizado, a tranqüilidade é seu apoio. [5 a 9. A natureza da prática mental para facilitar Mukti e Prâpti.]
5. Que o Yogue4 permaneça em lugar solitário, com a Mente sempre dirigida ao Átman, só, absorto no Uno (Brahm), com Mente disciplinada, desapaixonado e sem apego às possessões. 1
Yati. Abhyasa ou karma. 3 Shama ou Vairagya. 4 Aspirante que pratica o Yoga. 2
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6. Em lugar limpo, que ele situe firme seu assento 5, nem muito alto nem demasiado baixo, e estenda sobre ele uma coberta de lã, uma pele de veado e uma esteira tecida com ervas sagradas6. 7. Ali, convenientemente sentado, com o pensamento e as funções dos Sentidos controladas, com a Mente centrada no Uno7, que o aspirante execute a prática yóguica, para a purificação da Mente. 8. Mantendo reto e imóvel o corpo, o pescoço e a cabeça uniformemente alinhados, sem distração mental, fixando a vista (a energia visual) na raiz do nariz (entre as sobrancelhas), sem olhar em seu redor, com os olhos fechados; 9. Com tranqüilidade, sem nenhum temor, em permanente castidade, com a Mente quieta, absorto em Mim, e em meditação, que o aspirante aspire chegar a Mim! [10. 11. A importância da disciplina física em relação com os alimentos, sono, exercício, etc.]
10. Ó Arjuna!, a prática do Yoga por certo não é para o glutão ou para o que jejua em excesso; nem para o que dorme em excesso, nem para o que vela em demasia. 11. Para aquele cujo alimento, recreação e maneira de conduta física, como também hábitos de sono e vigília são semelhantes aos de um Yukta8, a prática do Yoga se torna prazenteira. [12. O primeiro constituinte do Pranayama em sua quádrupla natureza de Purakam, isto é, Vasikaranam ou controle; Yojanam (Swikara) ou recebimento da Brahma-Shakti; Sankalpa-Tyagam ou renúncia de toda ideação perturbadora; e Nirapeksha-Sthiti, ou condição de firmeza.]
12. É considerado Yukta o aspirante que, com a Mente bem disciplinada, centrada no Átman, está desapegado de toda paixão.
5
Ásana. Kuśa ou Kusha. 7 Brahm. 8 Aspirante avançado. (H. T. W.). 6
CAPÍTULO DÉCIMO QUARTO
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[13 a 17. A natureza de Kumbhaka, o qual é o segundo constituinte do Pranayama – Achanchala-Manaskatwam ou Mente tranqüila; Ekatwam ou unidade (concentração mental); Achyutatwam ou Mente imóvel (quieta); e Samatwam ou Mente equilibrada. Estes requisitos geram Samdharana ou o estado capaz de mantê-los unidos.]
13. Como a chama de uma vela, em lugar protegido dos ventos, arde sem bruxulear, tal é o símile da firmeza mental na prática yóguica executada pelo aspirante bem disciplinado no Yoga. 14. Nesse estado a Mente, controlada pela prática do Yoga, alcança a tranqüilidade, e através da quietude mental, contemplando o Átman, ele se regozija. 15. Deste modo ele (o aspirante) realiza o Supremo Êxtase, compreensível pelo Entendimento, porém mais além dos Sentidos; mesmo habitando neles (nos Sentidos), ele não declina na disciplina yóguica9; 16. Conseguido esse estado, ele julga que nenhuma outra aquisição pode superá-lo10, e, estabelecido nele, não é perturbado nem pelo sofrimento intenso, nem pelo prazer. 17. É considerado yóguico aquele estado ou disciplina que desliga o aspirante da associação com a dor e o prazer; tal Yoga deve ser praticado com firme convicção e Mente imperturbável ante o desalento. [18. A natureza de Rechaka ou o terceiro componente do Pranayama; o abandono da idéia de multiplicidade – abdicação do não essencial.]
18. O aspirante ao Yoga, purificado de toda mancha11, sempre dirigindo sua Mente por meio do Yoga, facilmente alcança o profundo êxtase do contato Brâhmico. [19. O estado de um aspirante que tem praticado Pranayama, como foi exposto acima.]
19. É considerado Yukta aquele aspirante ao Yoga que, dotado de entendimento e discrição, atuando perfeitamente durante o alinhamento dos veículos, vitorioso sobre os Sentidos, reconhece Brahm
9
Estado yóguico. O estado yóguico. (H. T. W.). 11 De Swartha-Dosha ou egoísmo. 10
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compenetrando tudo, seja em um pedaço de argila, em uma pedra ou no ouro. [20 a 24. A reintegração, na Senda, daqueles que no nascimento anterior fracassaram acidentalmente.]
20. Ó Partha!, nem agora nem nunca, a prática do Yoga atrairá ao aspirante o menor mal; uma vez nesta bem-aventurada Senda, ele jamais vacilará. 21. O aspirante que fracassou na Senda (prática), havendo alcançado as elevadas regiões dos Virtuosos, onde morou por longo tempo, renascerá entre aqueles de yóguica austeridade e glória; 22. Ou então nascerá na linhagem dos Yogues dotados de divina visão; porém, tal abençoado nascimento é muito difícil de obter aqui. 23. Ali, ó Kurunandana12!, ele recupera sua antiga inteligência estabelecendo contato com o plano yóguico (Buddhi); depois disso, ele novamente se esforçará para alcançar melhor êxito na Senda. 24. E, ainda que sua prática seja imperfeita, ele será impelido por virtude de seus passados esforços. Aspirando ao êxito no Yoga, ele passa mais além do plano Akáshico (ou Sabda-Brahm), isto é, entra no BinduMandalam13. [25. O destino daquele que pratica Yoga por seus próprios esforços e conhecimento dos Shastras, sem Iniciação Śuddha, e sem Instrução.]
25. O aspirante ao Yoga, contudo 14, lutando através de grande esforço, corrigido de toda fraqueza ou debilidade, passando por muitos nascimentos, e quando aperfeiçoado por meio das Iniciações (conferidas pelos Śuddhacharyas), conseqüentemente alcança a Meta Suprema.
12
Arjuna. O mais alto Plano. (H. T. W.). 14 Ainda que sua prática seja imperfeita. (H. T. W.). 13
CAPÍTULO DÉCIMO QUARTO
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[26. A característica distintiva daqueles que têm praticado Pranayama como foi explicado acima, e sua Meta.]
*26. Entre todos os aspirantes ao Yoga, considero como um perfeito Yukta aquele que, inspirado com fervor puro, Me adora, com a Mente fixa em Mim. *** Assim é o Décimo Quarto Capítulo, intitulado ―Pranayama Dharma Gita‖, no Karma Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
CAPÍTULO XV – PARAMATMA DHARMA GITA [1. 2. O valor do conhecimento Paramátmico e sua fruição para aqueles que o têm.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 1. Eu, uma vez mais, te revelarei esta Suprema Sabedoria, a coroa de todo Conhecimento. Conhecendo tal Sabedoria, e transcendendo o tríplice e multiforme Samsara1, todos os Videntes têm alcançado a mais elevada Meta. 2. Logrando tal Suprema Sabedoria, eles se aproximam de Meu Dharma2; não estando impedidos pela escravidão dos apegos, eles não lutam, seja atuando objetiva ou subjetivamente no processo samsárico mundanal. [3. O Paramatma como a Causa das manifestações cósmicas, através da Daivi-Prakriti3.]
3. Ó Bhárata!, o plano onde germina Minha Semente é o da MahatPrakriti (Matéria conhecida como Adi); nela deposito o Germe da Criação. Depois disso, vem o nascimento ou manifestação dos seres. [4. Todos os Vyavasayas estão centralizados n‘Ele (Paramatma).]
4. Ó Kaunteya!, Mahat-Prakriti4 é o primeiro campo que compreende todos os centros de onde emanam as manifestações com forma. Eu sou o Progenitor que fornece as necessárias Sementes de vida.
1
Processo samsárico mundanal. Bhagavad Dharma (ou Suprema Lei). 3 Matéria Divina. (H. T. W.). 4 A Matéria no Plano Mahat. (H. T. W.). 2
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
[5 a 7. Os mais altos e os mais baixos aspectos do estado Paramátmico – o Purusha é o primeiro, o qual inclui Atma, Shakti e Prakriti 5; – Kutastha é o último. – Kshara é a Prakriti manifestada; – Kutastha é o Habitante da Prakriti. – Purushottama é o aspecto yóguico; – Kevala-Paramatma é o aspecto manifestado. – Yoga-Maya é a Shakti do primeiro; – Daivi é a Shakti do último.]
5. No processo samsárico mundanal funcionam dois fatores primários6 – isto é, todas as manifestações, constituindo o fator perecível7, e o fator Uno Imortal8 que mora nos três Tatwakutas9. 6. Distinto dos dois primeiros, é o terceiro e mais elevado fator considerado como Paramatma, o Qual, compenetrando o tríplice Samsara10 o sustenta, sendo Ele mesmo o Supremo Soberano Indestrutível. 7. Já que Eu transcendo o Kshara-Purusha, como também o Akshara-Purusha (envolvido no processo samsárico mundanal), Sou glorificado, portanto, como Purushottama11, nos mundos e nas Sagradas Revelações. [8. A Swarupa e Nishta daqueles que são devotados ao Paramatma.]
8. Ó Bhárata!, aquele que possui percepção átmica, e Me reconhece como o Supremo Purusha 12, é um conhecedor de Brahm, e Me adora com transcendente ideação. [9 a 11. Aqui é mencionado o imanente aspecto do Paramatma (Antaryami no Cosmo, e Sutratma no corpo).]
9. O Supremo Purusha, residindo neste corpo, é declarado ser a Testemunha, o Inspirador, o Sustentador, o Refúgio, e o Supremo Senhor, como Paramatma13. 5
Atma (Espírito ou Ser) – Shakti (Energia) – Prakriti (Matéria). (H. T. W.). Purushas. 7 Kshara. 8 Akshara. 9 Kutastha ou Prakriti. 10 Gñana, Iccha e Kriya. 11 Supremo Purusha ou Paramatma. 12 Paramatma. 13 O Excelso Princípio de Vida. 6
CAPÍTULO DÉCIMO QUINTO
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10. Este Paramatma, o Indestrutível, estando mais além do Adi 14, e portanto mais além das Trigunas15, ainda que residindo no corpo16, ó Kaunteya!, não atua nem é atado por nada. 11. Sendo a Prakriti17 governada por Mim, faço surgir nela a criação móvel e imóvel, ó Kaunteya!, e como resultado disso o processo samsárico mundanal segue seu curso. [12. 13. A Swarupa ou característica, ou a natureza daqueles que ignoram a Paramátmica Imanência; e a Swarupa e a Meta daqueles que são devotados ao Paramatma, como distintas das daqueles devotados aos Pitris 18, Devas e Bhutas.]
12. As pessoas, carentes de conhecimento átmico, Me consideram somente como manifestado, ignorando que Eu também sou Imanifestado, não reconhecendo Meu estado Transcendente, Eterno e Insuperável. 13. Os aspirantes devotados aos Devas19 a eles vão; e os que veneram os Manes, a eles chegam; os materialistas participam de empreendimentos materiais; ao passo que aqueles que Me adoram como o Paramatma, chegam a Mim. [14. Os cósmicos períodos de Pravritti e Nivritti 20, emanando d‘Ele, como a causa de Srishti, Sthiti e Laya, isto é, Criação, Evolução e Integração.]
14. Ó Kaunteya!, todos os seres se recolhem em Minha Prakriti21 durante o período de Nivritti22, e durante o de Pravritti23 do processo samsárico mundanal, manifesto-os novamente.
14
Plano da Mahat-Prakriti. Isto é, Nirguna ou sem forma. 16 Loka. 17 Matéria. 18 Manes. 19 Aspectos Meus. 20 Exteriorização e Interiorização (Objetivo e Subjetivo). (H. T. W.). 21 Avyakta. 22 Kalpakshaya. 23 Kalpadow. 15
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
[15. Paramatma como a Meta de todo Conhecimento, o Instrutor, e também como a Busca de toda revelação.]
como
15. Eu resido no coração de todos os seres; de Mim provém a Memória, o Conhecimento Átmico ou sua obstrução. Eu sou a única Busca de todas as Ciências, a Culminação do Conhecimento (no Yoga), e o único Conhecedor de todas as Ciências. [16 a 20. A eternidade, a imortalidade e a imutabilidade da natureza Paramátmica.]
16. Sabe tu que AQUELE24 pelo Qual todo o Cosmo é compenetrado, é indestrutível. Nada é capaz de causar Sua destruição, já que Ele é indestrutível. 17. O homem que pensa no Paramatma como Destrutor, ou aquele que O julga destrutível, não conhece a verdade. AQUELE não mata nem é morto. 18. Quem O reconhece (o Princípio de Vida que mora internamente) como Indestrutível, Eterno, Imanifestado e Imutável, não pode pensar em destruí-Lo, nem em ser a causa de Sua destruição. 19. Ele é Invulnerável, Incombustível e Impermeável; é o Infinito, o Onipenetrante (conhecedor de tudo); é o Estável, o Inviolável e o Eterno. 20. Ele é declarado como o Imanifestado e Imutável, mais além do pensamento. Portanto, se assim O reconheces, não tens razão para entristecer-te por Ele. [21 a 23. O Karma-Nishta daqueles que são devotados ao Paramatma e sua dedicação a Ele.]
21. Dedicando com fervor todos os teus atos a Mim, devotado a Mim, com discernente inteligência, esteja tu sempre absorto em Mim. 22. Assim, estando absorto em Mim, tu, por meio de Minha Graça, transcenderás todos os obstáculos (na Senda do Yoga). Porém, se não concordas com isto, por motivos pessoais (egotismo), fracassarás no Yoga.
24
Paramatma.
CAPÍTULO DÉCIMO QUINTO
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*23. Consagrando a Mim o fruto de todas as tuas ações, e com discernimento átmico, tornando-te desapaixonado e impessoal, luta! (realiza toda ação), livre de toda confusão. [24. O Paramatma, como Estância Final, é inatingível sem a Yoga-Devi Diksha25.]
24. O Sol (Faculdade Cognoscitiva) não O revela (não O abarca); nem a Lua (Faculdade da Mente-Emoção); nem o Fogo (Faculdade dos Sentidos). Este é Meu Estado Supremo – o qual, sendo conhecido, aqueles que o alcançam jamais se afastam dele. *** Assim é o Décimo Quinto Capítulo, intitulado ―Paramatma Dharma Gita‖, no Karma Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
25
Iniciação.
CAPÍTULO XVI – AKSHARA DHARMA GITA [1. 2. Pergunta de Arjuna relacionada ao estado do Akshara 1, com respeito ao processo samsárico mundanal 2 e a Seu aspecto de ŚuddhaSwarupam.]
Perguntou Arjuna: 1. Ó Tu, Supremo Purusha! O que é Tat-Brahm, o que é Adhyatma, e o que é Karma, como também o que é que se considera como AdhiBhuta, e o que é que se diz ser Adhi-Daiva? 2. O que é o Adhi-Yagna que está neste corpo (também Loka 3), ó Madhusudhana!?, e como podes Tu ser reconhecido pelos aspirantes disciplinados durante o tempo de sua jornada, isto é, no processo samsárico mundanal e durante a meditação? Respondeu o Bem-aventurado Senhor: [3. 4. Natureza universal do Akshara no processo samsárico mundanal.]
*3. O Supremo Tat-Brahm é o Akshara4, o Imperecível; Sua própria natureza é conhecida como Adhyatma. A manifestação, que constitui o processo evolutivo de todos os seres no processo samsárico mundanal, é considerada como Karma ou atuação. 4. Adhi-Bhuta é a natureza da Prakriti5; Adhi-Daivata é o Supremo Purusha6, e neste corpo (também Cosmo), ó tu, o melhor dos homens!, Eu (o Paramatma como Interno Morador) sou o Adhi-Yagna. [5. 6. A natureza dos Aksharopasakas.]
5. Qualquer pessoa que, dedicada exclusivamente a Mim, na culminação de cada ato, dedique seus frutos e ele mesmo a Mim, ainda quando esteja empenhada no processo samsárico mundanal, sem dúvida alguma Me alcançará. 1
Atma (ou Princípio de Vida). (H. T. W.). Aśuddha. 3 Também mundo. 4 Atma. 5 Kshara ou Matéria. 6 Com Brahma-Shakti. 2
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
6. Ó Kaunteya7!, quem quer que seja que, na culminação de cada ato, dedicar seu próprio ser a qualquer um de Meus Aspectos, sempre atento a isto, igualmente O alcançará. [7. O resultado dos Aksharopasakas.]
7. Ao aspirante que, com o coração cheio de devoção, ainda que de vez em quando, se concentre em Mim longamente, a tal Yogue (espiritualmente harmonizado) Eu sou facilmente acessível. [8. 9. A natureza de tal Upasana (adoração).]
8. Aquele que medita sobre o Onisciente, o Eterno, o Instrutor do Bhagavad-Shastra, mais sutil que o mais sutil, Sustentador do Cosmo, mais além de toda concepção mental (Nirguna), radiante como o Sol, transcendendo as trevas8; 9. Estabelecendo corretamente a inteligência9 entre as sobrancelhas durante o alinhamento dos veículos10 (na prática meditativa), permanecendo sem distração mental, devotado, e com yóguico poder, alcança o Divino Purusha11. [10. A natureza da Meta como um resultado de tal Upasana.]
10. Aqueles que conhecem o Átman declaram ser Ele Inviolável. D‘Ele o desapaixonado Yati12 busca se aproximar, e nessa busca vive em castidade. – Também este estado Eu te explicarei resumidamente. [11 a 13. A natureza do aspecto Aśuddha do Akshara.]
11. Conhecem o dia13 e a noite14 de Tat-Brahm, aqueles que reconhecem que Seu dia constitui a conjunção dos quatro Vyavasayas ou funcionamentos15 e que Sua noite é a cessação deles.
7
Arjuna. O Tríplice-Samsara: Mahat, Manas e Indriya. 9 Prana. 10 Kosha-Sankramanam. 11 Brahma-Prâpti. 12 Aspirante Avançado. 13 O Pravritti Cósmico (exteriorização ou manifestação cósmica). (H. T. W.). 14 O Nivritti Cósmico (período de repouso cósmico ou não manifestação). (H. T. W.). 15 Sahasra-Yuga. 8
CAPÍTULO DÉCIMO SEXTO
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12. No começo de Seu dia16 todos os seres são manifestados emanando do Imanifestado, e, ao chegar Sua noite17, imergem novamente n‘Aquele Imanifestado. 13. Ó Partha!, esta multidão de criaturas, depois de repetidas manifestações, imerge durante Sua noite e, impelida por Ele, emerge para novo dia. [14 a 16. A natureza do aspecto Śuddha 18 do Akshara.]
14. Distinta de tal multidão de criaturas é a Suprema Natureza do Imanifestado. Sendo assim Ele é eterno, e não desaparece com o desaparecimento de todos os seres manifestados. 15. O Imanifestado é o Akshara19. Os Videntes afirmam ser Ele a Suprema Meta, alcançada a qual, os aspirantes não regressam (não retrocedem mais). Este é Meu mais elevado Estado. 16. Ó Partha! Este é o Supremo Purusha alcançável por meio da total devoção yóguica – n‘Ele todas as criaturas existem, e por Ele tudo é compenetrado. [17. 18. O resultado de tal Conhecimento.]
17. Quanto aos Devas (Aspectos do Purusha), se a eles são dedicados os frutos das ações20, concedem aos aspirantes uma salutar prosperidade. Aquele que desfruta (ele mesmo) dos frutos das ações, sem dedicá-los (à Divindade) é, verdadeiramente, de limitado entendimento. 18. Os Santos, que praticam as ações dedicando-as à Divindade, são liberados de todas as debilidades; porém aqueles de limitado entendimento, que se esforçam para seu próprio proveito (sem fazer tal dedicação), verdadeiramente ficam atados por seus atos21.
16
Pravritti (exteriorização ou manifestação). Nivritti (interiorização ou período de repouso ou não manifestação). 18 Puro, transcendente. (H. T. W.). 19 O Princípio de Vida. 20 Yagna. 21 Papa e Punya. 17
ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
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[19. 20. A quíntupla natureza do Akshara-Brahm.]
19. Todos os seres são expressões de Anna (Akshara, o Imperecível). Anna é a expressão do Parjanya 22; Parjanya é a expressão de Yagna23; Yagna é expressão de Karma (Paramatma). 20. Sabe tu que Karma (Paramatma) é a expressão de Brahm (Purusha), e que Brahm24 é a expressão de Akshara (Śuddha-Brahm); portanto o Onisciente Śuddha-Brahm é representado por Yagna (Atma). [21 a 26. A elevada uma conseqüência.]
excelência
do
fruto
da
adoração
como
21. Aquele que não segue este ciclo do processo samsárico mundanal, assim manifestado, leva uma vida de limitado entendimento, estando apegado meramente aos objetos dos Sentidos; ele, ó Partha!, vive em vão. 22. Ao aspirante que executa as ações sem dedicá-las ao Supremo, as Manifestações Brâhmicas não concedem êxtase átmico; o êxtase advém àquele que reconhece o Átman; e ele, por isso, dedica todos os frutos de seus atos a Ele. 23. O Pravritti25 e o Nivritti26 deste processo samsárico mundanal são superados por aqueles cuja Mente está concentrada no transcendente Yoga. O transcendente Brahm está além de Pravritti e Nivritti; necessariamente eles participam de Sua Transcendência. 24. As experiências que resultam do contato com os objetos dos Sentidos são geradoras de sofrimento, visto que estão limitadas por um princípio e um fim; ó Kaunteya!, o Vidente nunca se deleita com elas. 25. Aqueles que Me reconhecem como o Akshara em relação ao Adhi-Bhuta (a Prakriti ou Matéria em evolução), como Adhi-Daiva (Purusha) e como Adhi-Yagna (o Morador Interno), sendo disciplinados no Yoga, Me reconhecem mesmo durante sua atuação no processo samsárico mundanal.
22
Jiva (Espírito Individual). Atma. 24 Purusha. 25 Estado objetivo. (H. T. W.). 26 Estado subjetivo. (H. T. W.). 23
CAPÍTULO DÉCIMO SEXTO
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26. Os aspirantes que, devotados a Mim, se esforçam por meio do Yoga, ansiando alcançar a liberação do nascimento, da morte 27 e da ignorância28, conhecem o Tat-Brahm, Sua completa natureza e Seu cósmico labor (atuação). *** Assim é o Décimo Sexto Capítulo, intitulado ―Akshara Dharma Gita‖, no Karma Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
27 28
Jara. Marana.
CAPÍTULO XVII – RAJA-VIDYA DHARMA GITA [1. A suprema excelência do Raja-Vidya, pela virtude de sua eficácia para eliminar todas as debilidades, e sua mais oculta natureza.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 1. A ti que és isento de inveja, Eu revelarei o mais oculto e discernente Conhecimento, conhecendo o qual serás liberado de toda infelicidade1. [2. 3. A natureza de Raja-Vidya.]
2. Esta prática é chamada Ciência do Atma (Raja)2, e é suprema entre todos os Mistérios, santificante, e da mais alta excelência – conduzindo diretamente à Realização, em harmonia com o Dharma, sua prática é bendita e infalível. 3. Ó Parantapa!, aqueles que não estão inspirados com fervor por esta Ciência3 não Me alcançam, e retrocedem ao caminho que conduz à ignorância do conhecimento átmico. [4 a 6. A necessidade do Raja-Vidya para todo Adhikari ou Aspirante.]
4. Todo este Cosmo está compenetrado por Meu Ser imanifestado; todos os seres estão contidos em Mim, porém Eu não estou contido neles. 5. Os seres não Me contêm4; compreende tu que Meu Soberano 5 Yoga é a base fundamental de todos eles, porém, não estou limitado por eles, já que Sou o Progenitor de todos os seres. 6. Tal como o imenso (sem medida) vento sopra em toda extensão, estando inteiramente contido no firmamento, assim também deves saber que todos os seres manifestados moram e se movem em Mim.
1
Tríplice-Samsara: nascimento, morte, etc. Raja (Raja-Vidya – Ciência, Sabedoria ou Conhecimento Soberano). (H. T. W.). 3 Dharma. 4 O Princípio de Vida. 5 Síntese. 2
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
[7 a 12. As quatro categorias de Adhikaris Raja-Vidya, ou Aspirantes que seguem esta disciplina.]
7. O aspirante Yukta6, conhecendo os Tatwas, está convencido de que o Atma nunca realiza nenhuma ação, tais como ver, ouvir, tatear, cheirar, comer, mover-se, dormir, respirar, 8. Falar, soltar, segurar, trabalhar e repousar – compreendendo que são os Sentidos e os objetos dos Sentidos que atuam entre si, interagindo uns sobre os outros. 9. O aspirante, que atua no processo samsárico mundanal carente de apegos, dedicando a Brahm todos os frutos das ações necessárias, não fica atado por seus efeitos – sejam elas pecaminosas ou meritórias – tal como a folha de lótus que não é umedecida pela gota de água que repousa sobre ela. 10. Os Yogues7 executam as ações, tanto física como mentalmente, e ainda por meio dos Sentidos, com discernimento, purificando sua natureza8 através da virtude da renúncia ao apego ao fruto da ação. 11. O Yukta, renunciando ao fruto da ação, alcança a paz através da busca sintética9. Aquele que não é Yukta, estando ligado ao fruto da ação através do desejo, fica atado por ele. 12. O aspirante, obtendo assim completa vitória sobre os Sentidos10, e renunciando ao fruto de toda ação, reside alegremente no corpo de nove portas11 – assim ele atua como se não atuasse, mesmo executando qualquer ação, não sendo causa de nenhuma ação realizada com motivo pessoal. [13. 14. A natureza da Meta assim alcançável.]
13. O Soberano Princípio de Vida12 não constitui a causa próxima da atuação dos seres no mundo, nem está unido, nem é afetado pelo fruto
6
Aspirante de grau avançado. (H. T. W.). Aspirantes na senda do Yoga, chamados Yogues por cortesia. 8 Manas, Mente-Emoção. 9 Ou yóguica. 10 Vasi. 11 O corpo físico. 12 Atma. 7
CAPÍTULO DÉCIMO SÉTIMO
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(resultado) de nenhuma ação; é a Matéria13 que constitui a causa imediata ou próxima de toda ação no processo samsárico mundanal. 14. O Supremo Senhor não reivindica o fruto da ação, boa ou má, dedicado a Ele pelos aspirantes. Tal reconhecimento é freqüentemente obscurecido pela ignorância do Princípio de Vida, e por isso os seres erram (no processo samsárico mundanal). [15 a 24. O resultado alcançado por tais aspirantes.]
15. Repousa tua Mente somente em Mim; estabelece tua Inteligência em Mim; então morarás unicamente em Mim. Assim, todas as tuas dúvidas se dissiparão. 16. Porém, se não és capaz de repousar tua Mente e tua Inteligência14 firmemente em Mim, então, ó Dhananjaya! 15, busca alcançar-Me através do Abhyasa-Yoga16. 17. Porém, se não és capaz de realizar também esta prática, então dedica todos os teus atos a Mim. Assim alcançarás o Siddhi17; 18. E se ainda não tiveres forças para fazer isso, sendo devotado a Mim, então, com Mente desapaixonada, renuncia a todo fruto da ação. 19. Por meio da simples prática18 o conhecimento é enriquecido; por meio do conhecimento enriquecido, a meditação é iluminada; com o resultado de tal meditação, é facilitada a Devida dedicação dos frutos das ações; e como conseqüência de tal dedicação, advém a paz. 20. Os Sábios19, superando as dualidades, com a Mente controlada, dedicados a promover a felicidade dos mundos, assim, livres de todas as debilidades, alcançam o Êxtase Brâhmico. 21. Os Yatis20, que estão livres da ira e das paixões, com a Mente bem dirigida, e reconhecendo o Princípio de Vida, muito breve e facilmente obtêm o Êxtase Brâhmico. 13
Prakriti. Chitta. 15 Arjuna. 16 Descrito do capítulo XIV ao XIX do Karma-Shatka. 17 Atributos de perfeição – poderes espirituais superiores. (H. T. W.). 18 Abhyasa. 19 Artha. 20 Artharthi (discípulos avançados, sábios e puros). (H. T. W.). 14
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
22. Com os olhos fechados, abstraído de todos os contatos externos, com a faculdade visual enfocada entre as sobrancelhas, e regulando a inalação e a exalação do alento através do nariz (sendo, assim, Pravritti e Nivritti21 equiparados em Brahm), 23. O Sábio22, buscando a Liberação, livre de desejos, medo e ira, com os Sentidos, a Mente e a Inteligência disciplinados, sem dúvida a alcança. *24. O Aspirante23, reconhecendo que todas as ações Cognitivas, Emocionais e dos Sentidos são dirigidas a Mim, conhecendo-Me como o Supremo Senhor de todo o Cosmo, e como o Bem-amado de todos os seres, alcança a Paz. *** Assim é o Décimo Sétimo Capítulo, intitulado ―Raja-Vidya Dharma Gita‖, no Karma Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
21
Exteriorização e interiorização. (H. T. W.). Jignâsu. 23 Gñani. 22
CAPÍTULO XVIII – PARAMAHAMSA DHARMA GITA [1 a 10. A disciplina dos aspirantes conhecidos como Paramahamsas.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 1. Bhava1, ou ações necessárias, não é constituído pela execução das ações proibidas2; Abhava3 ou cessação da atividade proibida, não é constituído pela não execução dos atos legítimos4. O significado filosófico de Bhava e Abhava foi devidamente exposto pelos Videntes dos Tatwas. 2. Transcendendo a alegria e o sofrimento, o lucro e a perda, a vitória e a derrota, prepara-te para a luta (para a ação no processo samsárico mundanal); assim não serás escravizado nem pelo mal, nem pelo bem. 3. Os Videntes declaram que o resultado da ação impessoal é Sátwico (abençoado) e iluminativo; o efeito da ação Rajásica é a dor (através das dualidades), e o da ação Tamásica é a ignorância do conhecimento átmico. 4. Ó tu, o primeiro dos Bháratas!, escuta agora de Mim, qual é a tríplice natureza da felicidade – da felicidade real, por meio da qual o aspirante se regozija na prática do Yoga, e assim põe termo a todo sofrimento. 5. É considerada como Sátwica a felicidade causada pela harmonização espiritual da Mente e do Intelecto, a qual, ao princípio da prática, pelo esforço, é amarga como fel, mas, ao final, é doce como a Ambrosia. 6. A felicidade é considerada de natureza Rajásica quando ao começo da prática é doce como o néctar, como resultado dos contatos dos Sentidos, mas que, ao final, é tão amarga como o fel. 7. É considerada Tamásica a felicidade que é bonançosa desde o começo até o fim, como conseqüência de excessivo sono, preguiça e desatenção, os quais obscurecem o conhecimento átmico. 1
Correto ou Śuddha-Pravritti. Asat. 3 Correto ou Śuddha-Nivritti. 4 Sat. 2
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8. Assim foste instruído sobre a atuação de Buddhi (ou entendimento) no tríplice processo samsárico mundanal5; agora escuta o que direi para se alcançar transcendência6 – pela associação de tal entendimento, ó Partha!, tu te livrarás da escravidão da ação. 9. Ó Dhananjaya!, renunciando a todo apego, executa tu todos os atos (necessários ou legítimos) com sintético entendimento, sem ser afetado nem pelo seu êxito, nem pelo seu fracasso. Tal transcendência sobre o resultado da ação constitui o Karma-Yoga. 10. Ó Dhananjaya!, toda ação, que não está associada com o sintético entendimento7, é ineficiente (ata); busca tu a guia por meio de Buddhi; aqueles que buscam o fruto das ações para si próprios são egoístas8. [11.12. A natureza da Meta alcançável pelos Paramahamsas.]
11. Os aspirantes de Mente controlada e associada com Buddhi 9, renunciando ao fruto da ação, são liberados da escravidão do nascimento e da morte10; assim eles alcançam o estado de Bem-aventurança. 12. Nessa condição não há perda de esforço, nem existe qualquer transgressão à Lei 11; mesmo um pequeno esforço para se pôr de acordo com essa Lei (a transcendência do resultado da ação), dá segurança ante os perigos naturais do processo samsárico mundanal. [13 a 18. O elevado estado dos Paramahamsas.]
13. Quando teu entendimento transcender a ignorância da separatividade, então obterás a revelação de todo o ensinamento, seja do já conhecido, como também daquele que ainda está por conhecer. 14. Quando teu entendimento, iluminado pela revelação, obtiver firme convicção (livre de dúvidas), alcançarás a serenidade durante a meditação, e então lograrás realizar o Yoga.
5
Sankhya. Yoga. 7 Buddhi. 8 Kripanaha. 9 Intelecto (ou Intuição). (H. T. W.). 10 Pravritti e Nivritti. 11 Dharma. 6
CAPÍTULO DÉCIMO OITAVO
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15. Aquele que não é um Yukta12 não tem entendimento, nem há nele o Sentido de Unidade; tampouco há paz para aquele que carece do sentido de Síntese; onde então há felicidade para aquele que não tem paz? 16. A Mente-Emoção, a qual concorda com os vagabundos Sentidos13, engana forçosamente o entendimento do aspirante, semelhante ao vendaval que arrasta para longe o barco sobre as águas. 17. Portanto, ó tu, de grandes façanhas!, o entendimento daquele cujos Sentidos atuam nos objetos de sensação, inteiramente sem apego, é sereno. 18. O aspirante bem disciplinado é normalmente desperto (ativo) no plano da consciência átmica, o qual é noite (ausência de atuação) para todos os outros seres que atuam no tríplice processo samsárico mundanal; ao contrário, este tríplice Samsara, onde os seres comuns estão despertos em suas funções normais, é noite para o Sábio Vidente. [19 a 22. A natureza de Sannyasa seguida pelos Paramahamsas.]
19. O aspirante não alcança transcendência14 de ação meramente por abstração na execução da ação; tampouco obtém a NaishkarmyaSiddhi15 pelo mero abster-se do fruto da ação (sem discernimento átmico). 20. Contudo, nenhuma pessoa pode permanecer, nem mesmo por um momento, sem executar alguma ação 16; forçosamente toda ação é efetuada pelas Trigunas nascidas da Prakriti (Matéria). 21. Aquele que, não exercitando os órgãos da atividade (sem empenhar-se ativamente na execução de ações), permanece com a Mente distraída nos objetos dos Sentidos, estando esquecido do discernimento átmico, é considerado entregue a vãos esforços. 22. Porém, ó Arjuna!, aquele que, com os Sentidos17 controlados pela Mente, sendo desapegado do fruto da ação, ocupa a atividade dos 12
Yukta quer dizer unido – aquele que já rompeu todas as ligações com o mundo. – Santo, Asceta. (H. T. W.). 13 Gñanendriyas (Sentidos cognoscitivos). 14 Naishkarmya-Siddhi ou Karma-Yoga. 15 Transcendência sobre os atos. 16 Física ou mental (mesmo em estado de sono há atuação). (H. T. W.).
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
Sentidos no Karma-Yoga (execução da ação com entendimento sintético, isto é, átmico discernimento), é considerado excelente na execução das ações. [23. 24. Dhyana (ou Meditação) como meio exclusivo para alcançar a Realização Brâhmica.]
*23. A pessoa que, livre de toda paixão, atua desapegadamente, e, estando livre de posses materiais, sendo impessoal, alcança a paz. 24. Ó Partha!, esta é a Brâhmica ou transcendente condição, a qual, uma vez alcançada pelo aspirante, seu discernimento átmico jamais será obscurecido. Permanecendo assim, na culminação de cada Vyavasaya (como também ao final de um nascimento18), ele alcança o Êxtase Brâhmico. *** Assim é o Décimo Oitavo Capítulo, intitulado ―Paramahamsa Dharma Gita‖, no Karma Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
17 18
Gñanendriyas (Sentidos cognoscitivos). Isto é, de uma encarnação. (H. T. W.).
CAPÍTULO XIX – SANNYASA DHARMA GITA [1. Pergunta de Arjuna com referência aos méritos relativos ao KarmaSannyasa e ao Karma-Yoga.]
Perguntou Arjuna: 1. Ó Krishna!, Tu exaltas a renúncia ao fruto da ação1, como também a transcendência desta renúncia2; destas duas atuações, diga-me, para eu estar seguro, qual é a mais abençoada? [2 a 8. As características do Karma-Yoga, e também do Karma-Sannyasa, o qual conduz ao Karma-Yoga. (Karma-Sannyasa não significa não praticar ações, mas sim executar as ações necessárias sem apego a seu fruto.]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: 2. Karma-Sannyasa e Karma-Yoga, ambos levam ao logro da Bemaventurança; entretanto, deles, a transcendência3 do apego ao fruto da ação4 adquire superioridade por meio da renúncia ao fruto da ação5. 3. Aquele a quem nada aborrece nem nada deseja, que possui discernimento átmico, é conhecido como um Sannyasi 6; ele, transcendendo as dualidades, ó tu, de grandes proezas!, é felizmente liberado da escravidão das ações que conduzem a novos nascimentos. 4. Ó tu, de grandes façanhas!, todavia, para aquele que carece de discernimento sintético, é difícil renunciar ao fruto da ação; o Sábio 7, que possui tal discernimento, logo alcança a Bem-aventurança Brâhmica (transcendência). 5. O aspirante, com transcendente discernimento, de purificado Entendimento, com Mente e Sentidos dominados, compreendendo que tudo é da natureza de Brahm, ainda que esteja ocupado na ação, não está sujeito à sua escravidão.
1
Karma-Sannyasa. Karma-Yoga. 3 Transcender os resultados da ação é superior à renúncia. (H. T. W.). 4 Dedicação por meio do Karma-Yoga. 5 Karma-Sannyasa. 6 Renunciante, aquele que já está livre de apegos. (H. T. W.). 7 Yoga-Yukta. 2
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
6. O aspirante que executa a ação necessária8, e não está apegado a seu fruto, é um Karma-Sannyasi e um Karma-Yogue, e não aquele que meramente transcendeu o tríplice Fogo (purificação das atividades do Intelecto, da Mente-Emoção e dos Sentidos), nem tampouco aquele que desiste da ação física. 7. Aquilo que os Videntes declaram ser Sannyasa 9, saibas tu, ó Pândava!, que é Yoga10; o aspirante que não houver abandonado a ideação pessoal e o egocentrismo, jamais poderá converter-se em um Karma-Yogue. 8. É conhecido como perfeito no Karma-Yoga11 aquele que não está apegado à ação que engendra prazeres nos Sentidos, e que, além disso, renunciou a toda ideação passional. [9 a 13. A necessidade de executar todas as ações necessárias (Yagna, Dana e Tapas12) sem apego a seus frutos.]
9. Alguns Sábios afirmam que renunciar à ação significa renunciar à ação que engendra frutos pessoais; outros Videntes sustentam que Tyaga significa a renúncia ao fruto de todas as ações (boas, más ou neutras). 10. Alguns eruditos sustentam que a renúncia implica em não executar ações prejudiciais; porém outros insistem em que os atos de Yagna, Dana e Tapas não devem ser abandonados. 11. Ó tu, o primeiro dos Bháratas!, aprende de Mim o verdadeiro significado de Tyaga; ó tu, o melhor dos homens!, Tyaga é reconhecido como tríplice. 12. Yagna, Dana e Tapas não devem ser abandonados, porém, deverão ser executados adequadamente, posto que purificam os veículos do aspirante; 13. Estes atos requerem ser executados de acordo com o Bhagavad Shastra, isto é, desapaixonadamente e sem aspirar a seu fruto. Ó Partha!, esta é Minha suprema e absoluta Lei.
8
Baseado no Bhagavad-Shastra. Karma-Sannyasa. 10 Karma-Yoga. 11 Yogarudha. 12 Sacrifício (oferenda com invocações), Caridade e Austeridade. (H. T. W.). 9
CAPÍTULO DÉCIMO NONO
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[14 a 16. A natureza do verdadeiro13 Tyaga ou Sannyasa.]
14. Em verdade, a não execução dos atos necessários nunca é legítima; o não cumprimento deles, Devido à carência de discernimento átmico, é julgado Tamásico. 15. Tyaga, ou a não atuação daquele que não realiza a ação por causa de suas dificuldades, ou meramente por receio ao esforço físico, é considerada Rajásica, e por isso ele não alcança a excelência de Tyaga 14. 16. Ó Arjuna!, é considerada Sátwica a renúncia ao fruto da ação quando ela é executada sem predileções pessoais, porque deve ser realizada. [17 a 19. As características de um verdadeiro Tyague e as daquele que não o é.]
17. O verdadeiro renunciante ou Tyague, inspirado por Sátwica natureza, de iluminado Entendimento, e livre de toda dúvida, não deixa de executar as ações meramente porque estas sejam desagradáveis, nem tampouco as executa somente porque lhe são agradáveis. 18. A realização das ações nunca pode ser abandonada inteiramente; aquele que renúncia ao fruto de toda ação necessária é considerado um verdadeiro renunciante15. 19. Por aqueles que não são verdadeiros Tyagues, o fruto da ação é considerado tríplice: agradáveis, desagradáveis e de qualidade mista; nunca é assim para o verdadeiro Sannyasi ou Tyague. [20 a 24. A natureza dos pares de opostos, a qual, se não é combatida, domina Indriya, Manas e Buddhi 16.]
20. As dualidades de gosto e desgosto residem nos Sentidos17, os quais tomam contato com os objetos que os impressionam; o aspirante não deve ceder à sua influência; ambas confundem sua visão da Senda ao executar a ação. 21. Assim como a chama é rodeada pela fumaça, como o espelho é embaçado pelo pó, como o embrião é circundado pela placenta, assim este conhecimento, que corresponde à verdadeira Ação, é obscurecido pela influência dos Sentidos.
13
Śuddha. Tyaga (renúncia ao fruto da ação, com dedicação deste à Divindade). (H. T. W.). 15 Tyague ou Sannyasi. 16 Sentidos (seus órgãos e faculdades), Mente-Emocional e Intelecto. (H. T. W.). 17 Gñanendriyas (Sentidos Cognoscitivos). 14
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22. Este inimigo18, ó Kaunteya!, sob a forma de constante paixão pessoal, consome o Entendimento até de um aspirante inteligente, como se fosse um fogo voraz. 23. Tal apaixonamento e seu resultado, isto é, a ira emanada da qualidade de Rajas, deve ser considerado como o mais destrutivo e prejudicial inimigo. 24. Este inimigo tem sua influência e campo de operação nos Sentidos19, na Mente20, e no Entendimento21, e por meio deles22 confunde o aspirante, obscurecendo seu discernimento átmico. [25. Daí a necessidade de superar todos os Karmas pessoais que impedem a realização de Vigñana e Gñana, os quais constituem Sannyasa.]
*25. Ó tu, o melhor dos Bháratas!, como um verdadeiro primeiro passo, dirigindo espiritualmente os Sentidos23, vence (mata!) o apaixonamento que obstrui todo Entendimento e Conhecimento. *** Assim é o Décimo Nono Capítulo, intitulado ―Sannyasa Dharma Gita‖, no Karma Shatka, do Sankhya Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
18
A influência dos Sentidos, isto é, o apaixonamento e seu resultado (o qual obscurece a razão). (H. T. W.). 19 Gñanendriyas (Sentidos Cognoscitivos). 20 Manas (Mente-Emoção). 21 Buddhi. 22 Sentidos, Mente e Entendimento. 23 Gñanendriyas (Sentidos Cognoscitivos).
YOGA-K ANDAM YOGA-SHATKAM CAPÍTULO XX – ATMA DHARMA GITA [1. Pergunta de Arjuna com referência ao Atma-Yoga e sua excelência.]
Disse Arjuna: 1. Ó Janárdana1!, fala-me outra vez, detalhadamente, sobre a disciplina que conduz à realização do Princípio de Vida 2 e suas excelências. Escutando atentamente a Sabedoria, semelhante ao néctar, que flui de Teu conselho, nunca chego a saciar-me. [2 a 9. A verdadeira natureza do Yoga, na qual se revela a identidade dos cinco diferentes Aspectos de Brahm, isto é: Purusha, Paramatma, Atma, Jivatma e Aksharatma, no processo samsárico mundanal e também no corpo.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 2. O aspirante alcança a Realização Espiritual3 praticando os diversos atos que conduzem a ela. Ouça de que modo um aspirante, assim devotado, alcança a Meta: 3. Uma pessoa alcança a Realização pela dedicação de todas as ações motivadas por Swabhava4 Àquele do Qual o processo samsárico mundanal emana, e por Quem tudo isto é compenetrado. 4. Eu5 nunca tive principio, nem tu o tiveste; nem estes dirigentes de homens o tiveram; e ninguém jamais, no futuro, chegará à cessação do ser (significando a eternidade do Princípio de Vida em tudo). 5. Sabe tu que a Matéria6 e o Princípio de Vida7 são ambos sem princípio; sabe também que as mutáveis manifestações e as tríplices qualidades8 emanam da Matéria9. 1
Adorado da humanidade (literalmente). Epíteto de Krishna. (H. T. W.). Atma. 3 Brahma-Prâpti. 4 A natureza própria ou inerente de cada um; caráter pessoal. (H. T. W.). 5 Atma. 6 Prakriti. 7 Purusha. 8 Gunas. 9 Prakriti. 2
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6. O Purusha, atuando na Matéria, experimenta e reage às tríplices qualidades nascidas dela; isto porque Ele é a remota Causa em contato com as Gunas durante Sua atuação no Sátwico, Rajásico e Tamásico processo samsárico mundanal10. 7. Ó Bhárata!, assim como o único Sol ilumina o mundo inteiro, do mesmo modo a manifestação do Princípio de Vida ilumina 11 o processo samsárico mundanal em todo o Cosmo. 8. Assim como o expansivo céu (éter) não é limitado em virtude de sua sutileza, assim o Princípio de Vida, embora atuando no corpo (no processo samsárico mundanal) em todas as condições, não é maculado nem limitado por isso. 9. Aquele que assim reconhece o Principio de Vida 12 e a Matéria13 com suas qualidades, ainda que atuando de várias maneiras, não está sujeito à escravidão imposta pela Matéria. [10 a 17. A importância de Aksharopasana associado com Yoga, em primeira instância.]
10. Os Devas também anelam ver AQUELE que é Sukra (o Imperecível Akshara) brilhando através do Plano Mahat, de luminosidade própria e de Onisciente Glória; dali deriva a excelência do Sol. 11. Do Sukra se origina o Cosmo manifestado; e por Sua Energia o Cosmo manifestado se desenvolve; AQUELE os Yogues contemplam (visualizam) como a Divindade Eterna. 12. Este Sukra não é iluminado por outras luzes, sendo Ele mesmo, no aspirante, o iluminador; AQUELE os Yogues contemplam (visualizam) como a Divindade Eterna. 13. A Divindade, Soberana entre todos os seres, a única Sustentadora de tudo, os Yogues contemplam (visualizam) como a Eterna Divindade. 14. O Cosmo infinito emana da Plenitude 14; por esta Plenitude ele evoluciona; nesta Plenitude o infinito Cosmo se sublima – somente esta Plenitude permanece. 10
Sat e Asat, durante Pravritti e Nivritti. Inicia. 12 Atma. 13 Prakriti. 14 Śuddha-Brahm. 11
CAPÍTULO VIGÉSIMO
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15. D‘Ela nasce o Vento, e n‘Ela está sempre bem estabelecido; d‘Ela provêm o Fogo, a Lua e o Prana. 16. Tudo emana d‘Ela; a palavra é incapaz de expressar Sua Infinitude15; os Yogues A contemplam (visualizam) como a Divindade Eterna. 17. A que aspirante à Beatitude Brâhmica pode ocorrer conhecer completamente este Princípio de Vida que mora internamente, posto que Ele é Ilimitado, Imutável, Transcendente, e está mais além de todas as dualidades? [18. 19. A inutilidade da adoração daqueles que não adoram o Atma com tal atitude yóguica.]
18. Aquele que adorar o Princípio de Vida de qualquer outra maneira que não seja com conhecimento do que Ele realmente é, privado do discernimento átmico, que limitações lhe advirão? 19. O aspirante que segue os ditames da paixão, por seguir o que ela ordena, perde o discernimento átmico; porém aquele que domina todas as paixões, consegue eliminar qualquer pequena mancha de Rajas (motivação pessoal) que possa subsistir. [20. A excelência da adoração ao Atma por meio do Yoga16.]
20. O aspirante cuja única alegria é a Realização Espiritual, cuja Mente alcançou a tranqüilidade17, e que encontra o êxtase no Atma 18, para ele não existe fruto de ação, ocupando-se sempre impessoalmente em atos necessários e legítimos. [21 a 23. A maneira de alcançar Atma-Yoga.]
21. O aspirante deve enaltecer-se por meio de uma Mente desapaixonada, sem deixar-se cair em desalentos mentais; em verdade a Mente é sua própria amiga, porém ela pode ser igualmente sua inimiga. 22. Para aquele cujas paixões estão dominadas pelo discernimento átmico, a Mente age como amiga; se a Anatma (a Prakriti, constituída pelo Intelecto, Mente-Emoção e Sentidos) é inimiga do progresso
15
Estado de infinito. (H. T. W.). Tyaga. 17 Livre de objetivo passional. 18 Princípio de Vida. 16
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espiritual, o aspirante deve tratá-la (a Anatma) como se fosse sua inimiga (lutando cautelosamente com o propósito de dominá-la como tal). 23. Muitos aspirantes sublimam as funções dos Sentidos e da Mente por meio do Atma-Yoga, sendo purificados pelo Fogo do Conhecimento. [24. 25. O fruto de Atma-Yoga.]
24. Reconhecendo a Divindade como Onipresente e Transcendente, o aspirante não falha no Entendimento d‘Ela, conseguindo, mais adiante, alcançar a excelsa Meta. *25. Aspirando conhecer o Atma, absortos n‘Ele, disciplinando-se para obter esse conhecimento na elevada Senda, os aspirantes, com todas as suas fraquezas purificadas pela Sabedoria Espiritual, alcançam AQUILO, de onde não há qualquer retorno. *** Assim é o Vigésimo Capítulo, intitulado ―Atma Dharma Gita‖, no Yoga Shatka, do Yoga Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
CAPÍTULO XXI – PRAKRITI DHARMA GITA [1. Pergunta de Arjuna com relação à Matéria em seus aspectos unitário e múltiplo, constituindo o corpo, e também referente ao grande Princípio de Vida que atua nele.]
Disse Arjuna: 1. Ó Keshava1!, aspiro saber o que é a Prakriti e o Purusha, o Kshetra e o Kshetragna (o Morador Interno), como também qual é o conhecimento necessário, e a que ele conduz. [2. 3. O corpo como o Kshetra-Prakriti2; o Princípio de Vida como o Conhecedor do Kshetra3 e a supremacia do Conhecimento que detalha a relação entre o Kshetra e o Kshetragna ou o Conhecedor.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 2. Este corpo (ou Cosmo), ó Kaunteya!, é conhecido como o Kshetra (o campo); Ele (o Princípio de Vida), os Videntes que O conhecem, declaram-n‘O como Kshetragna (o Conhecedor do campo). 3. Conhece-Me4, ó Bhárata!, como Kshetragna (o Onisciente Morador Interno) em todos os corpos; Minha afirmação é que o verdadeiro conhecimento é aquele que revela a natureza do Kshetra (Prakriti ou Matéria) e do Kshetragna (o Atma ou Princípio de Vida), e sua ação recíproca. [4 a 6. A manifestação dos Elementos-Raiz da Prakriti, os quais constituem o corpo e também o Cosmo.]
4. Escuta de Mim, agora, tudo sobre o Kshetra 5, como ele é, o que é, a natureza de suas variações, e sua origem; como também aprende d‘Ele6, como e Quem Ele é, e Sua glória.
1
Krishna. Campo de atuação – a Matéria. (H. T. W.). 3 Kshetragna, o Atma ou Princípio de Vida. (H. T. W.). 4 Atma. 5 Prakriti ou Matéria. 6 Kshetragna, o Onisciente Morador Interno, o Atma. (H. T. W.). 2
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5. Este tema tem sido tratado extensamente pelos Videntes 7, detalhado em variados cantos, como também exposto em palavras de indubitável significado, e é conclusivo acerca da imanente 8 natureza da Divindade9. 6. Os cinco Elementos Primários (éter, fogo, ar, água e terra), o Princípio de Consciência de Si Mesmo (Ahamkara), Buddhi (Intelecto), Avyaktam (Mula-Prakriti ou Matéria Básica), Manas (Mente-Emoção), e além disso os cinco Sentidos Objetivos (audição, visão, olfato, paladar e tato); [7. 8. A natureza do resultado da atuação do Princípio de Vida nos quatro Tatwakutas da Prakriti, os quais constituem o corpo ou Kshetra.]
7. Desejo e aversão, prazer e dor10, contatos dos Sentidos11, Inteligência ou Consciência12 e Faculdade Sintetizadora13 – tudo isto, coletiva e separadamente, constitui o Kshetra ou unidade corporal (ou o Cosmo). 8. Estes corpos, nos quais se manifesta o Princípio de Vida, são declarados perecíveis (porque têm um fim), enquanto que o Princípio de Vida é Imperecível e Infinito; portanto, luta (atua impessoalmente no processo samsárico mundanal), ó Bhárata! [9. A natureza de Avyaktam ou Mula-Prakriti.]
9. Estes seres emanam do Imanifestado14, são manifestados durante o processo samsárico mundanal, e se reintegram no mesmo Imanifestado; por isso, ó Bhárata!, qual é o motivo para desalentar-se? [10. 11. A natureza da atuação na Prakriti pelo aspirante materialista e pelo Gñani.]
10. O aspirante, cujo discernimento átmico está obscurecido pelo egotismo, considera o Princípio de Vida como a Causa próxima de todas
7
Rishis. Sutrátmica. 9 Brahm. 10 Grupo Manas. 11 Grupo dos Sentidos. 12 Grupo Mahat. 13 Yóguica. 14 Prakriti (Mula-Prakriti ou Matéria Indiferenciada Imanifestada). (H. T. W.). 8
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as ações; porém elas são, em realidade, causadas pelas tríplices qualidades da Matéria15. 11. Mesmo o aspirante, que tem discernimento átmico, executa todas as legítimas e necessárias ações em concordância com as qualidades de seu corpo (Matéria); todos os seres atuam (respectivamente) de acordo com as qualidades de seus corpos 16; que proveito pode haver na cessação de toda atividade? [12 a 17. A natureza do Princípio de Vida e da Matéria Causal.]
12. Por virtude da meditação alguns Videntes visualizam em si mesmos o Princípio de Vida, por meio da sintética Mente-Emoção17; outros através do sintético Conhecimento18, outros através do Yoga 19, e ainda outros por meio do Karma-Yoga20. 13. Outros, porém, não sendo capazes de assim reconhecê-Lo (através da meditação), adoram o Princípio de Vida seguindo os ensinamentos dos Videntes; aqueles que são bem versados no Conhecimento Sagrado, superam, no Devido tempo, a ignorância que obscurece o Conhecimento Átmico. 14. Somente os Videntes, com os olhos do Conhecimento – e nunca aqueles que estão desprovidos deles – contemplam (visualizam) o Princípio de Vida, seja transmigrando 21, vivendo ou atuando, desapegados ou sujeitos à escravidão das Gunas. 15. As armas (os elementos de Prithivi, ou terra) não ferem o Princípio de Vida: o fogo não O queima; a água não O molha; nem o vento O seca. 16. Ele é sem nascimento e jamais perece; sempre morando em tudo, Ele jamais deixa de ser; Ele é sem Causa, o Eterno, o Imortal; é o Ancestral22. Ele não é destruído, mesmo se Seus corpos forem aniquilados. 15
Gunas. Matéria. 17 Bhakti-Yoga. 18 Sankhya ou Gñana-Yoga. 19 Atma-Yoga. 20 Sannyasa e Tyaga (renúncia ao fruto da ação com dedicação deste à Divindade). (H. T. W.). 21 Mudando de um corpo a outro, através da reencarnação. (H. T. W.). 22 ―O Ancião dos Dias‖. (H. T. W.). 16
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17. Tal como uma pessoa se desfaz de suas velhas roupas e se veste com outras novas, assim o encarnado Princípio de Vida abandona os veículos desgastados e toma outros novos23. [18 a 20. A natureza do Jiva24 e a do corpo físico denso.]
18. Se todavia consideras o Princípio de Vida constantemente nascendo e morrendo, nem mesmo assim, ó tu, de grandes proezas!, terias justificativa para afligir-te. 19. Para o nascido a morte é certa, e para o que morre o nascimento é uma certeza; portanto não há justificativa para que te aflijas por aquilo que é inevitável. 20. Uns consideram este Princípio de Vida com admiração; outros O descrevem como uma maravilha; outros ainda ouvem falar d‘Ele com assombro25; porém, só de ouvir, ninguém O pode conhecer. [21. 22. Maneira pela qual os materialistas se enredam a si mesmos.]
21. Ó Kaunteya!, não deixes de fazer a ação necessária, ainda que seja manchada pelo desejo de seu fruto, pois todas as atividades estão assim manchadas, como a chama o está pela fumaça. (Fazer algo é melhor que não fazer nada). 22. Se estás obcecado pelo egotismo e decides: ―não lutarei‖, as Trigunas nascidas da Prakriti26 te impelirão à luta (a atuar), e assim tua resolução não se cumprirá. [23. A Prakriti, como a única executora das ações, em associação com o Princípio de Vida.]
23. Ó Kaunteya!, se és impelido à ação, necessitada pelos ditames do Princípio de Vida, e não estás disposto a praticá-la Devido à tua ignorância d‘Ele, de qualquer maneira a executarás, assim controlado pela Prakriti.
23
Através da reencarnação. (H. T. W.). Espírito Individual. (H. T. W.). 25 Falando sobre Ele. 26 Matéria. 24
CAPÍTULO VIGÉSIMO PRIMEIRO
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[24. 25. O gozo daqueles que são devotados à Upasana ou adoração ao Atma no Avyakta-Prakriti27.]
24. Aqueles que, com a visão do Conhecimento, descobrem a mútua relação entre o Kshetra28 e o Kshetragna29, como também o modo de libertar-se da escravidão da Matéria, alcançam a Suprema Meta. *25. Deste modo foi revelada, em sua totalidade, a verdade a respeito do corpo30, a Meta que deve ser conhecida31, e também o conhecimento dos meios para consegui-la; Meu devoto, conhecendo isto, está capacitado para alcançar o discernimento átmico. *** Assim é o Vigésimo Primeiro Capítulo, intitulado ―Prakriti Dharma Gita‖, no Yoga Shatka, do Yoga Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
27
Plano da Matéria Indiferenciada ou Matéria-Raiz. (H. T. W.). Prakriti ou Matéria. 29 Atma ou Princípio de Vida. 30 Kshetra ou Prakriti. 31 Purusha ou Kshetragna. 28
CAPÍTULO XXII – KARMA DHARMA GITA [1. Pergunta de Arjuna com referência ao conhecimento do KarmaYoga.]
Perguntou Arjuna: 1. Ó Janárdana1!, se consideras Buddhi2 como superior ao Karma3, por que então, ó Keshava!, me ordenas realizar atos perigosos? [2. A verdadeira natureza do Karma como resultado direto, Devido à atividade próxima da Prakriti.]
Respondeu o Bem-aventurado Senhor: 2. O aspirante que reconhece que todas as ações são efetuadas por meio da atividade próxima da Prakriti, compreende, conseqüentemente, que o Princípio de Vida não é o executor, senão somente a Causa remota da ação. [3 a 5. A natureza da ação desperdiçada.]
3. Ó Partha!, as pessoas que se deleitam com aqueles Vedas, os quais tratam meramente das atividades objetivas e de seus frutos, e declaram com jocosa alegria que nada além disso (tais atividades objetivas) tem importância, falam assim porque são de limitado entendimento. 4. Estas pessoas, sempre desejosas do fruto da ação para si mesmas, anelam seguir a senda do prazer, a qual conduz ao Céu Mental 4, através de múltiplos sacramentos e rituais particulares; conseqüentemente são mais dominadas pela paixão. 5. A estas pessoas, que são fortemente apegadas a meros prazeres materiais, e que portanto carecem de discernimento átmico, falta inteligência para sintetizar todos os esforços necessários a fim de obter a austera tranqüilidade, indispensável para a prática yóguica.
1
Krishna. Conhecimento, Intelecto. 3 Ação. 4 Swarga. 2
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[6. O imediato e passageiro resultado de tais ações.]
6. Aqueles que adoram os Devas (Aspectos da Divindade) desejosos do fruto da ação aqui nesta vida, sem demora o obtêm neste mundo dos homens. [7 a 9. A natureza da prática de Yoga-Karma – Sintética ou Śuddha.]
7. Abandonando inteiramente todo desejo surgido de particulares ideações, e retirando (convergindo) os Sentidos5, por meio da Mente, de tudo que o rodeia, 8. O aspirante deve tranqüilizar gradativamente sua Mente, por meio do conhecimento exercitado pela Síntese6, estabelecendo a MenteEmoção no Princípio de Vida, no Qual unicamente deve meditar. 9. Para uma pessoa de discernimento Brâhmico, os trigúnicos Vedas são de tão insignificante ajuda como o seria um pequeno lago para aquele que tem acesso a extensas águas. [10 a 15. A importância de resolver as multiplicidades Prakríticas na unidade, governada pelo Atma, por meio da dedicação – Yagna7.]
10. Alguns Yogues invocam o Atma e meditam n‘Ele; outros invocam Sua Luz e oferecem adoração ao Supremo Brahm; 11. Outros purificam o Sentido da audição e os restantes Sentidos no fogo da abstinência, ao passo que outros ainda transformam o som e outros Sentidos objetivos no fogo dos próprios Sentidos. 12. Outros, adeptos do Pranayama, disciplinando o trânsito do Prana (unidade do ser) e do Apana (multiplicidade do ser), transformam o Prana em Apana, como também a multiplicidade em unidade. 13. E ainda outros, com os veículos disciplinados, harmonizam na unidade os múltiplos estados de consciência; todos estes aspirantes são conhecedores de Yagna, e suas debilidades são consumidas por ele (Yagna).
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Gñanendriyas (Sentidos cognoscitivos). Yoga. 7 Sacrifício. 6
CAPÍTULO VIGÉSIMO SEGUNDO
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14. Por virtude8 do fruto, originado em conseqüência de tal dedicação espiritual9, os aspirantes alcançam Brahma-Prâpti. A existência aqui (nesta terra ou corpo) não é agradável para os personalistas e indisciplinados – como então poderiam eles alcançar Prâpti, ó Kurusattama10? 15. Assim, muitos e variados Yagnas finalmente conduzem à Brahma-Prâpti; considera-os todos como gerados através do esforço; assim sabendo serás liberado. [16 a 19. A natureza dos Karmas pertencentes ao Varnashrama – as quatro categorias de castas sociais.]
16. Ó Parantapa11, as ações dos Brâhmanes, dos Kshatriyas, dos Vaishyas e dos Sudras são variadas e diferentes, de acordo com as tríplices Gunas da Prakriti12, as quais modificam, separadamente, as atividades do Intelecto, da Emoção e dos Sentidos. 17. A serenidade, o domínio dos Sentidos, a austeridade, a pureza, o perdão, a retidão, como também o conhecimento, o discernimento, e a fé em Brahm, constituem o Brahma-Karma, gerado no veículo prakrítico pelo Atma. 18. A coragem, o esplendor material, a capacidade organizadora, a habilidade, a capacidade de não esmorecer na batalha, a generosidade e a majestade, constituem o Kshatra-Karma, gerado pelo Atma no veículo prakrítico. 19. A agricultura, a proteção ao gado e o comércio constituem o Vaishya-Karma, gerado no veículo prakrítico pelo Atma. – O oferecimento do serviço físico constitui o Sudra-Karma, gerado no veículo prakrítico pelo Atma. [20 a 23. O dever do homem de executar Karma (ações), e a natureza da ação correta e incorreta.]
20. Teu dever consiste em executar somente as ações legítimas sem jamais considerar seus frutos; não te apegues nem sequer ao fruto da ação
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Amritam. Yagna. 10 Arjuna. 11 Arjuna. 12 Satwa, Rajas e Tamas. 9
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legítima, nem te deixes dominar pela tendência a omitir ou desistir da ação justa. 21. Janaka e outros Seres alcançaram o adeptado de Naishkarmya somente pela execução desinteressada da ação necessária; reconhecendoo assim, deves trabalhar pela prosperidade do mundo, e desse modo também lograrás êxito em tua própria evolução. 22. Os buscadores da Liberação executam diferentemente os variados atos de Yagna, Dana e Tapas13, dedicando os frutos destes a Brahm14; 23. A constante fé na virtude de Yagna, Dana e Tapas (ações objetivas de natureza Sátwica) é declarada ser ―Sat‖ em si mesma; assim também a execução do ato subjetivo 15, dedicado ao Princípio de Vida16, é declarada ser também ―Sat‖. [24. 25. A necessidade de executar as ações impessoalmente, de acordo com o lugar e circunstância.]
24. Executa tu toda ação necessária; da execução da ação se derivam excelências através do Akarma ou trabalho realizado sem apego a seu fruto17; sem a execução de tal ação desinteressada, o curso de tua vida no evolucionário processo samsárico mundanal nunca será bem cumprido. *25. O aspirante desapaixonado, com a Mente bem disciplinada e livre de possessões pessoais, mesmo atuando no processo samsárico mundanal, não encontra obstáculos que o impeçam de alcançar BrahmaPrâpti. *** Assim é o Vigésimo Segundo Capítulo, intitulado ―Karma Dharma Gita‖, no Yoga Shatka, do Yoga Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
13
Sacrifício, Caridade e Austeridade. (H. T. W.). TAT. 15 Abhyasa-Karma. 16 TAT. 17 Naishkarmya. 14
CAPÍTULO XXIII – BHAKTI DHARMA GITA [1. A supremacia da Mente-Emocional atuando com discernimento átmico.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 1. O aspirante, cuja Mente-Emoção está absorta em Mim, com discernimento átmico, e sendo inspirado com supremo fervor, é considerado por Mim como o melhor entre os Yuktas1. [2 a 4. A dádiva do bem-estar como um resultado da devoção pura, ainda que seja dirigida aos Aspectos particulares do Senhor.]
2. Aquele que Me adora assim, com tal fervor, alcança a realização de seus anelos, outorgada, em verdade, por Mim. 3. O devoto pode anelar adorar qualquer forma ou Aspecto Meu com tal fervor; verdadeiramente Eu outorgo a ele esse indispensável e constante fervor. 4. Aqueles, cujo discernimento átmico está obscurecido por desejos pessoais, adoram de outra maneira a muitos Devas 2 seguindo disciplinas particulares, e, por isso, estão sujeitos à influência trigúnica dos próprios Devas. [5 a 7. A natureza geral de Bhakti3, a qual é engendrada por Manas4.]
5. A adoração aos Deuses, em cumprimento de Seus respectivos mandamentos, consiste em invocações reverenciais, oferenda de sacrifícios, estudo e observância de promessas solenes. 6. Tanto aqueles que têm discernimento átmico, como aqueles que não o possuem, sendo devotados à adoração a Meus Aspectos, obtêm frutos de acordo com seus respectivos anelos; porém, o gozo que resulta da adoração a Meus Aspectos é limitado, enquanto que da adoração transcendental, átmica ou sintética, advém a Realização Brâhmica. 7. Ó Kaunteya!, aqueles que, dotados com fervor puro, adoram também a outros Deuses5, verdadeiramente adoram somente a Mim, apesar de não estarem de acordo com o Bhagavad-Shastra. 1
Aspirante avançado (já liberado, sábio e puro). (H. T. W.). Aspectos Meus. 3 Devoção. 4 Mente-Emoção. 2
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
[8 a 10. As características de um perfeito Bhakta 6.]
8. Eu recebo, seja uma folha, uma flor, um fruto ou água, daquele que, com pureza de coração, o dedique devotamente a Mim assim consagrado. (Aqui a folha representa o Karma; a flor, Bhakti; o fruto, Gñana; e a água, o Yoga). 9. Ó Kaunteya!, qualquer ato que pratiques, ou coisa que obtenhas por meio de sacrifícios, oferendas, ou por alguma austeridade, dedica tudo a Mim. 10. Se alguém, apesar de haver estado anteriormente sob o domínio de conduta asúrica, chegasse a ser inteiramente devotado a Mim, seria considerado como um Sadhu7. [11. A excelência do Yoga em Bhakti.]
11. Ele logo reconheceria o Dharma8, e sem demora alcançaria Shanti9. Ó Kaunteya!, convence-te de que aquele que é Meu devoto, nunca deixa de alcançá-la10. [12 a 18. As características gerais de um Bhakti-Yogue.]
12. Sem ódio, amistoso com todos os seres, compassivo, desprendido (sem apegos), livre de egoísmo, transcendendo o prazer e a dor (e dualidades semelhantes), de natureza sempre disposta ao perdão, 13. Este devoto Yogue, que sempre se regozija no Atma, com Mente disciplinada e firmeza de convicção, havendo dedicado a Mim seu Manas11 e seu Buddhi12, é amado por Mim. 14. Aquele que não causa sofrimento a outros seres, como também aquele que não é perturbado pela dor do mundo, e está livre da influência da alegria, da ira e do medo, é amado por Mim. 15. Aquele que não se alegra, não odeia, não se abate, que nada deseja, dedicando a Mim o fruto de toda ação agradável ou desagradável, tal devoto é amado por Mim. 5
Aspectos Meus. Devoto. 7 Aquele que segue a senda do Yoga. 8 Bhagavad-Dharma. 9 Prâpti (o mais alto estado de consciência). Neste caso o termo Shanti está traduzido como Prâpti. O significado corrente de Shanti é Paz. (H. T. W.). 10 Shanti. 11 Mente. 12 Intelecto. 6
CAPÍTULO VIGÉSIMO TERCEIRO
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16. Transcendendo a amizade e a inimizade, a honra e a desonra (com equânime percepção cognoscitiva), o calor e o frio (com equânime percepção sensitiva), o prazer e a dor (com equânime percepção da Mente Emocional), e isento de apego a tudo isto, 17. Tal devoto, que está além do alcance do insulto e da lisonja, de medidas palavras, sereno ante qualquer classe de acontecimento, sem apego aos bens materiais, e de iluminado entendimento, é amado por Mim. 18. Os aspirantes que seguem este conselho13, virtuosos e dotados com fervor, considerando-Me como a Meta Final, são sempre muito amados por Mim. [19 a 21. Bhakti-Yoga (considerado diferente do mero Bhakti) conduz ao Parama-Purusha-Bhávana.]
19. Portanto, pratica desapegadamente todos os atos necessários; a pessoa que os cumpre de forma desapaixonada alcança a Suprema Meta. 20. Para ela não há nenhum interesse pessoal ao praticar os atos justos, nem ao não praticar os maus; tampouco há nela, verdadeiramente, nenhuma expectativa pessoal, de qualquer classe, em sua atuação no processo samsárico mundanal. 21. Ó Kaunteya!, a execução de atos, sem propósito dedicatório14, engendra escravidão naquele que está empenhado no processo samsárico mundanal; portanto, por esse motivo15, pratica todas as ações desinteressadamente, para obteres a Liberação. [22. 23. A excelência da relação mútua entre o devoto e o Objeto de adoração.]
22. O Senhor da Criação16, criando todos os seres desde o princípio, e dotando-os com instintos de dedicação, declarou: 17 — ―Aumenta tua felicidade por este meio – deixa que este proceder seja o doador de teu bem-estar.
13
Bhagavad-Dharma. Sem dedicação à Divindade. (H. T. W.). 15 Yagna. 16 Brahma. 17 Praticando todas as ações desinteressadamente, dedicando seus frutos à Divindade. (H. T. W.). 14
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
23. ―Por este meio, invoca os excelsos Poderes; possam os Devas, assim invocados, conceder-te bênçãos, e assim, em reciprocidade, cresce tu na suprema disciplina da Adoração Sintética18.‖ [24. O gozo de Śuddha-Bhakti-Yoga.]
*24. Com a Mente absorta em Mim, sê tu Meu devoto, e rendendote a Mim, dedica a Mim todos os teus atos. Com este proceder, podes estar absolutamente certo de que Me alcançarás, Eu te asseguro, a ti que és Meu bem-amado. *** Assim é o Vigésimo Terceiro Capítulo, intitulado ―Bhakti Dharma Gita‖, no Yoga Shatka, do Yoga Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
18
Distinta da adoração aos Aspectos da Divindade representada pelos Deuses.
CAPÍTULO XXIV – GÑANA DHARMA GITA [1. A natureza oculta do Gñana-Yoga conduz ao enaltecimento de todos.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 1. Escuta (conhece) Meu Supremo Ensinamento, revelador do profundo Mistério Brâhmico. Tu és eternamente amado por Mim, e como tal te falo, para tua felicidade espiritual. [2. 3. A correta implicação do Karma praticado pelo Gñana-Yogue.]
2. O que é Ação1, e o que é Não-Ação2? Mesmo os sábios estão confusos sobre isso; portanto, Eu te revelarei o significado de Karma, por meio de cujo conhecimento poderás ser liberado de sua escravidão. 3. As implicações das ações necessárias3 devem ser bem discriminadas; igualmente as da abstenção das ações incorretas4, como também as da não-ação5. Por isso a senda da ação correta é difícil de trilhar. [4. A prístina pureza do Gñana-Yogue – liberação da escravidão da ação.]
4. O aspirante, desligado do fruto da ação, deleitando-se no Princípio de Vida, livre da trigúnica Prakriti, ainda quando envolvido no trabalho, realmente, ao executá-lo, não fica atado por ele; isto é Naishkarmya-Siddhi. [5. A culminação final do Śuddha-Sankhya em Gñana-Yoga.]
5. Ó Parantapa!, a adoração, feita com discernimento sintético, é superior à realizada por meio de atos dedicados meramente aos muitos Aspectos manifestados da Divindade. Ó Partha!, toda atividade sintética culmina (conduz) em Atma-Gñana, ou entendimento espiritual.
1
Karma. Akarma. 3 Karma ou Pravritti-Karma. 4 Vikarma ou Nivritti-Karma. 5 Akarma ou Yoga-Karma ou Naishkarmya. 2
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[6. O poder motivador do Karma é tríplice, isto é, o Adhikari (o Conhecedor ou Gñani), a Meta (Busca do Conhecimento), e os Meios, sendo o Conhecimento ou Gñana (associado com Bhakti e Ação). Os elementos para alcançar Gñana-Yoga são: Karma, os Meios, e o Autor.]
6. No processo cognoscitivo 6, os três constituintes são: o Conhecimento, a Busca do Conhecimento e o Conhecedor; assim também, no processo da atividade7, os tríplices elementos são constituídos pelos Meios, a Ação e o Autor. Similarmente, sendo a Devoção ou Manas-Vyavasaya o elo (ou Sambandha) entre o Gñana-Vyavasaya e o Karma-Vyavasaya, ela compreende três elementos: o Devoto, a Devoção e o Objeto da devoção. [7 a 9. A absoluta necessidade do Gñana-Yogue de executar ações para Lokasangraha ou bem-estar universal.]
7. Quando um Gñana-Yogue de iluminado entendimento executa ações, outras pessoas o imitam e as executam também; o mundo adota o critério (de ação) que ele teve para atuar, e segue-o. 8. Ó Bhárata!, o Gñana-Yogue de iluminado entendimento deve, tendo em vista o bem-estar do mundo, executar as ações desapaixonadamente, porém tão intensamente quanto aqueles que, sem discernimento espiritual, executam atos intensamente apegados a seus frutos. 9. A pessoa que tem discernimento sintético não deve perturbar, necessariamente, o entendimento daqueles que não o têm, e que por isso estão apegados ao fruto da ação; porém deve, como um Yukta, transcendendo o fruto da ação, regular todos os seus atos visando a elevação deles. [10. O renascimento como uma conseqüência necessária da ausência de Sannyasa e Tyaga.]
10. Aqueles que não têm discernimento sintético, gozando no imenso Swarga 8 saboreando todos os frutos da ação, descem novamente, depois de havê-los esgotado, ao mundo mortal da ignorância; assim eles, seguindo os trigúnicos Vedas, em busca dos prazeres, experimentam o
6
Gñana-Vyavasaya. Karma-Vyavasaya. 8 Céu mental. (H. T. W.). 7
CAPÍTULO VIGÉSIMO QUARTO
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nascimento e a morte, estando constantemente envolvidos no próprio Pravritti e Nivritti. [11. O Senhor, como o Instrutor Interno, confere Gñana, por meio de Sua graça, para superar as causas do renascimento.]
11. Sempre para seu bem, compadecendo-Me deles, Eu, que hábito neles como Atma, dissipo a escuridão de sua ignorância (do conhecimento átmico) por meio da luminosa lâmpada da Sabedoria (entendimento átmico). [12. 13. A Excelência dos Gñana-Yogues.]
12. Aquele que, com a Mente bem disciplinada, se mantém sereno em meio às dualidades de calor e frio (contatos dos Sentidos), de prazer e dor (contatos da Mente), como também de censura e elogio (contatos cognoscitivos), está bem próximo de alcançar a graça do Grande Princípio de Vida. 13. Ó Dhananjaya!, a ação não ata aquele que a realiza dedicando-a à Divindade (por meio do Yoga), cujo entendimento átmico dissipou todas as dúvidas, e é senhor de sua Mente. [14 a 22. Características de um Gñana-Yogue.]
14. O aspirante que possui discernimento átmico transcende as ações tanto de agradáveis como de desagradáveis resultados; portanto, disciplina-te pelo Yoga, posto que o Karma-Yoga confere excelência a todos os atos. *15. O aspirante que percebe o Princípio de Vida residindo no amigo, no ser amado, nos Sábios, nos estranhos que lhe são indiferentes, no neutral, no inimigo, nos parentes, como também naqueles que têm e nos que não têm discernimento átmico, logra excelência em sua atuação no processo samsárico mundanal. 16. Aprende a reconhecer a Paramátmica Imanência9 pela dedicação, pela rendição e pelo salutar serviço por meio dos quais os Sábios, Videntes dos Tatwas, te revelarão tal Conhecimento ou Sabedoria. 17. Ó Pândava!, conhecendo isso não tornarás a cair em tal obscuridade de entendimento; por meio desse conhecimento também reconhecerás todos os seres (no processo samsárico mundanal) vivendo em Mim, que Sou o Principio de Vida. 9
Samabuddhi.
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18. Ainda se foras o maior pecador entre todos os pecadores, ainda poderias fazer a travessia a salvo, navegando sobre todos os pecados (ciclo de nascimento e morte), na barca do Conhecimento10. 19. Assim como o fogo do Sacrifício reduz a cinzas os ramos oferecidos, o fogo do Conhecimento Átmico consome a impureza do apego (que causa escravidão) em toda ação. 20. Em verdade não há nada no processo samsárico mundanal que purifique tanto como o entendimento espiritual; o aspirante que é destro no Yoga, através da sincronização (sincronização dos veículos ou corpos sutis) em si mesmo, conquista a Realização Átmica. 21. O aspirante, com os Sentidos disciplinados, sendo devotado ao Princípio de Vida, e inspirado pelo fervor, logra o entendimento sintético com o qual alcança, sem demora, a Suprema Paz. 22. Aquele que não tem tal entendimento nem fervor, sendo perturbado pelas dúvidas, não tem êxito, ficando retardado no processo samsárico mundanal; também, para aquele cuja Mente está sempre cheia de dúvidas, não há êxito neste mundo nem no outro, nem tampouco felicidade. [23. 24. O resultado de Gñana-Yoga.]
23. Sendo devotado ao Princípio de Vida por meio da dedicação dos frutos de todas as ações, sejam estes frutos auspiciosos ou não, serás liberado de sua escravidão11; sendo assim liberado, tu Me alcançarás. 24. Ó Pândava!, aquele que dedica a Mim suas ações, que Me conhece como o Supremo, sendo Meu devoto, desapaixonado, sem odiar a nenhum ser, posto que Eu em todos eles habito, chega a Mim12. *** Assim é o Vigésimo Quarto Capítulo, intitulado ―Gñana Dharma Gita‖, no Yoga Shatka, do Yoga Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
10
Brahma-Gñana (Conhecimento Divino). (H. T. W.). Escravidão Kármica. (H. T. W.). 12 Atma. 11
CAPÍTULO XXV – YOGA DHARMA GITA [1. Pergunta de Arjuna com referência às características e relações que existem entre Sannyasa e Tyaga1, em resumo.] Nota: Sannyasa inclui dezoito Dharmas, desde o ―Nara-Naráyana Dharma‖, até o ―Sannyasa Dharma‖, constituindo todos eles o Śuddha-Sankhya; e Tyaga está formado pelos outros seis Dharmas, desde o ―Atma-Dharma‖ até o ―YogaDharma‖, constituindo o Śuddha-Yoga2.
Disse Arjuna: 1. Ó Todo-Poderoso!, desejo conhecer o significado ou a essência de Sannyasa (atuação no Tríplice-Samsara, renunciando ao fruto da ação3), como também o de Tyaga (ou ação transcendente4), separadamente, ó Hrishikesha5! Ó Tu, Apaziguador de Keshi! [2. Sumário dos Ensinamentos do Nara-Naráyana Dharma Gita – Segundo capítulo.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 2. Sou o Sintetizador6 de todos os Dharmas; venho para destruir as idéias separatistas dos seres, manifestando-Me aqui para consumar o processo samsárico mundanal (para capacitá-los a alcançar a Bemaventurança). Destes guerreiros que estão entre as hostes inimigas7, ninguém, exceto tu (e aqueles que alcançaram a Suprema Iluminação através da atuação em Ekatwa8), alcançará a transcendente Meta.
1
Sannyasa (Sankhya) e Tyaga (Yoga) – Análise e Síntese. Esta NOTA se refere à divisão da Gita em 24 capítulos, não contando com o primeiro – ―A gênese‖, nem com o último – ―Brahma Stuti‖ ou Canto de Louvor a Brahma. (H. T. W.). 3 Sankhya. 4 Ekatwa – Yoga ou Síntese. 5 Krishna. 6 Kala. 7 Representando o Deva e o Asura-Bhavas (Divino e Demoníaco) no Tríplice-Samsara. 8 Ação Transcendente (Yoga ou Síntese). (H. T. W.). 2
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[3. Sumário do Avatara Dharma Gita – Terceiro capítulo.]
3. Ó Tu, o primeiro dos homens!, aquele que possui iluminação espiritual9 é digno da bem-aventurada Realização; ele, tendo transcendido as dualidades tais como o prazer e a dor (que surgem no TrípliceSamsara), já não é perturbado por elas. [4. Sumário do Adhikara Dharma Gita – Quarto capítulo.]
4. Ó Kurunandana10!, o entendimento de um aspirante, iluminado com discernimento átmico, o conduz à Síntese (Yoga) no processo samsárico mundanal; porém aqueles que estão privados desse iluminado entendimento são distraídos pelas variadas multiplicidades. [5. Sumário do Siksha Dharma Gita – Quinto capítulo.]
5. Como as águas penetram no oceano imenso, simbolizando a plenitude que nunca decresce, assim aquele, no qual todos os desejos são neutralizados, alcança a Suprema Paz – não sucede o mesmo com aquele que alimenta ideação passional. [6. Sumário do Kârana Dharma Gita – Sexto capítulo.]
6. Para aquele que executa a transcendente atuação, a Beatitude Brâhmica é alcançável – para ele toda dedicação é da mesma essência de Brahm (transcendência); a oferenda11 é de Brahm; o fogo 12 é de Brahm, e o adorador13 é também de Brahm. [7. Sumário do Kaivalya Dharma Gita – Sétimo capítulo.]
7. Portanto, eliminando as internas e obscurecedoras dúvidas, engendradas pela ignorância, através do fio da espada do Atma-Gñana, recorre à disciplina do transcendente Yoga. – Ergue-te, ó Bhárata!, para executar a Transcendente Ação. ASSIM É O SUMÁRIO DOS SEIS CAPÍTULOS DO GÑANA SHATKA
9
Yóguica. Arjuna. 11 Cognoscitiva. (Referente aos Sentidos cognoscitivos ou Gñanendriyas). (H. T. W.). 12 Sentidos. 13 Mente-Emocional. 10
CAPÍTULO VIGÉSIMO QUINTO
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*** [8. Sumário do Swarupa Dharma Gita – Oitavo capítulo.]
8. O aspirante que se regozija no Átman, que repousa no Átman, que é iluminado com a interna Luz do Átman, é um Yogue. Sendo de natureza transcendente, ele alcança o Êxtase Brâhmico. [9. Sumário do Sadhanatraya Dharma Gita – Nono capítulo.]
9. Assim o Yogue, sempre absorto no Átman, com Mente disciplinada, alcança a Paz Brâhmica em Mim. [10. Sumário do Maya Dharma Gita – Décimo capítulo, e do Moksha Dharma Gita – Décimo Primeiro capítulo.]
10. O Supremo Êxtase advém ao Yogue cuja Mente está pacificada, cujas paixões estão dominadas, e que está livre de debilidades; assim ele está afinado com a Natureza Brâhmica. [11. Sumário do Brahmaswarupa Dharma Gita – Décimo Segundo capítulo.]
11. O Atma-Yogue14 supera o Bhakti-Yogue15; ele é considerado superior mesmo ao Gñana-Yogue. Este Atma-Yogue ultrapassa também o Karma-Yogue; portanto, ó Arjuna, converte-te em um Atma-Yogue! [12. Sumário do Brahma-Vibhuti Dharma Gita – Décimo Terceiro capítulo.]
12. Todos estes aspirantes são talentosos conhecedores; entretanto, considero aquele que tem discernimento átmico16como sendo verdadeiramente Eu Mesmo, desde que ele, sendo sempre um Yukta, se harmonize com Meu estado de Suprema Transcendência. ASSIM É O SUMÁRIO DOS SEIS CAPÍTULOS DO BHAKTI SHATKA.
14
Śuddha-Yogue. Tapasvins. 16 Gñani ou Mahatma. 15
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ŚRIMAD BHAGAVAD GITA
*** [13. 14. Sumário do Pranayama Dharma Gita – Décimo Quarto capítulo.]
13. Controlando todas as portas dos Sentidos, repousando a Mente Emocional no coração, elevando a Consciência17 até a cabeça (entre as sobrancelhas18) empenhado no processo yóguico, 14. Ele, o aspirante, entoando a Sílaba Mística AUM 19 (o transcendente Pranava de Brahm), meditando na Brahma-Shakti20, e dedicando seu ser a Mim21 juntamente com o fruto de todas as suas ações, alcança a Suprema Transcendência. [15. Sumário do Paramatma Dharma Gita – Décimo Quinto capítulo.]
15. Ó Gudakesha22!, Eu sou o Princípio de Vida no coração de todos os seres; Sou seu Princípio (Origem), Meio (o Realizador, no mundo manifestado) e sua Culminação (a Transcendente Meta23). [16. Sumário do Akshara Dharma Gita – Décimo Sexto capítulo.]
16. Eu sou Bhrigu24 entre os Maharishis; o Ekákshara (Som primário) em toda linguagem; Eu sou a entoação do Japa25 em toda adoração, e entre as coisas imóveis, Sou o Himalaya. [17. Sumário do Raja-Vidya Dharma Gita – Décimo Sétimo capítulo.]
17. Eu sou o Princípio de Vida26 entre os Imortais27, e o Constituinte Dual28 de tudo que é composto; Eu sou a Eternidade e o Sintetizador de todos os Dharmas29; Sou o Sustentador e o Onisciente.
17
Buddhi. Ajna-Chakra. (H. T. W.). 19 Pronuncia-se OM. 20 Poder Divino Feminino = MA. 21 Atma. 22 Dominador do Sono (Arjuna). 23 Brahma-Prâpti. 24 Śuddha-Yogue. 25 Repetição de Mantras. (H. T. W.). 26 Atma. 27 Akshara. 28 Purusha e Prakriti (Espírito e Matéria) em termos de Kshetra e Kshetragna. 29 Atuação (no processo samsárico mundanal). (H. T. W.). 18
CAPÍTULO VIGÉSIMO QUINTO
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[18. Sumário do Paramahamsa Dharma Gita – Décimo Oitavo capítulo.]
18. Tudo quanto há de sublime na criação manifestada, excelente ou elevado, considera-o projetado (manifestado) de um Fragmento de Minha glória. [19. Sumário do Sannyasa Dharma Gita – Décimo Nono capítulo.]
19. Eu sou a Austeridade na disciplina de todos os aspirantes e o Guia daqueles que estão na Senda do Adeptado; Eu sou o Silêncio em todos os yóguicos mistérios, e o Transcendente Conhecimento de todos que sabem. ASSIM É O SUMÁRIO DOS SEIS CAPÍTULOS DO KARMA SHATKA. *** [20. Sumário do Atma Dharma Gita – Vigésimo capítulo.]
20. Com a Mente absorta em Mim, sê tu Meu devoto; dedicando a Mim todos os teus atos, e rendendo teu ser a Mim, busca refúgio em Mim30; deste modo, disciplinando-te, tu Me alcançarás. [21. Sumário do Prakriti Dharma Gita – Vigésimo Primeiro capítulo.]
21. AUM (Transcendente31), TAT (Manifestado32), SAT (Imanente33) – assim a Natureza de Brahm é declarada ser tríplice. Por isso, desde a antigüidade, o estudo dos Vedas34 e os Sacrifícios35 são prescritos aos aspirantes Brâhmicos36. [22. Sumário do Karma Dharma Gita – Vigésimo Segundo capítulo.]
22. Sendo o aspirante de natureza Brâhmica (transcendente), e agraciado com discernimento átmico, não se aflige nem se apaixona; compreendendo a Imanência Brâhmica em toda a criação manifestada, ele alcança Meu supremo afeto.
30
Atma. Śuddham. 32 Sagunam ou Saguna. 33 Nirgunam ou Nirguna. 34 Conhecimento Brâhmico. 35 Atos dedicados a Brahm. 36 Brâhmanas. 31
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[23. Sumário do Bhakti Dharma Gita – Vigésimo Terceiro capítulo.]
23. Ó Arjuna!, o Supremo Senhor habita centralmente em todos os seres impulsionando, por meio de Sua Shakti37, todos eles à consumação na roda evolucionária. [24. Sumário do Gñana Dharma Gita – Vigésimo Quarto capítulo.]
24. Busca-O, ó Bhárata!, como a Universal Imanência; por meio de Sua Graça, alcançarás a Suprema Paz e a Eterna Plenitude. [25. Sumário do Yoga Dharma Gita – Vigésimo Quinto capítulo.]
25. Sintetizando n‘Ele todos os Dharmas evolucionários, busca o Único Brahm38 e Sua Suprema Shakti39. Eu, como o Ishwara40 que reside no coração, te libertarei de todos os pecados41 e dos méritos temporais42. Não sucumbas oprimido pela tristeza! ASSIM É O SUMÁRIO DOS SEIS CAPÍTULOS DO YOGA-SHATKA *** Assim é o Vigésimo Quinto Capítulo, intitulado ―Yoga Dharma Gita‖, no Yoga Shatka, do Yoga Kanda, da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
37
Maya. Ekam. 39 MA (Poder Divino Feminino). (H. T. W.). 40 Atma. 41 Papa. 42 Punya. 38
CAPÍTULO XXVI – BRAHMA-STUTI1 [1. 2. A natureza de Swadharma.]
Disse o Bem-aventurado Senhor: 1. Eu, em tal manifestação cósmica como tu Me viste, jamais posso ser visualizado – seja por meio dos Vedas, nem de Tapas2, nem de Dana3, nem de Yagna4. 2. Eu sou a Oferenda (Inteligência), Eu sou o Sacrifício (trabalho ofertado), Eu sou a Oblação (ideação), Eu sou o Medicamento (para a consumação do processo samsárico mundanal), Eu sou o Cântico (entoação mental5), Eu sou a Manteiga clarificada (nos rituais sagrados), Eu sou o Fogo (do Conhecimento)6, Eu sou o Recebedor (Brahm) de todos os Sacrifícios. [3 a 18. A necessidade de todos praticarem Swadharma 7, e os incidentes que levam à Vitória e à conquista em tal empreendimento.]
3. Aquele que está livre de desejos, que é impessoal, versado, que não é afetado por nada, que transcendeu a dor e o prazer, e cujas ações são dedicadas ao Princípio de Vida, sendo Meu devoto, é muito amado por Mim. 4. O aspirante que busca a felicidade em Brahma-Samipya8, transcendendo os pares de opostos, isento de inveja, que não é afetado nem pelo êxito nem pelo fracasso na execução das ações, não é atado por elas, nem mesmo quando as está executando.
1
Brahma, neste caso, se refere ao Brahma Criador da Trimurti (Brahma, Vishnu e Shiva). (H. T. W.). 2 Austeridade. 3 Caridade (ou Doação). 4 Oferenda (Sacrifício). 5 Entoação de Mantras e Cânticos Sagrados – Japa. (H. T. W.). 6 Gñana. 7 Swadharma ou Atma-Dharma significa atuação transcendente com discernimento átmico, desapegada do fruto das ações. – Swadharma transcende a influência das Trigunas ou qualidades da Matéria. (H. T. W.). 8 Aproximação a Brahma (Yadruccha).
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5. Verdadeiramente o fruto da ação, obtido por aqueles de limitado entendimento, não é duradouro. Os adoradores dos Devas 9 a eles vão; porém Meus adoradores chegam a Mim10. 6. Assim, conhecendo a natureza da adoração (entre a adoração a um Aspecto11 e a adoração ao Todo), atuaram os antigos buscadores da Liberação na execução de seus atos. Do mesmo modo, ao ocupar-te em ações, faça também como eles o fizeram no passado. 7. A execução das ações com discernimento átmico12, transcendendo a influência trigúnica, supera as ações que, embora sejam bem executadas, estão sob a influência das Trigunas13 nascidas da Matéria14. As ações dedicadas à Divindade culminam na liberação da escravidão conduzindo à Bem-aventurança, enquanto que a outra forma de atuar (isto é, sem a Devida dedicação) está cheia dos perigos advindos do nascimento e da morte (e das conseqüentes limitações e males da ignorância). 8. Os aspirantes, que estão constantemente de acordo com esta Minha Lei, inspirados com fervor átmico e livres da inveja, são liberados da escravidão das ações. 9. Entretanto aos que, por desconfiança, não estão de acordo com Minha Lei, julga-os tu como ignorantes de todo conhecimento átmico, e destituídos de auspiciosos anelos. 10. Ó Bhárata!, o Princípio de Vida, encarnado em todos os seres, é Eterno e Imortal, portanto não tens razão para te lamentares por todos estes seres. 11. Ó Kaunteya!, os contatos materiais15 geram as dualidades nos Sentidos e na Mente, tais como calor e frio, prazer e dor16; estes se repetem alternadamente e, como tais, são transitórios. Resiste a eles (transcendendo-os), ó Bhárata! 12. Assim como o Princípio de Vida encarnado passa pelos estágios da adolescência, da juventude e da velhice neste corpo, assim 9
Aspectos Meus. Atma. 11 Da Divindade. (H. T. W.). 12 Swadharma. 13 Paradharma. 14 Prakriti. 15 Prakríticos. 16 E outras dualidades semelhantes. 10
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também Ele toma outros corpos. O aspirante de átmico discernimento não se aflige por isso. 13. Compreendendo assim o Atma-Dharma17 não se justifica que vaciles em lamentações; não há melhor oportunidade para um Kshatriya 18 que se empenhar nas batalhas (ações) justas, com discernimento átmico. 14. Abençoados são os Kshatriyas, ó Partha!, que se empenham em tais batalhas (trabalho ou ações19) que são para eles uma oportunidade divinamente designada, a qual os conduzirá diretamente à bemaventurada Meta. 15. Se todavia recusas empreender, tu mesmo, tal justa batalha (ação), depois, desviado do discernimento átmico e da glória, cairás na ignorância e na dor. 16. Todas as pessoas recordarão, por gerações, que perdeste a glória. Para alguém de eminência, a má fama (desonra) é ainda mais dolorosa que a morte. 17. Os grandes guerreiros (também os Sábios e Yogues) julgarão que, por medo, foste um desertor na batalha (ação), e descerás na estima dos que te consideravam valente e elevado. 18. Aqueles que são inimigos de tua felicidade proclamarão tua queda com palavras de desprezo, censurando-te como bravo guerreiro. Que pode ser mais doloroso que isto? [19. Características de um verdadeiro Discípulo.]
19. Se combatendo (atuando com discernimento átmico), fores morto na batalha (execução das ações), alcançarás a Bem-aventurança; ou se viveres, vitorioso, serás igualmente bem-aventurado neste mundo; portanto ergue-te, ó Kaunteya!, decidido a lutar20. [20 a 23. Características do Yogacharya.]
20. Assim, por Mim te foi revelada a grandiosa Sabedoria que é o Segredo dos segredos; considera isto profundamente, em todos os seus aspectos, e atua como decidires.
17
Swadharma (atuação transcendente). Paramahamsa ou Rajarshi (neste caso, Kshatriya – guerreiro de casta real – significa guerreiro na espiritual batalha) – consulte o glossário. (H. T. W.). 19 Ações necessárias, sem apego a seus frutos. (H. T. W.). 20 Executar impessoalmente o trabalho (ou ação) legítimo e necessário. 18
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21. Este oculto Ensinamento do Yoga Eu o revelei a Vivaswam; Vivaswam o transmitiu a Manu, e Manu o revelou a Ikshvaku. 22. Os Rajarshis21 conhecem este Ensinamento, o qual é transmitido de geração para geração; esta Ciência do Yoga, ó Parantapa!, tem declinado neste mundo no decorrer do tempo. 23. O verdadeiro Ensinamento do Yoga, o mais antigo e o Supremo Mistério, te foi revelado agora por Mim, porque és Meu devoto e Meu bem-amado. [24 a 30. A grandeza da BHAGAVAD GITA.]
24. A realização das ações feitas com átmico discernimento22, transcendendo a influência trigúnica, supera as ações efetuadas sob a influência das Trigunas23, ainda que estas sejam bem executadas. O aspirante que efetua ações com discernimento átmico, adaptadas à sua natureza prakrítica, não fica sujeito à escravidão da ação (enredado em limitações). 25. Ó tu, Imaculado!, este é o mais oculto Ensinamento revelado por Mim; conhecendo-o, o aspirante adquire iluminação no entendimento e é, ó Bhárata!, um a mais entre os que têm triunfado. 26. Este Ensinamento não deve ser revelado por ti àquele que é indisciplinado, sem devoção, ignorante, e que não Me reconhece24. 27. Aquele que transmitir este Supremo Segredo a Meus devotos, sendo assim extremamente devotado a Mim, sem dúvida Me alcançará. 28. A ninguém, entre os homens, amo tanto quanto a ele; nem há aqui ninguém mais amado por Mim! 29. Aquele que estuda este Nosso Diálogo25, repleto de Sabedoria Espiritual, considero que Me adora através da dedicação de seu entendimento (discernimento átmico). 30. Até aquele que escutar este Ensinamento, sendo sério e isento de inveja, será liberado e alcançará os auspiciosos reinos dos Virtuosos.
21
Grupo especial de Hierarcas que ensinam o Atma-Yoga. Swadharma. 23 Paradharma. 24 Atma. 25 E as implicações dele. 22
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[31. Pergunta do Senhor a Arjuna, relacionada com o efeito de Seu Ensinamento sobre ele.]
31. Ó Partha!, escutaste tudo isto com a Mente atenta? Ó Dhananjaya!, a obscuridade de teu Entendimento26 foi dissipada? * [32 a 36. Gratidão de Arjuna ao Senhor.27]
Respondeu Arjuna: 32. Tu és o Transcendente e Absoluto Brahm, o Último Refúgio, a Suprema Santidade, o Interno Purusha, Eterno, Resplandecente, Prístina Divindade, Sem Princípio, e Soberano! 33. Assim todos os Sábios, o celestial Nárada, Asita, Devala e Vyasa falam de Ti; e assim Tu mesmo Te revelaste a mim. 34. Ó Keshava28!, tudo isso que me disseste eu aceito como verdade, ó Bhagavan29! Nem sequer os Deuses conhecem todas as Tuas manifestações; nem os Dânavas, de asúricas tendências. 35. Por meio do Supremo Ensinamento Oculto, que revela o Princípio de Vida30 sobre o Qual me falaste atento à minha felicidade espiritual, minha ignorância foi dissipada. 36. A ciência do Pravritti e do Nivritti31 de todos os seres no processo samsárico mundanal foi ouvida por mim, com atenção, em todos os seus aspectos, e de Ti, ó Tu, de olhos de lótus!, aprendi a inviolada culminação32 de ambos. [37 a 48. Louvor de Arjuna ao Senhor.]
37. Tu és o Imortal, a Grande Busca de todo Conhecimento, a Suprema Morada deste Cosmo; Tu és o Infalível, o Guardião do Eterno Dharma; eu Te adoro como o Ancestral Purusha, o Imanente!
26
Produzida pela ignorância do discernimento átmico. Louvor de Arjuna ao Senhor manifestado em Krishna. (H. T. W.). 28 Krishna. 29 Senhor do Pravritti, Nivritti e Yoga. 30 Atma. 31 Bhava e Apyaya (exteriorização e interiorização, neste caso). 32 Yoga. 27
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38. Congregações de Devas se rendem a Ti; alguns, subjugados por Tua glória, Te adoram de mãos postas; e Hostes de Hierarcas, Maharishis e Siddhas Te aclamam invocando-Te com inumeráveis cânticos. 39. Vitória a Ti, ó Hrishikesha! Por Tua magnificência o Cosmo se regozija e se extasia. Os poderes asúricos, tomados por respeitoso temor, se dispersam em todas as direções, e todas as hostes de Siddhas se inclinam em reverência a Ti! 40. Ó Tu, Senhor do Cosmo!, poderiam eles deixar de adorar-Te? Ó Tu, Todo-Poderoso; Tu, o Primordial Antepassado de Brahma Criador33; Tu, o Infinito, Senhor dos Deuses; Tu, a Imanência dos Mundos, a Eternidade, o Imanifestado e o Manifestado; Tu és o Transcendente, que está mais além de tudo! 41. Tu és o Primeiro entre os Devas, és o Ancestral Purusha, a Grande Base do universo manifestado; Tu és o Conhecedor, o Tema de todo Conhecimento, e o Sublime Refúgio; por Ti, ó Tu de infinitas manifestações!, todo este Cosmo permanece compenetrado. 42. Tu és Vayu, Yama, Agni, Varuna e Chandra; Tu és o Pai34 de todos os seres, como também seu Ancestral35; eu Te adoro! Deixa que minha adoração a Ti se renove por mil vezes e mais vezes ainda, sempre com mais intenso fervor! 43. Deixa-me adorar-Te em Tua Forma manifestada, como também em Tua Natureza imanifestada; deixa que vá minha silenciosa adoração a Ti, que transcendes tudo. Tu és de infinitas façanhas e imensurável energia; tudo abarcas e compenetras. 44. Se eu, ignorando Tua divina Natureza, e considerando-Te como a um companheiro, me dirigi a Ti como Krishna, como Yadava, e também como a um amigo, seja por inadvertência, ou ainda por carinho; 45. Se eu, por brincadeira, só ou em presença de outros, Te tenho demonstrado irreverência, seja em Teus momentos de descanso ou em Tuas horas de refeição, ó Tu, Imaculado!, imploro-Te perdão!, a Ti que és o Infinito. 46. Tu és o Progenitor de todo o Cosmo móvel e imóvel; és digno de cósmica adoração, o Grande Instrutor; não há ninguém igual a Ti!
33
Da Trindade: Brahma, Vishnu e Shiva. Paramatma. 35 Purusha. 34
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Quem então pode superar-Te nos três mundos36, ó Tu, de inigualável Poder? 47. Eu me inclino ante Ti e me prostro buscando Tua Graça. Tu és o Senhor, digno de toda adoração. Ó Tu, Divino!, sê paciente comigo, assim como o pai é com o filho, o amigo com o amigo, e o amante com sua amada. 48. Minha ignorância foi dissipada e minha memória 37 foi recobrada através de Tua Graça. Ó Tu, Imaculado!, permaneço firme diante de Ti, livre de toda dúvida. Executarei todas as Tuas ordens. [49. 50. O Diálogo ouvido por Sanjaya.]
Disse Sanjaya: 49. Assim escutei este profundo e maravilhoso Dialogo entre Partha e o Grande Senhor Vasudeva (Krishna). 50. Kaunteya38, havendo recebido a Bênção de Sri Durga39, considerou sua vitória como segura. Depois do Discurso 40, Partha subiu e tomou lugar em seu carro de guerra, afamado como invulnerável. [51 a 54. Características dos Videntes do Atma (demonstradas pelos Pândavas).]
51. Ó Rei Dhritarashtra!, escuta atentamente, e escutando sabe, com certeza, que nenhuma classe de astutos sortilégios, nem asúrica energia, 52. Nem coisa alguma semelhante à estratégia enganosa usarão os Pândavas na ação, ó Rei! Eles, dotados com a justa Daivi-Shakti41, empreenderão a batalha de acordo com as Devidas regras da guerra. 53. Ó Bhárata42!, os filhos de Pritha43, anelando glória justa, sempre se esforçam para realizar toda ação, durante suas vidas, na luz do Dharma (nobre conduta).
36
Gñana (Conhecimento), Iccha (Desejo ou Vontade) e Kriya (Atividade ou Ação). Como Nara, o Representante da Humanidade (Arjuna era Avatar de Nara). 38 Arjuna. 39 A Deusa (Sri Yoga-Devi em seu Aspecto de Durga). (H. T. W.). 40 Diálogo. 41 Energia Divina. (H. T. W.). 42 Rei Dhritarashtra. 43 Mãe dos Pândavas. 37
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54. Eles nunca desistirão de empreender a batalha, pois levam em suas mentes a idéia da Justiça, e são dotados de grande Força e Suprema Bem-aventurança; onde impera a Retidão, aí se alcança a Vitória. * [55. Prelúdio de Sanjaya a Brahma-Stuti – Canto de louvor a Brahma.]
55. Ele, o Dharma Encarnado, o Divino, o Transcendente, o Soberano Naráyana – Krishna – assim louvou Brahma, o Criador, dotado de Suprema Inteligência: [56 a 74. Sanjaya a Brahma.]
relata
a
Dhritarashtra
o
louvor
do
Senhor
56. Vitória a Ti!, que és o Todo, a Suprema Divindade; Vitória a Ti!, que Te consagras ao bem-estar dos mundos; Vitória a Ti!, Mestre do Yoga, ó Senhor! Vitória a Ti!, que através do Yoga transcendes o manifestado e o Imanifestado. 57. Tu, a Origem do Lótus Cósmico (a manifestação), Tu és Onividente. Vitória a Ti!, que és o Senhor dos Governantes dos mundos; ó Tu, que transcendes o Passado, o Presente e o Futuro! Vitória a Ti!, que és pleno de divina beleza, e em tudo moras imanente. 58. Tu és a Estância de infinitas excelências. Vitória a Ti!, que és o Refúgio de todos; ó Tu, Naráyana44, o Excelso Mistério! 59. Vitória a Ti!, que és de Transcendente Natureza, de Cósmica Personificação, Infalível, Senhor do Universo, Onipotente. Vitória a Ti!, que estás sempre presente impulsionando a consumação dos mundos.
44
Esse termo, Naráyana, tanto pode designar a Divindade no ser humano como Atma, como também o grande Ser que preside a evolução na Terra, o Supremo Chefe da Divina Hierarquia; em alguns casos, é usado para designar a Divindade como o Paramatma. Neste caso (vs. 56 a 74), Krishna – o Senhor Encarnado – adora o Supremo Naráyana como Brahma, o Criador. Nos vs. 32 a 48 é Arjuna quem adora Brahma manifestado em Krishna. – Isto deve ser bem entendido. (H. T. W.).
CAPÍTULO VIGÉSIMO SEXTO
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60. Ó Tu! a grande Serpente45 e o poderoso Javali46; Tu, o Ancestral, o Radiante Shiva (Consumador); Vitória a Ti!, que és o Soberano; Tu, cuja vestimenta é resplandecente, Senhor de todo o Espaço; Morador Interno no Universo inteiro, Tu és Imaculado! 61. Tu, de Infinita Existência, manifestado e imanifestado; Tu, que impulsionas todas as Faculdades Cósmicas; Tu, Executor de toda auspiciosa ação; Tu és o Único Conhecedor de Tua própria natureza. Vitória a Ti!, que és o Sublime e o Dispensador de todo Amor. 62. Tu, o Onisciente Brahm, o Sempre Presente em todos os seres; Tu, o Adepto em todo Conhecimento, e em todo Dharma sempre seguido pela Vitória. 63. Ó Tu, o misterioso Princípio de Vida, a Alma de todo Yoga, a Origem da Criação manifestada. Ó Tu, o Primeiro de todos os seres, Diretor do processo samsárico mundanal. Vitória a Ti!, o Progenitor de tudo. 64. Ó Tu, que existes por Ti mesmo, de infinita manifestação; Tu, o Consumador de todo o Cosmo; o Impulsionador de todas as aspirações; Vitória a Ti!, que és o Supremo Brahm; Tu, amante da Vitória. 65. Ó Tu, que estás envolvido (absorvido) na criação e consumação; Senhor do Amor, Suprema Divindade, Origem de toda Imortalidade, Senhor da Liberação e Doador da Vitória. 66. Senhor de todos os mundos, Regente, Excelsa Divindade. Origem do Lótus Cósmico, Todo-Poderoso, Criador de Si Mesmo, Ser Supremo, Senhor de todas as Essências; Vitória a Ti, para sempre e sempre! 67. A Deusa-Terra representa Teus pés; os Espaços, Teus dois braços; o Céu, Tua coroa; o Átman, Tua manifestação. Os Regentes dos Mundos são Tuas extremidades; o Sol e a Lua são Teus dois olhos. 68. Toda a energia, austeridade, verdade e atividade funcional no Cosmo estão compenetrados por Tua Lei47; o Fogo é Tua radiância; o Vento é Teu alento, e todas as Águas são Tua transpiração.
45
O Tempo. Enaltecido e encarnado de outra maneira. 47 Dharma. 46
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69. Teus ouvidos são os Gêmeos Aswin; a Deusa de Eterna Sabedoria48 é sempre Tua palavra. Os Vedas estão repletos de regulamentos ordenados por Ti, e todos os mundos repousam em Ti. 70. Ó Senhor de todos os Yogues, e Eterno Vencedor! Nós não conhecemos Tua totalidade ou dimensão, nem Tua Glória, nem Tua Energia, nem Teu Poder. 71. Ó Senhor!, sempre jubilosos e com intensa devoção a Ti, nós Te buscamos com toda disciplina e adoração, ó Vishnu!, que és o Grande Senhor e Maheshwara49. 72. Tu és o Último Refúgio de todos os seres, o Diretor e Mestre de todos os mundos; Supremo Senhor, por Tua Graça os Imortais são abençoados. 73. Ó Senhor!, concede-me a realização de meus anelos para estabelecer o Dharma e a transformação do Adharma, para a preservação do processo samsárico mundanal. 74. Ó Vasudeva!, Tu, o Senhor, através de Tua Graça estou capacitado para proclamar Teu Verdadeiro e Supremo Mistério, assim como ele é. * [75 a 77. A alegria de Sanjaya e a admirável declaração de como ele foi beneficiado por haver escutado este Diálogo.]
75. Pela graça de Vyasa fui capacitado para escutar este Supremo Segredo do Yoga (Atma Yoga) diretamente de Sri Krishna, o Senhor do Yoga, quando Ele mesmo o revelou. 76. Ó Rei Dhritarashtra!, relatando freqüentemente este magnífico e sagrado Diálogo entre Sri Krishna e Arjuna, eu sempre me regozijo. 77. E, recordando continuamente aquela gloriosa (Átmica) manifestação de Hari (Krishna), grande é meu assombro, ó Rei!; constantemente (em silêncio) estou cheio de alegria. [78. A Beatitude que é alcançada pelos Videntes – Sri, Vijaya, Bhuti e Niti, através do Atma-Gñana. Aqui Sri (Yoga), Vijaya (Sannyasa), Bhuti
48
Saraswati. (Um dos Aspectos de Sri Yoga Devi). Krishna louva aqui a Brahma, o Criador, como Vishnu e também como Maheshwara (Shiva), isto é, a Trindade ou Trimurti. (H. T. W.). 49
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(Brahma-Vibhuti) e Niti (Gñana) significam, respectivamente, Yoga, Sannyasa, Beatitude Brâhmica e Conhecimento.]
78. Onde está Sri Krishna, o Senhor do Yoga, e Partha, o poderoso Arqueiro, é minha firme convicção de que ali reside a Bem-aventurança Espiritual, a Vitória, a Beatitude e a Sabedoria. *** Assim é o Vigésimo Sexto Capítulo, intitulado ―Brahma-Stuti‖, significando o Sintético Pranava da Sri Bhagavad Gita, a Ciência Sintética do Absoluto.
ASSIM TERMINA A SRI BHAGAVAD GITA
AUM PAZ! PAZ! PAZ!
GLOSSÁRIO
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ESCLARECIMENTO É de fundamental importância para o entendimento do estudante desta Obra saber o porquê do significado dado, neste glossário, ao termo sânscrito BRAHMA. Sabemos que este termo sem acento tônico é sinônimo de BRAHMAN, o Absoluto, a Suprema Divindade; e que o mesmo termo, com a grafia igual, porém com acento tônico na última sílaba = BRAHMÁ – designa o 1o Aspecto da Trindade Hindu – Brahma, Vishnu e Shiva – isto é, o BRAHMA CRIADOR. Como este glossário é destinado principalmente ao estudo daqueles que ainda não estão familiarizados com a Literatura Sagrada da Índia, e portanto poderiam facilmente confundir o significado destes dois termos (pela sua semelhança), achamos conveniente usar o termo BRAHMA (sem nenhuma acentuação) somente para designar o BRAHMA CRIADOR (1o Aspecto da Trindade), e BRAHMAN ou BRAHM (que são mais usados no texto desta Gita) com seu real significado, isto é, como o Absoluto (a Suprema Divindade), do Qual BRAHMA, o Criador, é somente um de Seus Aspectos. BRAHMA, da Trindade, o Princípio Criador do Universo, é a Personificação Temporal de Brahman, que só existe periodicamente, durante o período de manifestação do Universo. Por este motivo Ele é confundido às vezes com o próprio Brahman, do Qual Ele provém. – Veja no glossário – BRAHMAN, BRAHMA, VISHNU, SHIVA e TRIMURTI.
* O termo BRAHM, sinônimo de BRAHMAN, é pouco conhecido e raramente usado nos livros da Literatura Sagrada Oriental que conhecemos. Porém é BRAHM o termo mais usado no texto desta Gita, inclusive em palavras compostas. Portanto conservamos o termo BRAHM tal como é usado no original, e seu sinônimo – BRAHMAN – somente nos contextos em que ele foi citado no mesmo. Embora estes termos sejam sinônimos, usados com o mesmo sentido, não sabemos se há alguma sutil diferença em seu significado. PARABRAHMAN e PARABRAHM são também sinônimos; como é o mesmo caso, seguimos o mesmo critério em relação aos mesmos.
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GLOSSÁRIO Todas as palavras e frases que estiverem em itálico neste glossário merecem uma atenção especial do leitor no sentido de serem bem entendidas em seu significado mais profundo, pois todas são importantes para o entendimento, não só desta Obra, mas para todos os estudantes que buscam a Senda do Conhecimento Esotérico Superior. – Este glossário contém todos os termos que constam do Texto da Gita, e mais alguns que julgamos necessários para facilitar seu estudo.
*
A AUM1 – Pronuncia-se OM. – É o Verbo Divino, a Palavra Sagrada, o Som Criador. É o Transcendente Pranava de Brahm. Entre as Sílabas Místicas de Poder, é a de maior Poder. É o símbolo da Divindade Suprema; representa a Trindade na Unidade, isto é, o Supremo Brahm em Sua Tríplice condição de Criador, Brahma, representado pela letra ―A‖; de Conservador ou Mantenedor, Vishnu, representado pela letra ―U‖; e de Destrutor ou Regenerador, Shiva (que destrói para transformar e renovar ou regenerar), representado pela letra ―M‖. O Pranava AUM é o mais elevado símbolo do Parabrahman em todas as Escrituras Sagradas Industânicas. – De acordo com a Doutrina Śuddha, a letra ―A‖ representa o Ser Supremo, puro e simples; a letra ―U‖ representa o Ser em Seu estado com forma (o Cosmo manifestado); e a letra ―M‖ representa o Ser negando Sua identidade com toda expressão de forma. – AUM também designa o Atma (Espírito, o Eu Divino, o Cristo Cósmico), representado pela letra ―A‖; a Prakriti (Matéria) representada pela letra ―U‖; e a Shakti (Energia ou Poder) representada pela letra ―M‖. Destas três letras (A, U e M), as duas primeiras se combinam para formar a vogal ―O‖; por esta combinação se pronuncia OM. – Segundo os Ensinamentos Śuddhas, está oculto no som do Pranava uma quarta letra, o ―I‖, que é, nele, o Aspecto Uno latente; o ―M‖ e o ―I‖, juntos, representam nele a Shakti (como aspecto feminino). Esta Sílaba Sagrada (AUM) deve ser pronunciada antes de começar qualquer ritual, prática meditativa ou prece, e também no final, ao seu término, para imprimir-lhes poder. O Som desta Sílaba é tão poderoso e sagrado que ela só deve ser pronunciada com profunda devoção e reverência, como é usada e é
1
O símbolo AUM foi colocado como primeira palavra deste glossário como invocação das Bênçãos Divinas para este trabalho, como um ato devocional. Este é um procedimento usado por devotos na Índia, com a mesma finalidade.
-270ensinada pelos Mestres do Oriente. – Veja a palavra Pranava, e na ―Introdução ao Estudo da Gita‖ um detalhado estudo deste Símbolo Sagrado. ABHAVA – Correto ou Śuddha-Nivritti – cessação da execução das ações proibidas (prejudiciais). Porém, não é a não execução das ações legítimas (necessárias), isto é, não é a omissão. (Cap. XVIII, v. 1). ABHYASA – Faculdade convergente dos sentidos. ABHYASA-KARMA – Dedicação dos frutos dos atos de Yagna, Dana e Tapas a Brahm. (Cap. XXII, v. 23). ABHYASA-YOGA – Convergência dos sentidos por meio do YOGA. ACHANCHALA – Mente imperturbada. ACHANCHALA-MANASKATWAM – Mente tranqüila, imperturbada. (Cap. XIV, resumo dos vs. 13 a 17). ACHARYA – Nome dado aos Iniciados – significa ―Mestre‖ – Guru. ACHYUTA – Firme, forte, imutável, eterno, imortal. Um dos títulos dados a Vishnu e a Krishna. ACHYUTATWAM – Mente indeslizável, imóvel, quieta. (Ver Cap. XIV, vs. 13 a 17 – este capítulo trata detalhadamente da ciência do Pranayama). ADEPTO – Em ocultismo é aquele que, por seu desenvolvimento espiritual, conseguiu um alto grau de Iniciação, isto é, alcançou Conhecimentos, Poderes e Virtudes transcendentais. É um Mestre de Sabedoria. O Adepto é um Ser elevadíssimo que vela pelo progresso da humanidade, ajudando a dirigir esse progresso, por amor a ela. É um Ser que já alcançou a Realização Brâhmica. ADHARMA – Preponderância da injustiça, da iniqüidade, da impiedade e da violência – violação da Lei – o contrário de Dharma, a Lei Divina; Adharma é tudo o que existe desordenadamente, contra a natureza das coisas. É o que se chama, no ocidente, pecado, vício; o mal. – Veja Dharma. ADHI – Prefixo que expressa supremacia, superioridade. Equivale a Supremo, Principal (além ainda do que é principal, isto é, em grau superlativo). ADHI-BHUTA – O Ser Supremo. – De acordo com esta Gita, é a natureza da Prakriti (Matéria) em evolução (Cap. XVI, vs. 4 a 25). – O primeiro Ser; é também elemento primordial, o ―Primeiro Elemento‖, o qual contém todos os elementos, ―a Insondável Divindade‖. ADHI-DAIVA – O Purusha, a Suprema Divindade. ADHI-DAIVATA – O Supremo Purusha. (Cap. XVI, v. 4).
-271ADHIKARA – É um cargo, função ou ofício, desempenhado por Seres da Hierarquia de Inteligências Espirituais (a Divina Hierarquia); é um Ser que tem a missão de levar a cabo os mandatos do Logos. Um Hierarca. ADHIKARA-PURUSHAS – São os Oficiais ou Hierarcas que, dentro da Hierarquia Oculta ou Governo Espiritual do Planeta, têm a Seu cargo uma função definida e importante, inspirando a humanidade, em todos os setores da vida humana, para ajudá-la em seu processo evolutivo. Também são chamados Adhikara-Purushas os Sete Hierarcas que governam os Sete Mundos ou Lokas. ADHIKARI ou ADHIKARIN – Sábio ou Gñani. Dignitário que desempenha um cargo na Hierarquia de Inteligências Espirituais, os quais têm a missão de levar a cabo os mandatos do Logos. Também é chamado Adhikari um aspirante avançado, elevado. ADHI-YAGNA – O Paramatma como o Morador Interno. (Cap. XVI, vs. 4 e 25). ADHYATMA – A inata natureza do Akshara (o Princípio de Vida) como o Supremo TatBrahm. O Espírito Supremo, Brahm. ADI – O Plano da Mahat-Prakriti, no qual germina a semente Divina, isto é, o Germe da Criação. (Cap. XV, v. 3). Adi corresponde ao Plano Akáshico ou Mula-Prakriti. Significa também: primordial, origem, nascimento. – Veja Akasha e Mula-Prakriti. ADITYA – Iniciação Solar. Um dos nomes do Sol. AGNI – Fogo. Este termo também designa o Deus do Fogo, o mais antigo e venerado dos Deuses da Índia. É uma das três grandes Divindades ou Potências: Agni, Vayu e Surya; também representa as três juntas, portanto é o tríplice aspecto do Fogo: no céu, como Sol (Surya); na atmosfera de Ar (Vayu), como Raio; e na terra, como o Fogo comum (Agni). AHAMKARA – Literalmente ―Consciência de si mesmo‖ ou ―Conceito do Eu‖. É o Elemento por intermédio do qual o Ser assume uma individualidade ou estado de separatividade; sua ação se concentra em Manas (Mente-Emoção) enquanto o Ser atua na Matéria ao longo de sua evolução, sujeito ao processo samsárico mundanal, isto é, ao processo evolutivo do Jiva ou Espírito Individual (que encarna e reencarna). O Ahamkara nasce no Vigñanamaya-Kosha (Corpo Cognoscitivo ou da Intelecção Pura) junto com Buddhi (Intelecto ou Mente Superior). Compenetrando todos os outros corpos, desde o Búddhico ao corpo físico, ele se estabelece em Manas (a Mente Inferior) que é seu ponto de apoio, o qual, associado com o Corpo Emocional (ou Corpo Astral), forma o ―Mental-Emocional‖, designado em conjunto como ―MANAS‖, na Doutrina Śuddha. O Ahamkara, definido normalmente como Egoísmo, em princípio, em sua primeira manifestação, não é bom nem mau, é pura e simplesmente a Consciência de si mesmo ou auto-identidade que, ao se estabelecer em Manas, se transforma no sentimento da própria personalidade, a qual se manifesta através do egoísta e ilusório princípio que separa seu Eu do Eu Único Universal. É o Ahamkara
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que, atuando através do Mental-Emocional, dá origem ao Egoísmo, bem como ao Egocentrismo, comuns e negativos, cuja expressão é bem conhecida em todos os seus níveis, desde suas formas mais sutis às mais grosseiras (na personalidade humana), levando o ser humano a ações que o escravizam à roda das encarnações sucessivas, até que o Ahamkara se equilibre nele, transformando o Egoísmo em Altruísmo, levando-o, pouco a pouco, à consciência da Unidade, à consciência de sua identidade com o Eu Universal e com todos os outros Eus. Esta consciência o libertará dos nascimentos e mortes, através da Suprema Realização, isto é, da identificação consciente com o Ser Divino que ele é, consciente de que a separatividade só existe na forma, pois todos fazemos parte do SUPREMO ESPÍRITO UNIVERSAL, que é o mesmo em todos os seres, assim como a Vida é a mesma que anima tudo o que tem vida, desde o mais pequenino micróbio ao Ser mais elevado e perfeito. – Veja Tatwas. AIRAVATA – Rei dos Elefantes, assim qualificado por ser a cavalgadura do Deus Indra. Talvez represente uma nuvem, na qual vai montado Indra, o Deus das Nuvens ou do Firmamento. AJNA-CHAKRA – É o sexto plexo ou Chakra do corpo, também chamado Chakra Frontal. Está situado sutilmente entre as sobrancelhas. AKARMA – Trabalho realizado sem apego a seu fruto; o mesmo que Naishkarmya. Também pode ser ―não-ação‖. (Cap. XXIV, vs. 2 e 3). Ação que não escraviza. É o contrário de Karma, ação que escraviza. O mesmo que Karma-Yoga, isto é, ação que não gera laços kármicos. É a ação com a dedicação de seus frutos ao Ser Supremo. AKASHA – Espaço, Éter, o Céu Luminoso, sutil; é a sutil e supersensível essência espiritual que enche e compenetra todo o espaço cósmico. – Akasha é a substância viva primordial correspondente à concepção de Éter Cósmico, que penetra o sistema solar. Akasha é o nome do 1o Tatwa (Akasha-Tatwa), ou éter sonoro (o Som). É um Tatwa importantíssimo, pois todos os outros Tatwas derivam dele e operam nele; todas as formas do universo vivem nele. É o espaço universal no qual está imanente a Ideação Eterna do Universo em seus sempre cambiantes aspectos, acima dos planos da Matéria e da objetividade. O Som é a qualidade do elemento Akasha, o plano mais alto e sutil em que o Ego existe. Nele está gravada, por assim dizer, a memória do Universo. – Veja a palavra Tatwa. AKSHARA – O Divino Princípio de Vida, o Supremo Tat-Brahm, o Imperecível. É, segundo esta Gita, o Śuddha-Brahm. (Cap. XVI, resumo 3-4 e v. 20). Literalmente ―Som‖, a Palavra Sagrada ou o Pranava OM. – Indivisível, indestrutível, imperecível, eterno, imutável, sempre perfeito. É o Absoluto, a Deidade Suprema, Brahman. O Akshara, quando manifestado no Ser corpóreo, isto é, atuando no plano físico (no ser encarnado) como o Morador Interno (o Eu Divino ou Cristo), é designado com o nome de Aksharatma. – Veja este termo. AKSHARA-PURUSHA – O Atma como Morador Interno (envolvido no processo samsárico mundanal).
-273AKSHARA-SWARUPA – A transcendente forma de Brahm. – O Cosmo manifestado, considerado como o corpo ou forma de Brahm. AKSHARATMA – Um dos cinco componentes de Brahman, os quais são: Aksharatma, Jivatma, Atma, Paramatma e Purusha. O Atma, manifestado no ser corpóreo, isto é, no ser humano, é designado como Aksharatma. – Veja Akshara. AKSHAROPASAKAS – Práticas devocionais. – Dedicação das ações à Divindade, com a renúncia de seus frutos, na culminação de cada ato. AKSHAROPASANA – Adoração ao Akshara ou Ser Supremo como Morador Interno (no coração). ALINHAMENTO DOS VEÍCULOS ou KOSHA-SANKRAMANAS – É o processo de elevar a consciência, por meio do Yoga, recolhendo-a. – Passagem da Consciência de um corpo sutil a outro. São chamados veículos os corpos sutis por meio dos quais a Consciência transita nas práticas yóguicas. – Veja Kosha-Sankramanas. AMRITA – Literalmente significa: Néctar, Ambrosia ou Alimento dos Deuses; o Alimento que confere a Imortalidade. AMRITAM – É um termo derivado de Amrita. (Veja este termo). No Cap. XXII, v. 14, seu significado é Virtude. ANANDA – Bem-aventurança, Glória, Felicidade Suprema. O estado de Bemaventurança no qual a alma se extasia na Glória do Espírito. Significa o estado espiritual da atmosfera tátwica, isto é, do plano da Bem-aventurança, ou AnandamayaKosha. Indizível dita espiritual. – Ananda é o mais elevado grau dos Discípulos da Doutrina Śuddha, os quais são Dasa, Tirtha, Brahma e Ananda. ANANDAMAYA – Literalmente: ―formado de Bem-aventurança‖; ―natureza de Glória ou de Bem-aventurança‖. – Veja Anandamaya-Kosha. ANANDAMAYA-KOSHA – Corpo ou envoltura formada de Bem-aventurança. O Anandamaya-Kosha é a ―primeira envoltura‖ ou corpo do Átman, formado de DeviPrakriti ou matéria do Plano Akáshico, a mais fina, mais pura e mais sutil. Devi-Prakriti significa ―Matéria Divina‖. O Anandamaya-Kosha é um dos cinco princípios ou corpos do homem. É o corpo de Glória ou de Bem-aventurança. O estado de Ananda é a sintonia vibratória com esse corpo (ou Plano); é o mais alto estado de Felicidade alcançável pelo Ego. – Veja Kosha, e a definição dos outros corpos do homem. ANANYA-BAKTYA – Rendição através do Yoga. (Cap. XII, v. 37). ANANTA – Rei dos Nagas. É o símbolo da Eternidade. Com o nome de Ananta-Shesha se designa, alegoricamente, a Serpente da Eternidade, grande serpente de 7 cabeças sobre cujo corpo repousa Vishnu flutuando nas águas primordiais durante o Pralaya (ou noite de Brahma). Naga significa literalmente Serpente.
-274ANANTAVIJAYA – Nome da concha marinha do soberano Yudishthira (irmão mais velho de Arjuna). Este nome é derivado de Ananta – serpente, e de Vijaya – vitória, conquista. ANATMA – A Prakriti (ou Matéria) constituída pelo Intelecto, Mente-Emoção e Sentidos. (Cap. XX, v. 2). É o ―eu inferior‖, em contraposição ao ―Eu Superior‖; é a personalidade em contraposição à Individualidade. ANATMAVIT – Não vidente; aquele que é desprovido de Visão Transcendental. O contrário de Atmavit. ANIRUDDHIHA – Aspecto do Princípio de Vida, estabelecido internamente (no homem), no Plano Mahat (Buddhi ou Intelecto). ANNA – O Akshara, o Imperecível. Anna é a expressão do Jiva, o Espírito ou Alma Individual, quando envolvido no processo samsárico mundanal, manifestado no ser humano em evolução. ANNAM – Corpo formado pelos Tatwas: Indriya, Manas, Mahat e Avyakta, isto é, o ser humano e seus corpos. ANNAMAYA-KOSHA – O corpo físico (corpo formado pelos alimentos). O primeiro dos cinco corpos do homem, os quais são: Annamaya-Kosha, Pranamaya-Kosha, Manomaya-Kosha, Vigñanamaya-Kosha e Anandamaya-Kosha. – Este corpo é formado pelos elementos sólido, líquido e gasoso. – Ver a definição de ―Kosha‖ e dos outros corpos citados. ANTARYAMI – O Imanente Aspecto do Paramatma no Cosmo. (Cap. XV, resumo dos vs. 9 a 11). O Divino Princípio de Vida, a Divindade que reside no coração de todos os seres e que ao mesmo tempo compenetra todo o Cosmo. APANA – ―Multiplicidade do Ser‖; o oposto de Prana ou ―unidade do Ser‖. (Cap. XXII, v. 12). Apana é a ―expiração‖. É a corrente de energia que desce do umbigo para baixo e expele do organismo tudo o que é inútil e desnecessário para a vida, isto é, os produtos de excreção. Por isso é chamado alento inferior. Também se chama Apana a corrente nervosa que rege as partes superiores do corpo e, de maneira especial, os pulmões. Na Literatura Śuddha, ou talvez neste caso em especial, ―Apana‖ significa ―multiplicidade do Ser‖. APYAYA – A Ciência do Nivritti (caminho subjetivo ou de interiorização dos seres). (Cap. XXVI, v. 36). ARJUNA – O terceiro dos cinco príncipes Pândavas, filho de Pându e Pritha ou Kunti (outro nome de Pritha). Arjuna era o Discípulo bem-amado de Krishna, o Qual o instruiu na Suprema Filosofia quando desempenhava o papel de condutor de seu carro. Os Ensinamentos dados a Arjuna por Krishna constituem a Bhagavad Gita, ou o ―Canto do Senhor‖. Arjuna representa o Homem, ou melhor, a Mônada humana em evolução,
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segundo o prova o nome NARA (Homem) que lhe é dado por Sri Krishna na Gita (entre muitos outros nomes), e Krishna (Avatara de Naráyana) é a representação da Divindade (ou Atma) que o guia e ilumina ao longo de sua evolução. Arjuna foi Avatara de Nara, o Hierarca, o Poderoso Maharishi que representa a Humanidade e é seu Porta-Voz perante o Ishwara Terrestre, sendo ao mesmo tempo considerado como parte de Naráyana, ou Seu Gêmeo. (Cap. I, v. 30). Nara e Naráyana estão sempre juntos quando encarnam entre os homens para restabelecer o Dharma, segundo os Ensinamentos Śuddhas. ARTHA – Discípulo bem versado; um Sábio (Cap. V, v. 22). Uma das classes de RajaYogues. Também significa: conhecimento, poder, riqueza, propriedade, estímulo, tendência, propósito. É o segundo dos Purushartas, ou objetivos e propósitos dos esforços humanos. ARTHARTHI – Asceta, sábio, devoto, dominador de si mesmo. ARYAMA – O Sol. Também é o chefe dos Pitris, os antecessores da humanidade. – Um dos Adityas. ÁSANA – O terceiro estágio do Hatha-Yoga; uma das posturas ou atitudes prescritas para a meditação. Postura ou atitude corporal. ASAT – O oposto de Sat. Indigno. Também são denominados ―Asat‖ os atos ou disciplinas feitos sem o apropriado fervor, isto é, sem fé, por obrigação, os quais não dão nenhum resultado. (Cap. IX, v. 25). – Segundo seu significado mais conhecido (G. T.), ASAT significa ―não ser‖ ou não consciência de Ser; é o nada incompreensível. É o ―irreal‖, a Prakriti (Matéria), a Natureza Objetiva considerada como uma ilusão. Também significa: ilusão, falsidade, nulidade, mal, o que é falso, etc. ASHRAM ou ASHRAMA – Edifício sagrado usado como monastério ou para fins ascéticos. Local dedicado a práticas religiosas, meditação e estudos espirituais. – Ordem, hierarquia, retiro (especialmente a vida do eremita no deserto). – Um dos quatro graus em que se divide a vida religiosa do Brâhman (Sacerdote). – Na Índia, cada Seita tem seu Ashram particular. ASHTA-SIDDHI – As poderosas correntes de energia Ida e Pingala que transitam pelos ―nadis‖ (nervos ou correntes nervosas) que se estendem e se distribuem ao longo da coluna vertebral, desde a planta dos pés até o Sahasrara ou Chakra Coronário (o ―Lótus de Mil Pétalas‖), situado no alto da cabeça. Estes ―nadis‖ partem de um Centro Sagrado, situado sobre a medula oblongada, conhecido com o nome de ―Triveni‖, e correm ao longo da parede curva onde está situado o Sushumna, na medula espinhal (em plano sutil). ―Ida‖ é a corrente de energia negativa; ―Pingala‖ é a positiva. – Veja Ida, Pingala e Sushumna. AŚUDDHA – O contrário de Śuddha – impuro, imperfeito, inferior. – Veja Śuddha.
-276ASURA – Natureza inferior, demoníaca. Os Asuras, apesar de serem seres de natureza inferior, desempenham um papel importante no processo evolutivo mundanal, no cumprimento do Plano Divino. – ―Os Asuras e os Devas participam das ações de todos os seres, começando por Brahma até terminar em um feixe de ervas, pois a Energia é, respectivamente, infernal (negativa) e divina (positiva), assim como a ação e o apego a seus frutos, e a renúncia‖, diz o ―Sanátana Dharma Dípika‖. – Veja Asura-Bhava. ASURA-BHAVA – A natureza inferior do homem, a que o impele à escravidão da Matéria, a qual é constituída de seis componentes: orgulho, arrogância, vaidade, cólera, crueldade e desconhecimento da existência do Princípio de Vida (Atma). Os Asura-Bhavas são buscadores de satisfações e prazeres próprios, com fins pessoais. Em sua atuação não há pureza nem disciplina, não há veracidade, nem objetiva nem subjetivamente; são extremamente egoístas, insolentes, separatistas, de conduta violenta; são de natureza malévola e espírito destruidor, retardando o processo evolutivo dos mundos. (Veja Cap. VIII, vs. 8 a 19). ASWATTHA – Em sentido esotérico, é a Árvore do Conhecimento. – Fícus Religiosa, Banian ou Figueira Sagrada da Índia. – A árvore Aswattha é o Símbolo do Universo, da vida e do ser. Suas raízes simbolizam o Ser Supremo, a Causa Primária, a Raiz do Cosmo. Também representa o processo evolutivo da existência individual (Samsara) e do mundo, o que está representado por seus ramos que descem até o solo e deitam novas raízes, perpetuando desse modo a existência terrena. Suas raízes estão em cima e seus ramos se estendem para baixo. Neste sentido esta Árvore só pode ser abatida por meio do Conhecimento Espiritual; sua destruição conduz à Imortalidade. A descrição detalhada deste simbolismo está no Cap. VII, vs. 10 e 11. ASWINS – Os Gêmeos Divinos. Literalmente, ―Aurigas Divinos‖ (cocheiros), posto que dirigem um carro de ouro tirado por dois cavalos, aves ou outros animais, e podem assumir muitas formas. Os Aswins são duas Divindades Védicas, os filhos gêmeos do Sol e do Céu. São sempre jovens e formosos, resplandecentes, ágeis e velozes como falcões. São também denominados ―Médicos dos Céus‖ ou ―Médicos Divinos‖, porquanto, assim como os Deuses curam todo mal e sofrimento, eles curam também todas as enfermidades. ATMA ou ÁTMAN – É a Alma Suprema do Universo, o Terceiro Aspecto de Brahman que Se manifesta como Mônada Divina, a Qual, emanando do Paramatma (Segundo Aspecto de Brahman), Se individualiza assumindo todas as formas, manifestando-Se como o Divino Princípio de Vida, Eterno e Imortal, presente no coração tanto do homem como de todos os seres, em tudo que tem vida animada, e ainda (em estado latente) em toda a Natureza. É o Espírito Universal que Se manifesta como Ser Individual, o Morador Interno, a Divina Presença Eu Sou. – Atma é o Ser Supremo envolvido no processo samsárico mundanal (Samsara). – É o Atma que, unido a Buddhi e ao Mental Superior (também chamado Manas Superior), em conjunto, forma a Mônada Humana (a Tríade Superior ou Individualidade), Divina e Eterna, manifestada no ser humano em evolução. É o Espírito Divino, o verdadeiro EU do ser humano; é o
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Divino Habitante do coração, eternamente presente como Testemunha silenciosa de todos os nossos atos, pensamentos, desejos e aspirações. – Atma é o Princípio de Vida estabelecido no Avyaktam ou Matéria-Raiz, transcendendo Buddhi, Manas e Indriya. (Cap. V, v. 26). – Veja Buddhi e Manas. ATMA-BHAVA – O Ser; essência ou natureza de Si Mesmo; a própria Individualidade. A existência individual. – Aquele que já não é escravizado pelas Gunas (qualidades da Matéria), que alcançou a Liberação e a Bem-aventurança. É o mesmo que Kaivalya. – Veja Kaivalya. ATMA-DHARMA ou SWADHARMA – Execução das ações com discernimento átmico, a qual transcende a influência das Trigunas e supera as próprias ações. (Cap. XXVI, v. 7). – Veja Trigunas. ÁTMAN – Veja ATMA. ATMA-SHAKTI – Poder ou Energia Divina associada ao Atma. (Cap. XII, vs. 10 a 12). ATMAVIT – Vidente (de Visão Transcendental). Um Rishi. ATMA-YOGA – Contato ou união mística (através do Yoga) com o Espírito Universal manifestado como Atma no Santuário do Coração. ATMYA – Natureza divina, superior. AURIGA – Cocheiro; Krishna é chamado o ―Divino Auriga‖, por dirigir o carro de Arjuna no campo de batalha. – Aquele que guia e dirige. AVATARA ou AVATAR – Literalmente ―Descida‖ ou ―Descenso‖. – Encarnação divina. Descenso de um Raio do próprio Senhor Naráyana ou de um Aspecto Seu, o Qual Se manifesta no plano físico, na Personalidade de um Ser já puro e santo, para o desempenho de uma Missão determinada pelo Senhor. É o descenso de um Deus ou de um Ser glorioso, que alcançou um alto grau de evolução espiritual (que está mais além da necessidade de renascimento no plano físico), no corpo de um simples mortal. – Assim, existem várias classes de Avataras: os de menor Poder, que vêm ao plano físico para desempenhar Missões menores, e os Grandes Avataras que são manifestações do próprio Senhor Naráyana, cujo grau de Poder depende da necessidade ou emergência de tal evento, isto é, da urgência da intervenção divina no plano físico. Segundo os Ensinamentos Śuddhas, são cinco as classes de Avataras através dos Quais o Senhor Se manifesta no plano físico, isto é, graus de Potência do Fragmento de Sua Força que atua através de um Ser Humano encarnado (já destinado a essa Missão). – São: Avesha, Anupravesha, Amsa, Khanda e Maha-Avataras. Os Avataras Menores, embora sejam Seres de grande iluminação, nem sempre são reconhecidos pela humanidade como tais, muitas vezes passando despercebidos e Suas Missões pouco conhecidas ou mesmo ignoradas pela grande maioria humana. Em realidade, todos os Avataras são inspirados em menor ou maior proporção pelo Senhor Naráyana, ainda que sejam encarnações de grandes Seres. Em determinadas épocas, quando o Dharma
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decai perigosamente e o Adharma total impera no mundo, encarna na Terra o próprio Senhor Naráyana (o Naráyana Terrestre), como aconteceu com Sri Krishna e Arjuna (que eram Avataras de Naráyana e Nara). – Na Literatura Oriental não se faz menção especial àquele Grande Ser que para os ocidentais foi ―a Maior Luz descida à Terra‖ – JESUS, o Cristo – considerado pelos Cristãos um Grande Avatar, um Ser Divino, por meio do Qual o Cristo Se manifestou claramente, legando à humanidade um dos mais perfeitos (apesar de simples) códigos de conduta para o aperfeiçoamento humano, fundamentado na Lei do Amor e da Justiça. Seus Ensinamentos tão claros e tão simples, compreensíveis para todos apesar de tão sábios e tão elevados, complementam magistralmente os Ensinamentos dados por Sri Krishna à humanidade há milênios (no Sagrado Diálogo da Gita), pois estes, mais filosóficos e mais profundos, relativos à criação e constituição do Macro e do Microcosmo (do Universo e do homem), não estão ao alcance da compreensão de todos, pois necessitam reflexão e meditação para serem entendidos e assimilados. – Jesus, o Cristo, foi, sem dúvida, um grande Avatara, um Homem-Deus, tão grande e tão adorado ainda hoje pelos Cristãos, como Krishna ainda o é pelos Hindus. Porém Suas Missões foram distintas, de acordo com a evolução e necessidades da humanidade, a qual, em épocas e civilizações completamente diferentes, vieram guiar e instruir com tanto AMOR e SABEDORIA. AVIDYA – O oposto de Vidya. Ignorância causada pela ilusão dos Sentidos. – Erro, falta de conhecimento, ou falso conhecimento. A ignorância, com todos os males originados por ela. AVYAKTA – Plano da Matéria indiferenciada, primordial, imanifestada. O contrário de Vyakta, a Matéria manifestada. – O mesmo que Mula-Prakriti. – Veja maiores detalhes em MULA-PRAKRITI.
B BHAGAVAD–DHARMA – A Lei Divina ou Suprema Lei. BHAGAVAD GITA – Literalmente, ―O Canto do Senhor‖ ou ―O Canto Celeste‖. É o nome dado ao transcendente Diálogo entre Sri Krishna, o Mestre, e Arjuna, Seu Discípulo, acerca da mais elevada filosofia espiritual (o Yoga-Brahma-Vidya ou a Ciência Sintética do Absoluto), realizado entre os dois exércitos – Pândava e Kaurava – momentos antes de ser travada a grande batalha, no campo de Kurukshetra. BHAGAVAD-SHASTRA – Escritura Sagrada. Obra aceita como Divina e como autoridade religiosa. BHAGAVAN ou BHAGAVAD – Literalmente ―Senhor‖. Bem-aventurado. Como adjetivo, significa: bendito, glorioso, bem-aventurado, santo, sagrado, venerável, excelso, etc. BHAKTA – Devoto, piedoso, adorador, místico.
-279BHAKTI – Devoção, adoração, amor divino. BHAKTI-YOGA – Yoga devocional, amorosa devoção. Um dos ramos em que se divide o Yoga. – É a Senda da devoção e do amor a Deus, em todos os Seus Aspectos. BHAKTI-YOGUE – Yogue que segue o caminho da devoção e da adoração. Aquele que se realiza através da adoração e do amor a Deus, ou a algum de Seus Aspectos. O Bhakti-Yogue é, essencialmente, um Místico, um Ser amoroso e devocional. – Veja no Cap. XXIII, vs. 12 a 18, a definição detalhada de um Bhakti-Yogue. BHÁRATA – Descendente de Bhárata; Rei da Dinastia Lunar da Índia, ancestral tanto dos Kurus (ou Kauravas) como dos Pândavas. Sobrenome de família tanto dos Kauravas como dos Pândavas, porém era aplicado principalmente aos Pândavas. Literalmente bardo, poeta. BHAVA – Correta atuação nas ações necessárias, não só no processo samsárico mundanal, mas também com o corpo (isto é, consigo mesmo) – Cap. XVIII, v. 1. – Também significa qualidade. Asura-Bhava significa qualidade demoníaca ou negativa, contrária ao bem. Significa ainda: ser, condição de existir; substância, ser real, ser vivente, etc. BHÁVANA – Conceito da Unidade. Diz o ―Śuddha Raja Yoga‖: ―Bhávana é a compreensão, que o aspirante deve manter sempre presente, de que todos os seres, incluindo homens, Devas e animais, tudo o que tem vida animada – bem como as capacidades e poderes inerentes a eles, os vários mundos em que desenvolvem sua existência, as múltiplas leis pelas quais são governados, e tudo o que existe – tiveram sua origem na mesma Natureza do Supremo Brahman, o Qual Se manifesta em nosso próprio ser e no ser de cada ser.‖ – Bhávana é a compreensão de que é o Uno (a Alma Universal) que Se manifesta nos seres viventes como Atma ou Mônada; é a Unidade na multiplicidade e a multiplicidade na Unidade; é o ato de sentir a própria unidade com Deus, com o Todo, isto é, com todos os seres e com tudo o que existe. BHIMA – O segundo dos príncipes Pândavas, irmão de Arjuna e principal caudilho ou chefe do exército Pândava; era conhecido por sua força e bravura. BHISHMA – Literalmente ―terrível‖. Era o tio-avô dos príncipes Kauravas e Pândavas. Era o principal caudilho (chefe ou capitão de guerra) das hostes Kauravas. BHUTA – Sombra, espírito, fantasma. Significa também: ser vivente, criatura, homem; elemento, essência, natureza, espectro de um morto; espírito elemental ou espírito da natureza, larva, vampiro, etc. Na escola Sankhya é a Matéria elementar do Universo, isto é, os cinco elementos da Natureza: éter, fogo, ar, água e terra. BHUTI – Brahma-Vibhuti ou Beatitude Brâhmica. (Cap. XXVI, v. 78). BIJA – Semente, germe (literalmente). Segundo os Mestres do Śuddha Dharma, BIJA é o Som-Semente ou Átomo-Semente; é o átomo do qual o Ego se apropria em cada um dos
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cinco planos que ele percorre no começo de sua peregrinação através da Matéria. Esses átomos, correspondentes a cada plano, são conservados imutáveis pelo Jiva (a Alma em evolução) até o final dessa ―viagem‖. Por isso são chamados átomos permanentes, pois, a partir deles o Ego constrói seus diferentes corpos (ou veículos), com a Matéria de cada plano. – Bija é a Semente, a qual deve ser purificada pelo aspirante que busca a Liberação. Cada Jiva tem sua Bija ou Som-Semente, isto é, seu Som Primário, o qual é denominado Ekákshara. – Bija é também um Som, uma Sílaba Mística ou Palavra de Poder que se pronuncia antes de um Mantra, a fim de conseguir o efeito desejado. É também a Sílaba Sagrada OM (AUM). – Veja na ―Introdução ao Estudo da Gita‖, neste livro, a detalhada e importante explicação do que é esta Semente ou Bija. BINDU MANDALAM – É o sexto dos Sete Planos (mundos sutis que envolvem o planeta) ou Sapta-Lokas da Cosmogonia. Está acima do Plano Akáshico ou Sabda-Brahm. No Bindu Mandalam se manifestam Naráyana e Yoga-Devi em toda a Sua Glória. Acima ainda deste Plano, está outro mais alto, o Sétimo, chamado Maha-Brahmandas. – Sabda quer dizer Som; Sabda-Brahm ou Plano Akáshico é o Plano do Som. – Veja o Cap. XIV, v. 24. BRAHM – O mesmo que Brahman. Na Literatura Śuddha ora se refere a Brahm, ora a Brahman, com o mesmo sentido. Nesta Gita Brahm é mais usado. Estes dois termos têm o mesmo significado. – Veja Brahman, Brahma, e Parabrahman. BRAHMA – Senhor da Criação; é o Princípio Criador do Universo (MasculinoFeminino), isto é, a Personificação Temporal do Poder Criador de Brahman. Em união com Vishnu (Conservador ou Mantenedor) e Shiva (Destrutor, que destrói para renovar e transformar) forma a Trimurti ou Trindade Hindu. – Brahma existe periodicamente, isto é, somente no período de manifestação do Universo, depois do qual desaparece e retorna a Brahman, do Qual procede. – Este termo, BRAHMA, significa muito mais, pois é o Aspecto Criador Ativo de Brahman. Para ser bem compreendido, deve ser estudado em conexão com os termos BRAHMAN, PARABRAHMAN, PURUSHA, PRAKRITI e SHAKTI. NOTA – Neste glossário (como já foi explicado antes), o termo ―BRAHMA‖ só é usado para designar o Aspecto Criador da Trimurti (Brahma, Vishnu e Shiva), isto é, somente o BRAHMA CRIADOR, para não causar confusão na mente do estudante principiante, pois, no Glossário Teosófico, este termo, sem nenhum acento tônico, é usado como sinônimo de Brahman, e o Brahma Criador da Trimurti (ou Trindade) leva um acento no último ―A‖ = BRAHMÁ. BRAHMACHARYA – Dedicado a Brahma – aquele que faz voto e vive em castidade, tanto em pensamento como em palavras e ação. BRAHMA-GÑANA – Conhecimento de Brahm através do Yoga. BRAHMA-KARMA – Atos que levam à Realização Brâhmica. A serenidade, o domínio dos Sentidos, a austeridade, a pureza, a clemência, a retidão, como também o
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Conhecimento, o discernimento átmico, e a fé em Brahm, são as qualidades e atos que constituem o Brahma-Karma. – Veja Cap. XXII, v. 17. BRAHMAN ou BRAHM – É o Absoluto, o Imanifestado, que antecede a todo o Manifestado. – Diz o próprio Senhor Naráyana no ―Sanátana Dharma Dípika‖: — ―No Supremo Brahman existem duas Naturezas Eternas: existência e nãoexistência; sem atributos e com atributos; masculino e feminino; pureza e impureza; uniforme e multiforme; Matéria e Espírito; causa e efeito; felicidade e dor; NivrittiDharma ou interiorização; Pravritti-Dharma ou exteriorização; o Ser e o Não-Ser.‖ – E mais: ―A Mônada Divina ou o PURUSHA, cuja natureza é o ‛Eu‘, Se converte no SER SUPREMO (o Paramatma), sobre o Qual todos devem meditar. – A outra, Sua companheira, é da natureza do ‗Não-Ser‘ e é denominada Prakriti (a Matéria), a qual dá origem às três Gunas (qualidades da Matéria). Ela é a ‗DEUSA‘, é Maya, a Energia de Brahman (a Brahma-Shakti), que toma multiformes aspectos. – Brahman, em seu aspecto de ‗Eu‘, é denominado, em verdade, a Mônada, o Átman. – Em Seu Aspecto de ‗Não-Ser‘, é denominado Prakriti (Matéria). – Ambos são os dois Aspectos de Brahman, de naturezas eternas.‖ – Diz o Glossário Teosófico: – ―Brahman é a Suprema Divindade, o Espírito Universal e Eterno, o Incognoscível Princípio do Universo, de cuja Essência tudo emana, e à qual tudo retorna. É o princípio e fim de todos os seres, pois que todos emanam d‘Ele e a Ele todos retornarão ao terminar o Kalpa (um ‗Dia‘ de Brahma, isto é, um ciclo de tempo, um período de manifestação cósmica).‖ – BRAHMAN é o Espírito Transcendental e Essencial do Universo, sem Forma e sem Atributos em Sua Origem, o PARABRAHMAN. De Sua Essência se origina todo o Universo Manifestado, visível e invisível. É AQUILO que tudo compenetra, que sustenta e anima toda a Criação; é Onipresente, Onisciente, Onipotente e Onipenetrante; anima desde o Deus mais elevado até o mais diminuto átomo mineral. – Segundo os Ensinamentos da Doutrina Śuddha, BRAHMAN tem cinco Aspectos: Purusha, Paramatma, Atma, Jivatma e Aksharatma, sendo todos Ele Mesmo, em distintos níveis ou planos de Consciência, em Sua atuação no Infinito Cosmo Manifestado. BRAHMAN é imanente em todo o Universo, desde os planos mais densos e inferiores da Matéria, aos mais sutis e Divinos, do plano Atômico material ao Monádico (divino), manifestandoSe e atuando em todos os infinitos níveis de Consciência, desde a Consciência de um Deus à semiconsciência de uma formiga ou mesmo de um micróbio, até o reino vegetal, mineral, e além. – BRAHMAN Se manifesta como Atma (o Ser Individual ou Princípio de Vida) no coração de todos os seres humanos e não humanos, de acordo com o grau de evolução em que se encontram na escala evolutiva, expressando-Se mais livremente nas formas de vida mais adiantadas; nos seres mais primitivos do reino animal Ele Se expressa como Inteligência e semiconsciência, e no reino vegetal e mineral, até o atômico, como Vida Inteligente ou simplesmente como Inteligência e vida latente, impulsionando sua evolução (porque tudo evolui, nada fica estacionário, ainda que a evolução seja lentíssima e imperceptível). Sua manifestação e atuação são infinitas, tanto em direção ao Macro como ao Microcosmo, onde a Mente humana não pode alcançar, por mais que busque, por mais que se eleve aos mais altos estados de
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Consciência, porque será sempre o finito buscando alcançar o Infinito. Somente o Ser Realizado, aquele que já alcançou a Realização Brâhmica, isto é, o estado de Unificação Consciente com a Divindade, pode ter consciência de Seu Sagrado Mistério. – Veja Cap. VII, vs. 2 a 7, e todo o Cap. XII, onde é amplamente descrita a Natureza e Forma de Brahman. – Veja também: Parabrahman, Purusha, Paramatma, Atma, Jivatma e Aksharatma, neste glossário. – Todo o significado deste termo – BRAHMAN – é muito importante. Deve ser lido, relido, e bem entendido. BRÂHMAN ou BRÂHMANA – Sacerdote. A mais elevada das quatro antigas castas da Índia; casta sacerdotal. Indivíduo pertencente à casta sacerdotal. Brâhman (Sacerdote) e Brahman (o Absoluto) têm a grafia igual, a diferenciação está no acento tônico. BRÂHMANAS – Conhecedores do Atma (neste caso, é o plural de Brâhman, Sacerdote). (Cap. VII, v. 16). – Também se denominam Brâhmanas os Livros Sagrados da Índia, Obras compostas por Brâhmanes e para Brâhmanes (Sacerdotes). Comentários ou interpretações daquelas partes dos Vedas destinadas ao uso ritualista e para guia dos ―duas vezes nascidos‖, os Sacerdotes. BRÂHMANE – Sacerdote. BRAHMA-PRÂPTI – O mais alto estado de Consciência, alcançável através do Yoga. Consciência que transcende o plano material. Realização da Divindade, em si mesmo, por meio do Yoga. – Veja Purushartas e Prâpti. BRAHMARANDHRA – O Chakra Coronário ou ―Chakra das mil pétalas‖, também chamado ―Porta de Brahma‖. Está situado no alto da cabeça, razão pela qual é chamado ―coronário‖ (de coroa). BRAHMA-SAMIPYA – A eterna aproximação a Brahman. A eterna busca, através da qual o ser se aproxima eternamente da Divindade. – ―Entrarás na Luz, mas jamais tocarás a Chama.‖ – Este parece ser o significado desta frase de Mabel Collins, em seu livro ―Luz no Caminho‖. BRAHMA-SHAKTI – Literalmente, Energia de Brahman. É a Energia Divina, Fonte e Origem de todas as modalidades de energia, desde a mais sutil, etérica e espiritual que atua nos Planos Superiores e Divinos, à manifestação mais densa, mais baixa, no plano material, tanto usada para fins elevados e espirituais (por exemplo: o magnetismo em suas variadas manifestações, ondas eletromagnéticas usadas na terapia, irradiações mentais, etc.), como para fins materiais e humanos (eletricidade, energia nuclear, etc.), tanto na Magia Branca como na Magia Negra, para o Bem ou para o Mal, para construir ou para destruir. – A Brahma-Shakti é Energia Divina, e Sua Origem é Brahman. É pura, imaculada, virgem, não qualificada, e neste estado é neutra, isto é, não é boa nem má. Ela é também chamada Devi-Prakriti, nesta Gita. Como DeviPrakriti (Matéria Divina), um dos estados mais sutis da Matéria, ela é também chamada ―MAYA‖, e como tal governa e dirige o processo samsárico mundanal (Samsara). – É a Brahma-Shakti o ―nexo‖ de união entre o Espírito e a Matéria, o laço que os
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mantém em eterna união, da qual nascem todos os seres, tudo que tem vida animada (desde a primeira forma de vida até o organismo mais perfeito e sofisticado do ser humano), todas as coisas, tudo que existe ou existirá, as miríades de formas, enfim, toda a Criação, todo este Infinito Cosmo manifestado, pois que Espírito, Energia e Matéria são propriedades até do mais pequenino átomo mineral. – É com o Poder da BrahmaShakti, o Aspecto Força ou Energia de Brahman, isto é, Seu Aspecto Feminino, que a Trimurti atua nos processos de Criação, Preservação e Desintegração (ou Regeneração) do Universo, como Shakti tanto de Brahma, como de Vishnu e de Shiva. – Assim como é no Macrocosmo, é também no Microcosmo, no todo e no particular, isto é, a atuação da Brahma-Shakti, através da Trimurti (a Trindade Brahma, Vishnu e Shiva), se dá igualmente em cada Galáxia, em cada Sistema e em cada Planeta, através dos Seres Divinos (Potências Cósmicas, Deuses e Deusas) que A representam. – É a Brahma-Shakti que verdadeiramente atua no Cosmo inteiro, pois, ―sem Ela, a Energia, nem o mais poderoso dos Deuses conseguiria levantar nem uma pequena palha‖. – Como a BRAHMA-SHAKTI é Energia Divina, porém neutra (como foi dito acima), no plano humano é a Mente que A qualifica, usando-A para o Bem ou para o Mal, sendo responsabilidade kármica de cada um o uso que fizer d‘Ela (em qualquer de Suas manifestações como energia), pois, de acordo com o livre arbítrio, cada um tem o direito de escolher entre o Bem e o Mal. Como Ela é também a Energia Mental e nossa Mente um dínamo criador, somos também responsáveis por todas as nossas criações mentais, pois ainda aquelas que não chegam a se concretizar no plano físico, são lançadas no espaço etérico e permanecem como formas-pensamento, tanto negativas, maléficas e perturbadoras, como positivas e harmonizadoras, pacificadoras e benéficas para todos. Portanto, sendo conscientes do que foi exposto, podemos cooperar conscientemente (e por isso mais eficazmente) para o bem de todos os que nos rodeiam, dos que convivem conosco, bem como de toda a humanidade, da qual fazemos parte como um todo. Porém, aqueles que A usam negativamente, tendo consciência do mal que podem causar (através do conhecimento destas verdades), têm redobrada responsabilidade, pois a ignorância não isenta, mas atenua qualquer culpa. – Veja: Shakti, Yoga-Devi, Maya, Prakriti, Mula-Prakriti e Brahman. (São termos que se completam.) BRAHMA-STUTI – Cântico de louvor a Brahma, o Criador. – Stuti significa: elogio, glória, louvor, hino, cântico de louvor. BRAHMA-SWARUPA – A transcendente forma ou corpo de Brahma, isto é, a manifestação cósmica do Ishwara, ou a ―substancial forma de Brahm‖. O Universo ou Cosmo manifestado. BRAHMA-VIBHUTI – Excelências divinas. Vibhuti significa: poder, perfeição, grandeza, excelência, magnificência, prosperidade, virtude, etc. BRAHMA-YOGA – Realização Brâhmica através do Yoga.
-284BRIHASPATI – Literalmente Grande Senhor. Nome de uma Divindade e também de um Rishi. Sacerdote dos Deuses. Um Hierarca, Membro da Divina Hierarquia. BUDDHA – Literalmente ―o Iluminado‖. O mais alto grau do Conhecimento. Para se chegar ao grau de Buddha, é necessário alcançar a total liberação da escravidão dos Sentidos e da Personalidade. É necessária uma completa união com o Eu (Atma), saber não separar Este dos demais ―Eus‖, e chegar a um absoluto desprendimento de tudo o que é efêmero e finito, e viver, ainda que encarnado, em um supremo estado de santidade. BUDDHAS – Hierarcas que trabalham sob a influência do Swara-Rekha ou Raio do Som. BUDDHI – Intelecto. Princípio da Intelecção e da Razão Pura. – Atma, Buddhi e o Mental Superior (também denominado Manas Superior) constituem a Mônada humana, a Alma Individual, divina e imortal. – Buddhi é a faculdade que está acima da Mente racional; é a Razão Pura que exerce a discernente faculdade de Intuição e Discernimento Espiritual. É, no homem, o poder pensante por si mesmo, independente das expressões e influências vindas do exterior. É a faculdade de julgar, discernir e resolver, cujos conceitos são freqüentemente mal entendidos (ou mal captados), ou mesmo distorcidos pelo Mental Inferior (intencionalmente ou não), de acordo com a evolução do ser. – Buddhi é a Potência que transforma em conceitos claros e perfeitos as impressões procedentes dos Sentidos, percebidas e registradas por intermédio de Manas (Mental-Emocional) e do Ahamkara (Conceito do Eu ou de Si Mesmo). – Buddhi e Ahamkara nascem no Vigñanamaya-Kosha. – Buddhi é a faculdade do Plano Mahat, porém Buddhi e Mahat são citados freqüentemente com o mesmo significado, isto é, como sinônimos. – Este termo significa também discernimento, conhecimento, entendimento, inteligência, intuição, compreensão, etc. – Veja Atma, Manas, Ahamkara e Manomaya-Kosha. BUDDHI-YOGA – Contato com o Plano Búddhico através do Yoga. – Veja Mahat.
C CHANDRA – A Lua. É também uma Divindade ou personificação da mesma. A Lua é o símbolo da Mente, assim como o Sol é o símbolo do Eu (como pólos negativo e positivo, respectivamente), isto é, a Mente é lunar, e o Eu é solar. CHITTA – A Mente. Inteligência, razão, pensamento, idéia. A matéria mental.
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D DAITYAS – Gigantes ou demônios intelectuais. Hierarcas da ―linha escura‖ (Magos Negros). Geralmente os Daityas estão associados aos Dânavas, dos quais mal se distinguem. DAIVA – Natureza superior, divina, celestial. Como substantivo significa: divindade, providência ou decreto divino. DAIVA-BHAVA – A mais elevada natureza humana, a qual leva o ser humano à Liberação. É composta pelas 8 Qualidades Átmicas complementadas pelas 26 Qualidades Dáivicas. As 8 Qualidades Átmicas são: amplitude de visão, ausência de orgulho, inofensividade, tolerância, retidão, pureza, firmeza e ausência de egoísmo. – Veja na 1a parte deste livro ―As 26 qualidades Dáivicas‖, que complementam as que foram citadas acima, as quais são necessárias ao aperfeiçoamento da natureza humana, citadas pelo próprio Senhor (Krishna) nesta Gita, nos Caps. V e VIII, respectivamente. DAIVI-PRAKRITI ou DEVI-PRAKRITI – Matéria Divina, a forma mais sutil e mais fina da Matéria manifestada. É o Princípio Vivificante. É também a Luz Primordial Homogênea, chamada por alguns ocultistas hindus ―Luz do Logos‖. Ela corresponde à ―Mãe dos Mundos‖, à ―Sofia Gnóstica‖ e ao ―Espírito Santo‖ dos Cristãos. – Veja na nota de rodapé no 4 da ―Introdução ao Estudo da Gita‖ explicações mais detalhadas. DAIVI-SHAKTI – Energia Divina. É a manifestação da Brahma-Shakti, a Qual é utilizada pelo Paramatma para a realização dos propósitos cósmicos. DAKSHINAMURTI ou RUDRA – Um dos Aspectos de Naráyana. – Naráyana, SanatKumara e Dakshinamurti, segundo os ―Srutis‖ (Escrituras Sagradas) são os Dispensadores da Sabedoria, os Grandes Mestres da Iniciação. Bhagavan Naráyana é, em essência, os três, isto é, Dakshinamurti e Sanat Kumara são o mesmo Naráyana em outros Aspectos de Sua atuação como Representante do Paramatma, segundo os Mestres da Doutrina Śuddha. – Rudra é um dos nomes dados a Shiva. No Rig-Veda o Deus que corresponde a Shiva, é Rudra. Há, portanto, uma notória correspondência entre Dakshinamurti, Rudra e Shiva. – Veja Rudra e Shiva. DANA – Literalmente ―Caridade‖. Doação; o ato de dar esmolas ou ajuda aos necessitados, generosidade, dádiva, dom. – Caridade, amor e eterna compaixão são a chave do Portal que dá entrada à Senda. – Porém, o ato de dar uma esmola ou de ajudar qualquer pessoa, seja uma pessoa pobre, ou alguém que, não sendo pobre, está necessitando de ajuda, deve ser feito com amor e discrição, sem humilhar quem recebe, levando em conta o lugar, o momento e a maneira de dar, sabendo que ―não existe quem dá nem quem recebe‖, pois é Deus realmente Quem dá, sendo nós somente Seus instrumentos no plano material. – É Ele Quem dá, e é também Ele quem recebe.
-286DANA-DHARMA – Prática da caridade em todos os aspectos e sentidos. Caminho do aperfeiçoamento humano através do serviço aos semelhantes. – Veja Dana. DÂNAVAS – Quase o mesmo que Daityas. – Gigantes ou demônios, adversários dos Deuses do ritualismo. Dânavas e Daityas são os mesmos titãs, demônios e gigantes referidos na Bíblia. (Gênesis, VI). DEHA – O corpo físico, o Annamaya-Kosha. DEVA – Um ser resplandecente (da raiz ―div‖, que significa brilhar, resplandecer). Um Deva é sempre um ser celestial. Os Devas habitam os três planos ou mundos superiores ao nosso (em ordem de sutileza). Os Devas são, na Índia, o que os Anjos e Arcanjos são para os Cristãos. – Deva significa também: divino, celeste, glorioso, resplandecente. São chamados Devas, também, os Espíritos da Natureza, os Elementais. DEVADATTA – Literalmente ―dádiva dos Deuses‖. Nome da concha marinha de Arjuna. DEVI-PRAKRITI ou DAIVI-PRAKRITI – A Matéria Divina mais sutil, irradiada do Parabrahman. – Veja a nota de rodapé no 4 da ―Introdução ao Estudo da Gita‖, na 1a parte deste livro. – Veja também Daivi-Prakriti. DEVI-SHAKTI – Veja Daivi-Shakti. DHANANJAYA – ―Dominador; acumulador de riquezas‖. Arjuna é designado com esse qualificativo por haver adquirido, em suas excursões guerreiras, abundantes riquezas humanas e divinas, materiais e espirituais. DHARMA – A Lei Divina – Dever – Retidão, em todas as acepções deste termo. Dharma é também a Natureza Interna do Ser, manifestada em cada criatura (humana ou não) de acordo com seu grau evolutivo. Dharma não é algo externo como a lei, a virtude, a religião ou a justiça; é a LEI DA VIDA (no mais alto sentido). – Também é justiça, lei, dever, ciência. A palavra Dharma também é usada no sentido de destino, intuição interior que impulsiona o ser a realizar algo; vocação ou forte tendência interna de seguir um caminho, uma profissão, um modo de vida, etc., a qual se deve procurar seguir, pois o contrário, isto é, o desvio, o não seguimento desta tendência ou vocação quase sempre leva a pessoa à insatisfação, e às vezes ao fracasso, à instabilidade e insegurança, ao desajuste emocional e à infelicidade. Realizar o próprio Dharma é viver de acordo com sua Natureza Interna, cuja intuição é dada pelo próprio Eu Superior. Aquele que consegue viver de acordo com o Dharma, encontra a Paz, a plenitude interna, a felicidade. – Dharma, nos seres inferiores, é a ―lei natural‖, a Lei da Natureza. DHRISHTADYUMNA – Literalmente ―de audaz poder‖. Nome de um príncipe, filho de Drupada, e um dos chefes das hostes Pândavas. Era destro na arte da guerra. DHRITARASHTRA – Literalmente ―aferrado ao trono ou poder‖. Era irmão mais velho do Rei Pându, portanto tio dos príncipes Pândavas. Dhritarashtra era o filho primogênito do Rei Vichitravirya, que reinava em Hastinapura. Como era cego de nascença, teve que
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renunciar à coroa em favor de Pându, seu irmão mais novo. Casou-se com Gandhari. A história diz que teve cem filhos (dos quais Duryodhana era o primogênito), noventa e nove dos quais varões, que foram os príncipes Kauravas. Por intermédio de Sanjaya, o rei cego foi sendo informado do desenrolar da batalha entre Kauravas e Pândavas, assim como do Transcendente Diálogo entre Sri Krishna e Arjuna (relatado na Bhagavad Gita), do qual ele tomou conhecimento através da Audição Transcendental que lhe foi concedida pela graça de Vyasa. DHRITI – É a faculdade ou capacidade (do aspirante) de reunir ou sintetizar, cuja função é discernir. É a característica do Elemento Avyakta no homem (o qual corresponde ao Plano Yóguico ou Avyakta). É o poder de Síntese ou Yoga-Shakti. DHYANA – Meditação. Esta palavra vem da raiz ―Dhyai‖, que significa pensar. ―É a inexplicável e ardente aspiração do homem interno de alcançar o Infinito.‖ – Segundo os Ensinamentos Śuddhas sobre o Raja-Yoga, o ―Objeto da Meditação‖ deve ser sempre o Atma (o Cristo ou Eu Divino) que habita no santuário do coração, incorporado no eu individual. – Dhyana é uma das principais práticas do Raja-Yoga. É um estado de abstração que conduz aquele que o alcança, muito acima deste plano de percepção sensitiva, e muito além do mundo material. Os estados de Dhyana variam de acordo com o grau de envolvimento da vida sensitiva em que se acha o Ego, bem como do domínio já alcançado por ele sobre a Mente e os Sentidos. O verdadeiro Raja-Yogue permanece, durante a Meditação, espiritualmente consciente do Eu e da atuação de seus Princípios Superiores. A Meditação é uma prática que exige um processo de educação preliminar, de treinamento constante, perseverante, com o fim de disciplinar a Mente (os próprios pensamentos) e os Sentidos. Só depois que se consegue esse domínio, essa quietude interior, é que se pode realmente entrar nesse estado de Beatitude, de verdadeira sintonia com o Eu, isto é, com o Cristo Interno, na Câmara Etérica do próprio coração. O sistema de prática Śuddha-Raja-Yoga, ensinado pelos Mestres Śuddhas, consiste de três estágios ou classes, os quais são explicados a seguir, de maneira simples e fácil de praticar, podendo ser seguidos por qualquer pessoa, sem nenhum inconveniente. Podem ser praticados em seqüência, isto é, um estágio após o outro, na mesma Meditação (conforme a capacidade e adiantamento do aspirante), ou um de cada vez, de acordo com o tempo disponível, elegendo o meditador a prática que lhe seja mais agradável e propícia, ou ainda de acordo com sua natureza; cada pessoa poderá adaptar estas práticas à sua maneira de ser e às suas condições de vida. – Esses estágios são: SAGUNA – Meditação externa ou com forma. Nesta Meditação o aspirante medita na Divindade com forma e qualidades, da maneira que mais lhe fale à alma e inspire maior amor, devoção e fé, como o Senhor Naráyana, Yoga-Devi (como Divina Mãe), Sri Krishna, Jesus, a Virgem Maria, ou outro Ser que para ele seja Divino, com a forma que ele próprio idealizar, e que lhe transmita Luz, Paz, Amor e do Qual ele possa atrair e absorver as qualidades de que necessita para seu aperfeiçoamento humano. Deve sentir-se diante desse Ser e permanecer o maior
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tempo possível em sintonia com Ele, recebendo Sua Luz e Suas Bênçãos, em amorosa e total entrega. NIRGUNA – Meditação interna ou sem forma. Neste estágio da Meditação o aspirante, com os olhos fechados, a vista voltada para dentro, isto é, com a energia visual focalizada entre as sobrancelhas (na raiz do nariz), medita na Forma Espiritual do Atma (que é seu verdadeiro Ser, a Centelha Divina ou o Cristo) localizado dentro da Câmara Etérica de seu próprio coração, imaginando-O como um Sol resplandecente, buscando sentir Sua Divina Presença, a Qual o vai tornando pleno de Paz, Alegria, Amor e Felicidade, até alcançar a Plenitude total. Porém, esta Plenitude só virá com o tempo, com a prática persistente, pouco a pouco, dia após dia. – Esta Meditação interior também é ensinada pelos Śuddhas de outra maneira, isto é, em vez de imaginar o Atma como um Sol, ou como um Foco de Luz resplandecente, porém sem forma definida, o aspirante se concentra no Atma dentro de seu coração, porém ―com sua própria imagem‖ (assim como ele mesmo é) do tamanho de um dedo polegar, resplandecente como um Sol, puro, imaculado e perfeito (isento de tudo o que é inferior), com todos os atributos ou qualidades divinas, e medita n‘Ele, conscientizando-se de que, no mais profundo e recôndito de seu ser, em seu mais alto estado de Consciência, ele é uma partícula do próprio Brahman manifestando-Se no plano físico como Atma, através de seu eu humano. ŚUDDHA ou ŚUDDHA-DHYANA – Estado de Pura Consciência. Nesta Meditação, o aspirante já treinado, e conseqüentemente já capaz de conseguir mais altos estados de Consciência, abandona toda a idéia de separatividade. Com superior Ideação, com a Mente pura e bem disciplinada, e com intensa devoção, ele busca o Supremo Brahm, adorando-O como a Transcendente Divindade, o Absoluto, o Eterno, o Supremo Ser manifestado como Atma em si mesmo e em todos os seres, em tudo que tem vida, participando todos da mesma Vida, formando, no Infinito, um só Corpo Cósmico. – Partindo daí, expandindo gradativamente sua Consciência, abstraindo-se totalmente de tudo, ele busca entrar em sintonia com o Espírito Universal (que é Deus) – o Supremo e Transcendente Brahm – e entra na Unidade, sentindo que ―Tudo é verdadeiramente Brahm‖, e que ―Tudo é da mesma Natureza de Brahm‖. – Em todos esses estágios ensinados aqui, o aspirante deve se esforçar por manter sua Mente firme, imperturbável, imóvel, fixa no OBJETO DE SUA ADORAÇÃO. – Aqui foram ensinadas só as bases principais da Meditação ŚUDDHA-RAJA-YOGA ensinada pelos Mestres Śuddhas. – A seqüência dos estágios que o aspirante principiante deve seguir na prática do Śuddha-Raja-Yoga, na falta de um Instrutor, são: 1) Preparação – Sentar-se comodamente, porém com a cabeça e a coluna dorsal formando uma linha reta (usando roupas folgadas que não incomodem); fazer algumas respirações profundas mas lentas, procurando relaxar todos os músculos do corpo em cada expiração, deixando em seguida o corpo voltar à respiração normal. Procurar, durante a Meditação, esquecer todos os problemas, todas as
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preocupações, pois estes momentos devem ser sagrados, e qualquer assunto deve ser deixado para ser resolvido depois. 2) Japa – Entoação, mental ou audível, de um Mantra ou Sílaba Mística de Poder 2, 108, 54 ou 24 vezes. 3) Dhyana – Meditação. – O 1o e o 2o estágios são apenas a preparação para a prática da Meditação. Não podendo ser feita uma prática longa, e sempre no mesmo horário (que é o ideal), o aspirante deve fazê-la como puder, durante o tempo que puder e no horário que puder, porém deve esforçar-se por fazê-la diariamente, para manter a sintonia com os Planos Superiores, ainda que seja por pouco tempo, pois a persistência é muito importante. – Veja neste glossário a explicação sobre Japa. DIKSHA – Iniciação. (Veja Iniciação.) DIVYA CHAKHUSH – Visão divina. DRAUPADI – Filha do Rei Drupada e esposa comum dos cinco príncipes Pândavas. Foi conquistada por Arjuna, o qual a disputou em difíceis provas, vencendo príncipes e nobres que disputavam sua mão. – Veja o resumo da história do Mahabhárata, neste livro. DRAVYA – Disciplina dos Sentidos, segundo esta Gita. (Cap. IV, v. 18). – ―Substância‖, metafisicamente. Objeto digno; especialmente pessoa idônea. DRONA – Sábio Brâhman (da classe Sacerdotal), o qual foi Instrutor e preceptor militar dos príncipes Kauravas e Pândavas. DRUPADA – Rei de Panchala; um dos Chefes do exército Pândava, aliado dos príncipes, e pai da Princesa Draupadi. DURGA – A Poderosa Deusa, também denominada Pârvati, Umâ ou Badra-Kali. É a Shakti ou Consorte de Shiva. – DURGA é um dos Aspectos de SRI YOGA-DEVI quando Ela atua como ―Deusa Justiceira‖, Defensora e Protetora nas guerras justas e necessárias. É Aquela que destrói o mal, a injustiça, que protege e defende Seus devotos contra as forças do mal, contra seus inimigos, ajudando-os e sustentando-os nas lutas do mundo, tanto no plano físico como nos planos sutis, contra as forças negativas dos seres e dos mundos inferiores. É DURGA a Deusa que Arjuna invoca (aconselhado por Sri Krishna) antes de começar a batalha do Mahabhárata, no ―Maha-Siddha-Mantra‖ (o Hino à Durga) que consta do primeiro capítulo desta Gita. Nesta adoração, de poder e beleza sem par, pode-se ter uma idéia de Sua Grandeza e Onipotência. No princípio 2
Damos aqui o Mantra mais usado nas práticas dadas pelos Mestres Śuddhas aos aspirantes principiantes, o qual significa uma adoração e entrega de si mesmo ao Senhor Naráyana, isto é, ao Pai: ŌM NAMŌ NĀRĀYANĀYA – caso o estudante deseje usálo. Pode também ser usada a Sílaba Sagrada OM ou outro Mantra. Pode-se cantar ou falar cadenciadamente.
-290deste livro, na ―Introdução ao Estudo da Gita‖, o leitor encontrará importantes esclarecimentos sobre a natureza e atuação da Poderosa Deusa Durga no processo samsárico mundanal, e como Mãe, Mestra, Protetora e Salvadora de Seus devotos, em todos os momentos da vida neste plano material. – Veja Yoga-Devi, Shakti e Shiva. DURYODHANA – Literalmente ―difícil de vencer‖; nome do filho primogênito de Dhritarashtra, e o mais velho dos príncipes Kurus. Seu pai, por ser cego, teve que renunciar ao trono em favor de seu irmão mais novo, Pându, pai dos príncipes Pândavas. Com a morte de Pându, Duryodhana se julgou com direito ao trono, o qual em princípio pertenceria a seu pai, não fosse este fisicamente deficiente. Por sentir-se injustiçado, expulsou os Pândavas, usurpando o trono; a retomada deste pelos seus legítimos herdeiros (os Pândavas) causou a famosa batalha descrita no Mahabhárata, do qual faz parte a Bhagavad Gita. – Veja o resumo da história apresentado neste livro.
E EKÁKSHARA – Som Primário; É o Uno Imperecível; ―uma só sílaba‖; ―o Monossílabo‖, isto é, a Sílaba Sagrada ―OM‖ (AUM), o Pranava Sagrado de Brahm. É também a Sílaba Tônica ou Som Individual Primário de cada Ego, a qual só é revelada ao discípulo por um Mestre ou Guru, quando ele está preparado para conhecêla. É o Mantra individual próprio, cujo Som (quando este é conhecido), repetido como Mantra, ajuda o desenvolvimento espiritual do aspirante, e o progressivo contato com seu próprio Eu. Na falta de um Mestre no plano físico, esse Som pode ser revelado ao discípulo em planos sutis. EKAM – O Único Brahm. (Cap. XXV, v. 25). EKATWA – Yoga ou Síntese, isto é, transcendente atuação. (Cap. XXV, vs. 1 e 2). Unidade. EKATWAM – Unidade ou concentração – referente a Kumbhaka, o segundo componente do Pranayama. (Cap. XXIV, vs. 13 a 17). ESHA – Uma das manifestações da Brahma-Shakti, o Poder Divino Feminino (Cap. X, v. 2 – resumo). Com Esha-Maya ou Esha-Shakti, atuam todos os Grandes Seres que encarnam entre os homens (os Avataras), nas épocas críticas da humanidade, para restabelecer o Dharma no mundo e proteger a evolução humana. ESHA-SHAKTI ou KALYANI-SHAKTI – Uma das manifestações da Brahma-Shakti ou Energia de Brahman. É o Poder através do qual a Divindade Se manifesta a Si Mesma, encarnando com ―Kalyani-Prakriti‖ ou Matéria Gloriosa. (Cap. III, v. 3). – A EshaShakti é utilizada pelo Paramatma para o advento dos Avatara-Purushas, cuja Energia correspondente é recebida de Sri Yoga-Devi, que é a Representante da Brahma-Shakti, a Suprema Potência Cósmica Feminina.
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G GANDHARVAS – São Divindades ou Espíritos Celestes. Cantores ou músicos celestiais, de acordo com a Mitologia Sagrada da Índia. O Gandharva do Veda é a Deidade que sabe e revela aos mortais os segredos dos Céus e as Verdades Divinas em geral. – Esta é uma definição muito resumida do que são os Gandharvas, do que eles representam e simbolizam na Mitologia Hindu. GARUDA – Ave gigantesca (com aparência de águia) que serve de montaria a Vishnu (citada no Ramayana). Esotericamente é o símbolo do Grande Céu (Maha-Kalpa). GÁYATRI – Um verso mui sagrado que, por ser dirigido ao Sol na qualidade de Savitri, ―o Engendrador‖, é também chamado ―Savitri‖. Personificada como DEUSA, Gáyatri é a Consorte (a Shakti) de Brahma, correspondente a Saraswati, a Deusa da Sabedoria, da Linguagem, do Conhecimento e das Artes, segundo a Mitologia Sagrada Hindu. – É uma forma métrica, ―um verso mui sagrado‖ (como foi dito acima), um Mantra dirigido ao Sol (ao Sol Espiritual) que os Brâhmanes (e todo ariano) devem recitar mentalmente todos os dias ao nascer e ao pôr do sol, durante suas práticas devocionais. É composto de 24 Sílabas de Poder, as quais estão relacionadas com os 24 Tatwas (Elementos Primordiais) que entram na constituição da Matéria, na manifestação cósmica. As Sílabas que compõem a Gáyatri, e uma explicação detalhada de seu profundo significado, fazem parte do artigo intitulado ―Introdução ao Estudo da Gita‖, publicado na 1a parte deste livro. É uma explicação magistral, que denota profundo conhecimento do assunto. É tão importante e vasta a acepção desta palavra, tão complexo seu significado mais profundo, que seria muito proveitoso para o leitor estudar e meditar no que está detalhadamente exposto nesse elucidativo artigo, não só sobre a Gáyatri, como também sobre Maya, Maha-Chaitanyam e outros termos que exprimem a mesma idéia. – Gáyatri é também a Ciência dos Tatwas (Princípios Básicos da Matéria). GITA – Canto, poema, canção. A Bhagavad Gita é considerada um Poema Épico. – Gita pronuncia-se ―Guita‖. GÑANA – Literalmente Conhecimento. Em geral: sabedoria, inteligência, consciência, etc. Esotericamente significa Conhecimento Superior ou Divino adquirido por meio do Yoga, pelo estudo de Livros Sagrados, ou pelos Ensinamentos orais de um Guru ou Mestre. GÑANADHIKARIS – Mestres de Sabedoria. GÑANA-SHAKTI – Poder ou Energia do Intelecto (Buddhi) ou do verdadeiro Conhecimento. Poder de cognição do Eu. – Uma das sete grandes Forças da Natureza. GÑANA-VYAVASAYA – Processo cognoscitivo constituído pelo Conhecimento, pela Busca do Conhecimento e pelo Conhecedor.
-292GÑANA-YOGA – União ou contato com a Divindade por meio do Conhecimento Espiritual Superior. Senda da Sabedoria ou do Conhecimento através do Yoga. Uma das divisões do Yoga. – Veja Yoga. GÑANA-YOGUE – Yogue que alcançou Transcendente Conhecimento e é considerado um Mahatma. GÑANENDRIYAS – As cinco vias ou condutos do conhecimento, isto é, as cinco potências ou faculdades de percepção; os cinco Sentidos Cognoscitivos. – Órgãos dos Sentidos, os quais tomam contato com os objetos que os impressionam. São eles: olhos, ouvidos, nariz, língua e pele, com suas faculdades sensitivas correspondentes, isto é, visão, audição, olfato, paladar e tato. – Veja Tatwas. GÑANI – Sábio. É também um buscador da Realização Espiritual através do Conhecimento. GUDAKESHA – ―Senhor ou vencedor do sono‖ (da ilusão). Um dos epítetos dados a Sri Krishna. – Um ser desperto. Diz-se que a grande massa humana, com exceção de poucos, está adormecida, isto é, mergulhada no sonho da grande ilusão da vida material (Samsara). GUNAMAYI – Que contém as três qualidades ou atributos (Gunas) da Matéria ou Prakriti. Aquilo que é formado ou constituído pelas Gunas. – Veja Gunamayi-Maya a seguir. GUNAMAYI-MAYA – Um dos Poderes de Brahman, isto é, uma das manifestações da Brahma-Shakti. É uma das três Naturezas de Maya, as quais são: Daivi-Maya, EshaMaya e Gunamayi-Maya. – É a Gunamayi que se relaciona com o ser humano, cuja evolução está ainda em desenvolvimento, sujeito ao processo evolutivo mundanal (Samsara) e conseqüentemente às Gunas ou qualidades da Matéria. É a GunamayiMaya que dá origem às quatro classes de tendências ou disposições do ser humano relacionadas com as Gunas. As tendências que são geradas pelo elemento Satwa, levam o homem à devoção ao Eu Superior, que é o Raio Átmico em cada indivíduo. As geradas por Rajas se manifestam no homem como um forte desejo de viver a vida material externa ou mundana. E as geradas por Tamas induzem à completa identificação dele com a natureza inferior, acompanhada da total ignorância do próprio Eu. – ―Turiya‖ é a sintetizante, e a mais alta. A Transcendência da influência da Gunamayi-Maya é o atingimento de Prâpti (Liberação), a mais alta finalidade espiritual do ser humano. – Veja Gunas. GUNAS – Qualidades ou atributos da Prakriti ou Matéria, os quais constituem sua própria natureza; são: Satwa, Rajas e Tamas. As três Gunas (ou Trigunas) estão universalmente difundidas na natureza; existem em todas as criaturas, incluindo Devas, homens e animais, e em tudo que tem vida animada, determinando seu caráter ou condição individual, segundo a predominância de cada uma delas em cada ser. – Veja
-293estudo completo das Gunas nos Capítulos IX e X desta Gita. – Veja também Trigunas, neste glossário. GURU – Mestre ou Instrutor Espiritual. Pessoa digna de veneração e respeito, que ensina ou orienta espiritualmente alguém, e que é verdadeiramente um sábio, capaz de guiar, instruir e proteger o discípulo.
H HAMSA – Literalmente ―Cisne‖. Ave mística do Ocultismo. Hamsa representa a Sabedoria Divina, a Sabedoria fora do alcance humano. A palavra HAMSA pode ser desdobrada em Ham-sa = ―Eu (sou) Ele‖, ou, de outra maneira, So-Ham = ―Ele (é) Eu‖. Assim, nesta única palavra está contido o Mistério Universal, a Doutrina da identidade da essência humana com a Essência Divina. – HAMSA está intimamente relacionado com o Pranava, a Sílaba Sagrada AUM (OM), o que se depreende claramente desse desdobramento. HANUMAN – O ―Deus Macaco‖ do Ramayana, o generalíssimo do exército de Râma, de audácia e engenho sem igual. Estas qualidades explicam sua presença na bandeira do carro de Arjuna, simbolizando a Mente Pura resplandecendo com o brilho da equanimidade, ou Buddhi. – Hanuman é representado com corpo de homem e cara de macaco. HARI – ―Aquele que dissipa a ignorância‖. Do ponto de vista metafísico ou transcendental, Hari é o Eu Universal. – Epíteto de Vishnu, dado também a Krishna como o Supremo Senhor do Yoga. HRISHIKESHA – ―Senhor dos Sentidos‖. Nome dado a Vishnu e a Krishna.
I ICCHA ou ICHCHHA – Desejo – Vontade, ou poder da Vontade. IDA – É o nadi (nervo ou corrente nervosa) que se estende por toda a parte esquerda do corpo, desde a planta do pé esquerdo até o Chakra Coronário ou ―Lótus de mil pétalas‖ (Sahasrara), situado no alto da cabeça. É a corrente de energia negativa (lunar) que corre pelo nervo simpático esquerdo. Parte, como o nadi Pingala (ou Suryanadi), de um centro sagrado situado sobre a medula oblongada, conhecido com o nome de Triveni. Através dos nadis Ida e Pingala circulam as correntes de energia negativa (lunar) e positiva (solar), respectivamente, que operam do lado esquerdo e direito do corpo, através do sistema de nadis (ou nervos), plexos e gânglios, etc. – Veja Pingala e Sushumna.
-294IKSHVAKU – Progenitor da Raça Solar da Índia (os Suryavansas) e filho de VaivasvataManu, o Progenitor da presente raça humana. INDRA – Deus do Firmamento, Rei dos Deuses Siderais. Indra significa: chefe, senhor, soberano, etc. INDRIYA – Órgãos dos Sentidos (de um modo geral), os quais são denominados Indriya em seu conjunto; são quatro grupos de cinco Tatwas (Elementos Básicos da Matéria) em sua forma e vibração mais baixa, tanto no Cosmo como no homem, no qual se expressam como órgãos dos Sentidos, tanto sensitivos como cognoscitivos e de ação. Estão em estreita correspondência entre si, como veremos: – 1o grupo – os cinco Mahabhutas, que são os elementos mais densos que compõem a Matéria: Éter, Ar, Fogo, Água e Terra, os quais correspondem aos cinco Sentidos. – 2o grupo – os cinco Tanmatras correspondentes a cada Mahabhuta, na respectiva ordem: Som (audição); Tato; Forma (referente à visão); Gosto (paladar); e Olfato. – 3o grupo – os cinco Gñanendriyas ou órgãos dos Sentidos Cognoscitivos, correspondentes aos Mahabhutas e aos Tanmatras respectivamente: Ouvido, Pele, Olhos, Língua e Nariz. – E o 4o grupo – os cinco Karmendriyas ou órgãos de ação: Braços (e mãos), Pernas (e pés), Boca, Genitais e Ânus (órgão de excreção). – Veja Tatwas. INICIAÇÃO ou DIKSHA – Admissão aos Sagrados Mistérios de uma Ciência ou Ordem Religiosa, ensinados pelos Hierofantes ou Sábios Sacerdotes, Iniciadores dos Templos, desde a antigüidade. Como o próprio nome indica, é o ―início‖ de algo que florescerá e beneficiará o aspirante na Senda Espiritual, de acordo com seus esforços, persistência, fidelidade e prática dos Ensinamentos do Mestre (Guru). Porém o termo ―Iniciado‖, que no passado era usado para designar uma pessoa realmente avançada na Senda Espiritual, iniciada por um verdadeiro Mestre ou Guru (reconhecido como alguém de grande poder, elevação e reais conhecimentos, e como um verdadeiro Ocultista), hoje é usado em várias Escolas para designar aqueles que foram aceitos e incorporados ao grupo de seus membros. Este conceito de Iniciação é, portanto, completamente diferente do que lhe era atribuído antigamente. ISA – Uma Divindade. Nome com o qual os Muçulmanos designam Jesus. (G. T.). ISHWARA – O SENHOR, ou Deus personalizado. O Espírito Divino, tanto no homem como no Cosmo. O Ishwara é o Princípio Divino em Sua natureza ou condição ativa. É o Espírito (Purusha) particular, a Quem não afetam a dor ou a alegria (as dualidades), nem as ações, nem seus frutos, nem as impressões causadas por eles. N‘Ele é infinita aquela Onisciência que nos demais seres só existe como germe. É o Atma no ser humano, o Eu Sou verdadeiro, e ao mesmo tempo o Eu Universal ou Paramatma (o segundo Aspecto de Brahman). Ishwara, Purusha e Paramatma são termos que designam o SER SUPREMO, isto é, podem ser considerados quase como sinônimos. Com os nomes de Ishwara e Purusha é designado também o ATMA manifestado no homem como Eu Individual. Esta denominação, Ishwara, também é dada a Brama, Vishnu e Shiva, como também a NARÁYANA, como o Ishwara do Planeta Terra.
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J JAGAT – O Cosmo manifestado; o Universo. Significa também: ―o que se move ou vive‖; ser ou criatura vivente; homem, animal, ou ainda o planeta Terra, segundo o sentido em que é empregado este termo. JANAKA – Literalmente ―pai‖, ―progenitor‖. Foi um grande Sábio e um dos Reis da Raça Solar, o qual foi ancestral de outro rei Janaka que foi pai de Sita, esposa de Râma, sétimo Avatar de Vishnu (Naráyana). – Sita era Avatara da Deusa Lakshmi, a Shakti de Vishnu. JANÁRDANA – Literalmente ―Adorado da Humanidade‖. Epíteto de Krishna e Vishnu. JAPA – Recitação repetida de um Mantra ou Sílabas de Poder (OM, ou outras), em voz audível ou mentalmente, principalmente nos atos de adoração, meditação, ou cerimônias religiosas. – Por meio do Japa, as partículas da matéria que constitui os veículos ou corpos do homem se põem em vibração; quando estas voltam novamente a aquietar-se, as partículas que poderiam retardar o processo espiritual do aspirante se desprendem, e pouco a pouco seus corpos, desde o físico aos mais sutis, se vão harmonizando e purificando. (Ensinamentos Śuddhas). O Japa deve ser feito repetindo-se o Mantra 24, 54 ou 108 vezes (sendo mais propício 108), para o qual deve ser usado um Japamala. – Veja Japamala e Meditação. JAPAMALA – Colar ou rosário de 108 contas, de sândalo, de sementes de tulasi ou outras, ou de qualquer outro material (madeira ou pedra, etc.). Pode ser feito também com 54 ou 24 contas, para ser usado de acordo com determinadas práticas, ou com o tempo que se dispõe para meditar. JARA – Morte. (Cap. XVII, v. 26). Porém, este termo significa: idade, velhice, decrepitude. Deve-se levar em conta o sentido, de acordo com o texto em que estiver empregado. JAYADRATHA – Literalmente ―o de carro vitorioso‖. Rei de Sindhu e um dos caudilhos do exército dos Kauravas. Foi morto por Arjuna em renhido combate. JIGNÂSU – Sábio, Filósofo. ―Desejoso de conhecer‖; estudioso, investigador. JIVA – Fragmento Divino (Atma), de Natureza Eterna, atuando no processo samsárico mundanal por meio dos cinco Sentidos e da Mente. (Cap. VII, vs. 19 a 21). – Jiva é o Espírito Individual humano que encarna e reencarna, acumulando, como um patrimônio, a essência das experiências vividas no plano físico através da personalidade (em cada encarnação), como também nos planos mais sutis que habita, entre uma encarnação e outra, como espírito desencarnado. – Jiva é o Atma-Buddhi ou Mônada em seu processo evolutivo. ―Ao Ser, em seu aspecto impuro, isto é, unido à Energia Vital e possuidor de nome e forma, é dado o nome de Jiva.‖ É o Ator, o qual assume
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diferentes personalidades nos papéis que representa em cada encarnação. É a Individualidade, a qual é sempre a mesma, em contraposição à Personalidade, que é transitória. São características do Jiva, em suas diferentes etapas inferiores de evolução, o egoísmo e o egocentrismo. – Veja Jivatma. JIVATMA – Um dos cinco Aspectos de Brahman. É o Atma manifestado como Espírito Individual no ser humano em evolução, o qual encarna e reencarna em vidas sucessivas, acumulando as experiências de cada vida, tanto no plano físico (sujeito ao processo evolutivo do mundo), como também vivenciando experiências nos outros planos mais sutis, nos quais habita como espírito, no intervalo entre uma vida e outra. – Veja Jiva e Brahman.
K KAIVALYA ou ATMA-BHAVA – Unidade; Liberação; Bem-aventurança final. É o estado daquele que já não é escravizado pelas Gunas da Matéria, isto é, pelas contingências próprias de sua natureza, havendo alcançado a Liberação, a Bem-aventurança, a Felicidade Perfeita, a Unidade. É o Poder do Eu concentrado em si mesmo. É o estado de Unidade em que o Yogue sente Deus manifestado em si mesmo. KAIVALYAM – É o Eterno Estado Imutável. A Realização Suprema. KALA – Sintetizador. (Veja Cap. XXV, v. 2). – É também: débil, confuso, som débil. KALÂ – Uma unidade de tempo. Um período de quatro horas. KALPADOW – Período de Pravritti (exteriorização) do processo evolutivo dos mundos. Manvantara ou ―Dia de Brahma‖, isto é, período de manifestação (planetário cósmico ou universal). – Veja Cap. XV, v. 14. KALPAKSHAYA – Período de Nivritti (de interiorização, de subjetividade) do processo evolutivo dos mundos. (Cap. XV, v. 14). – Pralaya ou ―Noite de Brahma‖; período de repouso (planetário, cósmico ou universal). KALYANA – Glorioso(a); resplandecente. – Significa também: bem, fortuna, felicidade, riqueza. KALYANI-PRAKRITI – Matéria sutil gloriosa, resplandecente. KAMA – Um dos cinco estados de consciência do homem em evolução, o qual ainda o mantém escravo da Matéria. É o 3o Purusharta. Desejo; aquilo por meio do qual se desfruta do que é desfrutável. – Veja Purusharta. KÂMA (com circunflexo) – Desejo, apetite, paixão, sensualismo, prazer, amor, concupiscência, apego à existência, etc. É também um dos nomes do ―deus do amor‖, o Cupido da Mitologia Hindu.
-297KAMADHENU – A Vaca Sagrada que satisfaz os desejos; a ―Vaca da Abundância‖. É uma representação alegórica da Terra, da ―Mãe Terra‖, tão rica e pródiga, que tudo dá sem nada receber. KANDARPA – Nome também dado a Kâma, o ―deus do amor‖. KAPILA – Foi um grande Vidente (Rishi) e Sábio, um grande Adepto da antigüidade. Foi o criador da Filosofia Sankhya. Nos Puranas se refere a Kapila como um Ser poderosíssimo espiritualmente. Kapila é também o nome genérico dos Kumaras, os Ascetas-Virgens Celestiais (os Grandes Iniciadores). KARANA – Órgão de ação; instrumento; ação; função; ocupação; causa ou motivo da ação; o corpo (como órgão da alma); órgão do corpo, etc. KÂRANA (com acento) – Causa ou causal (metafisicamente). Significa também: causa em geral; elemento; fator ou causa principal; substância; órgão; agente, etc. KARMA (I) – Ação, em plano físico. Em metafísica, Karma é a Lei de ―causa e efeito‖ ou Lei de Retribuição ou Retorno. Há o Karma de mérito e o de demérito. O Karma não castiga nem recompensa; é simplesmente uma Lei Divina, universal, justa, porém cega. – O Karma, isto é, a Lei, não cria nada; é o homem quem cria as causas, e a Lei Kármica ajusta seus efeitos a fim de restabelecer a harmonia universal. ―A toda ação (causa) corresponde uma reação (efeito) em sentido contrário e de igual intensidade‖; essa é uma lei científica, e a Lei do Karma é de igual natureza. É uma Lei absoluta e eterna no mundo da manifestação. Como disse Paulo, o Apóstolo: ―Tudo o que o homem semear, isso mesmo terá de colher.‖ – Karma é a ação que escraviza o ser à Matéria, isto é, aos planos materiais, às reencarnações sucessivas. Sendo o Karma uma Lei de ―causa e efeito‖, tanto pode gerar o bem como o mal, o castigo, como a recompensa, dependendo das ações praticadas, boas ou más. Uma ação má gerará necessariamente um Karma negativo, assim como uma boa ação gerará um Karma positivo, com toda certeza. Porém, seja boa ou má a ação, seu fruto virá, mais cedo ou mais tarde, nesta ou em outra encarnação, obedecendo à Lei do Retorno, a qual não falha nunca. Ainda que tarde, ninguém escapa a essa Lei. – Somente o Karma-Yoga pode liberar o homem da Lei do Karma. – Veja o Cap. XXII, que é todo sobre a Lei do Karma. Veja também Karma (II) e Karma-Yoga. KARMA (II) – Nos Ensinamentos Śuddhas, a palavra Karma, além de significar Ação, isto é, ―causa e efeito‖, é também usada para designar os atos realizados no Culto Sagrado, como Japas (pronúncia de Mantras), e outros Rituais que ajudam o discípulo na busca da Realização Espiritual. No Cap. XVI, v. 20 desta Gita, a palavra Karma é usada para designar o Paramatma. No ―Karma Dharma Gita‖ (Cap. XXII), Karma significa ―Ação‖ que causa escravidão Devido aos laços engendrados pelas Gunas da Prakriti, isto é, pelas ações do ser humano durante seu processo evolutivo no plano material sujeito às suas leis. – O capítulo citado acima é todo dedicado ao estudo da Lei do Karma e suas implicações.
-298KARMA-NISHTA – Atuação do devoto dedicado a alcançar a Suprema Meta. KARMA-SANNYASA – Renúncia ao fruto da ação. (Cap. XIX, vs. 1 e 2). Significa executar as ações necessárias, sem apego ao fruto gerado por elas. KARMA-SANNYASI – Aquele que pratica as ações necessárias sem apego a seus frutos, sejam bons ou maus, agradáveis ou desagradáveis; aquele que cumpre com seu dever sem se preocupar com os resultados, renunciando a seus frutos. – Veja Cap. XIX, vs. 1 a 7. KARMA-VYAVASAYA – Processo da Atividade ou Ação, constituído pelos ―Meios‖, a ―Ação‖, e o ―Autor‖ da ação. – Veja Vyavasaya. KARMA-YOGA – É a ação executada sem apego, cujo fruto é dedicado à Divindade, não ficando seu autor ligado ao seu resultado, seja ele agradável ou desagradável. KarmaYoga é a ação que liberta, não gerando laços, enquanto que o Karma, isto é, a ação com apego a seu fruto, e sem a Devida dedicação de seus frutos à Divindade, cria laços que escravizam. – Karma-Yoga é ainda mais que ação libertadora, é a transcendência dos atos, a qual é superior à renúncia aos frutos da ação. (Cap. XVIII, vs. 19 a 22). KarmaYoga é, por isso, superior ao Karma-Sannyasa. (Cap. XIX, vs. 1 e 2 e seguintes). – Karma-Yoga significa também Yoga de Ação, isto é, união com o Eu Divino por meio da Ação, da dedicação ao trabalho altruísta em benefício da humanidade, do semelhante ou do próximo (seja homem ou animal), com amor, desinteressadamente. Ainda que a ação seja remunerada, deve ser feita com amor e dedicação, não visando exclusivamente o dinheiro. – Sannyasa e Tyaga fazem parte do Karma-Yoga, como seus componentes. – Veja Sannyasa e Tyaga. KARMA-YOGUE – Aquele que busca a Realização da Divindade em si mesmo através da Ação, seja em obras religiosas, em obras altruístas, ou no cumprimento do dever, realizando as ações necessárias com amor e sem apego a seus resultados. – É aquele que pratica Karma-Yoga. – Veja Karma-Yoga e o Cap. XIX, vs. 6 a 8). KARMENDRIYAS – Um dos Tatwakutas em que se divide o grupo Indriya. São os órgãos motores e de excreção; são cinco: Braços (e mãos); Pernas (e pés); Boca; Genitais; e Ânus. – Veja Tatwas e Indriya. KARNA – Rei do país de Anga (atual Bengala), e um dos caudilhos do exército dos Kauravas. – Era filho de Surya (o Sol) e de Pritha, portanto irmão dos príncipes Pândavas. Nasceu antes do matrimônio de Pritha com Pându; por medo da desonra sua mãe o abandonou na margem do Rio Yamuna, onde foi recolhido e criado pelo condutor do carro do Rei Dhritarashtra. Sua identidade verdadeira foi mantida em segredo até pouco antes de sua morte, no campo de batalha. KARTÁ – Autor; o que realiza a Ação. Agente. KAURAVAS, KURUS ou KURAVAS – Nome patronímico dos príncipes, tanto Kurus como Pândavas, por ser Kuru o ancestral comum de todos eles. Porém, esse sobrenome
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é empregado principalmente referindo-se aos primeiros, isto é, aos filhos de Dhritarashtra. – Kaurava significa ―descendente de Kuru‖. KESHAVA – Nome dado a Vishnu e a Krishna. Significa ―o que repousa sobre as águas‖. Significa também ―de formosa cabeleira‖. KESHI – Nome de um ―daitya‖ (demônio ou gigante) vencido por Krishna em renhida batalha. KEVALA – Estado de Liberação; aquele estado de espectador ou observador que já não é afetado por nada. – Único, puro, inteiro (em outros sentidos). KEVALA-PARAMATMA – É o Aspecto Manifestado do Paramatma. (Cap. XV, resumo dos vs. 5 a 7). KEVALA-SANKHYA – É o Samsara-Tríplice, isto é, Gñana, Iccha e Kriya, ou Conhecimento, Desejo (ou Vontade), e Atividade ou Ação, elementos nos quais se fundamenta toda a Manifestação Cósmica. KHANDAVATARA – É o Avatara (Encarnação Divina) que desce ao plano físico, encarnando entre os homens, quando na humanidade impera o Adharma, isto é, o caos, a violência, a maldade e a corrupção, sendo necessária uma intervenção direta da Divindade, com grande Poder. – Khandavatara é o quarto, em grau de Poder, dentre os cinco graus de Avataras conhecidos como: Avesha, Anupravesha, Amsa, Khanda e Maha-Avatara. – Veja Avatara. KOSHA – Corpo, envoltura. Na classificação dos princípios ou corpos do homem, relacionada com os Tatwas (Princípios Básicos da Matéria, ou formas vibratórias do Éter), os Koshas são: Annamaya-Kosha, ou corpo físico (formado pelos alimentos); Pranamaya-Kosha, ou Duplo Etérico (corpo formado de Prana ou Energia Vital), também chamado Linga-Sharira; Manomaya-Kosha, ou corpo Mental-Emocional (corpo formado pelo Corpo Astral e Mental Inferior, em conjunto); VigñanamayaKosha, Corpo Cognoscitivo ou Búddhico; e Anandamaya-Kosha, ou Corpo de Glória ou Bem-aventurança (Ananda). – Veja a definição de cada um desses corpos, as quais se completam. KOSHA-SANKRAMANAS – Alinhamento dos veículos (ou corpos sutis), isto é, o processo de elevar a consciência, por meio do Yoga, aos corpos sutis, o que é conseguido paulatinamente, à medida que o discípulo avança, pela prática constante da Meditação. – Veja mais detalhes em Alinhamento dos Veículos. KRISHNA – É o mais célebre Avatara de Vishnu (Naráyana); é o ―Salvador‖ da Religião Hindu, e seu Deus mais venerado. – Na Bhagavad Gita, Krishna é a representação da Divindade Suprema, do Atma ou Espírito Imortal, que desce à matéria para iluminar o homem e ajudá-lo em sua evolução. Por esse motivo Ele é representado, na Gita, como guia e condutor (cocheiro) do carro de Arjuna, no campo de batalha. A história de Krishna (concepção, nascimento, a perseguição quando recém-nascido, etc.)
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é muito parecida com a de Jesus, relatada no Novo Testamento. Krishna era primo de Arjuna, de descendência real, porém foi criado por pastores. Era filho da virgem Devaki e de seu esposo Vasudeva (irmão de Kunti), da mesma maneira como Jesus o era de São José, pois, segundo afirmam as histórias da vida de Krishna e de Jesus, tanto Devaki como Maria foram concebidas virgens, por obra da Divindade. – Para escapar à perseguição de seu tio, o rei Kansa (o Herodes hindu), Krishna, recém-nascido, foi entregue à guarda de uma família de pastores que vivia do outro lado do Rio Yamuna. Desde muito jovem começou a predicar e, acompanhado de Seus discípulos, percorreu a Índia ensinando a moral mais pura e fazendo prodígios inauditos. – Krishna é o Senhor do Yoga (Cap. XXVI, v. 75), a Divindade Encarnada. – Sri Krishna foi um HomemDeus, um Maha-Avatara, isto é, a manifestação no plano físico (através de Sua personalidade humana) da metade de ―Amsas‖ (Fragmento ou Raio) do Poder do próprio Senhor Naráyana. – Jesus, o Cristo, pela Sua grandeza, poder e amor à humanidade, foi, sem dúvida, um Mahavatara, pois, através de Sua personalidade humana, manifestou claramente o Cristo Cósmico. – Veja Avatara. KRISHNAGATI – A senda do processo samsárico mundanal, a qual é a causa dos constantes renascimentos do Jiva (ou Alma Individual) sujeito às Trigunas (qualidades da Matéria), isto é, Satwa, Rajas e Tamas. KRIYA – Ação, atividade, labor, dever, culto, ritual, sacrifício, obra (especialmente piedosa), ritual de purificação. É sinônimo de Karma no sentido de ―Atividade‖. KSHARA – É a Prakriti (ou Matéria) manifestada. (Cap. XV, resumo e vs. 5 a 7). Akshara é o Atma atuando na Prakriti, Seu campo de ação. KSHARA-PURUSHA – A Prakriti como um dos componentes do Purusha. – Purusha (o primeiro Aspecto de Brahman) inclui Atma, Shakti e Prakriti, isto é, Espírito, Energia e Matéria. – Veja Cap. XV, resumo e vs. 5 a 7. KSHATRA – Indivíduo pertencente à casta dos Kshatriyas, ou o que é próprio da casta militar. Poder, domínio, supremacia. – Veja Kshatriya. KSHATRA-KARMA – Característica, natureza, deveres e maneiras de atuar de um Kshatra ou Kshatriya. – Veja Cap. XXII, v. 18. KSHATRIYA – A segunda das quatro castas em que estavam divididos (e ainda estão, embora menos rigidamente) os habitantes da Índia. Guerreiro, indivíduo pertencente à casta militar real. As características principais do Kshatriya eram: o valor (a coragem), esplendor material, capacidade organizadora, habilidade, o poder de não esmorecer na batalha (ausência de covardia), a generosidade, a majestade, e outras qualidades morais e espirituais que faziam dele um homem superior, nobre, reto, incapaz de uma traição ou baixeza mesmo com o próprio inimigo, ao qual Devia respeito e consideração fora das horas de combate, pois, nas horas de descanso, à noite, era comum que combatentes de ambos os lados (isto é, das hostes antagônicas) se visitassem e vivessem momentos de camaradagem. Às vezes amigos e parentes lutavam em lados opostos, sem que por
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isso se tornassem inimigos. Um verdadeiro Kshatriya combatia sem ódio, cumprindo seu dever, seu Dharma. Arjuna era um Kshatriya. No Cap. XXVI, v. 13, se alude ao Kshatriya como um ―Paramahamsa‖ ou Rajarshi. – Veja também o Cap. XXII, v. 18. KSHEMA – Felicidade, gozo, bem-estar, dita, Bem-aventurança. KSHETRA – Prakriti ou Matéria – o campo de atuação do Kshetragna ou Atma. – Kshetra é tanto o corpo como o Cosmo. É a Matéria, tanto organizada (no corpo humano, animal, ou vegetal), como inorgânica (mineral). É chamada campo porque, sendo o campo de atuação do Atma (como Jiva) quando encarnado no plano físico, é o ―terreno‖ onde são semeadas as sementes (boas ou más), e onde o ser colhe os frutos de suas obras, isto é, de sua semeadura. É chamada corpo porque é o veículo de manifestação do Eu ou Atma; é também chamada Cosmo, como um todo, isto é, a Matéria em si, da qual o Cosmo é formado. – Veja explicação detalhada no Cap. XXI. KSHETRAGNA – É o Princípio de Vida (Atma) atuando na Matéria. É o Conhecedor do Campo, isto é, do Kshetra (Matéria). – É o Onisciente Morador Interno, o Espírito Individual ou Mônada, que mora no coração do ser humano e de todos os seres do Universo. KUBERA – Deus do Hades (uma espécie de inferno ou purgatório) e das riquezas; o ―Senhor do tesouro‖ (entre os Yakshas e Rakshasas, seus servos). KUMBHAKA – Um dos componentes do Pranayama, o qual consiste na retenção do ar nos pulmões depois de uma inspiração profunda, tanto tempo quanto seja possível, sem causar desconforto. É a retenção do alento, uma pausa entre a inspiração e a expiração. – Veja Pranayama, Puraka e Rechaka. (Cap. XIV, vs. 13 a 17 e resumo). KUNDALINI ou KUNDALI – Literalmente: ―serpentino, enroscado como uma serpente‖. É o ―Poder da Vida‖, uma das Forças da Natureza; Poder Divino, latente em todos os seres. – Kundalini, também chamado Fogo Serpentino, é a manifestação, no plano físico, da primeira Onda de Vida dimanante do terceiro Aspecto do Logos, isto é, de Brahma, a Terceira Pessoa da Trimurti (a Trindade Hindu), o Terceiro Logos da Teosofia. – É uma energia telúrica, originária do Laboratório do Espírito Santo (ou Terceiro Logos), oculto nas entranhas da Terra, emanada do formidável globo ígneo geocêntrico, motivo pelo qual esta força também é chamada ―Poder Ígneo‖. Penetra no ser humano pelo Chakra Fundamental ou Básico (Muladhara), situado na extremidade inferior da medula espinhal (vértebra sacra), e é representada por uma serpente enroscada, com a cabeça pendente. Essa energia permanece adormecida no homem comum; porém há uma pequena manifestação dela já desperta em todo homem, a qual atua noite e dia, embora estejamos inconscientes de sua presença e atividade. Certamente há perigo em despertar os aspectos superiores dessa formidável energia antes que o homem seja capaz de dominá-la e de que tenha adquirido a necessária pureza de pensamento e de conduta que lhe permita liberar, sem perigo, tão tremenda potência. Esta potência é tão formidável que tanto pode matar como criar, tanto ser benéfica como destrutiva, quando totalmente desperta. – Veja Kundali-Yoga.
-302KUNDALI-SHAKTI – É a Energia Vital. – Esta Shakti é uma força poderosa (ainda que latente), a qual está localizada na região coccígea; é representada por uma serpente enroscada, com a cabeça pendente. – Veja Kundalini. KUNDALI-YOGA – É uma das práticas de Yoga que tem por objetivo ativar ou despertar a Energia (Shakti) de Kundalini. Por meio desta prática, contínua, firme e sustentada, o campo de existência dessa energia se expande fazendo-a pôr-se em movimento ascendente, de Chakra em Chakra (como pontos de apoio ou etapas), até alcançar finalmente o Chakra Sahasrara (o Chakra de Mil Pétalas), no alto da cabeça. Esta prática pode ser feita por todos os discípulos adiantados, porém somente até o sexto Chakra, isto é, até o Ajna, pois o funcionamento da energia de Kundalini no sétimo Chakra, o Sahasrara, só é possível aos aspirantes muito adiantados e que, além disso, sejam ―Niyatas‖, isto é, castos desde o nascimento. Aos outros só é possível, incidentalmente, vislumbrar esta experiência. – O aspirante à prática de Kundali-Yoga só poderá atingir sucesso com a ajuda e sob a direção de um Guru, o qual lhe ensinará, em cada etapa de seu desenvolvimento, as Bijáksharas (ou Sílabas de Poder) correspondentes. – Veja Kundali-Shakti e Kundalini. NOTA – Àqueles que desejam despertar o poder de Kundalini, é necessária uma advertência: sem a Devida preparação, isto é, sem antes despertar as qualidades superiores da alma, e sem a orientação de um Instrutor competente, este despertar pode causar grandes sofrimentos e ser seriamente daninho, pois essa tremenda Energia mal dirigida, em vez de subir por Sushumna, de Chakra em Chakra, que é seu caminho correto de ascensão, poderá descer e provocar a ―sexolatria‖, isto é, a prática desenfreada do sexo, taras sexuais, etc. Seu despertar deve ser natural, pois assim estará dirigido pelos nossos Mentores Espirituais, e por nosso próprio Ser Interno. KURU – Antigo rei da Dinastia Lunar que ocupou o trono de Hastinapura e foi ancestral comum dos príncipes Kauravas (ou Kurus) e Pândavas. KURUKSHETRA – ―Campo ou planície de Kuru‖ onde se realizou a batalha do Mahabhárata entre Pândavas e Kauravas. Fica a poucas milhas de Delhi, e é conhecida atualmente com o nome de Sirhind. – Simbolicamente é o Campo do Dever ou o Dharma-Kshetra. KURUNANDANA – Nome dado a Arjuna. – Kuru + Nandana (o que se alegra ou se regozija; alegria, dita). KURUPRAVIRA – De Kuru + Pravira (grande herói, chefe, senhor, príncipe). Nome dado a Arjuna. KURUSATTAMA – Nome dado a Arjuna. – Kuru + Sattama (superlativo de Sat, ―o melhor de todos‖, etc.). KUŚA ou KUSHA – Erva sagrada, de virtudes purificadoras, usada pelos ascetas da Índia. É empregada com freqüência nas cerimônias religiosas. Seu nome científico é Poa Cynosuroides.
-303KUTASTHA – É o Morador Interno da Prakriti (ou Matéria); é o mais baixo dos Aspectos do Paramatma, residindo nos três Tatwakutas: Manas, Buddhi e Avyakta. (Cap. XV, v. 5, resumo 5 a 7). Esta palavra significa também: o Espírito Universal, o Altíssimo, Eterno, Supremo, Excelso. – Significa também: imóvel, imutável; que reside na substância universal e participa de sua identidade.
L LAYA – Um ponto de equilíbrio (ponto ―zero‖ ou neutro) em física ou química. Em Ocultismo é o ponto em que a substância se torna homogênea e é incapaz de atuar ou diferenciar-se. – Laya-Yoga é uma espécie de Yoga que consiste em contemplar com atenção um objeto exterior, ou ouvir o ―Nada‖ (o Som Interno), o qual se percebe tapando os ouvidos. (G. T.). – Porém, LAYA significa muito mais. LINGA-SHARIRA – Este termo designa o ―duplo‖ ou ―duplo etéreo‖ do homem ou do animal. É o Corpo Vital ou ―Corpo Prânico‖, o segundo Princípio (ou corpo) da constituição do homem, chamado Pranamaya-Kosha. Este corpo, que tem a mesma forma do corpo físico, e que por isso tem o nome de ―duplo‖, é um veículo acumulador de Prana ou Vida, cuja corrente dirige e distribui com regularidade, conforme as necessidades do organismo. É também o fator que perpetua os tipos orgânicos do homem e dos demais seres viventes, determinando seus limites de estrutura; desenha e molda suas formas orgânicas, bem como as características típicas da espécie e da raça, e ainda certos traços de família. Em resumo, é o agente que preside a evolução das formas orgânicas. É no Linga-Sharira, principalmente, que têm origem as enfermidades; porém ele mesmo, provocando reações, crises, assim como outras operações saudáveis, se converte em ―força medicatriz‖, quando o organismo sofre alguma doença. Neste corpo está o segredo dos efeitos da medicina homeopática, a qual usa doses infinitesimais e dinâmicas de medicamentos. – Não se deve confundir este ―duplo-etérico‖ com o ―Linga-Sharira‖ da Filosofia Sankhya, o qual é totalmente diferente, tanto em seu significado, como em seu funcionamento. O Linga-Sharira, do qual estamos tratando, é a ponte de comunicação entre a alma ou espírito e o corpo físico denso, e corresponde ao perispírito da Filosofia Espírita. – Veja Kosha e Pranamaya-Kosha. LOKA – Mundo, local, esfera, plano; uma região ou lugar circunscrito. Os Puranas (coleção de livros simbólicos e alegóricos da Índia) falam de sete Lokas ou Mundos acima, e sete abaixo da superfície da Terra; de Céus e infernos; isto é, de mundos superiores e inferiores. LOKADHIKARIS – Adhikaras ou Hierarcas que governam os 7 Mundos (superiores) ou Lokas – o mesmo que Adhikara-Purushas. LOKAYATRA ou SHARIRAYATRA – Processo evolutivo do Ser. (Cap. XI, v. 16).
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M MA – Um dos nomes dados à Deusa LAKSHMI. Também significa Luz, Conhecimento, etc. – No Cap. XXV, v. 14, MA se refere à Brahma-Shakti. MADBHAVA – Natureza, condição, ou o ser próprio (da própria pessoa). Aquilo que é ou participa do próprio ser; essência ou natureza própria (de si mesmo). MADHAVA – Epíteto de Vishnu e de Krishna. Literalmente: ―Senhor ou matador de Madhu‖. (Madhu, um Daitya gigante ou demônio, morto por Krishna na batalha). É também o mês de abril. MADHUSUDANA – Epíteto de Krishna (o mesmo que Madhava). MAHA – Grande, poderoso, rico, abundante. MAHABHÁRATA – Veja no artigo ―O Mahabhárata e a Gita‖, na 1 a parte deste livro, a descrição detalhada do que é o ―Mahabhárata‖. MAHABHUTAS – Uma das quatro subdivisões do Indriya-Tatwa. São os cinco elementos mais grosseiros que compõem a Matéria; são: Éter, Ar, Fogo, Água e Terra. – Veja Tatwas e Indriya. MAHARISHI – Literalmente, ―Grande Rishi‖. De Maha – grande, e Rishi – Sábio. Um ser iluminado, elevadíssimo; um Santo, um Vidente (de Visão Transcendental). – Veja Rishi. MAHASIDDHA – Literalmente, ―Grande Siddha‖. Um ser iluminado, divino, poderoso e sábio, possuidor de poderes (ou Siddhis) extraordinários e divinos. – Veja Siddha. MAHA-SIDDHA-MANTRA – Mantra de grande poder. O Mantra de invocação e adoração à Deusa Durga, recitado por Arjuna antes da batalha, é um Maha-Siddha-Mantra, o qual faz parte do primeiro capítulo desta Gita. (Cap. I, resumo dos vs. 27 a 29, e o Hino à Durga, vs. 13 a 26). – Veja Durga. MAHAT ou MAHANT – Primeiro elemento diferenciado, o que segue depois da diferenciação da Mula-Prakriti (Elemento-Raiz ou Matéria Indiferenciada). Primeiro Princípio de Consciência e Inteligência universais (ou cósmicas). A faculdade do Princípio Mahat corresponde a Buddhi, o Intelecto, cujas funções são: a Inteligência, a Cognição, o Conhecimento, o Discernimento, a Intuição, etc. É o Princípio da Intelecção e da Razão Pura. É o produtor de Manas (como princípio pensador). Também se designa Mahat como Buddhi ou Mahabuddhi. – Buddhi é a faculdade do Princípio Mahat, porém Mahat é freqüentemente referido como sinônimo de Buddhi. Mahat corresponde ao Plano Anupadaka, também chamado Go-Loka. – Veja Buddhi. MAHATMA – Literalmente ―Grande Alma‖. Mahatmas são Seres elevadíssimos, santos e sábios, que já lograram superar todas as qualidades inferiores. São possuidores de
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grande conhecimento e poder, proporcionais ao nível alcançado em sua evolução. São também, às vezes, denominados Siddhas, Seres que, por Sua inteligência e santidade, são considerados quase perfeitos. MAHAT-PRAKRITI – Matéria (sutilíssima) conhecida como Adi. – Plano onde germina a Semente Divina ou o Germe da Criação. (Cap. XV, v. 3). Este é o Plano que inclui todos os centros de onde emanam todas as manifestações com forma. (Cap. XV, v. 4). MAHAVAKYA – Este termo quer dizer aforismo ou máxima. Frase curta que sintetiza um grande Ensinamento. – Śuddha-Mahavakyas são os aforismos que constituem a base dos Ensinamentos da Doutrina ensinada pelos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam, os quais sintetizam esses Ensinamentos. São três: – Sarvam Tat Kalvidam Brahm = Tudo isto é verdadeiramente Brahm; – Sarvam Brahm Swabhavajam = Tudo é da natureza de Brahm; – Sarvam Avasyakam = Tudo é necessário. MAHESHWARA – Literalmente Grande Deus, ou Senhor. O Supremo, o mesmo que Paramatma – o Transcendente. É também um dos títulos dados a Shiva (Maha + Ishwara). Este título também é dado a Brahma e a Vishnu, porém é mais usado para designar Shiva. MAHESHWARI – Este é um dos nomes dados à Suprema Deusa Yoga-Devi em Seu Aspecto de Durga (Shakti de Shiva). MAKARA – Literalmente ―crocodilo‖. Entre os Hindus é o veículo (ou montaria) de Varuna, Deus das Águas. No Zodíaco representa Capricórnio. – Veja Varuna. MANAS – Literalmente, ―a Mente‖. Segundo a Doutrina Śuddha, Manas é a Mente Inferior, isto é, a manifestação inferior do Princípio Intelectual (Mente Superior ou Buddhi) que, associada ao Princípio Emocional, cujo assento ou apoio está no Corpo Astral (também chamado Corpo de Desejos), formam, em conjunto, o Corpo MentalEmocional (ou Mente-Emoção). – No Glossário Teosófico, Manas tem o significado de Mente somente, a qual é dividida em Mente Superior ou Manas Superior, e Mente Inferior ou Manas Inferior. – Na Doutrina Śuddha, o que corresponde à Mente Superior é Buddhi (também referido como Intelecto), a Faculdade do Ser que opera no Plano Mahat como Princípio da Intelecção, da Razão Pura, da Intuição e do Conhecimento Superior, os quais pertencem à Individualidade, isto é, à Alma Imortal e Eterna. – Manas é também o veículo de Buddhi, o qual atua através dele como Princípio Pensante, a faculdade mental que faz do homem um ser inteligente e moral, o que o distingue do simples bruto. Manas é aquilo que, aliado a Buddhi, em nós pensa, raciocina, aprende e retém os conhecimentos adquiridos, atuando através do cérebro físico, seu órgão de expressão. – A Mente Inferior, também chamada Mente Concreta, aliada ao Corpo Astral, no qual estão sediadas todas as emoções (tanto elevadas como inferiores, positivas e negativas), os quais, funcionando em estreita sintonia, formam o Corpo Mental-Emocional, é o que predomina na quase totalidade da raça humana atual, com exceção de uma relativamente pequena minoria. – É através de Manas que o Jiva
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(o Espírito Individual) evolui realmente, encarnando e reencarnando no plano físico, adquirindo experiências em vidas sucessivas, assumindo em cada vida uma personalidade diferente, a qual ele conserva após a morte do corpo físico, por um período de tempo que varia, de acordo com a evolução do espírito, até reencarnar novamente. – Manas (Mente e Emoção) é, em realidade, o que funciona no ser humano em estado de vigília. É aquilo que, como instrumento do Eu, nele é consciente enquanto desperto, que o faz viver a vida cotidiana, ser consciente de seus atos, de seus deveres e obrigações (para com ele mesmo, para com seus semelhantes e para com a sociedade); é o que o induz a fazer e realizar projetos e ideais, como também o que o faz sentir tristeza e alegria, dor e prazer, bem como todas as emoções e sentimentos (tanto elevados como inferiores); é também a sede da memória, na qual ficam registrados todos os fatos, todas as experiências e aprendizado da vida presente (gravados no subconsciente), e cuja ―essência‖ é incorporada ao Espírito, gravada em seu Corpo Causal (ou Corpo Akáshico), constituindo fator de evolução ou involução (segundo sua natureza), determinando o karma de cada um. – É em Manas que se concentra a ação do Ahamkara (a ―Consciência do eu‖ ou ―Consciência de ser‖), o princípio egoísta que faz o homem considerar-se um ―eu‖ separado dos outros ―eus‖ e do Eu Universal, isto é, do Espírito Universal que Se manifesta igualmente em todos os seres. Portanto MANAS, constituído pelo Mental Inferior e pelo Corpo Astral (ou Corpo Emocional) associados ao Ahamkara, sintetiza os Princípios que formam a alma humana, o ―eu inferior‖, isto é, a Personalidade, a qual se manifesta no plano físico através do corpo físico denso e do duplo-etérico, sua contraparte sutil (cópia exata do corpo físico). Estes dois últimos, como um conjunto, são somente seu veículo de manifestação, ou instrumento de atuação no plano físico, pois os dois são constituídos da Matéria pertencente ao planeta, e a ela devem retornar com a morte do corpo físico. – Tanto a Mente Superior como a Mente Inferior se expressam no ser humano através do Manomaya-Kosha (corpo ou veículo de Manas), o qual é o ponto de apoio de ambas, e o ponto de contato entre a Individualidade ou Eu Superior, e a Personalidade ou ―eu inferior‖, através da Intuição. – O homem é constituído de vários corpos, os quais interagem entre si. Desta maneira uns influenciam os outros em suas ações e reações, positiva ou negativamente, de acordo com a evolução já alcançada pelo Jiva (a Alma em evolução) segundo a capacidade da Personalidade de captar, entender e pôr em prática a orientação que lhe é enviada pela Individualidade, isto é, pelo Eu Superior. – Assim o Corpo Astral, sede das emoções (tanto das mais elevadas, como das inferiores, incluindo as paixões e instintos mais baixos do ser humano), está intimamente relacionado com o Corpo Mental Inferior formando o Mental-Emocional ou Manas, no qual são gerados todos os pensamentos, tanto superiores, elevados e altruístas, inspirados pela Individualidade ou Eu Superior, como também os inferiores, baixos, egoístas e perversos, inspirados pela natureza ainda pouco evoluída do ser humano no nível evolutivo em que a grande maioria da humanidade ainda se encontra. – Portanto, de acordo com a evolução alcançada pelo ser, a ação e reação destes Princípios (Mental e Emocional) unidos ao Ahamkara, são a causa responsável pelo bom ou mau comportamento do ser humano, determinando o caráter e a índole de cada um. – É importante estudar e entender o que
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é realmente MANAS, de que Princípios é composto, como funciona no ser humano, suas reações e seus caprichos (em nós mesmos e em nossos semelhantes), para que possamos analisar nosso comportamento, nossas reações (boas ou más), nossos conflitos, erros e acertos, e assim ter consciência daquilo que em nós deve ser trabalhado, modificado, aperfeiçoado e incentivado, dando mais atenção e buscando ouvir mais a voz de nossa Intuição para entender cada vez melhor a orientação de nossa Individualidade, de nosso verdadeiro Ser. Assim aprenderemos a analisar e entender melhor também nossos semelhantes, aqueles com quem convivemos, tanto em nossos lares (nossos familiares) como em nosso trabalho e na sociedade em que vivemos, sendo assim mais felizes, e fazendo mais felizes os demais. – Mental-Emocional ou Mente-Emoção é o significado do termo MANAS, tanto nesta Gita, como em toda a Literatura da Doutrina Śuddha. – Veja Manomaya-Kosha, Kosha, Ahamkara e Buddhi, neste glossário. MANAS-VYAVASAYA – É a Devoção constituída pelo ―Devoto‖, a ―Devoção‖ (propriamente dita), e o ―Objeto‖ da Devoção. – Veja Vyavasaya. MANDALA – Literalmente ―Círculo‖. É também o conjunto das dez divisões do RigVeda. O disco do Sol ou da Lua; território, coleção, grupo, multidão. É também a ―diversidade na unidade‖, isto é, um conjunto constituído de vários objetos de formas e cores diferentes, formando um todo harmônico, o qual não tem que ter necessariamente a forma de um círculo; pode ser quadrado, por exemplo, desde que haja harmonia em seu conjunto, isto é, em seus componentes. MANDALAM – Este termo é derivado da palavra Mandala e é usado para designar a mais antiga e sagrada Ordem Esotérica deste planeta, constituída pelos mais elevados Seres que dirigem a evolução da humanidade. Essa Ordem Sacratíssima e Secretíssima é a Divina Hierarquia denominada Śuddha Dharma Mandalam (cuja constituição está citada no Cap. IV, resumo 6-7), a qual tem a seu cargo o Governo Espiritual da Terra. – Veja Śuddha Dharma Mandalam. MANDARA – Segundo a Doutrina Śuddha, é o Sagrado Plexo entre as sobrancelhas, o Ajna-Chakra ou Chakra Frontal. Está situado sutilmente entre as sobrancelhas, na raiz do nariz. (Cap. I, v. 14). – O Glossário Teosófico dá outro significado. MANES – Espíritos benéficos ou ―deuses‖ do mundo inferior chamado Kâma-loka (mundo dos desejos, correspondente ao Plano Astral). Espíritos dos mortos, deificados pelos antigos pagãos, e os espíritos materializados dos modernos espíritas (G. T.). – São espíritos desencarnados, de certa evolução (benéficos), que às vezes se manifestam nas sessões espíritas para orientar e ajudar, como também para curar, e são chamados Guias e Protetores, os quais vivem e trabalham no Plano Astral, o plano mais próximo do plano físico em que nos encontramos, e que amorosamente ajudam e protegem os que ainda sofrem mergulhados na matéria, como também no próprio Plano Astral. – O Plano Astral, sendo o plano imediatamente superior ao plano físico em ordem de sutileza, é o plano que a alma humana habita logo depois de seu desencarne, isto é, logo depois de
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deixar o corpo físico. Esses Guias e Protetores realmente ajudam, guiam e protegem tanto os encarnados como os desencarnados, com grande amor e dedicação. MANOMAYA – Constituído ou formado pela Mente; de natureza mental. – Veja Manomaya-Kosha. MANOMAYA-KOSHA – É o Corpo Mental, veículo ou Kosha de Manas (MentalEmocional). É o terceiro corpo do homem (partindo do físico, em ordem crescente) na classificação dada na Doutrina Śuddha. Esse corpo (explicando de uma maneira bem simples) é o assento ou apoio tanto da Mente Superior pertencente à Individualidade (ou Eu Superior), como do Mental Inferior que, aliado ao Corpo Astral (sede das emoções), constitui MANAS, o Corpo Mental-Emocional, o qual vem a ser a alma humana, isto é, a Personalidade do ser encarnado. – É o Manomaya-Kosha o ponto de união ou de contato, isto é, de comunicação, entre a Individualidade (a Alma Individual Imortal) e o ―eu inferior‖, a Personalidade (transitória e passageira), por meio da qual o Ser se manifesta no plano físico (em vidas sucessivas), evoluindo através das experiências vividas como ser humano. – De acordo com a Doutrina Śuddha, o homem é constituído de cinco corpos ou Koshas, e suas definições diferem das que são dadas por algumas Doutrinas e Escolas. Porém, fazendo uma comparação entre várias definições (umas mais detalhadas, outras mais sintéticas), vemos que as diferenças estão somente na análise dos mesmos (isto é, dos corpos do homem), segundo o aspecto ou atuação do Ser em cada plano de consciência. – Veja Kosha, Manas, e as definições de cada corpo, onde cada um é descrito detalhadamente. No termo ―Kosha‖ é dado o nome de cada corpo. MANU – O Grande Legislador Hindu. Este termo deriva da raiz sânscrita ―Man‖ que significa pensar, humanidade. É o primeiro dos Manus, que surgiu ou nasceu de Swayambhu – ―o que existe por si mesmo‖. Ele é, portanto, o Logos e o Progenitor da humanidade. Este Manu referido aqui é o Primeiro Legislador, um Ser divino. Para diferenciá-Lo dos outros Manus, foi-lhe dado o nome de Manu Swayambhuva, que significa Homem Celeste, ―Adam Kadmon‖, a síntese dos Quatorze Manus. MANUS – Os Quatorze Manus são os Patronos ou Guardiões dos Ciclos de Raça de um Manvantara ou ―Dia de Brahma‖. Os Manus primitivos são sete, porém, segundo os Puranas, são quatorze. O reinado de cada Manu equivale a um Manvantara (cada Manvantara se divide em 7 Rondas). Esotericamente, cada Manu, como Patrono Antropomórfico da Raça de seu ciclo especial, é a Idéia Personificada do Pensamento Divino, sendo, portanto, cada um dos Manus o Deus especial, o Criador e Modelador de tudo quanto aparecer durante Seu próprio ciclo de existência, ou Manvantara. (Doutrina Secreta, I 93). – No ―Sanátana Dharma Dípika‖ há referência especial somente a Quatro Manus como Guardiões da Terra, os Quais levam a cabo o Plano Divino. – Os Quatro Manus referidos na Doutrina Śuddha vieram do Mandala de Vênus, junto com o Senhor Naráyana, Sri Yoga-Devi, e os principais Membros da Divina Hierarquia. – Veja Śuddha Dharma Mandalam.
-309MARANA – Nesta Gita este termo é usado com o significado de ignorância (Cap. XVI, v. 26). Porém no Glossário Teosófico significa ―morte‖; não obstante, morte, neste mesmo versículo citado, é designada com o termo Jara. MARGASIRSHA – Mês constituído pela segunda quinzena de novembro e a primeira de dezembro. Antigamente era o primeiro mês do ano, o melhor de todos, por estarem as colheitas maduras e mitigado o excessivo calor, pelas chuvas periódicas. MARUTS – São Deuses, Gênios ou personificações dos ventos e amigos ou aliados de Indra, o ―Deus do Firmamento‖. Seu chefe é Marishi, o Qual é considerado pelos Brâhmanes ―a Luz Personificada‖, o Pai de Surya, o Sol. MAYA – Literalmente ―Ilusão‖. É o Poder Cósmico que faz possíveis a existência fenomenal e as percepções da mesma. Segundo a Filosofia Hindu, só aquilo que é imutável e eterno merece o nome de realidade. Tudo o que está sujeito a câmbio ou mudanças por decaimento ou diferenciação, e que portanto tem princípio e fim, é considerado como Maya, é ilusório. A única realidade é o Espírito (o Atma), por ser eterno e imutável. – Na Literatura Śuddha, a palavra Maya denota a Matéria ou Prakriti, a qual, compenetrada pela Brahma-Shakti, é de tríplice natureza: Devi, Esha e Gunamayi. Estas naturezas se denominam, em conjunto, ―Maya‖, e se manifestam em seus aspectos criacional, funcional e de consumação. MAYA é a Prakriti unida à Brahma-Shakti, atuando no processo samsárico mundanal, ou processo evolutivo do mundo. – Na Literatura Sagrada é considerada como a ―Ideação Infinita‖, a qual também é conhecida como MA (Princípio Feminino) ou Yoga-Devi. – Veja o estudo detalhado e profundo de ―Maya‖ na ―Introdução ao Estudo da Gita‖ no princípio deste livro. – Este termo é de muito vasto significado; aqui só é dada uma restrita definição. MEDITAÇÃO – Veja Dhyana. MERU – Nome de uma suposta Montanha Sagrada, elevadíssima, no centro (ou ―umbigo‖) da Terra, onde está situado o Swarga (Céu, Paraíso, Mansão Celestial, Mansão dos Deuses e Bem-aventurados); é o Olimpo dos Hindus. Meru não é uma montanha de terra na superfície do globo; é a linha divisória que separa a atmosfera terrestre do Ar Superior, isto é, do Éter puro. Além de Meru, isto é, desta linha divisória, está o Prana Celeste, a Mansão dos Deuses, nos Planos Sutis superiores que envolvem o Planeta. MOKSHA – Literalmente Liberação. Liberação do vínculo com a carne, isto é, com a Matéria, ou da vida na Terra. Moksha significa: desligamento, emancipação, salvação; é a liberação definitiva dos laços do corpo e da Matéria em geral. Aquele que alcançou Moksha está livre dos nascimentos e mortes, tendo alcançado o estado de Suprema Bem-aventurança ou Beatitude Brâhmica. É o mesmo que Mukti. MUKTA – Livre, liberto, emancipado, beatificado ou salvo. Aquele que aspira a Moksha (ver Moksha). O Espírito livre da existência condicionada, liberto da escravidão da Matéria. (Ver Cap. XI, v. 24 e resumo).
-310MUKTI – O mesmo que Moksha (ver este termo). Liberação. MULA – Raiz, base, fundamento, origem, princípio, causa, etc. MULA-PRAKRITI – Matéria Indiferenciada ou Avyaktam. – Mula significa: Raiz, base, origem, princípio, causa, etc. – Prakriti é a Matéria em todos os graus de sutileza, desde a mais sutil e divina à mais densa do plano físico em que habitamos. A Mula-Prakriti é pois a Matéria-Raiz ou Substância Primordial, base fundamental de todo o Cosmo manifestado. – Purusha (o Ser) – o Princípio Divino Masculino (Pólo Positivo), e a Mula-Prakriti (o Não-Ser) – o Princípio Divino Feminino (Pólo Negativo), fazem parte da Natureza de Brahman. – Diz o Glossário Teosófico, em resumo: ―A MULA-PRAKRITI é a Raiz Parabrâhmica, o Abstrato Princípio Divino Feminino, a substância ou Matéria Cósmica Indiferenciada (Akasha) ou Matéria Primordial, eterna causa material, a substância imanifestada de todo ser, ou seja, a massa imensa de matéria informe, caótica, da qual surgem todas as formas ou manifestações materiais do universo manifestado (visível e invisível), assim como da informe massa de barro saem todas as figuras e vasilhas que o oleiro fabrica. A Mula-Prakriti é chamada pelos Vedantinos ‗o Parabrahman‘, já que dela emanam todas as formas manifestadas.‖ – Veja Prakriti, Purusha e Parabrahman, cujos significados se completam mais detalhadamente. MUNI – Literalmente ―silencioso‖. Santo, iluminado; asceta que possui uma natureza quase divina. O mesmo que Samatma. Por sua santidade e austeridade, o Muni é dotado de grande sabedoria e poderes sobre-humanos. Maha-Muni, ―O Grande Silencioso‖, é um título dado a Bhagavan Naráyana.
N NAGA – Literalmente ―Serpente‖. É o nome dado, na Índia, aos ―espíritos-dragão‖ e ―espíritos-serpente‖, como também aos habitantes do Patala (região infraterrestre ou mundos inferiores). No Esoterismo este é um nome dado aos ―Homens Sábios‖ ou Adeptos. Na China e no Tibete, os ―Dragões‖ são considerados como divindades tutelares do mundo, em vários pontos da Terra. O Naga é sempre um homem sábio, dotado de extraordinários poderes mágicos, tanto na Índia, Caldéia, China, e no antigo Egito, como na América do Sul e Central. Seu rei e senhor é Ananta, a Serpente da Eternidade. – NAGA é um termo de muito extenso e variado significado e simbolismo. Damos aqui somente uma ligeira e resumida idéia de seus múltiplos significados. NAISHKARMYA – Atuação no processo evolutivo mundanal (Samsara), sem apego ao fruto das ações, e sem ficar atado pelos seus resultados, os quais geram escravidão kármica. Transcendência dos resultados da ação. NAISHKARMYA-SIDDHI – ―Transcendência dos atos‖ (isto é, não estar apegado nem aos próprios atos), a qual é superior à ―transcendência dos resultados‖ da ação, ou seja,
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estar desapegado dos frutos da ação, estando acima deles. É o mesmo que AbhyasaKarma. – Veja Naishkarmya. NAKSHATRA – Estrela, astro, constelação. Um dos nomes do Planeta Vênus. NAKULA – O quarto dos príncipes Pândavas, irmão de Arjuna e filho de Mâdri, segunda esposa de Pându; era um dos generais do exército Pândava. NAMAH ou NAMAHÁ (em idioma Pali = NAMŌ) – Significa: ―Humildemente eu creio, adoro e reconheço o Senhor.‖ – Significa também saudação, acatamento, o ato de inclinar-se em sinal de respeito, reverência, adoração, entrega. NAMASTÊ – Saudação que se faz com as mãos postas, cujo significado corrente é: ―Deus em mim saúda Deus em ti!‖ NAMŌ – O mesmo que ―Namah‖ ou ―Namahá‖. – Veja Namah. NARA – É o Hierarca (o Poderoso Maharishi) que ocupa o alto cargo de Secretário do Mandalam na Divina Hierarquia ou Governo Espiritual do Planeta Terra. Ele é o ―Representante Mediador‖ da Humanidade, e seu Porta-Voz junto ao Ishwara Terrestre, NARÁYANA, o Senhor e Governante Supremo, que dirige toda a evolução da Terra. – Literalmente Nara quer dizer ―Homem‖, o Homem Original e Eterno. Nara e Naráyana são duplo Avatara de VISHNU (em plano mais alto). Os dois estão sempre juntos, e sempre que Naráyana Se manifesta como Avatara no plano físico, Nara O acompanha; por isso, no Cap. I, v. 30 desta Gita, Sanjaya se refere a Arjuna e Krishna como os ―Divinos Gêmeos Nara e Naráyana‖. No Mahabhárata são feitas abundantes referências a Sri Krishna e a Arjuna como Avataras de Naráyana e Nara. Nara é o Regente do Vasudeva Rekha (o Raio ao qual pertence a Humanidade), do qual os 7 Raios conhecidos são subdivisões. – Veja Naráyana e Rekha. NÁRADA – Um dos Sete Hierarcas que atuam mais próximos ao Senhor Naráyana. Nárada é o Governante ou Senhor do Satya-Loka (o Sétimo Céu), Mundo de Sabedoria e Pureza Supremas (a Mansão Celestial de Brahma e dos Deuses), e é Quem outorga a Sabedoria Espiritual. Nárada é um dos Sapta-Rishis (os Sete Rishis), Governantes dos Sete Mundos (Lokas), de acordo com a Literatura Śuddha. NARA-NARÁYANA – É um dos nomes do Senhor Naráyana, o Supremo Diretor da Divina Hierarquia. – Veja Naráyana e Yoga-Naráyana (Vishnu). NARÁYANA ou NARA-NARÁYANA – Bhagavan Naráyana é o Supremo Senhor e Diretor da Divina Hierarquia chamada Śuddha Dharma Mandalam, o Governo Espiritual do Planeta Terra. Sendo Avatara de Maha-Vishnu, o Senhor da Preservação, Ele é o Representante do próprio VISHNU, o Ishwara de nosso Sistema, em nome do Qual atua, e do Qual exerce todas as funções neste planeta. – Descendo do Mandala de Vênus há dezoito milhões de anos (cumprindo desígnios divinos), resplandecente com o Divino Fogo de Brahma, do Qual também exerce a função de criação (sem contudo ser Seu Representante, pois Ele só o é de Vishnu), o Senhor assumiu a condição de um Rishi,
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com o propósito de proteger o processo de evolução dos Jivas ou Egos evolucionantes neste mundo (o qual tem a Seu cargo), e como Supremo Senhor governa toda a evolução deste planeta. – Em todas as Suas funções Sri Yoga-Devi (normalmente referida como Lakshmi, que é um de Seus vários Aspectos) atua como Sua Shakti, sendo Ela, como Representante da Brahma-Shakti, a Divina Executora de Sua Vontade. Este Divino e Poderoso Ser é o NARÁYANA (ou Supremo Governante) do planeta Terra. – Segundo os Mestres Śuddhas, cada planeta tem seu Naráyana, assim como cada sistema planetário, cada galáxia, cada sistema de galáxias, etc. Também se denomina ―Naráyana‖ o Atma (o Eu Divino ou Cristo) que reside no coração de cada ser humano, manifestado como Jiva (ou Alma Individual). Todas as referências feitas na Literatura Śuddha a Bhagavan Naráyana, ou simplesmente Naráyana ou NaraNaráyana, são, com raras exceções, feitas a esse Excelso Ser que é o Rei do Mundo, o Supremo Senhor da Terra. – NARÁYANA é o DIVINO PAI – Aquele a Quem Jesus Se referia quando dizia: ―O PAI que Me enviou.‖ NIRAPEKSHA-STHITI – Condição de firmeza. (Cap. XIV, resumo do v. 12). NIRGUNA ou NIRGUNAM – Sem Gunas, isto é, sem forma, sem atributos nem qualidades. Este termo indica impersonalidade. Como todos os seres (dos mais materiais aos mais elevados e sutis) estão sujeitos às Gunas ou qualidades da Matéria (Prakriti), só se pode qualificar de Nirguna (nir = sem, e guna = forma, atributo ou qualidade) o Espírito Puro, o Purusha, isto é, o Ser, em Seu estado de pureza absoluta essencial. Este termo é o oposto de Saguna, que significa ―com Guna‖ (com forma, atributos ou qualidades). – Nirguna é o segundo estágio de Dhyana, isto é, a Meditação no Atma como pura luz, sem forma definida, sem atributos ou qualidades. Na descrição do termo Dhyana estão contidos alguns Ensinamentos da Doutrina Śuddha, bem como práticas de Meditação, tanto a básica (1o estágio ou Saguna), para os principiantes, como o 2o e 3o estágios (Nirguna e Śuddha), para os aspirantes já mais adiantados. – Veja Dhyana. NISHTA – Disciplina, conduta, senda ou regra de vida seguida pelo aspirante de acordo com a Meta a ser alcançada. (Cap. VI, resumo e vs. 8 a 11). NITI – Prudência, ética moral. Conduta em geral, modo de proceder, retidão, etc. – Porém, no Cap. XXVI, resumo do v. 78, significa Conhecimento (Gñana). NIVRITTI – Caminho subjetivo, interno, voltado para dentro de si mesmo; retorno, passividade, cessação, inatividade, repouso, renúncia. Não-Ação ou abstenção da ação. Abstração ou interiorização (caminho de Regresso). É o contrário de Pravritti ou exteriorização. – Veja Pravritti, cuja explicação complementa detalhadamente o significado de Nivritti. – É importante esta complementação. NIVRITTI-KARMA ou VIKARMA – Abstenção das ações incorretas. (Cap. XXIV, v. 3). NIVRITTI-SAMSARA – Processo interno ou subjetivo de evolução do mundo e dos seres que nele habitam.
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O OJAS – Energia, força, vigor, poder, vida, luz, esplendor; potência ou força vital. – No Raja-Yoga, esse termo define todas as energias do corpo e da Mente transformadas em força espiritual e armazenadas no cérebro. (Swami Vivekananda). OM – Veja AUM (a primeira palavra da letra A). – Esta palavra foi colocada no princípio deste glossário como um ato devocional, como uma invocação de Bênçãos para este trabalho. – Veja também a palavra PRANAVA. OM TAT SAT – Estas três Sílabas Sagradas são freqüentemente usadas em conjunto como término de uma prática devocional, de uma oração, de um escrito ou palestra sobre temas espirituais, etc., e equivalem (neste caso) a uma invocação de Bênçãos. – Cada Sílaba, separadamente, significa: – OM (AUM) = Brahm em Sua Natureza Transcendente; – TAT = Brahm em Sua Natureza Manifestada; – SAT = Brahm em Sua Natureza Imanente. – Estas são as Três Naturezas de Brahm: Transcendente ou Śuddha, Manifestada ou Saguna, e Imanente ou Nirguna. – Veja estas três Sílabas definidas separadamente neste glossário.
P PANCHAJANYA – A concha do demônio marinho Panchajana, utilizada por Krishna à maneira de corneta militar. PÂNDAVA – Filho ou descendente de Pându. Nome patronímico dos príncipes primos e rivais dos Kauravas. Estes príncipes, cujos nomes respectivos são: Yudishthira (o primogênito), Bhima, Arjuna, Nakula e Sahadeva, representam, na Bhagavad Gita, a natureza superior do homem, com suas tendências e aspirações mais nobres e elevadas. PANDITA ou PANDIT – Sábio, ilustrado, douto. Aquele cujas ataduras causadas pelo apego ao fruto das ações foram consumidas pelo fogo do Conhecimento. PÂNDU – Pai dos príncipes Pândavas, primos e adversários dos Kauravas. Era irmão de Dhritarashtra que, por ser cego, teve que renunciar ao trono em seu favor. Deriva desse fato o ódio de Duryodhana (primogênito de Dhritarashtra) contra seus primos (os Pândavas), por julgar-se com direito à coroa que, por direito, pertenceria a seu pai (por ser o filho mais velho), não fosse ele fisicamente deficiente. PAPA – Literalmente: mal, dano, pecado, falta, crime, etc. Pecados ou ações praticadas para proveito próprio. No Cap. XVI, v. 18, o sentido é diferente, não tão negativo. No Cap. XXV, v. 25, seu significado é o literal, isto é, ―pecado‖. – Veja os versículos citados.
-314PARA – Infinito, superior (em Filosofia); o último limite. PARÁM é o fim e meta da existência. PARAPARA é ―o limite dos limites‖. – Para é uma expressão que indica o que excede certa medida, ou que está ou se estende mais além de certo ponto; ―mais além de‖ ou ―acima de‖. É também supremo, altíssimo, sublime, último. Como substantivo: o Absoluto, o Espírito Supremo, a Bem-aventurança final. PARABRAHMAN ou PARABRAHM – Literalmente ―superior a Brahman‖. É o Absoluto, a Realidade sem atributos, o Princípio Universal, Impessoal e Inominado. É o Supremo Princípio, Eterno, Onipresente, Infinito, Imutável, Incognoscível, e Inefável. É o Único Todo Absoluto, a Única Absoluta Realidade; é ―AQUILO‖, o Supremo, eternamente Imanifestado, que antecede a todo o manifestado. É a Causa sem causa do Universo, Raiz sem raiz de ―tudo que foi, é, e será‖. É Supremo como Causa e não-supremo como Efeito; é Causa e Efeito ao mesmo tempo. É, como Realidade, ―Uno sem segundo‖, o ―Oni-inclusivo‖ Cosmo; o Infinito Espaço Cósmico no mais elevado sentido espiritual (como deve ser entendido). É, em suma, o congregado coletivo do Cosmo em sua infinitude e eternidade. É AQUILO e ISTO (Universo ou Jagat), aos quais não se pode aplicar agregados distributivos. – AQUILO é Espírito e Matéria, é o ―TODO‖, no Qual se acha oculta Sua co-eterna emanação ou radiação inerente, a Qual, convertendo-Se periodicamente em BRAHMA (a Potência Criadora Masculino-Feminina), Se desdobra transformando-Se no Universo manifestado. – O Espírito (Consciência) e a Matéria, isto é, o Purusha e a Prakriti, são os dois Aspectos do Parabrahman, o Absoluto, os Quais constituem a base do Ser condicionado, seja subjetivo ou objetivo. – Esta definição do PARABRAHMAN, que é um resumo do que diz o Glossário Teosófico, concorda plenamente com o que ensina a Doutrina Śuddha sobre o mesmo tema, por isto achamos melhor transcrevê-la aqui, embora resumida. Estudando os termos Parabrahman e Brahman, comparando todos os significados encontrados na Doutrina Śuddha com o que diz o Glossário Teosófico e a Bhagavad Gita, e meditando profundamente sobre seus significados, chegamos à conclusão de que há muito pouca diferença na definição destes dois termos, os quais são usados, às vezes, sem nenhuma distinção, indicando sempre a SUPREMA DIVINDADE, o Absoluto que Se manifesta no Cosmo (nos processos evolutivos cósmicos), no ser humano como Jiva (a Alma Individual), e também no coração de todos os seres, o Qual é referido, ora como Atma (um dos Aspectos de Brahman), ora como Brahman, e em outros casos como Parabrahman. Porém, o prefixo ―PARA‖, anteposto à palavra Brahman, o qual indica superioridade (algo que está acima, além, ou que antecede), indica que o Parabrahman só está acima ou além de Brahman como Sua Origem, como Seu Aspecto Transcendente, ―Imanifestado‖. – Deste estudo depreendemos que os termos Parabrahman, Brahman, Purusha, Paramatma e Atma (mesmo manifestado como Ser Individual), são designações da mesma DIVINDADE ÚNICA, isto é, do próprio PARABRAHMAN, o Qual, sendo a Origem de Brahman, pode ser considerado como o próprio Brahman, a Origem Primeira de tudo o que existe no Cosmo manifestado (visível e invisível), isto é, o ―TODO‖, fora do Qual nada existe. Ele é o Sutratma, a ―Alma-Fio‖ do Universo, a Mesma e Única Divindade que tudo compenetra e que em
-315tudo Se manifesta. – As palavras, os termos usados para definir a DIVINDADE, só indicam o estado ou plano de Consciência em que Ela Se manifesta ou atua neste Infinito Cosmo, e mais além dele, onde nossa mente finita não pode alcançar. – Veja Brahman, Brahma-Shakti e Prakriti (e os termos grifados acima em itálico), neste glossário. PARADHARMA – Influência das Trigunas ou qualidades da Matéria ou Prakriti (Gita). – Significa também o dever alheio, a lei ou condição alheia. PARAMA – Supremo, sublime, excelso, altíssimo, perfeito. Em certos casos, tem o mesmo significado de ―Para‖, isto é, ―acima de‖, ―superior a‖, ―além de‖. – Veja Para. PARAMAHAMSA – ―Aquele que se eleva acima do estado de Hamsa‖. O estado de Hamsa é aquele em que o homem, completamente livre de desejos e do apego a tudo que é mundano, se sobrepõe a toda classe de ilusões, gozando de Visão Transcendente, conseguindo ver a verdadeira e permanente Realidade; sentindo de modo claro a própria Consciência, percebe seu divino e puro ―Eu‖, e vê esse mesmo Eu (a Divindade) em todos os seres, dando-se conta de sua unidade com os demais ―Eus‖. À medida que sua Visão Espiritual se faz mais clara e sua Consciência mais ampla, ele se sobrepõe ao estado de Hamsa e se converte em Paramahamsa, isto é, ―superior a Hamsa‖. – Veja Hamsa. PARAMATMA ou PARAMÁTMAN – É o Ser Supremo, a Alma Suprema do Universo, o Eu Universal. – Segundo os Ensinamentos Śuddhas, Sua manifestação abrange os três Aspectos Essenciais da Divindade, os quais são: Brahma, Vishnu e Shiva (a Trimurti). – PARAMATMA é o Segundo Aspecto de Brahman, os quais são cinco, em Sua Natureza manifestada: Purusha, Paramatma, Atma, Jivatma e Aksharatma, segundo o Plano ou estado de Consciência em que Ele Se manifesta. Ele é o ―Uno‖, o Princípio de Vida ou Espírito Universal que assume infinitas formas, em todos os Planos, desde o mais sutil ao mais denso. No Pranava (AUM), Ele é representado pela letra ―A‖, o Ser, ao Qual o termo Ishwara é apropriadamente aplicável, pois Ele é o Senhor Único de todo o Cosmo visível e invisível. Comparado com Sua Origem Essencial, isto é, o PARABRAHMAN, pode ser considerado como o Único e Supremo Deus personalizado, embora sem possuir Individualidade limitada ou definida. Ele é personalizado por ser considerado EU, no sentido de que todo o Universo constitui Seu corpo, sendo Seu Espírito o Eu Universal, o Único Eu que, aliado à Brahma-Shakti (a Energia de Brahman), dá vida a tudo, constituindo o Ser Único, cujo corpo é o COSMO MANIFESTADO. É o Paramatma que, como Atma, assume todas as formas, isto é, d‘Ele emanam todas as Mônadas, as quais constituem o Eu Individual em todos os seres, porém conservando-Se Uno e Indivisível. Ele é o Eterno, o Sustentador e a Origem de todo o Cosmo. – Veja Brahman, Atma, Jiva e Aksharatma. (É muito importante tudo o que está grifado.) PARAMATMABHAVA – Realização Divina, ou contato com o Supremo Ser em si mesmo, através do Yoga, isto é, da Meditação Yóguica.
-316PARANTAPA – Vencedor ou destruidor de inimigos; Epíteto de Arjuna. PARAVASUDEVA – Este termo é um dos nomes dados à DIVINDADE, única Origem de todos os seres, a Qual Se manifesta a Si Mesma por meio de Sua própria Energia (Esha-Shakti), de perpétua transcendência, fora do tempo e do espaço. PARJANYA – O Jiva ou Alma Individual. (Cap. XVI, v. 19). – Veja Jiva. PARTHA – Literalmente ―filho de Pritha‖. Nome às vezes dado aos três primeiros príncipes Pândavas (os outros dois, mais novos, são filhos de Mâdri, segunda esposa de Pându), porém, especialmente dado a Arjuna. PÂVAKA – Um dos três ―Fogos‖ personificados (os primeiros filhos de Agni, o Deus do Fogo). PINGALA ou SURYANADI – É o nadi (ou nervo) condutor positivo (ou solar) ou o sistema de ―nadis‖ que opera na parte direita do corpo; é o nervo simpático direito, isto é, a corrente nervosa que corre sutilmente do lado direito da medula espinhal. – ―Pelo lado direito se estende o nadi Pingala, brilhante e refulgente como um grande círculo de fogo (em plano sutil). Este veículo de virtude (o Pingala) é denominado ‗Veículo dos Deuses‘.‖ (Uttara Gita, II, 11). – Este nadi se estende desde a planta do pé direito, subindo diretamente até a parte superior da cabeça, onde está situado o Sahasrara, o ―Lótus de mil pétalas‖ ou Chakra Coronário. – Os nadis Ida e Pingala correm ao longo da parede curva (sutil) onde está situado o Sushumna. Este nadi (o Pingala) é também chamado Suryanadi por ser o nadi positivo (solar). Esta palavra é formada por ―Surya‖, que significa Sol, e ―nadi‖, que significa nervo. – Veja Sushumna e Ida. PITRIS – Literalmente, significa ―Pais‖. Neste caso (Bhagavad Gita) são os Manes ou espíritos dos antepassados (pais, avós, etc.), isto é, os ascendentes diretos de uma família. Pitris também são os antecessores da raça humana, e foram, tanto física como espiritualmente, muito superiores aos modernos pigmeus, porém mais atrasados que o homem atual. Esses seres são denominados Pitris (ou Pais) pela razão de haverem engendrado os seres do ―Manvantara‖ terrestre, antecessores da humanidade atual. Há sete classes de Pitris, bem como Pitris lunares e solares. POUNDRA – A concha marinha usada por Bhima, à maneira de corneta militar. PRADYUMNA – O Princípio de Vida estabelecido internamente, manifestando-Se por meio de Buddhi. Literalmente ―o poderoso‖. PRAGÑA – Sinônimo de Mahat, o Princípio de Consciência e Inteligência, universais ou cósmicas. A Mente Universal. – Significa também: inteligência, conhecimento, entendimento, discernimento, razão, sabedoria, conhecimento superior ou espiritual. PRAHLADA – Filho de Hiranya Kashpu, rei dos Asuras (Daityas). Como era fervoroso devoto de Vishnu, de Quem seu pai era o mais acirrado inimigo, esteve sujeito aos mais cruéis tormentos e castigos, infringidos por seu próprio pai. Para livrar Seu devoto,
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Vishnu adotou a forma de Nara-Sinha (homem-leão, Seu quarto Avatar) e assim destruiu o impiedoso pai de Prahlada. – Prahlada significa literalmente: alegria, bemestar, felicidade. PRAKASHA – Luz, esplendor, claridade, manifestação, aparição; claro, luminoso, brilhante. Na Filosofia Sankhya, o termo Prakasha corresponde a Gñana ou Conhecimento. – Nesta Gita (Cap. XIII, v. 21), Prakasha tem o sentido de Satwa. – Veja Satwa. PRAKRITI – A Matéria ou o ―Não-Ser‖. – Material Primordial Passivo – é a NATUREZA em geral. A Prakriti é formada pelos 24 Tatwas (Elementos Básicos ou Primordiais da Matéria) e governada pelas três Gunas (Trigunas) – Satwa, Rajas e Tamas – nascidas de sua própria natureza. – No Pranava AUM (OM) ela é representada pela letra ―U‖. – A PRAKRITI é a ―manifestação cósmica material‖ em contraposição ao PURUSHA, que é o Espírito, o ―Ser‖. É a Matéria primordial e elemental, a Origem ou essência material de todas as coisas; é a Matéria no mais amplo sentido da palavra, desde o elemento mais denso e grosseiro (o mineral) até as formas mais sutis e etéreas da Matéria, isto é, o Éter, Manas, Mahat ou Mahabuddhi (Intelecto), incluindo o Ahamkara e os Tanmatras (audição, tato, visão, paladar e olfato). – Purusha e Prakriti (Espírito e Matéria), em sua Origem, são uma só e a mesma coisa; porém, ao chegar ao plano da diferenciação (Vyakta), começa, cada um deles, seu processo evolucionário em direções opostas entre si, dando a Prakriti, em seu estado diferenciado, origem a todas as formas ou diferenciações acidentais e transitórias da Natureza e dos seres, e a toda a manifestação cósmica. – Espírito e Matéria são dois dos Aspectos de Brahman, eternamente unidos e inseparáveis, sendo o terceiro a Brahma-Shakti (a Energia), a qual é o ―nexo‖ de união entre eles, e é Ela que os mantém unidos. – Espírito e Matéria (Purusha e Prakriti), Pólos Positivo e Negativo, Ser e Não-Ser – unidos eternamente, são o PAI-MÃE, a Causa Primordial, a Origem de toda a Criação, pois é a união do ―Ser‖ (o Paramatma ou Purusha) com esta ―Mãe dos Mundos‖, o ―Não-Ser‖ (a Prakriti), que dá origem a toda a Criação animada e inanimada, em suas infinitas manifestações, em vários níveis de consciência e graus de sutileza e densidade (desde a mais sutil à mais densa), a todos os planos, mundos e seres. Tudo o que existe, todos os Universos, todo o Cosmo manifestado, é considerado (esotericamente) o Corpo Material ou a Transcendente Forma de Brahm – BRAHMA-SWARUPA. – O Cosmo (a Criação inteira), nascido da união do Espírito com a Matéria (unidos pela BrahmaShakti ou Energia Divina), é considerado, esotericamente, o FILHO, pois que é o resultado desta Mística e Sagrada União. – É pois a PRAKRITI (a Matéria) a ―Grande Mãe‖, O SAGRADO VENTRE MATERNO onde é gerado todo o Cosmo (visível e invisível) em sua infinita e maravilhosa variedade, as miríades de seres (desde o mais pequenino micróbio ao mais elevado e divino dos Seres) em seus infinitos graus de evolução, toda a infinita variedade de vidas, formas e cores. – Tudo o que já existiu, existe e existirá no eterno ―vir a ser‖ do Universo, nasce d‘Ela, a GRANDE MÃE NATUREZA, eternamente compenetrada pela DIVINDADE. – Veja Brahma-Shakti, Mula-Prakriti, Parabrahman e Brahman.
-318PRANA – Energia ou Princípio Vital; energia ou alento de vida. É a vitalidade, a força vital. É a Energia ou Potência Ativa que produz todos os fenômenos vitais. É a Vida Universal, onipresente, eterna, indestrutível; é a porção desta Vida Universal, individualizada ou assimilada em nosso corpo, que é designada com o nome de Prana. O Prana, sendo a Energia Vital, impregna o corpo físico tanto do homem como dos animais, constituindo o Pranamaya-Kosha, isto é, o Linga-Sharira ou Duplo Etérico (o Corpo Vital). Quando o corpo morre, volta ao Oceano da Vida Universal. Todos os Mundos, todos os homens, animais, plantas e minerais, todos os átomos e moléculas, tudo quanto existe, está imerso em um imenso oceano de Vida, vida eterna, infinita, incapaz de aumentar ou diminuir. Tudo o que tem vida no Universo se apropria ou assimila uma quantidade desta Vida Universal – o Prana. – Veja Pranamaya-Kosha e Linga-Sharira. PRANAMAYA-KOSHA – Corpo ou veículo de Prana (Energia Vital), ou seja, o LingaSharira ou Duplo Etérico; é o Prana junto com seu veículo. Corpo Prânico ou Corpo Vital. – Veja em Linga-Sharira a explicação mais detalhada deste corpo, e o termo Prana. PRANAVA – A Palavra ou Sílaba Sagrada AUM (OM). – Veja a explicação detalhada e esclarecedora deste termo que é o Símbolo do Parabrahman (o Som Sagrado), na ―Introdução ao Estudo da Gita‖, na 1a parte deste livro, e a palavra AUM, na letra ―A‖, como o primeiro termo deste glossário. PRANAYAMA – Controle, domínio, regulação do alento (respiração) nas práticas do Yoga. É um dos exercícios preparatórios para o Yoga superior. Este exercício se divide em três estágios: 1o) Puraka – inspiração prolongada e lenta do ar, enchendo os pulmões completamente; 2o) Kumbhaka – retenção do ar nos pulmões pelo maior espaço de tempo possível (sem causar desconforto); 3o) Rechaka – expiração lenta até expulsar todo o ar dos pulmões. Alguns tratados recomendam esvaziar os pulmões completamente antes de começar o exercício. O Pranayama, segundo a Doutrina Śuddha, se divide em Prakrítico ou físico (respiração); Átmico, que consiste em práticas mentais que levam ao despertar dos poderes latentes do Eu Superior ou Atma; e Śuddha ou Transcendental, o qual leva o aspirante gradativamente à Realização Brâhmica, à pura e Suprema Consciência. – Na prática do Pranayama físico, pode-se usar o ritmo 1 – 4 – 1, isto é, um tempo para a inspiração, quatro para a retenção do ar, e um para a exalação (ou 1 – 1 – 1, caso não se consiga a contagem anterior). No princípio fazer esse exercício até 7 vezes, aumentando o número de vezes enquanto se sentir bem, depois deixar o corpo respirar livremente, porém rítmica e lentamente, buscando relaxar em cada exalação, pelo tempo que o corpo pedir. – Este assunto é amplamente tratado no Cap. XIV, ―Pranayama Dharma Gita‖. – Veja Puraka, Kumbhaka e Rechaka. PRÂPTI – De ―prâp‖, alcançar, lograr. Segundo a Doutrina Śuddha, é o quinto dos cinco Purushartas (objetivos ou finalidade dos esforços humanos); é o mais alto estado de Consciência alcançável através do Yoga. – Prâpti é o mais alto logro, permanente, eterno, que se alcança quando as etapas anteriores foram transcendidas.
-319PRAVRITTI – Exteriorização, caminho objetivo, externo, mundano; concretização. Emoção, criação, manifestação, ação, atividade, esforço, modo de atuar, apego ao mundo, etc. – É o caminho de ―Ida‖ (para fora) em contraposição a NIVRITTI, caminho de ―Regresso‖, isto é, interiorização, ou caminho subjetivo. – Pravritti e Nivritti estão atuando constantemente em todo o Cosmo, em toda a Natureza, desde o Macro ao Microcosmo, como atividade e repouso, fluxo e refluxo, dia e noite, vida e morte, exteriorização e interiorização (etc.), em todos os processos de evolução e involução. Para haver equilíbrio, tanto na Natureza como nos seres humanos (nestes, equilíbrio mental, emocional e físico), é necessário haver períodos de atividade intercalados a períodos de repouso (de exteriorização e interiorização), de acordo com as leis da própria Natureza. – Na época em que vivemos, Pravritti está predominando negativamente nos seres humanos, isto é, a exteriorização exagerada, a busca quase somente do que é externo, mundano e material, a satisfação dos sentidos (sem moral e a qualquer preço), o cultivo da beleza física (dando pouca importância à beleza e valores do Espírito), isto é, o culto do ego, da Personalidade transitória – pois estes são os valores que predominam na grande maioria dos seres humanos na época atual. – Certamente o Pravritti-Marga, ou o caminho objetivo, de exteriorização e atividade, faz parte da evolução do Jiva (a Alma Individual), pois impulsiona seu aprendizado e crescimento, sendo necessário ao desenvolvimento das potencialidades do Espírito. Porém, o Nivritti-Marga, isto é, o caminho subjetivo, de interiorização, de recolhimento e reflexão, de quietude interior, a busca do Mundo Interno, a Meditação e a Oração, a busca do Eu Verdadeiro (o Cristo que mora na câmara etérica do próprio coração) é, sem dúvida, o caminho mais importante e o mais necessário ao ser humano. Nessa era negra (a Kali-Yuga = idade negra ou da dor), nessa Era de Apocalipse na qual a humanidade está mergulhada, já vivendo o final dos tempos, a grande maioria dos seres humanos não tem consciência do que está todavia por vir, e vive sem dar-se conta do desmoronamento desta civilização, e de sua progressiva decadência, tanto moral como espiritual. – A humanidade, mergulhada na dor e no sofrimento, no vício e na corrupção causados pela ignorância completa de sua Origem Divina, se esquece de que em cada ser humano vive uma Partícula de Deus, que é seu próprio Espírito Imortal. – Para haver equilíbrio mental e emocional (no ser humano) é necessário haver discernimento: nem só Pravritti, nem só Nivritti, isto é, nem só para fora (buscando só o caminho externo, as coisas do mundo), nem só para dentro (buscando só o caminho interno, as coisas somente do Espírito), pois os dois caminhos são igualmente necessários enquanto o ser tem que atuar no mundo, ainda preso ao ciclo das encarnações sucessivas (em seu processo evolutivo), enquanto não alcançar a Liberação. – Estes dois Caminhos – Pravritti e Nivritti – no que se refere ao ser humano, devem ser conhecidos, observados e entendidos por aqueles que aspiram a uma vida mais espiritual e mais equilibrada em todos os sentidos. – A sabedoria está em seguir sempre o Caminho do Meio. – Felizmente uma grande parte da humanidade já está mudando de atitude perante a vida e buscando seguir um caminho mais voltado para o Espírito. – Veja Nivritti.
-320PRAVRITTI-KARMA – Implicações das ações necessárias (das ações externas). É a atuação objetiva que não gera laços Kármicos por ser necessária, porém, quando é realizada sem apego a seus frutos. PRAVRITTI-SAMSARA – Processo samsárico mundanal objetivo. Atuação objetiva do Jiva, isto é, da Alma humana em evolução. Processo de evolução do mundo e dos seres que nele habitam. O contrário de Nivritti-Samsara. PRITHA ou KUNTI – Primeira esposa de Pându, mãe dos três primeiros príncipes Pândavas: Yudishthira, Bhima e Arjuna. PUNYA – Méritos temporais, isto é, de ações executadas para proveito próprio, sem a Devida dedicação à Divindade; o contrário de Sannyasa e Tyaga. PURAKA ou PURAKAM – O ato da inspiração, ou de inalar o ar. Controle. Uma operação que consiste em encher os pulmões com todo o ar que se possa, fazendo uma inspiração lenta e o mais profunda possível. – Primeiro estágio do Pranayama físico ou Prakrítico. – No Pranayama Mental ou Átmico o primeiro estágio tem o mesmo nome, Puraka ou Purakam, porém, é um ato puramente mental, independente da respiração física. – Veja a palavra Pranayama. PURUSHA – É o Ishwara, Deus ou Senhor Supremo do Universo. É também o Princípio de Vida que anima a Matéria (Prakriti), e por Seu contato a põe em movimento, em atividade da qual se originam as sucessivas mudanças que se operam nela, e vão repercutir sobre o mesmo Purusha. – PURUSHA é o primeiro dos cinco Aspectos de Brahman em Sua manifestação cósmica. É o Princípio Elemental Primordial, simples, puro, espiritual, consciente, eterno, incriado, imutável, não produtor, inato e inativo, mera Testemunha ou Espectador das operações da Prakriti (Matéria), ou seja, das mudanças que se operam nela, no curso da evolução. É um Princípio simples, não composto (ao contrário da Prakriti que é composta pelos 24 Tatwas), portanto livre das qualidades ou Gunas da Matéria. – PURUSHA é o Espírito, em contraposição à Matéria. – Segundo a Ciência Secreta, o Purusha e a Prakriti são os dois primitivos Aspectos de BRAHMAN, a Divindade Una e desconhecida. Em sua Origem os dois (Espírito e Matéria) são a mesma coisa, porém, ao chegar ao plano da diferenciação (Vyakta), cada um evoluciona em direção oposta ao outro. Mas, sendo Espírito e Matéria pólos opostos, a atração os aproxima novamente, caindo o Espírito gradualmente na Matéria. Assim o Espírito, atuando na Matéria, faz com que ela ascenda, gradativamente (através das idades), à sua condição original, isto é, à de Pura Substância Espiritual. (Resumo da definição do G. T.). – Segundo os Ensinamentos Śuddhas, Purusha e Prakriti são inseparáveis, mas, embora unidos, ao mesmo tempo estão separados, pois estão unidos por oposição ou negação, isto é, o Espírito, sendo o oposto da Matéria, está sempre negando-a ou contrapondo-Se a ela. Esse é o sentido profundo de ―Aham-etat-na‖, que quer dizer: ―Eu, isto não‖ (Eu não sou isto – o Eu ou Atma referindo-Se à Matéria). – De acordo com esta Gita (Cap. XV, resumo e vs. 5 a 7), PURUSHA inclui Atma, Shakti e Prakriti, isto é: Espírito, Energia e Matéria, sendo a Shakti o ―nexo‖ que conserva
-321unidos Espírito e Matéria, eternamente em oposição. – Purusha e Prakriti (+ e –, positivo e negativo) são pólos da mesma substância homogênea, o Princípio-Raiz do Universo, isto é, o PARABRAHMAN. Por isso se diz que ―tudo é Purusha‖. – Purusha é também, posto que são da mesma natureza, o Eu Individual, o Atma; daí que, segundo a Filosofia Sankhya, é incontável o número de Purushas, pois cada ser tem seu Purusha particular ou individual, que é seu próprio Espírito. – Há o Purusha Único (da Filosofia do Yoga), que é o Ishwara, Deus ou Senhor Supremo do Universo, e o Purusha ou Espírito Individual, o qual é expressão do Primeiro como Atma em cada ser. – Purusha também significa Homem, Homem Celeste, Ser ou Princípio Masculino; Potência Criadora ou Geratriz; Criador; Princípio Vivificador ou animador; Ser; Princípio; Causa; e muito mais, pois é uma palavra de muito amplo significado. – Veja Brahman, Parabrahman, Mula-Prakriti e Prakriti. São termos cujos significados se completam. PURUSHARTAS – São as grandes finalidades ou propósitos humanos, buscados pelo homem em suas diferentes etapas de evolução. São cinco os Purusharthas: 1o – Dharma, a Lei que impele o homem a fazer-se protetor de tudo e de todos; 2o – Artha, aquilo por meio de cujo conhecimento tudo é conhecido; 3o – Kâma, ou Desejo, aquilo por meio do qual se desfruta do que é desfrutável; 4o – Moksha ou Liberação, a purificação que é o meio para alcançar o estado superior, o qual constitui a Semente das sucessivas etapas de superação; – o quinto Purushartha é Prâpti, o mais alto logro, ou o mais alto estado de Consciência alcançável, permanente, eterno, que só é conseguido quando as etapas anteriores já foram transcendidas. Em resumo significam: Dharma (retidão); Artha (conhecimento); Kâma (desejo); Moksha (Liberação); e Prâpti (Maturidade). PURUSHOTTAMA – Literalmente: ―o melhor dos homens‖. Em metafísica quer dizer ―o Espírito‖, a Alma Suprema do Universo; um título de Vishnu. Espírito Supremo, Princípio Supremo, o mais excelso dos Seres. É também epíteto de Krishna. PUTAPAPAS – Literalmente ―puro e limpo de pecado‖. Aspirantes Bhaktas (devotos).
R RAJA – Real (de realeza). Esta palavra é derivada da raiz sânscrita ―Raj‖, que significa brilhar. Significa também: raio, luz, rei. RAJARSHIS – Rishis ou Adeptos de casta real. O mesmo que os Hierofantes Reais do Egito antigo. – Grupo especial de Hierarcas que ensinam o Atma-Yoga. (Cap. XXVI, v. 22). RAJAS – Uma das três Gunas ou qualidades e atributos da Prakriti (Matéria). A qualidade Rajásica impulsiona o Princípio de Vida (Atma) à execução de atos associados com seus frutos, isto é, com apego e motivação pessoal. É a qualidade passional, a da ação ou atividade. Seus efeitos no mundo objetivo são: movimento e energia. No subjetivo se manifesta como: sofrimento, dor, perturbação, ansiedade,
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inquietude, agitação, tédio, desgosto, ciúme, inveja, instabilidade, confusão, ambição, desejo, paixão, amor (sensual), ódio, malícia, gosto pela discórdia e pela maledicência, desequilíbrio, intranqüilidade, desordem, violência, luta, esforço e atividade. Rajas, cuja natureza é a paixão, sendo a origem dos desejos e afeições, escraviza o Ser (Atma) ao corpo, pelo apego à ação. – Principalmente a ambição, a cobiça, o ardor nos empreendimentos, a inquietude, o desejo, e o afã de estar sempre fazendo algo surgem do predomínio de Rajas sobre Satwa e Tamas. – Rajas é a qualidade predominante na espécie humana. É também a qualidade que dá impulso e movimento às outras duas (Satwa e Tamas), que ―por si sós não podem entrar em atividade‖. Sendo Rajas a qualidade da atividade ou do desejo, está associada ao Aspecto Brahma (Criador) da Trimurti. Por isso se diz que ―a Senda se estende desde Tamas até Satwa por meio da luta e aspiração‖ (isto é, de Rajas). – Rajas e Tamas predominam perigosamente na humanidade atual, levando-a à violência, à corrupção, e à decadência moral sem limites. – Veja Gunas, Trigunas, Satwa, Tamas e Trimurti. RAJA-VIDYA – Conhecimento Superior ou Sabedoria real. Ciência Suprema. RAJA-YOGA – O mais elevado dos sistemas de Yoga. É o verdadeiro sistema ou Ciência que conduz ao desenvolvimento das faculdades superiores do Espírito e dos poderes espirituais e psíquicos latentes no homem, os quais levam à união do ego ou ―eu inferior‖ do homem com o Eu Superior, o Atma, isto é, com a Divindade que habita no Santuário do coração, não só do homem, mas de todos os seres. Raja-Yoga é o sistema disciplinar que, por meio da concentração mental, desperta no ser humano as faculdades superiores latentes em seu ser. O exercício do Raja-Yoga requer longo tempo e prática constante para se obter efetivos resultados. Parte dessa prática é física, e inclui cuidados com a alimentação, sono, trabalho, respiração, etc.; porém a parte principal e mais importante é mental, pois são requisitos indispensáveis: a atenção firme e sustentada, a concentração do pensamento, a abstração, a meditação, a contemplação e a devota submissão e entrega absoluta de si mesmo ao Senhor (Atma). – Este Yoga deve ser aprendido e praticado sob a orientação de um sábio Instrutor, ou através dos Ensinamentos contidos em livros de autores reconhecidos como Sábios na Ciência do Yoga. Há uma grande diferença entre o Hatha-Yoga e o Raja-Yoga, pois o primeiro é puramente psico-físiológico e o segundo é puramente psico-espiritual. – Veja Dhyana. RAKSHASAS – Literalmente ―comedores de carne crua‖. Na superstição popular são ―maus espíritos‖ ou ―demônios‖, gênios ou espíritos malignos, dotados de grande poder, que atormentam a humanidade com toda classe de males; freqüentam os cemitérios e mudam de forma a seu bel prazer. Estão geralmente associados com os Yakshas, porém são inferiores a estes em categoria. – Veja Yakshas. RÂMA – Sétimo Avatara ou Encarnação de Vishnu. Filho primogênito do Rei Dazartha, da Raça Solar. Seu nome completo é Râma-Chandra; é o protagonista principal do grande Poema Épico Ramayana. Casou-se com Sitâ, que era Avatara de Lakshmi, Esposa ou Shakti de Vishnu. Sitâ foi raptada por Râvana, rei-demônio de Lankâ, fato
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que provocou a famosa guerra descrita na Obra citada. Râma foi anterior a Krishna, e, como Ele, é considerado um Ser Divino, um Mahavatara. RECHAKA – O terceiro dos três componentes do Pranayama, o qual consiste na expulsão do ar dos pulmões, fazendo uma expiração prolongada (no que se refere ao Pranayama Prakrítico ou físico). No Pranayama Átmico, é o abandono da idéia de multiplicidade e consciência da Unidade; é a abdicação ou renúncia do ―não essencial‖. (Veja Cap. XIV, resumo do v. 18). Este capítulo, o ―Pranayama Dharma Gita‖, trata minuciosamente da Ciência do Pranayama. – Veja Pranayama. REKHA – Raio, literalmente. Os ―Sete Raios‖ ou Rekhas aos quais se refere freqüentemente na Literatura do Ocultismo. Sobre os Raios escreve o Dr. Sir Subrahmanya Iyer, no livro ―Uma Organização Esotérica na Índia‖: ―Este tema, o dos Raios, é um tanto obscuro, já que pouco se sabe em detalhe sobre ele. Contudo não há dúvida de que toda a humanidade pode ser classificada em sete grupos ou Raios. – A 1a classe de seres cai sob a Regência do 1o Raio, chamado Raio do Poder, ou Governante – é o Raio da liderança ou do mando, e sua característica predominante é o elemento Vontade, Desejo ou Iccha, que é o aspecto Shiva (Destruidor ou Transformador) do Ishwara. – A 2a classe está sob a Regência do 2o Raio, ou Raio da Sabedoria, cuja característica predominante é Gñana, ou Conhecimento, tendo como fonte de origem o Aspecto Vishnu (Mantenedor ou Conservador) do Ishwara. – As restantes cinco divisões são regidas todas pelo Raio do Amor, no qual o Aspecto Brahma (Criador) do Ishwara Se manifesta de cinco maneiras diferentes.‖ – Os 7 Raios mais conhecidos, os quais tratam do temperamento, caráter e tendências da personalidade humana, são subdivisões do Raio Humano chamado ―Vasudeva-Rekha‖, o qual é regido por NARA; isso é confirmado pelo alto cargo que Ele desempenha na Hierarquia como ―Representante Mediador‖ e ―Porta-Voz‖ da humanidade perante o Senhor NARÁYANA, o Supremo Chefe da Hierarquia que governa o Planeta Terra. – Veja estudo mais detalhado deste tema em Trimurti. RISHIS – Adeptos; Seres iluminados, de grande evolução espiritual. Estes sublimes Seres se distinguem por sua grande sabedoria e santidade. Apesar de haverem completado Sua evolução como seres humanos, permanecem nas regiões suprafísicas, em contato com a humanidade, a fim de ajudá-la em sua evolução, por compaixão e amor aos homens. São chamados Grandes Videntes (de Visão Transcendental). Os Rishis são também chamados ―Reveladores‖, são Santos e Sábios, inspirados Poetas e Cantores, aos quais foram revelados os Hinos Védicos e diversos Mantras. RUDRA – Um dos nomes dados ao Grande Deus Shiva, o Destrutor (ou Transformador, pois destrói para regenerar, para que se processe a evolução). No Rig-Veda não se encontra o nome de Shiva, e o Deus correspondente a Ele é Rudra. Na Literatura Śuddha há referência a Dakshinamurti como Rudra; são pontos que coincidem. Rudra, Shiva e Dakshinamurti parecem ser o mesmo, em Aspectos e atuação diferentes. – Veja Shiva e Dakshinamurti.
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S SABDA ou SHABDA – Som; palavra, voz – a Palavra Divina Revelada ou Revelação. SABDA-BRAHM – O Plano Akáshico, o quinto dos Sete Planos da Cosmogonia. – Veja Swara-Rekha. SÂDHANA – Senda, caminho, disciplina espiritual, etc. – Execução, acabamento, cumprimento; meios de obtenção ou execução de algo; causa; poder; obra pia. – Entende-se também por Sâdhana o conjunto de meios ou disciplinas que o aspirante deve seguir para alcançar a Realização. SADHU – Um Muni, um Santo (como substantivo). Puro, bom, justo, reto, virtuoso. Muni é, literalmente, ―silencioso‖, um asceta contemplativo. SAGUNA ou SAGUNAM – Literalmente, com Guna ou com forma, isto é, dotado de qualidades ou atributos (Gunas). A forma Universal. – Saguna é, de acordo com os Ensinamentos da Doutrina Śuddha, o primeiro e mais elementar estágio de Dhyana (Meditação), isto é, a contemplação ou Meditação em uma forma externa, a qual pode ser escolhida pelo meditador. Saguna é uma palavra composta de Sa = com, e guna = forma e qualidades ou atributos. – Maiores explicações são encontradas na definição da palavra Dhyana. – Veja Dhyana (ou Meditação). SAHADEVA – Literalmente ―que tem Deus consigo‖. Nome do mais jovem dos príncipes Pândavas. Era bem versado na Ciência da Astronomia. SAHASRA – Mil; daí deriva o termo ―Sahasrara‖ (mil pétalas). – Veja Sahasrara. SAHASRARA – É o nome dado ao Chakra Coronário, o mais alto e importante plexo que fica situado sutilmente no alto da cabeça, assemelhando-se a uma coroa. É chamado também ―Lótus de mil pétalas‖. SAHASRA-YUGA – Conjunto dos quatro Vyavasayas, isto é, das quatro Yugas (ou Idades), com referência ao funcionamento do processo samsárico mundanal. – Veja Yuga. SAMA – Uma das flores de santidade. – Sama é a quinta, ou seja, a resignação. Estas flores são em número de oito: clemência ou caridade, domínio de si mesmo, afeto (ou amor a todos os seres), paciência, resignação, devoção, meditação e veracidade. Sama é também a ausência de toda perturbação mental. Significa também: igualdade, equanimidade, equilíbrio, compensação. Como adjetivo: igual, idêntico, equânime, desapaixonado, reto, imparcial, etc. SAMABUDDHI – Equânime, equilibrado, imparcial. A Paramátmica Imanência. Literalmente ―de ânimo igual‖.
-325SAMADHI – Estado de êxtase ou arroubamento extático total. Contemplação extática (de êxtase) ou estado de supraconsciência em que a concentração mental chega a um ponto tão extremo que a Mente, assim fixa, se unifica (fora do tempo e do espaço) com o Objeto no qual se acha concentrada, isto é, com o Espírito, cessando todas as suas transformações, e o meditador perde a consciência de toda individualidade (inclusive da própria) e se converte no Todo. – Esta palavra é derivada de ―sam-adha‖, que quer dizer possessão de si mesmo. SAMADHISTA – Referente ao estado de Samadhi. SAMASTHA – Uniforme, igual, em equilíbrio, equânime. SAMASTHI – Aspecto sintético do Pranava AUM (OM). SAMATMA – Aquele cuja Mente já não é angustiada por aflições, que já transcendeu a influência dos Sentidos. SAMATWA – Equanimidade, igualdade, identidade. SAMATWAM – Equilíbrio, equanimidade. SAMBANDHA – Elo; traço de união; o que estabelece ligação entre duas coisas. Nos Ensinamentos Śuddhas, Yoga significa Sambandha ou ―contato unitivo‖. Os Mestres do Śuddha Dharma afirmam que Yoga é, em realidade, mais contato que união, pois é um contato unitivo do eu pessoal humano com o Eu Divino, isto é, com a Divindade, através da Meditação (Dhyana). Yoga é, portanto, Sambandha, ou o ―elo‖ entre o homem e seu Eu Divino (Atma). SAMIPYA – Aproximação. – Brahma-Samipya = a eterna aproximação a Brahman. – Veja Brahma-Samipya. SAMKARSHANA – O Princípio de Vida estabelecido internamente no Ahamkara ou Consciência do Eu. SAMSARA – Processo evolutivo do ser. Tal processo o escraviza, prendendo-o à ―roda‖ ou ciclo dos nascimentos e mortes. É o processo de evolução do Jiva, ou Espírito Individual. O oceano de nascimentos e mortes; os renascimentos humanos representados como um círculo contínuo, como uma roda sempre em movimento. A rotatória corrente da existência individual, as vicissitudes do Jiva no mundo. Vida ou existência mundanal, ciclo das existências; transmigração. Existência cíclica ou condicionada. O processo evolutivo mundanal. SAMSARA-TRÍPLICE – São os três mundos samsáricos, isto é, Gñana – Conhecimento, que corresponde à faculdade de Buddhi no Plano Mahat; Iccha – Desejo ou Vontade, que corresponde a Manas (Mente-Emoção); e Kriya – Atividade ou Ação, que corresponde a Indriya (Grupo dos Sentidos). – Veja Gñana, Iccha e Kriya. SAMYA-YOGA – Vigilância Transcendental; o alto estado da Consciência desperta.
-326SANÁTANA – Eterno, perpétuo, permanente. Epíteto de Brahma, Vishnu e Shiva. Nome de um dos principais Kumaras. SANÁTANA-DHARMA – A Lei Eterna (benéfica para todos, em todos os tempos e lugares). Sanátana Dharma é a Lei Pura, Eterna, Transcendente, Divina, que não muda nunca; é sinônimo de Śuddha-Dharma, a Lei Pura. SANAT-KUMARA – O mais excelso dos Kumaras, um dos nomes dados a Bhagavan Naráyana quando Ele atua como Maha-Brahma, segundo o Chandogya Upanishad. Sanat-Kumara é o mesmo Grande e Poderoso Ser que dirige a Divina Hierarquia que governa o Planeta Terra sob o nome de Bhagavan Naráyana. – Sanat-Kumara e Naráyana são nomes do mesmo Glorioso e Divino Ser atuando em funções diferentes. – Veja Naráyana e Śuddha Dharma Mandalam. SANJAYA – Cocheiro e Secretário do Rei Dhritarashtra, o qual desempenha o papel de relator do Sagrado Diálogo da Bhagavad Gita. Tendo sido dotado de audição e visão transcendentais por dádiva especial de um grande e poderoso Sábio (Vyasa), pôde inteirar-se do Divino Diálogo entre Sri Krishna (o Divino Instrutor) e o príncipe Arjuna (Seu fiel Discípulo), assim como dos mais minuciosos detalhes da batalha, informando o Rei cego sobre tudo o que via e ouvia, tanto no plano físico, como em planos sutis. SANKALPA – Decisão, intenção propósito, resolução, vontade, etc. A faculdade imaginativa que forma planos para o porvir, com a decisão firme de realizá-los. Por meio do Sankalpa, unicamente, o Universo conserva sua aparência e se mantém. – Sankalpa também quer dizer uma unidade de tempo de 24 anos. SANKALPA-TYAGAM – Renúncia ou abandono de toda ideação perturbadora. (Cap. XIV, resumo e v. 12). SANKHYA – Pertencente ou relativo a número, à enumeração, ao raciocínio. Análise do ―todo‖ em suas partes. É o contrário de Yoga, que é Síntese. A Filosofia Sankhya é analítica, enquanto que a Filosofia do Yoga é sintética. SANKHYADHIKARIS – Mestres da Filosofia Sankhya. SANNYASA – Literalmente, Renúncia; desprendimento, abnegação, abandono do não essencial, etc. – Sannyasa é a renúncia ou abstenção da ação, quando se refere à ação imposta pelo desejo. Este termo é considerado sinônimo de Tyaga, porém, segundo os Ensinamentos Śuddhas, bem como os desta Gita, Sannyasa é renúncia ou desapego ao fruto da ação necessária, isto é, da ação (qualquer ação) que deve ser praticada por ser necessária, sem visar seus resultados ou frutos, e sem importar que estes sejam agradáveis ou desagradáveis. A diferença entre Tyaga e Sannyasa é que Tyaga significa, além do completo desapego ao fruto da ação, que esta deve ser praticada como uma oferenda, e com a dedicação total e devocional de seus frutos e de si mesmo à Divindade, desligando-se deles. Portanto, Sannyasa e Tyaga estão sempre atuando
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unidas (pois se completam) em todos os atos do verdadeiro Yogue. Sannyasa e Tyaga fazem parte do Karma-Yoga. – Veja Tyaga e Karma-Yoga. SANNYASI ou SANNYASIN – Renunciante; asceta que já conquistou o mais elevado conhecimento místico, cuja Mente está fixa somente na Verdade Suprema. É aquele que renunciou a tudo que é mundano e terreno, vivendo em retiro e consagrando-se exclusivamente à meditação e ao conhecimento espiritual. Este é o verdadeiro Sannyasi. Porém, este termo é freqüentemente usado para designar aqueles que renunciaram às possessões materiais e à vida mundana, vivendo na pobreza e da caridade pública. Na Índia a maioria dessas pessoas que não fazem nada, e que nem sempre são desapegadas espiritualmente, constituem um peso para a sociedade. – Veja Tyaga e Sannyasa. SAPTA-RISHIS – Os Sete Grandes Rishis. São os Sete Hierarcas Chefes dos Sete Raios e dos Sete Mundos (Lokas); são os principais Rishis, os Quais marcam o tempo e a duração dos acontecimentos em nosso ciclo de vida planetária. Os ―Sete Raios‖ ou Poderes Primitivos são os ―Sete Deuses‖ ou Anjos Primitivos, mais tarde adotados pela Igreja Católica com o nome de ―Os Sete Anjos ante o Trono‖ (ou ante a Grande Presença). Vieram do Mandala de Vênus em companhia de Naráyana, Yoga-Devi, Nara, dos Quatro Manus, dos Quatro Kumaras, etc., os Quais formam a Cúpula da Divina Hierarquia que governa o Planeta Terra, dirigindo sua evolução e a dos seres que nele habitam. NOTA – Estes não são os conhecidos ―Sete Raios‖ da Literatura Ocultista, os quais são subdivisões do Raio Humano, o qual é chamado pelos Śuddhas Vasudeva-Rekha, do qual Nara é o Chefe ou Regente. – Veja Rekha. SARASWATI – É a Deusa da Sabedoria, do Conhecimento Esotérico ou Sagrado, da Linguagem (expressão de idéias e sentimentos através da palavra falada, escrita ou figurada) e também das Artes. Também é chamada (na Literatura Sagrada) ―Vâch‖ ou ―Sri‖, que quer dizer ―Mãe‖ entre todas as mulheres (também Lakshmi é chamada ―Sri‖ ou ―Shri‖). Saraswati é a Consorte ou Shakti de Brahma, o Criador da Trindade Hindu. – Veja Yoga-Devi. SAT – Imanência; o Aspecto Nirguna (ou sem forma) de Brahman. É o Absoluto, a ―Única Sempre-Presente-Realidade‖ no Cosmo Infinito. É a Essência Divina que ―é‖, da Qual não se pode dizer que ―existe‖, porquanto é o Absoluto Total, a Consciência Mesma de Ser. – SAT também significa: ser, existência, essência, realidade, o mundo real; bondade, verdade. Tudo o que é bom e útil é SAT. – Veja TAT, OM, e OM TAT SAT. SATWA – É uma das três Gunas (qualidades ou atributos) da Matéria ou Prakriti, sendo as outras duas Rajas e Tamas. – SATWA é equilíbrio, harmonia, ritmo, luz, poder iluminador, verdade; no ser humano se manifesta como bondade, equanimidade, pureza, doçura, retidão de caráter, altruísmo, incapacidade de causar dano a qualquer ser nem a nada (Ahimsa). Todas as qualidades e virtudes superiores se manifestam quando a qualidade Satwa predomina na natureza humana. Esta qualidade, em virtude de sua pureza e benéfica natureza, une o Princípio de Vida (ou Atma), ligando-O, ao
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conhecimento samsárico (conhecimento do processo samsárico mundanal) e, em conseqüência disso, à felicidade, associando-O com o prazer. A qualidade Satwa, sendo a mais elevada, leva o homem ao Conhecimento superior e à iluminação. Veja, no Cap. X, o estudo completo e detalhado das Trigunas: Satwa, Rajas e Tamas. – Veja Rajas, Tamas e Trigunas. SATYA – A Verdade Suprema – Verdade, veracidade, sinceridade, fidelidade, realidade. Como adjetivo: verdadeiro, verídico, sincero, fiel, real. SATYAKI – Nome patronímico de Yuyudhana, herói guerreiro aliado dos Pândavas. SAVYASÂCHIN – Hábil também com a mão esquerda; aquele que usa ambas as mãos na arte de usar o arco e a flecha. Ambidestro. Epíteto de Arjuna. SHABDA – O mesmo que Sabda. – Veja Sabda. SHAKTI ou BRAHMA-SHAKTI – Energia Divina; Poder, Força. É o Aspecto Força de Brahman. A Energia Universal. É o Pólo Negativo Feminino atuante em toda a Natureza, em toda a Criação, em comunhão com o Ser, o Espírito (Pólo Positivo Masculino). No Hinduísmo as Shaktis são consideradas as ―Esposas‖ ou Consortes dos Deuses (sua Contraparte Feminina). – Shakti é também a fase negativa (pólo) de uma força qualquer; é a Esposa de um Deus, sendo o Deus a fase positiva da força. – BRAHMA-SHAKTI é a Energia Consciente e Inteligente de Brahman, a Qual compenetra a Matéria (Prakriti), sendo Ela o Aspecto MÃE da Divindade; Ela é a Deusa, o Amor, assim como o SER SUPREMO, o PARAMATMA (ou PURUSHA), é o Aspecto PAI, a Consciência, a Sabedoria. – Atuando como um todo, isto é, como PAI-MÃE, o Paramatma (e Sua Shakti) Se une à Matéria (Seu campo de ação) dando origem a toda a Criação, neste infinito Cosmo. – Como Atma (Seu Aspecto Ser e Sua Shakti), unido à Matéria, a DIVINDADE atua imanente em tudo no Universo, estando Atma, Shakti e Prakriti (isto é, Espírito, Energia e Matéria) presentes em toda a Criação, sendo propriedade até do mais pequenino átomo mineral, pois até o átomo é constituído de Espírito, Energia e Matéria. – Ela, a Brahma-Shakti (ou simplesmente Shakti), é a DEUSA conhecida na Literatura Śuddha como YOGA-DEVI, Deidade Suprema (como Pólo Negativo Feminino), cuja transcendência, poder e atuação na Criação, Preservação e Desintegração nos processos planetários (pois Ela é a Shakti tanto de Brahma, como de Vishnu e de Shiva, os Quais não podem atuar por Si sós, isto é, sem o Poder da Shakti) são pouco conhecidos dos ocidentais. – Por isso se diz que Ela é a Executora da Vontade do Senhor. – Em verdade, Ela (a Brahma-Shakti), é da mesma Essência de Brahman, pois faz parte de Sua Natureza. Porém, tanto a Brahma-Shakti quanto a Prakriti (a Matéria) são referidas indistintamente na Doutrina Śuddha como MA, Maya, Yoga-Devi, ou como a Divina Mãe. – A Brahma-Shakti possui em Si dois Aspectos: o lado material e o lado espiritual (a Vida), os quais funcionam como um todo, pois a Prakriti, por si só, seria um mero amontoado de matéria inerte e caótica, sendo a Vida (a Energia) o princípio vivificante que a impele ao movimento para sua organização, dando origem à Natureza em suas infinitas e variadas formas de manifestação.
-329– A união do Espírito (Atma) com a Matéria (através da Shakti que os mantém unidos) vai, pouco a pouco, através dos incontáveis Eons de Sua evolução, tornando-a mais sutil e quintessenciada, elevando-a e impulsionando-a em seu caminho de regresso a seu estado primordial de Energia pura, divinizada, pela associação com o Ser, em Sua longa jornada evolutiva. – É a Shakti (ou Brahma-Shakti) o ―nexo‖ que mantém unidos Espírito e Matéria, tomando parte ativa em todos os processos da Natureza, na manifestação cósmica, tanto objetiva como subjetiva, material e divina, pois nada em todo o Cosmo funcionaria, nem mesmo o Cosmo existiria sem a participação da SHAKTI. – A Brahma-Shakti é a própria VIDA que dá vida a tudo que tem vida (animada e inanimada), a tudo o que existe neste Infinito Cosmo. – Veja ―Yoga-Devi‖ como complementação da definição de ―Shakti‖ e ―Brahma-Shakti‖, pois são termos que definem a mesma Manifestação da Divindade (em Seu Aspecto Feminino), examinados e estudados sob vários aspectos, e vistos através de diferentes prismas. – Veja também Mula-Prakriti, Prakriti e Brahman, cujas definições complementam este estudo. – Veja os versículos 11 e 12 do Cap. VI. SHAMA – Paz, sossego, calma, serenidade, placidez, tranqüilidade de ânimo. SHANKARA ou ŚANKARA – Epíteto de Shiva. É também o nome de um célebre Filósofo vedantino. – Literalmente: ―que causa bem-estar ou felicidade‖. Nome dado a Shiva, como Chefe dos Rudras. – Veja Rudra e Shankaracharya. SHANKARACHARYA ou ŚANKARACHARYA – Grande Reformador Religioso e Mestre da Filosofia Vedanta. Seu saber e santidade eram tidos em tão alto apreço que este Personagem chegou a ser considerado como uma Encarnação de Shiva. É o mesmo Shankara. SHANTANAVA – Outro nome de Bhishma, chefe do exército dos Kauravas. SHANTANU – Pai de Bhishma e de Vichitravirya, antecessor deste, e rei da Dinastia Lunar, descendente do Rei Bhárata. SHANTI – Paz, calma, placidez, felicidade, serenidade, beatitude. – No Cap. XXIII, v. 11, seu significado é Prâpti. – Veja Prâpti. SHARANGA – O arco sagrado manejado pelo Divino Arqueiro (Krishna). SHARIRA – Envoltura ou corpo. A forma visível. – Veja ―Linga-Sharira‖. SHARIRAYATRA ou LOKAYATRA – Processo evolutivo do ser. SHASTRAS – Qualquer Obra aceita como Divina ou como Autoridade Religiosa, incluindo os livros de Leis. – Escritura Sagrada, Obra Científica ou Canônica, Texto Sagrado, Ensinamento, Lei, Instrução, Doutrina. SHIVA – Terceira Pessoa ou Terceiro Aspecto da Trindade Hindu, isto é, da Trimurti (Brahma, Vishnu e Shiva). É chamado também o Primeiro Logos, sendo Sua atuação no processo evolutivo dos mundos considerada mais importante que a de Brahma,
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o Criador, e de Vishnu, o Conservador. É um Deus de primeira grandeza, e, em Seu caráter de Destrutor, é considerado mais elevado que Vishnu, posto que destrói somente para regenerar, em um plano superior. A Deusa Pârvati, também chamada DurgaDevi, é sua Consorte ou Shakti. – Veja Trimurti, Brahma, Vishnu, Durga e Yoga-Devi. SHRADDHA – Fervor, devoção. (Veja no Cap. IX, vs. 2 a 6, detalhes sobre sua natureza). Fé, confiança, reverência. É também devoção à memória dos Manes ou parentes desencarnados, e o cuidado pelo bem-estar deles. Um ritual ―post-mortem‖ para ajudar os parentes recém falecidos; oferenda sagrada em honra dos mortos. Também significa tendências e disposições. SIDDHA – Santo, Adepto; Varão Perfeito; ser humano que, por seu alto grau de perfeição, saber e santidade, alcançou uma condição semidivina. Um Ser quase divino. Asceta, Yogue ou Adepto dotado de poderes extraordinários; Vidente (de Visão Transcendente); Ser de poder sobrenatural, possuidor de Siddhis ou poderes superiores, os quais são atributos de perfeição. SIDDHANTA – Qualquer Obra reconhecida como douta sobre astronomia ou matemáticas, na Índia. – Conclusão, demonstração. SIDDHAS NAYAKAS – São os 32 Siddhas que servem diretamente (mais próximos) a Bhagavan Naráyana, formando, juntamente com Ele, Sri Yoga-Devi, Nara, Dakshinamurti, os Quatro Kumaras, os Quatro Manus, os Chefes dos Sete Raios e outros grandes Hierarcas, a DIVINA HIERARQUIA denominada ŚUDDHA DHARMA MANDALAM, ou o Governo Espiritual do Planeta Terra. – Veja Śuddha Dharma Mandalam, Naráyana e Yoga-Devi. SIDDHI – Literalmente, ―atributo de perfeição‖. Poderes fenomenais que os Yogues adquirem graças à sua evolução espiritual e à sua santidade. Faculdades ou poderes anormais extraordinários do homem. Um grupo desses poderes são manifestações de energias psíquicas mentais, isto é, pertencentes ao eu inferior. O outro grupo, para ser desenvolvido, requer maior evolução espiritual, disciplina, e controle dos poderes espirituais. Ao primeiro grupo pertencem a vidência, a audiência, as faculdades mediúnicas comuns, etc. Ao outro grupo pertencem a clarividência, a clariaudiência, o dom de curar, a telepatia, e certos poderes superiores, os quais pertencem ao Eu Superior e são faculdades adquiridas por seres já evoluídos ou de certa evolução. Há faculdades psíquicas no primeiro grupo que são muitas vezes hereditárias e nem sempre denotam evolução, sendo quase sempre pesado Karma para aqueles que as possuem (neste caso), com raras exceções. SIKHANDI – Cor (azul, amarelo, vermelho, etc.) É também nome de um poderoso herói Pândava. SKANDA – Segundo filho de Shiva. É o Deus correspondente ao planeta Marte, Deus da guerra e Chefe das Hostes Celestiais. É também um dos nomes de Sanat-Kumara, um dos Aspectos de Naráyana. – Veja Sanat-Kumara e Naráyana.
-331SLOKA – Verso metrificado ou versículo. SOMAPAS – Aspirantes Gñanis. Sacerdotes Brâhmanes. Literalmente, Somapa significa ―bebedor de Soma‖ (bebida sagrada usada nos templos para produzir o estado de êxtase). SRI ou SHRI – Mãe, entre todas as mulheres (nesta Gita). (Cap. XIII, v. 14). Sri é um dos nomes da Deusa Lakshmi, Consorte ou Shakti de Vishnu; é a Deusa da Prosperidade e da Abundância. Também Saraswati é chamada Sri. – Sri, anteposto a nomes de pessoas ou coisas, é um sinal de respeito que equivale a divino, bemaventurado, santo, venerável, glorioso, bendito, etc. Porém na Índia atual essa palavra é geralmente usada como ―senhor‖ ou ―senhora‖ anteposto ao nome, ou ainda como sinal de respeito, de consideração ou reverência. ŚRIMAD – Gloriosa(o); que possui riquezas. – O título ―Śrimad Bhagavad Gita‖ pode ser traduzido como ―A Gloriosa Canção do Senhor‖. STHITABUDDHI – Aspirante sábio, bem versado no Conhecimento superior, de Mente firme, virtuoso e devoto. STHITADHI – De Mente ou pensamento fixo ou firme. Também significa Samatma ou Muni (silencioso). STHITAPRAGNA – Firme no Conhecimento e na Sabedoria. STHITI – O atributo da conservação; estabilidade, perseverança, firmeza, constância; virtude, retidão, devoção etc. STUTI – Louvor, elogio, glória, hino, cântico. SUBHADRA – Irmã de Krishna, o Qual a deu como esposa a Arjuna, com o fim de estreitar a amizade entre Ele e Arjuna. Subhadra foi, portanto, uma das esposas de Arjuna. ŚUDDHA – Puro, imaculado, perfeito; livre de pecado, sem faltas; de total pureza, sem mescla, sem manchas. Transcendente. ŚUDDHA-BRAHM – O Akshara, o Absoluto, o Onisciente, o Transcendente Brahm. ŚUDDHACHARYA – Um Mestre Śuddha, aquele que alcançou a máxima pureza, ou o estado de Śuddha. Acharya significa: Mestre, Instrutor, Guru. ŚUDDHA DHARMA – A Lei Pura, Transcendente. – A Lei Divina e Eterna, sempre benéfica em todos os tempos e lugares, para todos os seres. – A dinâmica filosófica do Śuddha Dharma é o tema desta Grande Mensagem, a Bhagavad Gita. – Veja Śuddha e Dharma separadamente neste glossário. ŚUDDHA DHARMA MANDALAM – A Divina Hierarquia; uma Sacratíssima Ordem Esotérica (realmente esotérica) constituída por Seres de altíssima evolução, os Grandes
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Hierarcas de nossa Raça. Foi reconstituída pelo Poderoso e Excelso Ser que tem a Seu cargo a evolução do Planeta Terra, Bhagavan Naráyana (Representante direto de Vishnu, o Naráyana de nosso Sistema Solar), o Qual é designado também com o nome de Sanat-Kumara. – Esta Sacratíssima Ordem foi reconstituída (porque já existia há muitíssimos milênios) há mais de 12.000 anos, no princípio do primeiro período da Kali-Yuga, a Era atual em que vive presentemente a humanidade, ou seja, a Idade Negra (ou ―Idade da Dor‖). – Seus mais altos Membros, isto é, o Senhor Naráyana, Sri YogaDevi (Sua Shakti e Divina Consorte, também chamada Lakshmi), Nara, os Quatro Manus, os Quatro Kumaras, Dakshinamurti, e os Sete Grandes Rishis que têm a Seu cargo a Regência dos ―Sete Raios‖, vieram do MANDALA DE VÊNUS com a finalidade de reorganizar o Governo Espiritual da Terra. Os outros Membros da Hierarquia vieram de outros planetas mais evoluídos, tanto de nosso Sistema Solar, como de outros Sistemas da Galáxia. Esta Divina Hierarquia é constituída (como já foi dito) pelo próprio Senhor Naráyana (Seu Divino Chefe), Sri Yoga-Devi (Suprema Deusa da Terra e Rainha do Mandalam), Nara (o Representante e Porta-Voz da Humanidade perante o Chefe da Hierarquia), os Quatro Kumaras, Hamsa-Yogue, os Quatro Manus, os Chefes dos ―Sete Raios‖3 (isto é, dos Sete Mundos ou Lokas), os 32 Siddhas Nayakas, e uma legião de Mahatmas, Siddhas, Maha-Siddhas, Maharishis, Rishis, Yogues, Lokadhikaris, Madbhavas, Manasas, Jathas e outras Hostes de Seres Celestiais, os Quais supervisionam a evolução dos seres humanos, dos seres em geral, e toda a evolução do planeta. Sendo o ŚUDDHA DHARMA MANDALAM o Governo Espiritual da Terra, seus Membros atuam em todos os países e povos, dirigindo Religiões, Ciências, Artes e Ideologias, silenciosamente, ocultamente (tanto em plano sutil como físico), sem Se darem a conhecer, velando para que o Plano Divino seja cumprido. Os Dirigentes e Membros da Hierarquia, os Funcionários e Habitantes das Cidades Sagradas (sua Sede Oculta), exercendo cada um (de acordo com sua evolução e capacidade) uma função, zelam pelo cumprimento do Plano Evolutivo do Mundo. – Em lugares sagrados e protegidos vibratoriamente estão situadas as Bibliotecas Ocultas, nas quais são guardadas, sob a custódia dos Mestres do Mandalam, os originais das grandes Obras da Literatura Sagrada de todas as Religiões e os Tesouros da Sabedoria Espiritual de todos os povos e da humanidade. – Destas Bibliotecas vieram, através de Mensageiros dos MAIORES DO MANDALAM, os originais desta ―Śrimad Bhagavad Gita‖ e dos livros que contêm os Ensinamentos da Doutrina Śuddha. – ŚUDDHA DHARMA quer dizer, isoladamente, a LEI PURA, benéfica em todos os tempos e lugares para todos os seres, que guia e protege os seres humanos em sua evolução. É a fonte primigênia de todas as Religiões, as contém todas e é a essência de todas elas, já que todas ensinam o bem, a verdade, a justiça, o amor e todas as virtudes e qualidades que elevam o ser humano e a Lei Divina prescreve, sendo este o traço comum a todas as 3
Os ―Sete Raios‖ referidos acima são referentes aos 7 Mundos ou Planos; os ―Sete Raios‖ conhecidos, citados na Ciência Esotérica, são subdivisões do Raio Humano – o Vasudeva-Rekha.
-333Religiões verdadeiramente dignas de serem consideradas como tal. Portanto o ŚUDDHA DHARMA (o sistema Filosófico-Religioso ensinado pelos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam) é como ―o grande tronco do qual nascem todos os ramos‖, porque é a Lei Pura e Eterna, também chamada ―Sanátana Dharma‖ (a Lei Eterna). – O nome dessa Sagrada Ordem pode ser traduzido como: – ŚUDDHA = Puro, imaculado, transcendente; – DHARMA = Lei; – MANDALAM = Círculo, Sociedade, Ordem, Organização. – Esta Ordem Esotérica (realmente esotérica até na própria Índia), da mais alta pureza e transcendência, não deve ser confundida com a Organização Externa que usa o mesmo nome ―Śuddha Dharma Mandalam‖, pois esta é um pálido reflexo do Transcendente MANDALAM, a Divina Hierarquia. – Veja no Cap. IV, resumo 6-7, referência à constituição desta Divina Hierarquia. ŚUDDHA-GÑANA – Conhecimento ou Sabedoria Pura, Divina. ŚUDDHA-MAHAVAKYAS – Os três Aforismos básicos da Doutrina Śuddha. São: ―Sarvam Tat Khalvidam Brahm‖ = Tudo isto é verdadeiramente Brahm; – ―Sarvam Brahm Swabhavajam‖ = Tudo é da natureza de Brahm; – ―Sarvam Avasyakam‖ = Tudo é necessário. ŚUDDHAS – Aqueles que já estão livres de pecado, puros, de grande elevação espiritual e de grande saber. São Seres de grande Sabedoria e Conhecimento, buscadores da Verdade, que seguem e praticam os Ensinamentos da Doutrina Śuddha, levando uma vida pura, sem mácula. São chamados Śuddhas os Mestres da Doutrina Śuddha, e os ―Maiores do Mandalam‖. ŚUDDHA-SWARUPAM – A Pura e Transcendente Forma (de Śuddha = puro, e Swarupa = forma). Refere-se à Pura e Transcendente Forma de Brahm. SUDRA – A mais baixa das quatro castas em que os habitantes da Índia estão divididos; a casta servil, inferior. – Sudra significa: servo, criado; indivíduo dedicado à servidão, aos ofícios mais baixos, mais humildes, ao trabalho braçal. SUDRA-KARMA – O karma dos Sudras, isto é, seu labor, seu destino, sua maneira de viver, imposta pela lei do karma. As leis ou o conjunto de atribuições pertencentes à casta dos Sudras. SUGHOSHA – Literalmente ―que soa bem ou forte‖. Nome da concha de Nakula (príncipe Pândava), usada como corneta de guerra. SUKHA – Bem-aventurança, felicidade, deleite, alegria, gozo, glória, placidez, sossego, tranqüilidade de ânimo, etc. É também ―Benção do Conhecimento‖. (Cap. VIII, v. 24). SUKLAGATI – Nivritti. Uma das sendas do processo samsárico mundanal, a qual impele (ou leva) à condição yóguica, alcançando a qual o aspirante se libera dos renascimentos. Caminho subjetivo, interior. – Veja Cap. XI, resumo dos vs. 18 a 21.
-334SUKRA – Estrela. O planeta Vênus. Nesta Gita (Cap. XX, vs. 10 a 17), é o Imperecível Akshara brilhando através do plano Mahat (ou Búddhico). SURENDRA-LOKA – Mundo ou paraíso da Indra (Chefe ou Senhor dos Deuses). É também chamado Surendra-Loka, o Chakra Cardíaco ou Anahatha; a Transcendente Luz da câmara sutil do coração. SURYANADI ou PINGALA – Esta palavra é composta de Surya = Sol, e nadi = nervo. É o mesmo que Pingala. Veja seu significado detalhado em Pingala, neste glossário. SUSHUMNA – O Raio Solar, o primeiro dos Sete Raios (místicos). – É um nadi (nervo ou conduto) que passa entre os nadis Ida e Pingala que correm sutilmente ao longo da medula espinhal. De acordo com os antigos Raja-Yogues, Sushumna está localizado (em plano sutil) no tubo central da medula oblongada, tendo Ida à esquerda e Pingala à direita. Este nadi relaciona o coração com o Brahmarandhra (Chakra Coronário ou ―Porta de Brahma‖) e desempenha um importantíssimo papel na prática do Yoga. Sushumna é também aquele estado de força que está pleno das fases positiva e negativa. No brevíssimo instante em que não flui o alento lunar (negativo, esquerdo) nem o solar (positivo, direito), diz-se que o Prana se acha em Sushumna. De Sushumna nascem todos os nervos sensitivos (Gñana-Nadis), e por esta razão ele também é denominado Gñana-Nadi. Por esse conduto (Sushumna) sobe Kundalini, o ―Poder Ígneo‖ (que reside na base da coluna vertebral, na vértebra sacra, enroscado como uma serpente) ao ser despertado, quando esse despertar é corretamente dirigido por um verdadeiro Mestre ou Guru, ou quando é despertado naturalmente, sem nenhuma prática artificial. – Veja Ida e Pingala. SUTRATMA – Literalmente, ―Alma-Fio‖ ou ―Fio do Espírito‖. É o Espírito Imortal, o qual é como o ―fio‖ pelo qual suas inumeráveis existências (vividas em cada encarnação) estão ligadas, assim como as contas de um colar estão unidas pelo fio que passa por cada uma delas. – É o Ser que encarna e reencarna, vida após vida, desde o princípio até o fim do Manvantara, ligando entre si, e a Si mesmo, as pérolas de Suas existências humanas. – É também o Alento Universal que sustém a vida, a Energia Universal. SWABHAVA – O Aspecto Imanifestado de Brahm. É também natureza, caráter; disposição ou natureza própria, pessoal ou particular. É o próprio ser; significa também: natural, coração, ânimo, alma. SWADHARMA ou ATMA-DHARMA – Execução das ações com discernimento átmico, a qual transcende a influência das Trigunas. É também dever ou direito pessoal, o próprio dever. – Veja Cap. XXVI, v. 7. SWARA – Som, tom, entoação, nota musical. A corrente da Onda de Vida; o Grande Alento; o alento humano.
-335SWARA-REKHA – O Raio do Som. Este Raio pertence ao Plano Akáshico (ou SabdaBrahm), cujo atributo é o Som. SWARGA – Céu mental. Mansão Celeste; o mesmo que Indra-Loka ou Paraíso de Indra. Sinônimo de Svar-Loka; Mundo Celeste, Mansão dos Deuses e dos Bem-aventurados. É o Céu das Religiões Esotéricas da Índia. Aquele estado puramente subjetivo de perfeita felicidade em que se acham as almas dos justos durante o período intermediário entre duas encarnações consecutivas. (Não confundir com Nirvana). SWARTHA – Riqueza, prosperidade pessoal. SWARTHA-DOSHA – Egoísmo (em todas as suas formas, desde as mais grosseiras às mais sutis e ocultas). SWARUPA – Forma. Que tem sua forma própria ou natural; forma pessoal; forma ou condição natural. Belo, agradável. – Brahma-Swarupa é o Aspecto Manifestado de Brahm (seu corpo ou forma); a manifestação densa, o Jagat ou Cosmo, neste último sentido. – Veja Brahma-Swarupa. SWIKARA ou YOJANAM – Recepção da Brahma-Shakti (da Energia Divina). – Veja Brahma-Shakti e Shakti.
T TAMAS – Inércia. Também é estabilidade. Uma das Trigunas (qualidades ou atributos da Matéria), ou seja, Satwa, Rajas e Tamas, sendo esta a mais baixa ou inferior. É a qualidade considerada de trevas, de impureza. No mundo objetivo TAMAS se manifesta como pesadez, inércia, densidade, tenebrosidade. Na natureza interna do homem aparece como abatimento, medo, desconfiança, indecisão, indolência, preguiça, ignorância, cegueira espiritual, ilusão, insensatez, apatia, displicência, dureza de coração, torpeza, sono excessivo, letargia, sensualidade, falta de pudor, maldade, indiferença, irresponsabilidade, negligência, etc. É a qualidade predominante nos seres humanos de pouca evolução, nos brutos e nos reinos vegetal e inorgânico. – Veja Gunas e o Capítulo X, onde as Gunas são detalhadamente explicadas, bem como suas implicações nas ações humanas. TANMATRAS – São os elementos que compõem um dos Tatwakutas em que se divide Indriya. São: Som, correspondente ao sentido da audição; Tato, correspondente ao éter tactífero; Forma, correspondente ao sentido da visão; Gosto, correspondente ao paladar; e Olfato, correspondente ao éter odorífero. – Veja Tatwas e Indriya. TAPAS ou TAPA – Austeridade, em síntese; penitência, jejum, mortificação de qualquer natureza, e outros meios usados para subjugar o corpo e dominar os Sentidos. É também abstração, meditação. Praticar Tapas é também se dedicar à contemplação. É um dos elementos do Yoga preliminar, como austeridade. Significa também calor, fogo, ardor,
-336dor, ascetismo, sacrifício, observância religiosa, etc. – Disciplina da Mente-Emoção. (Cap. IV, v. 18). – Veja o Capítulo IX, onde está detalhadamente explicada a natureza da relação entre Yagna, Dana e Tapas, e as Trigunas, ou qualidades da Matéria. TÁRPANA ou TÁRPANAM – Ablução ou purificação feita por aspersão de água consagrada nos rituais de Yoga, também referida como Yoga-Tárpanam. TAT – O Universo Manifestado. – ―OM TAT SAT‖ é a tríplice designação da Natureza de Brahm: ―AUM‖ (OM) = Transcendência ou ―Śuddham‖; ―TAT‖ = Manifestação ou ―Sagunam‖ (com forma e atributos); e ―SAT‖ = Imanência ou ―Nirgunam‖ (sem forma e sem atributos). – Veja Cap. XXV, v. 21. – ―OM‖ (AUM) indica a Divindade em Sua qualidade de Absoluto; ―TAT‖, Sua universalidade, isto é, Sua manifestação universal; e ―SAT‖, Sua existência real, eterna e imanente. – AQUILO, ao Qual se refere como Espírito e Matéria, é Uno na eternidade (como Causa Perpétua), e não é nem Espírito, nem Matéria, senão ―AQUILO‖, representado, em sânscrito, pelo monossílabo ―TAT‖. – TAT é tudo o que ―foi, é, e será‖, tudo o que a imaginação do homem é capaz de conceber. – ―TAT‖ é Brahm, o Absoluto manifestado, ou a Forma de Brahm, isto é, ―BRAHMA-SWARUPAM‖. – Obs.: Esta expressão se refere ao Supremo Brahm, não ao Brahma da Trimurti. TAT-BRAHM – A vital e substancial Forma de Brahm. (Cap. XII, resumo dos vs. 3 a 5). É o Akshara, o Imperecível, atuando no processo samsárico mundanal (manifestado). – Veja Cap. XVI, v. 3. TATWAKUTA – São os quatro grupos em que se dividem tecnicamente os Tatwas, os Elementos ou Princípios Básicos da Matéria. São eles: Avyakta-Tatwakuta, MahatTatwakuta, Manas-Tatwakuta e Indriya-Tatwakuta. – Veja Tatwas. TATWAS – Os Princípios Básicos Primordiais da Prakriti ou Matéria. (Cap. V, v. 13). Também são chamados Tatwas os abstratos princípios de existência, físicos e metafísicos. – Formas Vibratórias do Éter. É também AQUILO (a Divindade) eternamente existente, compenetrando a Matéria. – Por derivação da Natureza mesma de Brahman, Suas três manifestações, ou seja: o Princípio de Vida (ou Espírito), Energia (ou Força) e Matéria, isto é, Atma, Shakti e Prakriti são ―nota característica‖ de cada átomo do Universo. – A Matéria (ou Prakriti) da qual é constituído o Cosmo, é formada pelos 24 Princípios ou elementos chamados Tatwas que, em harmonia com a variação de suas funções, são classificados em quatro grupos principais, distintos em seu proceder. Cada grupo é conhecido como TATWAKUTA. São estes: Avyakta – Matéria Indiferenciada correspondente ao Plano Yóguico (Akasha); é o de Matéria mais fina ou sutil, veículo de manifestação do Atma ou Mônada, Sua primeira ―vestimenta‖, por assim dizer. – Em ordem de sutileza, segue Mahat – correspondente ao plano Búddhico (plano da Intelecção e Intuição). – Menos sutil que os dois primeiros, segue Manas (Mente-Emoção). – O mais baixo ou denso de todos é chamado Indriya, o qual é dividido em quatro grupos de cinco Elementos. Estes são os cinco MAHABHUTAS, isto é: Éter, correspondente ao Akasha-Tatwa (o mais importante e o mais sutil);
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Ar, Vayu-Tatwa; Fogo, Tejas ou Agni-Tatwa; Água, Apas-Tatwa; e Terra, Prithivi-Tatwa. – Os cinco Tanmatras, correspondentes a cada Mahabhuta, na respectiva ordem, são: Som (audição); Tato; Forma (visão); Paladar (gosto); e Olfato. – Os cinco Gñanendriyas, correspondentes aos Mahabhutas e aos Tanmatras, são, respectivamente: Ouvidos, Pele, Olhos, Língua e Nariz. – Assim, os três primeiros grupos, Mahabhutas, Tanmatras e Gñanendriyas, estão intimamente ligados entre si, isto é, os órgãos e suas funções correspondentes aos Tatwas, como segue, em ordem de importância: Tatwas de Indriya
Mahabhutas (Elementos)
Tanmatras (Percepção)
Gñanendriyas (Órgãos de Percepção)
Akasha-Tatwa Vayu-Tatwa Agni-Tatwa Apas-Tatwa
Éter Ar Fogo Água
Som (audição) Tato Forma (visão) Paladar (gosto)
Ouvido Pele Olhos Língua
Prithivi-Tatwa
Terra
Olfato (odor)
Nariz
Por último estão os cinco Karmendriyas ou órgãos de Ação: – Braços (e mãos), Pernas (e pés), Boca, Genitais e Ânus (órgão de excreção). Estes quatro grupos de cinco Elementos (vinte ao todo) são chamados, em conjunto, INDRIYA. – Compenetrando todos estes planos de Matéria, desde o Avyakta (onde ele nasce) até o Indriya, está o AHAMKARA (―Consciência de ser‖ ou ―Consciência do Eu‖). Porém, sendo este o Elemento por meio do qual o Ser assume uma individualidade (ou estado de separatividade), sua ação se concentra no grupo Manas (Mente-Emoção). O Ahamkara, comumente chamado ―Egoísmo‖, não é bom nem mau em princípio, é a Consciência de si mesmo ou auto-identidade; é o sentimento da própria personalidade, ―simples e ignorante‖ em seu nascimento, sem conhecimento do bem nem do mal, que aos poucos se transforma no ilusório princípio do homem que, Devido à sua ignorância, separa seu ―eu‖ dos outros ―eus‖ e do ―EU Único Universal‖. – Em essência, ele é o mais elevado dos Tatwas que, nascendo no Avyakta, o plano da Matéria Indiferenciada (Akasha ou Plano Yóguico), compenetra todos os estados ou planos da Matéria, tanto na constituição do homem como do Universo. – Além dos 24 Tatwas descritos acima, de acordo com os Ensinamentos Śuddhas, está o PURUSHA como o 25o Princípio, transcendendo os 24 Tatwas. – Veja Ahamkara e Manas. TRIGUNAS – As três qualidades ou atributos (Gunas) da Prakriti ou Matéria, as quais fazem parte de sua natureza. No Plano Avyakta (Plano da Matéria Indiferenciada ou Mula-Prakriti) estas Gunas existem perfeitamente equilibradas entre si, em estado estático, em completa inatividade. Quando a Matéria, nesse Plano, entra em movimento pela ação da Energia emanada de Brahman, as Gunas, predominando ora uma, ora outra, rompem esse equilíbrio, dando-se então a diferenciação da Mula-Prakriti em Prakriti, a Matéria Diferenciada (Vyakta), Substância Original de toda a manifestação cósmica. – As três Gunas – Satwa, Rajas e Tamas – tanto no Cosmo como nos seres,
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em sua atuação, estão sob a regência das Três Pessoas ou Divindades da Trindade Hindu ou Trimurti, ou seja: – Satwa (pureza, equilíbrio), de Vishnu; – Rajas (atividade, desejo), de Brahma; – e Tamas (paralisação e decadência, que precedem a destruição), de Shiva, que destrói para regenerar ou reconstruir. – Satwa e Tamas não podem se manifestar por si sós, por isso necessitam do impulso do ―motor‖ Rajas (cuja característica é o movimento, a ação) para entrarem em atividade e despertar suas propriedades características. – As Trigunas permeiam e atam os seres, quer sejam animais, humanos ou mesmo angélicos, durante toda a evolução. (Cap. X, resumo e v. 19). Somente o Espírito (Atma) está livre de sua influência. Estas três qualidades estão operando constantemente em toda a Natureza e nos seres, ora predominando uma, ora outra, de acordo com a atuação e evolução de cada ser. Em relação ao ser humano, quanto mais ele avança em sua evolução, mais sátwico (harmônico, sereno e equilibrado) irá se tornando, vencendo o domínio de Rajas e de Tamas, sendo cada vez mais senhor de si mesmo, observando e controlando a influência dessas duas qualidades em sua natureza até transcendê-las, já que é impossível ao ser em evolução liberar-se delas, pois ―não há nada sobre a Terra, ou entre os Devas no Céu, nem em todo o Cosmo manifestado, que esteja livre da influência das Trigunas.‖ (Cap. X, v. 19). – Nos Caps. IX e X, as Trigunas estão detalhadamente estudadas, e sua ação amplamente explicada. – Veja Trimurti, Gunas, Satwa, Rajas, Tamas e Mula-Prakriti. TRIMURTI – É a Trindade Hindu: Brahma, Criador; Vishnu, Conservador ou Mantenedor; e Shiva, Destrutor (ou Regenerador). – A Doutrina Śuddha explica a Trimurti em relação com os Sete Raios e com o Ishwara, em Seu trabalho no Samsara, ou ―processo samsárico mundanal‖. De acordo com os Ensinamentos Śuddhas, ―a Trimurti é o Instrumento do Ishwara, cuja autoridade não está dividida, pois Ele é o Originador, Preservador e Desintegrador do Sistema, e em Si Mesmo possui a perfeição de todas as qualidades, as quais, em níveis inferiores, encontram expressão através dos três diferentes Agentes que são os Aspectos da Trimurti, cujo trabalho é feito de acordo com Sua Ideação como Diretor Único do Sistema Solar.‖ – Falamos aqui de nosso sistema, porém a Manifestação Brâhmica se processa identicamente, quer no Todo, quer em sistemas particulares, de acordo com a ―Lei de Correspondência‖ exposta no Kybalion: ―Assim como é em cima, é em baixo; e como é em baixo é em cima.‖ – Continuando o mesmo assunto: – ―É BRAHMA, o Qual maneja a Matéria-Raiz, Quem começa o trabalho, desenvolvendo os diferentes Elementos para formar os Sete Planos da Criação. Seu labor parece mais potente nos primeiros cinco planos, aos quais correspondem os cinco Elementos: Akasha (Éter), Vayu (Ar), Agni (Fogo), Apas (Água) e Prithivi (Terra); daí ser Ele considerado como Criador (o Terceiro Logos da Teosofia). Seu Plano de ação é o Plano Akáshico, o mais elevado, chamado Satya-Loka ou Brahma-Loka. – Em seguida, vem VISHNU, o Segundo Logos, o Mantenedor das formas criadas por Brahma. – E por último SHIVA, o Primeiro Logos, que dispõe todo o necessário para a liberação do espírito humano, depois de sua longa viagem evolutiva através dos Sete Mundos. – O dever de Shiva é fazer com que o espírito individualizado se adentre mais em seu interior, queimando o que ele, por ignorância, e pela ilusão
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gerada no percurso do Pravritti-Marga (ou Senda da Ação externa), havia identificado consigo mesmo da Matéria dos mencionados cinco planos. Por essa razão, Shiva é considerado superior a Brahma e a Vishnu; porém, essa superioridade é apenas aparente, e nosso principal interesse deve estar naquele Ser Único Supremo, situado à cabeça dos Três Logos, o ISHWARA (o Logos Imanifestado), o Ser que, em um átomo de Seu corpo, formou todo este Universo, e cuja Essência permanece Imortal. – Em relação com os Sete Raios, não há dúvida de que a humanidade pode ser dividida em sete grupos, cujas características de caráter e temperamento indicam o Raio a que pertencem. Uma classe de seres cai sob a influência do 1o Raio, o ‗Raio do Poder‘ ou Governante (liderança), e sua característica predominante é o Elemento Desejo ou Vontade – ‗Iccha‘. Em tudo que um indivíduo desta classe possa realizar se encontra a força do Desejo; neste caso, o Desejo é o Aspecto de Shiva do Ishwara. – SHIVA é o Senhor do 1o Raio. – O 2o Raio ou ‗Raio da Sabedoria‘ é governado por Vishnu, o 2o Aspecto do Ishwara. – Os restantes cinco Raios estão agrupados sob o ‗Raio do Amor‘, no qual o Aspecto Brahma do Ishwara Se manifesta de cinco maneiras diferentes. – Ainda quanto aos Raios, a atuação do Aspecto Shiva parece superior, Devido à importância de Seu raio de ação. Porém, examinando a atividade da Trimurti como um todo, não se pode negar que, na ação dos três Aspectos vista como um conjunto, não se pode atribuir superioridade a nenhum em particular. (Síntese dos principais aspectos da Trimurti, de acordo com o que é dito sobre este tema em ―Uma Organização Esotérica na Índia‖, pgs. 76 a 79). – Os Sete Raios são analisados aqui somente em relação à TRIMURTI, vista sob outro prisma, em um plano mais alto, sem detalhar as características de cada Raio em particular. – Veja Brahma, Vishnu e Shiva. TRÍPLICE FOGO – Brahma, Vishnu e Shiva, representados no Pranava AUM (OM) pelas letras A, U, e M, respectivamente. – Veja AUM no princípio da letra A, neste glossário. TRÍPLICE-PROCESSO-SAMSÁRICO-MUNDANAL – Gñana (Conhecimento), Iccha (Desejo ou Vontade) e Kriya (Atividade ou Ação). TRÍPLICE REGIÃO DA CONSCIÊNCIA – Mahat (Buddhi ou Intelecto), Manas (MenteEmoção) e Indriya (Sentidos). TRÍPLICE-SAMSARA – Mahat, Manas e Indriya, e seu funcionamento. (Cap. XVI, v. 8, nota de rodapé no 8). No Capítulo XVII, v. 1 (nota de rodapé no 1), Tríplice-Samsara tem o significado de nascimento, morte, etc. TYAGA, VAIRAGYA ou SHAMA – Completo desapego ao fruto da ação com a Devida dedicação deste e de si mesmo à Divindade. Execução da Ação sem predileções pessoais, praticada por ser necessária, sejam seus frutos agradáveis ou desagradáveis. – Desapaixonamento nas relações sociais e pessoais, como em todas as ações. – Ação transcendente, isto é, atuação no tríplice processo samsárico mundanal (Gñana, Iccha e Kriya), transcendendo o fruto da ação. ―Transcender‖ é superior a ―renunciar‖ ao fruto da ação necessária (não da ação ordinária comum, já que o ser atua constantemente,
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quer seja física, mental ou espiritualmente, mesmo durante o sono), dedicando-o à Divindade. A diferença, que existe entre Tyaga e Sannyasa (geralmente traduzidos como sinônimos, significando ambos ―renúncia‖), é que Tyaga é renúncia aos frutos da ação com dedicação dos mesmos e de seu próprio ser à Divindade. – Tyaga e Sannyasa se complementam mutuamente em sua ação purificadora; ambas fazem parte do KarmaYoga, a ação que não gera laços kármicos, levando o ser à Liberação. – Veja Sannyasa, e o Cap. XIX, o qual explica detalhadamente Sannyasa e Tyaga. – Veja Vairagya e Shama. TYAGUE – Renunciante, liberto. Aquele que, por sua natureza Sátwica, de iluminado entendimento, pratica as ações necessárias, quer seus frutos sejam agradáveis ou desagradáveis, dedicando-os, e a si mesmo, à Divindade. – Veja Sannyasa e Tyaga.
U UCHCHAISRAVAS – O Cavalo-Modelo, rei dos cavalos. O cavalo branco de Indra, chamado Raja. UPASANA – Ato de Adoração. (Cap. XVI, resumo dos vs. 8-9). Devoção, contemplação, prática (religiosa), serviço, assistência, veneração. A contemplação consiste em acercarse (mentalmente) ao Objeto da Adoração como conseqüência do esforço de meditar n‘Ele (segundo o ensinamento recebido) e de permanecer longo tempo fixo na corrente do mesmo pensamento, como o fio contínuo do azeite que se derrama. UPAYA – Transcendente Ideação. – Śuddha-Dharma, ou a Lei Pura. (Cap. V, nota de rodapé do v. 4). Também significa: via, modo, meio, recurso, etc. USANA – Bardo ou poeta. O Bardo Usana, Guru ou Instrutor dos Daityas. (Veja Daityas). Literalmente ―brilhante‖; o Governador ou Regente do Planeta Vênus ou Sukra.
V VAIRAGYA – É o estado de ânimo (Consciência) em que se acha aquele que já subjugou seus desejos e já não apetece os objetos dos Sentidos. Ausência de todo apego. Estado final do Conhecimento Perfeito, o qual é resultado do verdadeiro Discernimento. É aquele estado em que a Mente, chegando a conhecer a verdadeira natureza das coisas, já não será enganada pelo falso prazer nas manifestações da Avidya (ignorância). VAISHWANARA – Literalmente significa ―saído de Vaishwanara‖, isto é, do Fogo ou do Deus do Fogo. É o Fogo Magnético que penetra o Sistema Solar manifestado, isto é,
-341o Aspecto mais objetivo da Vida Una. – Significa também: fogo, calor vital; o Sol; Agni, o Deus do Fogo. Com esse nome se designa muitas vezes o ―Eu‖, o Atma. VAISHYA – Indivíduo pertencente à terceira das castas da Índia, isto é, a dos comerciantes, agricultores, criadores de gado, artesãos, obreiros, etc. VAISHYA-KARMA – Conjunto de leis, obrigações e profissões que se destinam aos indivíduos pertencentes à terceira casta social da Índia. – Veja Vaishya. VAJRA – Literalmente ―bastão‖, ou cetro. Nas Escrituras Sagradas Hindus é o Cetro de Indra, parecido aos raios de Zeus, com os quais esta Deidade, como ―Deus do Raio‖, destrói Seus inimigos. Significa também: raio, centelha, arma, arma de Indra, etc. VARNA – Casta. As quatro castas sociais em que estão classificados os habitantes da Índia: Brâhmanes (classe sacerdotal); Kshatriyas (guerreiros de casta real); Vaishyas (comerciantes, agricultores, criadores de gado, etc.) e Sudras (serviçais). Estas castas são hoje pouco observadas na Índia, porém ainda existem. – Veja Cap. XXII, vs. 16 a 19, e a definição de Kshatriya (não é um guerreiro comum). VARNASHRAMA – Palavra composta de ―Varna‖ (castas) mais ―Ashrama‖, no sentido de etapas de existência, predicadas pelas seitas religiosas da Índia, as quais são: Brahmacharya (devotos que vivem em castidade), Grihastha (Sacerdote chefe de família), Vanaprastha (eremita) e Bhikshu ou Sannyasi (renunciante ou discípulo mendicante). VARSHNEYA – Literalmente ―filho ou descendente de Vrishni‖. Nome patronímico de Krishna, por ser descendente de Vrishni. VARUNA – O Deus das Águas (ou Deus Marinho), porém muito diferente do Deus Netuno, porque no caso de Varuna, a mais antiga das Divindades Védicas, Água significa Água do Espaço ou o Céu que tudo rodeia; é o Akasha, em certo sentido. As qualidades e funções que são atribuídas a Varuna dão a Seu caráter uma elevada moral e uma santidade que superam muitíssimo as que são atribuídas a qualquer outra Divindade védica. – Varuna desliza sobre as águas montado num peixe ou monstro marinho chamado Makara. VASAVA – Um dos nomes do Deus Indra. VASIKARANAM – Controle (um dos componentes do Pranayama). (Cap. XIV, resumo do v. 12). VASUDEVA – O Grande Senhor (Cap. XXVI, v. 49). Também é nome patronímico de Krishna, cujo pai (pai suposto, pois Krishna foi engendrado misticamente por um Deus) se chamava Vasudeva e pertencia ao ramo Yadava da Raça Lunar. – Devaki, a mãe de Krishna, foi concebida virgem assim como Maria também o foi. – Na Gita, esse nome é dado a Krishna como a Divindade encarnada. No Cap. IV, v. 10, Vasudeva é o mesmo que Paramatma, é o Todo.
-342VASUDEVA-REKHA – Raio ao qual pertence a humanidade, cujo Chefe é Nara, o Representante e Porta-Voz da Humanidade perante o Ishwara Terrestre. (Cap. IV, resumo dos vs. 8 a 10). – Os Sete Raios mencionados comumente na Literatura Ocultista são subdivisões deste Raio, isto é, do Raio Humano. – Veja Sapta-Rishis. VASUKI – Rei dos Nagas, serpentes (ou dragões-serpente) que moram no Datala (mundo inferior ou região infraterrestre habitada por Nagas, Daityas, Dânavas, etc.). É o grande ―Deus-serpente‖. No Panteão Hindu é representado como a grande serpente que os Deuses e Asuras usaram como corda ao redor da montanha Mandara, ao bater o oceano para extrair o Amrita, ou ―água da imortalidade‖, o que relaciona Vasuki diretamente com a Iniciação. É também a serpente Ananta-Shesha (sem fim), símbolo da Eternidade, e por conseguinte é o Deus da Sabedoria Oculta, degradado pela Igreja Católica ao papel de Serpente tentadora, ou Satã. (G. Teosófico). VASUS – As Divindades que acompanham Indra. São personificações dos Elementos naturais ou fenômenos cósmicos, como indicam seus nomes: Apas (Água); Dhruva (Estrela Polar); Soma (a Lua); Dhara (a Terra); Anala (o Fogo); Prabhâsa (a Aurora); e Pratyusha (a Luz do Dia ou do Sol). VAYU – O Ar. – É o Deus soberano do Ar. Um dos cinco estados da Matéria, o gasoso. Um dos cinco Elementos chamado, como o vento, Vâta. A Trindade dos Deuses Místicos (no Cosmo), intimamente relacionados uns com os outros, está constituída por Agni (Fogo), cujo lugar está na terra; Vayu (Ar) cujo lugar está no ar; e Surya (Sol), cujo lugar está no firmamento. – Segundo a interpretação esotérica corrente, estes três princípios cósmicos correspondem aos três princípios humanos: – Kâma (desejo inferior, sensualidade, etc.), Kâma-Manas (desejo influenciado pela Mente-Emoção) e Buddhi (Mente Superior ou Intelecto), isto é, o Sol do Intelecto. – Vayu é um dos Tatwas, correspondente ao Tato, um dos cinco Mahabhutas ou Elementos grosseiros (densos) da Matéria. Significa também: ar, vento, alento, ar vital, etc. – Veja Tatwas. VEDAS – A Revelação. Escrituras Sagradas Hindus. Voz derivada da raiz ―Vid‖, que significa ―conhecer‖. ―Conhecimento Divino‖. São as mais antigas, como também as mais Sagradas Obras Sânscritas. As Escrituras Védicas estão todas, em seu conjunto, classificadas em duas grandes divisões: exotérica e esotérica, sendo a primeira chamada Karma-Kanda (divisão de ações e obras) e a segunda, Gñana-Kanda (divisão do Conhecimento Divino), estando os Upanishads compreendidos nesta última classificação. Ambas as divisões são consideradas como ―Sruti‖, ou Revelação. São quatro os Vedas: – Rig-Veda, o mais antigo e importante, considerado como a Bíblia da Humanidade; Sama-Veda; Yajur-Veda; e o Atharva-Veda, de origem relativamente moderna. VIBHUTI – Poder, perfeição, excelência, grandeza, majestade, glória, magnificência, esplendor, prosperidade, bem-estar, riqueza, fortuna, abundância, virtude, êxito, felicidade; pode ser ainda cinza sagrada, usada para curar e purificar. VIBHUTI-YOGA – Visão da Beatitude Cósmica. (Cap. VIII, v. 24).
-343VIDYA – Sabedoria, ciência, saber; Conhecimento Oculto, ou Conhecimento amadurecido. – Veja Avidya. VIGÑANA – Princípio que reside no Vigñanamaya-Kosha; Intelecto Puro ou Corpo Causal. – Vigñana corresponde às faculdades da Mente Superior ou Buddhi. Os principais significados de Vigñana são: conhecimento, discernimento, sabedoria, inteligência, intuição, percepção, superconhecimento, ciência, experiência; conhecimento superior, direto ou intuitivo. É uma espécie de ―visão direta‖ com os olhos da alma, mediante a qual o homem adquire o conhecimento claro, direto e instantâneo da Verdade. VIGÑANAMAYA-KOSHA – O Corpo Causal, ou Corpo Cognoscitivo, o segundo princípio da constituição humana, de acordo com a Filosofia Vedantina. – Segundo a Doutrina Śuddha, também é o segundo corpo do homem em ordem de sutileza, correspondente a Buddhi, o Intelecto ou Razão Pura; é o Plano ou Corpo da Intelecção. Nele nascem Buddhi e o Ahamkara. – Buddhi é parte integrante da Individualidade, o ser Imortal e eterno, que é sempre o mesmo, expressando-se, em cada vida, em nova personalidade. – Os corpos que constituem o homem, de acordo com a divisão dada pela Doutrina Śuddha, são cinco, e em ordem de sutileza são, começando pelo mais denso: Annamaya-Kosha (corpo físico denso, formado pelos alimentos); PranamayaKosha (Corpo Prânico, equivalente ao Linga-Sharira ou Duplo-Etérico); ManomayaKosha (Corpo Mental-Emocional, formado pelo Mental Inferior e o Corpo Astral); Vigñanamaya-Kosha (Corpo Cognoscitivo ou Mental Superior) e Anandamaya-Kosha (Corpo de Glória ou de Bem-aventurança). – Veja Kosha, e a definição de cada corpo, as quais se completam. VIJAYA – Vitória, conquista. Porém, no Cap. XXVI, resumo do v. 78 desta Gita, significa Sannyasa. VIKARMA ou NIVRITTI-KARMA – Abstenção das ações incorretas. (Cap. XXIV, v. 3). – Má ação ou ação proibida; inação; cessação da ação, inatividade. VIRATA – Literalmente: ―sem reino‖ ou ―sem soberania‖. – O Rei de Matsya, aliado dos Pândavas, e um dos caudilhos de suas hostes. VISHNU – Segunda Pessoa da Trimurti ou Trindade Hindu, composta por Brahma, Vishnu e Shiva. Nos Puranas, Vishnu é a personificação da qualidade Satwa; é também o Prajapati (Criador) e Supremo Deus. Como tal, tem juntas três condições: 1o) a de Brahma, o Criador Ativo; 2o) a de Vishnu mesmo (Conservador ou Mantenedor) e 3o) a de Shiva ou Rudra, o Poder Destrutor que destrói para regenerar. – Segundo os Ensinamentos Śuddhas, VISHNU é o Regente do 2o Raio ou ―Raio da Sabedoria‖, e o Regente de nosso Sistema Solar. Um Raio d‘Ele está manifestado em nosso planeta, no Divino e Poderoso Ser conhecido como NARÁYANA, o Qual preside a Divina Hierarquia que governa espiritualmente o Planeta Terra. Desse Grande Ser se diz que ―foi nascido de um Raio de Vishnu‖, o Segundo Logos de nosso Sistema. – Sri Krishna, no Cap. III, v. 7, diz: ―Eu sou Vishnu adorado pelos
-344Hierarcas‖. Este Resplandecente Ser, louvado e adorado como Bhagavan Naráyana, é o Mantenedor do Planeta Terra como Representante de Vishnu, do Qual recebe o Poder e a Influência. – Vishnu é o mantenedor das formas criadas por Brahma. – Veja Trimurti. VISHYA – Veja Vaishya. VIVASWAM – ―O Brilhante‖, o Sol. O que ilumina; o Sol ou Deus desse nome. VRIKODARA – Literalmente ―Ventre de lobo‖. Epíteto de Bhima, o segundo dos príncipes Pândavas, temido por sua bravura. VYASA – Literalmente ―aquele que desenvolve e amplia‖; é um Intérprete ou um Revelador, porque ―o que ele interpreta e amplia é um mistério para o profano‖. Este termo foi aplicado aos mais elevados Gurus da Índia. Numerosos foram os ―Vyasas‖ na Índia (Aryavartha). Um deles foi compilador e ordenador dos Vedas e Autor do Mahabhárata, do qual a Bhagavad Gita é uma parte. No Mahabhárata se faz referência a um Sábio Vyasa chamado Krishna Dwaipâyana, que foi o verdadeiro pai de Pându e Dhritarashtra, o qual faleceu quando estes ainda eram menores de idade, do que se depreende não ser este Krishna Dwaipâyana, ―o Vyasa‖, o Autor do Mahabhárata, nem da Bhagavad Gita. VYASTHI – Aspecto analítico do Pranava OM (AUM). Em contraposição, Samasthi é o aspecto sintético, isto é, que sintetiza tudo. VYAVASAYA – Tríplice Vyavasaya – é o processo samsárico mundanal, isto é, Gñana (Conhecimento), Iccha (Desejo ou Vontade) e Kriya (Ação ou Atividade). Também significa: resolução, propósito, desígnio, empenho, esforço.
Y YADRUCCHA ou BRAHMA-SAMIPYA – A eterna aproximação a Brahma. (Cap. XXVI, v. 4). – Veja Brahma-Samipya. YAGNA ou YAJNA – Literalmente ―Sacrifício‖. Ritual ou atos dedicados a Brahm; dedicação espiritual. Oferenda ou sacrifício religioso com invocações. Yagna é um ato físico, verbal e mental. – No Cap. IX desta Gita, Yagna, Dana e Tapas (Sacrifício ou Oferenda, Caridade ou Doação, e Austeridade, respectivamente), são estudadas e explicadas detalhadamente em sua natureza e relação com as Trigunas (Satwa, Rajas e Tamas). – Yagna também representa o Onisciente Śuddha-Brahm (Atma). (Cap. XVI, v. 20). – Yagna significa também: adoração, oblação, oferenda, sacrifício personificado; e ainda Vishnu e Brahma. – No Cap. III, v. 8, Yagna tem o significado de atividades e aspirações. – Yagna é um termo de muito mais amplo significado.
-345YAKSHAS – Uma classe de demônios que, segundo a crença popular da Índia, devoram homens. Segundo a Ciência Esotérica são simples más influências ou elementais que, no conceito dos videntes e clarividentes, descem sobre os homens, quando estes estão predispostos para recebê-los. – Uma classe de gênios servidores de Kubera (deus das riquezas) e guardiães de seus tesouros no Hades, ou regiões infraterrestres. – Veja Kubera. YAMA – Personificação da terceira Raça-Raiz, em Ocultismo. Nos Vedas é o ―Deus e Juiz dos mortos‖, com quem moram as sombras dos defuntos (espíritos desencarnados). É também o ―Deus da Justiça‖. Um hino sagrado fala de Yama como o primeiro dos homens que morreram, e o primeiro que passou ao mundo de Bem-aventurança (Devakhan). Isto porque Yama é a personificação da terceira Raça, a qual foi a primeira dotada de consciência (Manas), sem a qual não há Céu nem Hades (―o invisível‖) ou reino das sombras, uma espécie de inferno. – Yama significa também: morte, repressão, controle, continência, abstenção; regra moral. É um dos oito Yogangas, isto é, requisitos ou partes do Yoga. Literalmente, Yama significa ―refreador‖. YATI – Asceta, penitente, sábio, devoto, dominador de si mesmo, casto, disciplinado; aquele que renunciou ao mundo. YOGA – Síntese. Busca do contato unitivo com a Suprema Consciência através da Meditação (Dhyana). Prática de Meditação como um meio de aperfeiçoamento humano, de aprimoramento espiritual e como meio conducente à Realização ou Liberação Espiritual. Por meio da prática assídua do Yoga o ser se harmoniza mental e fisicamente e pode obter poderes psico-espirituais. Quando o meditador atinge estágios mais avançados, os estados de Êxtase (Samadhi) provocados por sua prática conduzem à clara e correta percepção das Verdades Eternas, tanto em relação ao Universo visível como ao invisível. – Graças ao contato místico progressivo do homem com a Divindade que nele habita, através da prática do Yoga, ele vai adquirindo, pouco a pouco, um completo domínio sobre seu corpo e sua Mente, vai se livrando de todas as ataduras do mundo material e desenvolvendo as maravilhosas faculdades psíquicas e espirituais latentes no ser humano. – Em alguns casos a palavra Yoga é sinônimo de Marga, que significa Senda ou Caminho, como nas definições de Karma-Yoga (Senda da Ação), Gñana-Yoga (Senda do Conhecimento), Bhakti-Yoga (Senda da Devoção), e HathaYoga (Senda do desenvolvimento espiritual através do corpo físico). – A palavra Yoga tem ainda muitos significados como: harmonia, relação, conexão, via, métodos, senda, poder místico ou misterioso, magia, mistério, devoção, doutrina, ensinamento, etc. – YOGA é a Senda da Retidão, do Dever, um Caminho de aperfeiçoamento humano. Existem vários sistemas ou divisões no Yoga, dos quais o Hatha-Yoga é o mais conhecido e praticado, Devido a seu uso em benefício da saúde física, e à sua maior divulgação (no Ocidente). Porém, o RAJA-YOGA é o mais elevado e o mais completo método de Yoga, pois inclui, além da concentração mental, a Devoção (Bhakti), o Conhecimento (Gñana), Pranayama (controle da respiração), disciplina, etc.
-346– Existem outros métodos (pouco conhecidos no Ocidente) como a Matrika-Yoga, Kundali-Yoga, Yoga-Nidra, etc. – Veja Raja-Yoga. YOGA-BRAHMA-VIDYA – ―Ciência Sintética do Absoluto‖, a qual é a base fundamental dos Ensinamentos contidos nesta Bhagavad Gita, bem como de toda a Doutrina e Filosofia ensinadas pelos Mestres do Śuddha Dharma Mandalam. Seu significado é: Yoga = Síntese; Brahma = o Absoluto; e Vidya = Ciência. – Yoga-Brahma-Vidya é também Śuddha Dharma ou ―a Lei Pura‖. É a Sabedoria de Brahman que, emanando d‘Ele, é inspirada ou transmitida aos Grandes Seres por meio do contato ou sintonia (Yoga) de Seu Eu com o Eu Universal. Esta Sabedoria é revelada por Eles à humanidade através do Conhecimento das Leis Divinas, dos Ensinamentos Espirituais Superiores, bem como de códigos e leis de moral, de justiça, fraternidade e amor, visando ajudar o ser humano a superar sua condição de escravo. Por meio do conhecimento da Verdade e da conscientização de sua esquecida Origem Divina, os Mensageiros Divinos, Mestres e Instrutores da humanidade, procuram conduzir o homem à felicidade, à libertação da consciência humana, e à sua conseqüente Liberação. – Yoga-Brahma-Vidya é a Senda que leva ao Conhecimento de Brahman e à Beatitude Brâhmica, o mais alto estado de Consciência e Felicidade, isto é, à Bemaventurança. YOGACHARYA – Um Mestre (Acharya) de Yoga, que já adquiriu grandes poderes ou Maha-Siddhis, os quais são a culminação do domínio das doutrinas e práticas da Meditação extática (que conduz ao êxtase). YOGA-DEVI – É a Rainha Celeste, a Suprema Deusa de nosso Planeta. É o Ser Feminino mais poderoso, elevado e perfeito que habita a Terra (em corpo sutil, constituído de Daivi-Prakriti ou Matéria Divina) nos Mundos ou Planos Divinos suprafísicos que existem além da crosta terrestre, circundando o planeta. Em certas ocasiões Ela Se torna visível para tomar parte nas Grandes Assembléias da Divina Hierarquia, ou quando se faz necessária Sua Presença visível como Instrutora ou como Rainha do Mandalam no Grande Conselho que dirige os destinos da humanidade. Esta Deusa que habita sutilmente na Terra veio do Mandala de Vênus (segundo afirmam os Śuddhas) junto com Bhagavan Naráyana (também conhecido como Sanat-Kumara), Nara, os Quatro Kumaras, Dakshinamurti, os Quatro Manus e os Sete Grandes Rishis (Regentes dos Sete Raios e dos Sete Mundos). – SRI YOGA-DEVI, a Divina Shakti de Naráyana (Seu Divino Complemento), foi coroada Rainha da Divina Hierarquia, isto é, do Śuddha Dharma Mandalam4, por proposição do próprio Senhor Naráyana, o Divino e Poderoso Ser que tem a Seu cargo a evolução dos Egos que se desenvolvem neste planeta, de todos os seres que nele habitam, como também de todos os seus reinos. – Ela é a Yoga-Devi Planetária, a Deusa doadora de todo bem, possuidora de todos os 4
O Cântico de Louvor à Deusa Yoga Devi, como a Shakti de Brahman, cantado pelos Maharishis, Siddhas e Yogues, quando Ela foi coroada Rainha do Mandalam, está no ―Sanátana Dharma Dípika‖, pg. 179.
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Excelsos Poderes, Aquela que concede a Graça Espiritual. Ela é a Representante Divina, na Terra, da SUPREMA DEUSA CÓSMICA, a Shakti de Brahman ou BRAHMASHAKTI, e como tal investida com Seus maravilhosos Poderes. – Sri Yoga-Devi é a Bemamada Consorte de Bhagavan Naráyana (como tal Ela é mais conhecida como Lakshmi). Ela atua ativamente com Ele (como Sua Shakti), no processo evolutivo de todos os seres que evolucionam neste planeta. – Como Rainha do Mandalam, isto é, da Divina Hierarquia, Ela é o Centro poderoso do Qual flui a Energia que cria e mantém o vínculo de irmandade e simpatia espiritual que existe através da longa sucessão de Hierofantes do Planeta. Considerada como o Sutratma ou Alma-Fio do Śuddha Dharma Mandalam, é Ela a ―Excelsa Autoridade da Hierarquia dos Adeptos‖. – Atuando junto com Bhagavan Naráyana, Sri Yoga-Devi é o Ser feminino mais importante e poderoso da Hierarquia que constitui o Governo Espiritual do Planeta, pois Ela atua como SHAKTI (Energia Divina), sem a Qual nem o mais poderoso Deus é capaz de atuar. – As Deusas Saraswati, Lakshmi e Pârvati (ou Durga), Consortes ou Shaktis de Brahma, Vishnu e Shiva, respectivamente, são Aspectos Seus, isto é, são Ela mesma quando atuando junto à Trimurti, com o Poder da BRAHMA-SHAKTI, nos processos de Criação, Preservação e Desintegração, no desenrolar do processo evolutivo do mundo, em todos os reinos da Natureza. – Na Literatura Śuddha há freqüentes alusões à Yoga-Devi Planetária como sendo Ela a própria BRAHMA-SHAKTI, a Divina Energia ou Potência Realizadora de Brahman. Porém, Ela é somente a Representante da Brahma-Shakti, e como tal atua junto à Trimurti em todos os processos evolutivos deste planeta, pois, nem Brahma, nem Vishnu, nem Shiva podem atuar por Si sós sem a presença da Shakti; é Ela Quem atua ativamente (como Energia) em todos os processos da Natureza e da evolução dos seres. – Na Literatura Śuddha há pouca diferenciação quanto à natureza dos Seres aos Quais se refere como YOGA-DEVI e NARÁYANA. Tentemos uma explicação: – Em plano transcendental, YOGA-DEVI e YOGA-NARÁYANA são Potências Cósmicas, Consciências Transcendentais e poderosas, o próprio PARAMATMA (o segundo Aspecto de BRAHMAN) e Sua SHAKTI (a Brahma-Shakti), que atuam tanto no planeta Terra como em todos os planetas de todos os sistemas, em todas as galáxias, em todos os Universos, em todo o Cosmo. Sua atuação se dá através de outras Consciências Transcendentais, de Seres Divinos, capazes de captar (como poderosas lentes) e dirigir Seu Poder (de YOGA-DEVI e YOGA-NARÁYANA), executando Sua Vontade na Criação, Preservação e Destruição (ou Regeneração), no processo evolutivo do planeta, sistema ou galáxia que Lhes tenham sido confiados para custodiar e dirigir neste infinito Cosmo manifestado. – Assim compreendemos que ―YOGA-DEVI‖ e ―NARÁYANA‖ são termos de ampla significação, que designam tanto as Potências Cósmicas como as Consciências Transcendentais que atuam através de outros SERES, os Quais são Seus Instrumentos, e que atuam como Poderosos Canais, através dos Quais flui a ―Suprema Potência e Imortal Radiância da Shakti‖, aliada à Consciência, Sabedoria e Amor do SER SUPREMO. – Estes SERES recebem o mesmo nome d‘Aqueles a Quem representam, portanto fica claro que há um NARÁYANA e uma YOGA-DEVI como Regentes de cada galáxia, de cada sistema solar e de cada planeta, atuando em perfeita sintonia como se fossem um só Ser, um só Poder, uma só Consciência, pois todos são manifestações do Supremo Brahman, que é sempre
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o Mesmo em todo o Cosmo, em diversos Aspectos e níveis de Consciência. – A evolução e capacidade desses SERES (os Quais são designados com diferentes nomes em cada Religião) deve ser, naturalmente, de acordo com a evolução e necessidades do planeta ou sistema sob Sua regência, bem como dos seres que neles evolucionam. – Assim, um planeta habitado por seres evoluídos necessita de Dirigentes à altura de sua evolução, e um planeta habitado por seres mais atrasados ou primitivos não exige Dirigentes de tão alta categoria, logicamente. – Ainda, em pequeníssima escala de Poder, cada ser humano tem em si, como Regente Interno, seu NARÁYANA Individual particular (o Atma) e sua Shakti (Sua Contraparte Feminina), eternamente unidos, sintetizados no CRISTO que habita em seu coração, pois é sabido que todos temos um lado masculino e outro feminino (pólos positivo e negativo), os quais se manifestam em nosso corpo físico, ora predominando nosso lado feminino, ora o masculino, pois ora encarnamos como homem, ora como mulher, dependendo das experiências necessárias à nossa evolução espiritual. – Atma e Shakti estão presentes também em todos os seres em evolução, manifestando-Se de acordo com a capacidade de expressão de cada ser, ou em estado latente. – YOGA-DEVI é a Divina Mãe, e NARÁYANA o Divino Pai para a humanidade deste planeta, sendo este Deus-Pai (Naráyana) o PAI a Quem o Divino Mestre Jesus Se referia quando dizia: ―O PAI que Me enviou.‖ – ―PAI, perdoa-os, porque não sabem o que fazem!‖, etc. – YOGA-DEVI e YOGA-NARÁYANA (Cósmicos), que correspondem ao Paramatma (o Ser Supremo) e Sua Shakti (a Brahma-Shakti), juntos sintetizam o PAI-MÃE, o Supremo Deus Altíssimo, a Suprema Divindade Una, a Qual inclui em Si os dois Pólos: Positivo e Negativo – Masculino e Feminino (como as duas metades de um todo, que só podem atuar em estreita união). – Veja Yoga-Naráyana e Brahma-Shakti. YOGADHIKARIS – Mestres de Yoga, Seres de grande elevação e conhecimento. São também Hierarcas que tomam parte no Governo Espiritual da Terra. YOGA-MAYA – É a Shakti ou Poder do Purusha (Cap. XV, resumo dos vs. 5 a 7). É a Brahma-Shakti e também um dos nomes de Sri Yoga-Devi. – Veja Shakti e BrahmaShakti. YOGA-NARÁYANA – É o Transcendente e Cósmico NARÁYANA, o mesmo Paramatma (o Ser Supremo), do Qual o Naráyana Terrestre, Supremo Chefe da Divina Hierarquia, é o Representante. – YOGA-NARÁYANA, como Paramatma (um dos Aspectos de Brahman), do Qual emanam todas as Mônadas, é a Consciência Cósmica Universal, o Supremo Espírito ou Cristo Cósmico, manifestando-Se no Cosmo, no homem (como Atma), e em todos os seres. Daí provém o conceito de que ―Tudo é Naráyana‖. O Paramatma é o único Deus Personalizado, do Qual se pode dizer que é um ―EU‖, o Eu Universal, que assume todas as formas conservando-Se indiviso, pois que ―cada ser é uma partícula de Deus, eternamente unida a Ele‖. – Sendo YOGA-NARÁYANA e YOGADEVI (Potências Cósmicas) Pólos da mesma Força ou Poder atuante em todo o Universo, o que foi dito sobre YOGA-DEVI se refere também a YOGA-NARÁYANA, não havendo necessidade de repetir. – Em relação estreita estão os termos: Paramatma,
-349Brahma-Shakti, Yoga-Devi, Shakti, Brahman, Parabrahman e Naráyana. – Todos estes termos devem ser comparados, estudados e meditados por aqueles que realmente estão interessados em entender e assimilar Conhecimentos Superiores, pois, na prática do Yoga, na Meditação, tanto em Saguna-Dhyana (ou Meditação com forma), como em Nirguna-Dhyana (ou Meditação sem forma), estes conhecimentos são de grande utilidade. (Veja também Dhyana). – Apesar da forma adotada para explicar, de forma simples e compreensível, a atuação dos Transcendentes YOGA-NARÁYANA e YOGA-DEVI, que são Consciências Imateriais (sem forma), Energias ou Potências Cósmicas, é bastante difícil, para nossas mentes humanas e finitas, entender e assimilar Sua Infinita Grandeza e Poder. Porém, Eles são, na verdade (como foi dito acima), os Mesmos que são denominados ―PARAMATMA‖ (o Ser Supremo) e ―BRAHMA-SHAKTI‖, designados indistintamente na Literatura Śuddha como Naráyana e Yoga-Devi, tanto quando se refere ao Naráyana e à Yoga-Devi Planetários, como aos Seres Cósmicos Transcendentais dos Quais Eles são Representantes, e com o Poder dos Quais atuam no cumprimento da Vontade Divina, em tudo que se refere ao Planeta e aos seres que nele habitam e evoluem. – Porém devemos ter sempre presente em nossa mente que, realmente, só há um NARÁYANA e uma YOGA-DEVI, os Quais são Potências Cósmicas eternamente presentes, em infinitos níveis de Consciência, tanto no Cosmo como nos seres (como Eu Individual ou Atma, e Sua Shakti), seja nos Seres mais elevados e divinos, como no homem (no grande e no pequeno), e em tudo que tem vida animada. – Sua Energia e atuação se manifestam em infinitos graus de potencialidade, assim como a energia de uma poderosa usina elétrica, a qual pode iluminar desde o mais potente holofote, à mais pequenina e débil lâmpada, passando por transformadores que vão diminuindo e adaptando a corrente elétrica de acordo com a capacidade que cada lâmpada tem para suportar maior ou menor voltagem e transmitir maior ou menor luminosidade. – Assim sendo, há um ―Naráyana‖ e uma ―Yoga-Devi‖ em cada planeta, em cada sistema, galáxia, etc., como também no coração de cada ser, no Templo Interno de cada um de nós (como Atma e Sua Shakti). – Veja Yoga-Devi, Naráyana, BrahmaShakti, Shakti e Paramatma. YOGARUDDHA – Aquele que se esforça por alcançar o Estado de Yoga ou contato unitivo com o Supremo Ser. YOGA-SHAKTI – A Tríplice Energia Protetora, eternamente associada com o Princípio de Vida (Atma), como o Morador Interno e Sua Shakti, no Santuário do coração de todos os seres. – É também o Poder de Síntese. (Cap. I, v. 31, e Cap. III, v. 10). YOGUE – Devoto buscador da Liberação, isto é, da Brahma-Prâpti, o mais alto estado de consciência ou Realização Brâhmica, tanto por meio da adoração ao Aspecto Imanente do Ser Supremo, como através do Karma-Yoga (Sannyasa e Tyaga), do Bhakti-Yoga (Devoção) ou do Gñana-Yoga (Conhecimento). – Veja Cap. VI, v. 8. – É também o nome dado ao devoto que pratica o Yoga como disciplina constante, empenhado na busca da Realização Espiritual. – Há quatro graus de Yogues: 1o) o que está no estágio preliminar; 2o) o daquele que já alcançou certo progresso espiritual e
-350certos poderes (siddhis); 3o) o daquele que já obteve certo domínio sobre os Elementos e sobre os Sentidos (e em realidade sobre todas as coisas); e 4 o) o daquele que já alcançou a Brahma-Prâpti, isto é, o estado de Kaivalya (Unidade, Liberação, Bem-aventurança final), contemplando Deus manifestado em Si mesmo e em todas as coisas. A palavra Yogue significa também: devoto, asceta, místico, praticante do sistema de Filosofia Yogue. – Porém, o verdadeiro Yogue é aquele que já alcançou a Realização, que já não encontra obstáculos para existir em seu Estado Original, puro e divino. YOJANAM ou SWIKARA – Recebimento da Brahma-Shakti ou Energia Divina. (Cap. XIV, resumo do v. 12). YUDISHTHIRA – O primogênito dos Príncipes Pândavas, herdeiro legítimo do trono de Hastinapura. Seu nome quer dizer literalmente ―firme no combate‖. – Yudishthira, Bhima e Arjuna eram filhos da mesma mãe, Kunti, primeira esposa de Pându. Os outros dois príncipes, Nakula e Sahadeva, eram filhos da segunda esposa, Mâdri. – Draupadi era a esposa comum dos cinco príncipes irmãos. Como filho primogênito do Rei Pându (que era irmão de Dhritarashtra, do qual herdou a coroa), Yudishthira era o herdeiro legítimo do trono, pela morte do Rei seu pai. Porém Duryodhana, filho mais velho de Dhritarashtra, o Rei cego (que por esta deficiência física teve que abdicar em favor de seu irmão mais novo), se julgava igualmente com direito ao trono. A disputa pela coroa causou a guerra entre Pândavas e Kauravas, a qual deu origem ao Mahabhárata ou ―A Grande Guerra‖, da qual a Bhagavad Gita é parte integrante e a principal. – Veja o resumo da história na 1a parte deste livro. YUGA – Idade. Uma das quatro Idades ou Eras do mundo, e cuja série marcha em sucessão durante o ciclo manvantárico (Manvantara = período de manifestação do Universo). As quatro Yugas ou Idades são: Krita ou Satya-Yuga, Treta-Yuga, DwaparaYuga e Kali-Yuga (a Idade presente). Os Śuddhas consideram o Dharma da Krita-Yuga o aspecto cognoscitivo; o da Treta-Yuga o da ação; o da Dwapara-Yuga o aspecto devocional; enquanto que esta em que vivemos, a Kali-Yuga, é a síntese do Dharma das três anteriores, a qual culminará no Dharma conhecido como Śuddha Dharma, após a purificação do planeta e seleção dos espíritos que nele habitam. YUKTA – Aquele que rompeu todas as ligações com o mundo. Unido, santo, asceta, devoto, piedoso, místico; abstraído do mundo e concentrado no ―EU‖, recolhido em si mesmo; absorto em pensamento, unido mística e espiritualmente à Divindade mediante a contemplação ou meditação. YUKTATMA – Aquele que tem seu ser unido conscientemente ao Ser Supremo (ao Atma) por meio do Yoga (meditação e contemplação). – Veja Yukta. OM TAT SAT ŌM NAMŌ NĀRĀYANĀYA NAMASTÊ Haydée Touriño Wilmer
BIBLIOGRAFIA LITERATURA ŚUDDHA:
Śrimad Bhagavad Gita – Texto original em inglês – ŚUDDHA DHARMA MANDALAM. Sanátana Dharma Dípika – Ś. D. M. Yoga-Dípika – Ś. D. M. Śuddha Raja Yoga – Ś. D. M. Una Organización Esotérica en la Índia – Dr. Sir S. Subrahmanya Iyer – Ś. D. M. La Trimurti e los Siete Rayos – Dr. Sir Subrahmanya Iyer – Ś. D. M. Śuddha Dharma Mandalam – R. Krishnaswamy Row – Ś. D. M. Raja-Yoga – R. Vasudeva Row – Ś. D. M. La Divina Jerarquia de Mahatmas, Siddhas, Rishis e Yogues que tiene a Su cargo el Gobierno Espiritual del Mundo – Sri La Sri Arulambalaswamy, do Ceilão – Ś. D. M. Śuddha Sanátana Dharma – Las Leyes Dhármicas del Kali-Yuga – Sri T. M. Janárdanam – Ś. D. M. Lo Fundamental en el Yoga – Sri T. M. Janárdanam – Ś. D. M. The Hard Doctrine of Sri Bhagavad Gita and Its Message – R. Vasudeva Row e Sri T. M. Janárdanam – Ś. D. M.
LITERATURA TEOSÓFICA:
Glossário Teosófico – H. P. Blavatsky. A Doutrina Secreta – H. P. Blavatsky. Fundamentos de Teosofia – C. Jinarajadasa. Os Chakras – C. W. Leadbeater. Os Mestres e a Senda – C. W. Leadbeater. O Credo Cristão – C. W. Leadbeater. O Homem Visível e Invisível – C. W. Leadbeater. O Fogo Criador – J. J. Van Der Leeuw. Simbologia Arcaica – Série C – Tomo III – Obras Completas – Mário Roso de Luna. Epopéias da Índia Antiga – Swami Vivekananda.